O Pêndulo de Foucault

O Pêndulo de Foucault Umberto Eco




Resenhas - O Pêndulo de Foucault


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Andréa 08/06/2010

Tentei ler mais de 1 vez, mas .....abandonei
Quase cheguei no final, mas eu não consegui entender nada! São páginas e mais páginas escritas com coisas que não dizem nada pra mim! Outros idiomas, citações esquisitas, meu Deus! Acho que é preciso um preparo especial pra ler esse livro e eu não tenho! Infelizmente! Várias pessoas me disseram que adoraram e eu não consegui terminar! Decepção total comigo mesma, mas sem bricadeira, o livro não é fácil! Admiro os que terminaram - e entenderam - a leitura! Estão de parabéns!
HARRY BOSCH 22/08/2010minha estante
Estou lendo e sou da mesma opinião,,,


Maísa 26/08/2010minha estante
li poucas páginas até agora, mas também não estou entendendo muito... vou insistir mais um pouco pra ver se melhora


cliffoliveira 11/09/2010minha estante
o óbvio é dispensável


Sergio Carla 23/10/2012minha estante
Estou lendo e também estou no início , vamos ver com se desenrola .


Joao.Maria 09/09/2015minha estante
Para se ler este livro, devido ao tamanho e por ser cheio de citações, o melhor é ler de um a dois capítulos, aproveitando os intervalos para buscar no Google informações. Assim, com certeza vai gostar e entender.


Arthur 05/05/2016minha estante
Andréa, eu te entendo. Eu ganhei o Pêndulo de Foucault há uns 4 anos e desde então tentei ler livro por 3 vezes e o larguei ainda no primeiro capítulo, por considerar a descrição do museu que abre a obra enfadonha e extensamente desnecessária. Esse mês e eu o peguei e decidi lê-lo até o fim, custe o tempo que custar e a leitura está funcionando, embora eu ainda mantenha a opinião quanto as descrições do livro. Eu simplesmente me recusei a ser vencido por um livro de um autor contemporâneo, que escreve literatura que em tese deve ser acessível a todos. Um grande motivador foi um trecho de uma aula do Professor Clóvis de Barros, que pode ser encontrada no youtube com o título infame de "sobre ter culhões" em que ele fala justamente sobre as oportunidades de leituras que perdemos por acreditarmos que um livro é "difícil".




Coruja 31/07/2010

Meu autor, meu herói: Umberto Eco
Finalmente tive uma folga do trabalho, passou o efeito do antialérgico (e por isso, não estou mais bêbada de sono) e eu consegui me concentrar por tempo suficiente em uma única coisa para sentar e escrever.

Assim, decidi começar a cumprir minha promessa de meses, e explicar o porquê dos meus autores favoritos estarem na minha lista de autores favoritos, começando numa ordem não alfabética e totalmente aleatória por um dos meus grandes amores literários: Umberto Eco.

Da minha lista anterior, Eco é o único autor por quem não me apaixonei à primeira vista. E isto merece que eu conte a história.

Meu primeiro contato com o senhor Eco foi através do filme O Nome da Rosa, que o professor de história nos indicou. Eu tinha uns treze anos à época e lembro de ter tido sentimentos ambíguos em relação ao filme: por um lado, o enredo me fascinou; por outro, algumas cenas me deixaram com o estômago revoltado ao mostrar uma faceta mais... animalesca do ser humano.

De uma forma ou de outra, eu estava suficientemente impressionada com a idéia de um frade metido a Sherlock (eu estava justamente na minha fase de ler romances policiais) investigando mortes misteriosas num mosteiro, todas elas ligadas a um manuscrito misterioso.

Guilherme de Baskerville (no filme, interpretado por Sean Connery) não demorou a entrar na minha galeria de detetives iluminados. Por este motivo, é claro, após assistir o filme, eu consegui colocar as mãos no livro.

E o detestei. Profundamente também.

O Nome da Rosa foi o terceiro livro (de uma lista de três) que tive de ler acompanhada, o tempo todo, de um dicionário - os outros foram A Odisséia, de Homero e Dom Quixote, de Cervantes - e, mesmo com a ajuda do dicionário, às vezes eu me perdia completamente.

Em outras palavras... eu me senti estúpida. Eco deu um imenso golpe no meu ego de criança precoce. E assim, do alto da minha arrogância intelectual de treze anos de idade, decidi que Umberto Eco era um pedante e jurei nunca mais ler nada dele.

