Amores mínimos

Amores mínimos João Anzanello Carrascoza




Resenhas - Amores mínimos


10 encontrados | exibindo 1 a 10


Arsenio Meira 25/06/2014

“Pronto nos olhos, o pranto só aguarda a notícia”.

São 25 contos. Notas ficcionais tão cristalinas, essencialmente simples, timidamente pensativas, poéticas em sua humildade e esperança. E desesperança.

São 25 contos. Quem falou que prosa não pode ser poesia? Pode, e quando chega a ser, é a mais plena consumação do ato literário. Daí a excelência de um gênero, que está em todos os grandes romances, novelas, peças. Há de tudo neste belo livro: O amor partido, estilhaços vivificados, sorriso soterrado, olhar renascido, reinventado, pranteado, gozo e luz, breu e dor. Adeus, recomeço e cotidiano.

O que importa é que, uma noite, num bar, depois de uns chopes, a máscara da prosa esgarça-se num riso silencioso, silêncio amoroso, que lhe vem de uma paisagem casta e longínqua na alma, e seu intento se levanta, suas mãos mortas se reencarnam, e os contos tamborilam na mesa uma alegria rápida e extraordinária. E então se sabe que é preciso amar perdidamente; quando se queixam o fazem na melhor poesia, mas porque o fazem assim se queixam pouco e na medida certa.

Não transigem com a má literatura. Os temas, todos mínimos, em torno do máximo, sabem esperar o amadurecimento da palavra a fim de que ela não traga engano. E são narrativas que se iludem, sujeitas às mesmas tentações e às mesmas quedas, com a mesma sensação da própria fraqueza e da própria sordidez. Ler: amor, a quanto me obrigas. Os contos não se irritam, não querem mal a ninguém, perdoam a injustiça e tentam, a duras penas, entender alguma coisa do precipício em algumas passagens.

Mas são justos e precisos, alguns incertos, corda bamba, o espaço entre um instante redentor ou a trágica moldura. A nós, leitores, nos é dado a primazia de suar luz ou irradiar o breu. Não toleram a mentira ou o engano. Preferem sofrer os males de uma verdade desnecessária que o remorso de uma mentira generosa. E isso não porque se achem demasiadamente íntegros diante da vida; não porque o erro nauseia e desequilibra. "Amores Mínimos" é um movimento essencial; um olhar esquivo, ou apenas um olhar sobre a nitidez de um passo em falso, e sobre o pertencimento do passo a frente. É um doce movimento de braços abertos.
Renata CCS 25/06/2014minha estante
E quem falou que resenha não pode ser poesia? Está aqui uma prova, meu amigo, de que existe vida entre as páginas de um livro.
Quanta inspiração divina a sua! O espírito de qual poeta baixou em você? (rs)


Arsenio Meira 25/06/2014minha estante
rsrs, obrigado, minha amiga!
Foi este livro aparentemente despretensioso!
Um abração




Renata CCS 31/10/2014

Que nunca falte amor nos mínimos detalhes.

"Escrevemos sobre aquilo que nos dói" (J.A.Carrascoza)


Já inicio avisando: o leitor que gosta de grifar passagens marcantes, irá rabiscar o livro inteiro.

AMORES MÍNIMOS, livro de contos de João Anzanello Carrascoza é uma obra impressionante. É na vida que ele busca a matéria prima, revelando um apurado senso de observação e extrema habilidade na criação psicológica de seus personagens. São belíssimas narrativas sobre sentimentos intensos e perturbadores, como a solidão, separação, ausência e melancolia. Há também todo um cuidado para que a narrativa explore um olhar diferente para a vida humana, resgatando nas mais íntimas relações momentos de aprendizado, de amor, de crescimento e de beleza, mesmo nos fatos menores da vida. A exploração do mais simples cotidiano.

O texto de Carrascoza possui um silêncio impregnado de tantas coisas que consegue falar no íntimo de todos nós, permitindo que mergulhemos no interior de nossas próprias experiências. Passamos a prestar atenção naquilo que julgamos não termos tempo, naquilo que a pressa do dia a dia nos impede de ver.

São 25 histórias de um trabalho acentuado com as palavras que transformam a vida em algo que vale a pena ser experimentado!


