Riverão Sussuarana

Riverão Sussuarana Glauber Rocha




Resenhas - Riverão Sussuarana


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Renê 21/05/2013

Riverão Sussuarana, romance de Glauber Rocha, ganha nova versão após ficar esgotado por 30 anos
"Glauber Rocha era uma personalidade fora de qualquer padrão, que reagia de maneiras diferentes e se expressava de maneiras diferentes, sempre com a capacidade de surpreender. Isso não acontecia só com relação a seus filmes, mas com seus textos também. Riverão Sussuarana, o único romance do cineasta baiano, esgotado há mais de três décadas, será relançado em Florianópolis dia 18 de abril, às 19h, na Fundação Cultural Badesc.

A nova edição da obra ganha as prateleiras por meio da Editora da UFSC, em parceria com o Instituto Itaú Cultural. O lançamento será promovido paralelamente à divulgação do resultado do Concurso Rogério Sganzerla de Roteiros (Cinema e Dramaturgia), promovido pela Secretaria de Cultura e Arte e Editora da UFSC em 2011. Depois, Riverão Sussuarana também terá lançamento em São Paulo, na sede do Itaú Cultural, em data ainda não confirmada.

A negociação com a família de Glauber para o resgate do romance durou dois anos. A obra retorna às prateleiras em bela edição. Uma nova capa, de autoria da artista gráfica catarinense Lúcia Iaczinski, surge sobreposta à instigante arte original que o livro recebeu. Quando publicado pela Record, em 1978, tinha como embalagem obra da viúva do cineasta, Paula Gaetan. Com a falta de reedições, exemplares de Riverão chegavam a alcançar R$ 100 em sebos.

Acompanhando o lançamento em Florianópolis, uma mesa-redonda será promovida para analisar a importância da obra: os especialistas Dirce Waltrick do Amarante (do curso de Artes Cênicas) e Jair Fonseca (do curso de Cinema da UFSC) vão explanar sobre as relações do cinema e da literatura de Glauber com James Joyce e Guimarães Rosa.

Mesmo quem não é fã do homem que concebeu filmes como Terra em Transe e Deus e o Diabo na Terra do Sol vai ficar intrigado com a sua obra literária. A comparação com Joyce e Rosa não é forçada, e é bem explicada por Jair no ensaio que acompanha a edição.

Narrativa irregular e destemor de brincar

O fluxo narrativo irregular e fragmentado, a invenção de sintaxes e vocábulos, o destemor de brincar e provocar com as palavras – reproduzindo os erros da fala dos personagens, ou trocando “c”s, “i”s e “s”s por “k”s, “y”s e “z”s – transforma a saga do jagunço que dá nome ao livro em um desafio ao leitor.

Aliás, esta não é uma exclusividade da literatura glauberiana. Era assim que ele escrevia também críticas, comentários e ensaios. Nesse jogo, situa-se a crítica à colonização intelectual que direcionava a cultura e o pensamento brasileiros direto de Paris ou de Nova York. Como escreveu o cineasta sobre seu romance, “um trabalho que liberta formalismo pessimista dos fylozophos decadentes / Panteyzmo Kolonizador reduzido a estas / Heranças de Portugais / Aboliram touradas ô Brazyl!”

A Editora da UFSC já havia resgatado outro grande cineasta em parceria com o Itaú Cutural. Em 2010, lançou dois volumes com os ensaios críticos do cineasta e ensaísta catarinense Rogério Sganzerla, reunidos na edição Edifício Rogério."

(Diário Catarinense, 10/04/2012)
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