Elle 02/08/2020Uma história para aprenderEu sempre me interessei por livros onde algum dos personagens tivesse uma deficiência física, pois sempre fui muito curiosa sobre o assunto. Quando vi a capa desse livro eu pirei. Eu sabia que precisava ler ele! Eu já senti que iria gostar, só lendo a sinopse, e quando fechamos a parceria, fiquei muito contente que leria o livro!
O começo me surpreendeu, ele foi feito pra abalar a gente, mostrar o quão preconceituosa as pessoas são e o quão desinformado somos (estou me incluindo nisso, pois a maioria das coisas que foi falado no livro eu não fazia ideia!). A escrita da autora é ótima, ela aborda de uma maneira leve o tema, nos ensinando coisas novas a cada página lida; os personagens são muito bem trabalhados, eu realmente me apaixonei pelo Henri, acho que não existe nenhum mocinho mais perfeito, mais real... Eu não tenho palavras para descrevê-lo. Ele é totalmente diferente dos mocinhos que estou acostumada, primeiro por ele ser mais velho (ele tem 39 anos), segundo por ele ser cadeirante (é difícil achar livros onde o personagem principal tenha alguma deficiência) e terceiro por ele não ser rico, gostoso e sarado (como a maioria dos personagens principais de livros de romance são).
Um único detalhe que eu não gostei muito foi que a autora detalhou muito os ambientes. Não achei isso necessário, mas não foi algo que me incomodou muito. Outra coisa, no final do livro, ela acabava sempre usando o termo "cristalino" para se referir as risadas do Henri. Achei super estranho kkkk
Sobre a Carol... Eu fiquei chocada com o quão preconceituosa ela era e como esse preconceito limitou ela de diversas formas, não só limitou, mas até a colocou em perigo, pois ela começou o caso com o Walmir, por querer ficar longe do sentimento que tinha pelo Henri. É algo tão absurdo, e ao mesmo tempo tão real, que é impossível você não ficar presa na trama pra ver como a história vai se desenrolar! Ela me irritou em diversos momentos, por continuar a machucar o Henri de propósito, só para continuar pensando que não o amava. Ela foi super imatura!
Porém eu consegui entendê-la no final. Eu super acredito que as vezes, mesmo amando a pessoa, você não está preparado psicologicamente para ficar com ela, e essa história é a prova disso. A Carol amava o Henri, mas não estava preparada para lidar com a deficiência dele. Lógico que ela foi uma babaca, falou várias coisas que machucaram ele de propósito, nisso eu não concordo. Porém entendi os sentimentos dela. E o medo de sofrer com os comentários alheios, principalmente porque ela já sofreu com isso (esse é um ponto interessante que acho que a autora poderia ter trabalhado melhor. A história da Carol não foi muito desenvolvida!)
A escrita da autora é ótima, eu realmente gostei muito, a história é uma espécie de diário, onde tem o ponto de vista do Henri e da Carol (achei maravilhoso, pois a gente consegue conhecer muito bem os dois). Achei interessante que eles falavam tudo no passado, então acredito eu, que eles contavam a história depois que todos os acontecimentos já tinham passado (acabei descobrindo, no final do livro, que é isso mesmo). Os personagens são bem elaborados, os parentescos foram bem pensados, as cenas de conflito fizeram total sentido, sendo estas sempre focadas no preconceito. Todos os capítulos eram recheados de informações sobre deficientes físicos, lugares acessíveis, dificuldades que eles enfrentam pela desigualdade... Não é só um livro de romance, é um livro que nos trás informações, e eu achei isso ótimo!
Por ter mais de 500 páginas, tem quase 600 pra ser mais exata, eu achei que houve um pouco de enrolação. Eu cheguei a 30% do livro e já estava louca pra saber quando eles se entenderiam, pois teve vários conflitos. Não estava aguentando esperar pelo clímax. Eu entendo que o livro não era totalmente focado no romance, e sim no preconceito, e por isso se estendeu, mas não achei necessário todas essas páginas, ou melhor, achei que foi mal aproveitado, pois como já citei, a história da Carol não teve muito desenvolvimento. Sabemos que ela era preconceituosa e que ela sofreu um abuso, mas a autora não fala muito sobre isso, um ponto que eu achei que deixou a desejar. Com essa quantidade de páginas, a autora podia ter focado mais na história da Carol!
Quando a Rosa entrou na jogada comecei a ficar desconfiada. Meu tique começou a apitar e eu já comecei a fazer várias teorias. Devo dizer que acertei quem era! Apesar de Rosa não ter sido um grande mistério, a revelação sobre o acidente me deixou de queixo caído! Eu fiquei olhando pro nada, pensando: como essa autora conseguiu me surpreender nesse momento? Eu juro que pensei que não teria mais nenhuma surpresa, mas estava errada!
Quando chegou a 60% da história, o negócio começou a andar de verdade. Eu estava achando a história boa, porém meio lenta, mas depois dos 60% foi muito rápido terminar, pois os acontecimentos estavam prendendo tanto a minha atenção que eu não conseguia parar de ler.
Eu tive muito medo do clímax, pois os conflitos foram tantos, que não sabia como a autora faria para eles se separarem (e depois ficarem juntos, óbvio). Porém fiquei bem satisfeita!
Eu amei o final, fiquei muito feliz que eles ficaram juntos e conseguiram ter sua família. Eu super recomendo o livro, pois além de ser uma história de amor maravilhosa, ainda ensina muita coisa sobre deficientes e para terminar, colocarei aqui uma frase da autora:
"A mensagem central que eu quero transmitir em Entrelace: Caminhos que se Cruzam ao Acaso é que o amor supera o preconceito. Se todos agissem com amor, se todos enxergassem no outro alguém como si mesmo (com desejos, sonhos, medos, necessidades, direitos, etc.), o mundo seria bem melhor."