Trechos que me fizeram pensar, sorrir e espero que faça com que outros leitores busquem essa belíssima obra:

"Deitei na cama e a esperei e, se ela entrou logo em seguida, pela primeira e única vez, sei que nela me entrei para sempre." (Cerâmica, p.10)

"Pegaram logo suas vidas, como as mochilas, e, com os olhos ainda sujos de espanto, saíram à rua e entraram na van escolar, onde seguem comigo. Se o mundo nos agride a nós que vivemos em vigília e temos veneno nas unhas, facas na voz , é um susto para elas desligar os sonhos e acender a realidade, torpor silencioso como o de uma febre alta. Mas, por esses milagres que fazem as flores suportarem temporais, eis que vão aos poucos despertando novamente, de volta a sua condição ensolarada, de meninos e meninas." (Escolar, p.15)

"(...) não vai demorar para descobrir o que sabemos e infelizmente já não podemos esquecer, que nada a espancará mais que a suave mão do tempo, (...)" (Personal trainer, p.56)

"Mas lá estava ele de novo, no milagre dos reencontros, ignorando quanto amor eu lhe colocava nos ombros, sendo tão somente um menino, com a sua pequena bagagem, de volta à casa do pai. Pródigo era apenas o momento, e isso me satisfazia, eu não desejava para nós senão o que éramos, um homem e seu filho, duas portas se abrindo com a mesma chave." (Porta, p.84)

"(...) o silêncio era o seu medo no último volume." (Fala, p.101)
Nanci 01/11/2014minha estante
Renata,

Este livro já está em minha lista de desejados. Gostei muito da sua resenha e dos trechos selecionados. Até que o leia inteiro, guardarei na memória esse pedacinho do conto Porta: que perfeição!


Catharina 03/11/2014minha estante
Eu também adorei este livro. Uma leitura imperdível.




Erika.Almeida 06/05/2018

Carrascoza escreve sobre a grandiosidade das miudezas.
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_ijaqline 04/10/2023

A dor na memória arde mais do que no corpo.
"lamos nos reaproximando com cautela, já não éramos os mesmos, ali estávamos pelo que tínhamos sido, e eis que agora nos víamos querendo ser de novo, reatiçando a paixão - a vida, por um momento sendo elas, as fagulhas da alegria.
Prosseguimos nos assuntos profanos, porque assim se chega ao sagrado, dando importância ao nada que somos, contando fatos corriqueiros de nossa vida como se fossem épicos, as palavras se alargando pelo estreito da memória."

"Amava. E queria mais. Porque sempre é pouco. Porque uma vez na vida, mais vida se deseja."
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Pedro Bonavita 25/06/2018

.
Pronto nos olhos, o pranto só aguarda a notícia.
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Alex 27/11/2020

Paixões e amores inspiradores
Os textos neste livro são curtos. Mas são arrebatadores. Eu gosto de escrever também, e tenho uma inveja sadia de quem consegue falar sobre amores e paixões de maneira tão contagiante, fervoroso, apaixonada. A vontade é ter tido paixões dessa grandeza, que inspirassem palavras tão bem entrosadas.
Os textos neste livro são curtos, mas eles tocam fundo. Revisitei paixões e amores e os coloquei nos contextos apresentados em alguns dos textos, ressignifiquei-os, apaixonei-me de novo. E suspirei, lamentando o fato de a realidade não ter sido tão envolvente quanto a poesia que as palavras construíram.
Ter tanta doçura em 2020 foi um presente tão enternecedor quanto o beijo sincero da mulher amada.
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Fer Paimel 27/03/2024

Não rendeu muito
Li outros do Carrascoza que foram melhores. Esse é uma série de curtos contos, uns mais interessantes que outros. Gostei do Violeta.
Em geral, valeu a pena a leitura; gosto da forma poética como ele escreve. Esperava mais, porém.
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Pietro G. Primieri 25/03/2023

Amores minimos
Bom livro. Demorei um pouco pra me adaptar à escrita do autor, não costumo ler livros com tal forma de escrita. Gostei de alguns contos, q fizeram a leitura valer a pena.
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sam_sllvn 31/07/2023

Cara, sinceramente eu não sabia o que esperar desse livro, mas me apaixonei por esse autor e pela sua escrita que é extremamente bela. A cada conto nós é revelada uma nova faceta do amor, de todos os seus ângulos e formas, e isso é lindo.
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Leticia.Machado 22/02/2024

O livro traz o amor nas experiências cotidianas, não apenas o amor, mas a esperança, a desilusão, a devoção e a coragem frutos do amor e de suas ramificações em nossa vida. Amor de paixão, amor de família, amor pela vida e amor por si próprio.

Com uma escrita por vezes filosofica, por vezes lírica o autor nos leva a pensar em como na nossa rotina, por vezes, o amor não está presente de tantas e diferentes formas e sequer nós atentamos.
Para alguns mais sentimentais, talvez esse livro seja o tipo de livro que penetra na alma, infelizmente não consegui sentir dessa forma.
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