Ok, a coisa não aconteceu bem assim. Do jeito que acabo de falar, dá a impressão de que eu fui uma criança convencida e insuportável.

Na verdade, mudar constantemente de Estado e escola faz com que você tenha uma vida social meio irregular, e eu passei boa parte dessa fase da minha vida com o nariz enfiado em livros, no mais das vezes, alternando entre Monteiro Lobato e A Biblioteca do Escoteiro Mirim.

Foi por causa de Monteiro Lobato que fui atrás de ler Cervantes no texto integral, sem adaptações (e como Emília já tinha feito todas as necessárias perguntas e eu sempre podia ir à Dona Benta caso não entendesse alguma passagem...).

Homero, por sua vez, me foi presenteado pelo dono da 'Livro 7' quando comprei Dom Quixote, um simpático velhinho que eu adorava. Eu o tinha conhecido no meu aniversário, quando passara mais de hora tentando decidir qual livro de Júlio Verne levar (no final das contas, decidi-me por Da Terra à Lua); e no dia das crianças, quando voltei para clamar Cervantes, ele me deu o volume da Odisséia, que, aliás, também li com a ajuda de Emília, Pedrinho e o Visconde de Sabugosa.

Mas Lobato não tinha escrito nenhuma adaptação de Eco, então, não pude recorrer à turma do Sítio para me ajudar a entender o livro. Tudo bem que eu podia entender a história pelo filme, mas não contava muito.

Vejam bem... eu podia aceitar que sentisse uma certa dificuldade com Homero e Cervantes, porque eles tinham escrito em épocas diferentes daquela que eu vivia e suas obras guardavam as peculiaridades lingüísticas de suas épocas. Fora que eu sempre me diverti com a lança em cabide de Dom Quixote. Mas Eco era um autor contemporâneo. Por que cargas d'água ele estava escrevendo um livro no vernáculo da época em que a história se passava?

Entenderam agora porque eu o classifiquei de pedante?

Mais de uma década depois, eu não me sinto particularmente tentada a reler O Nome da Rosa,, ainda que eu ache a história simplesmente genial.

Neste ponto, você poderá estar se perguntando "mas porque diabos Eco está na lista de favoritos então???". Tenha calma, que vou chegar nessa parte.

Aconteceu no segundo ano da faculdade. O professor de hermenêutica, em uma das exatas três aulas em que ele apareceu ao longo do semestre (uma das vantagens de se estudar na Federal, claro...) nos mandou ler Interpretação e Superinterpretação, livro que era uma compilação de uma série de palestras das quais Eco havia participado, avisando que aquilo seria todo o conteúdo da prova da primeira unidade.

Quase entrei em depressão. Se eu não entendera lhufas quando li uma obra de ficção do cara, eu estava era bem ferrada com uma obra de não-ficção; pior ainda, de filosofia. Assim, preparando-me mentalmente para uma final em hermenêutica, peguei o livro - um volume até surpreendentemente fininho - na biblioteca.

Li as cento e poucas páginas de uma sentada só. No dia seguinte, li de novo. Fui pesquisar na internet a bibliografia e, da minha visita seguinte à biblioteca, voltei com todos os livros de Eco que eu conseguira encontrar.

O cara era brilhante!

Então, li O Pêndulo de Foucault... e, ao final, estava completamente enamorada. Creio que eu cheguei a afirmar que iria me casar com Eco.

Hum... foi uma época assim, meio estranha... mas tudo bem.

Tenho muitos livros favoritos de Eco, mas O Pêndulo de Foucault está no topo da lista. Antes, contudo, que eu possa adentrar nos méritos desta história, acho que devo explicar como cargas d'água eu passei do ponto A ao ponto B; isto é, de torcer o nariz a sair devorando tudo o que o cara já tinha escrito.

Em primeiro lugar, eu amadureci (ou, pelo menos, gosto de pensar que sim). Há coisas que sei hoje, aos vinte e três que não sabia aos treze. Eu estou, por assim dizer, melhor equipada para apreciar as ironias de Eco hoje. Aos treze, eu era uma fã de História, mas nunca tinha estudado filosofia, só para ficar no óbvio.

Em segundo lugar, ao redescobrir Eco na faculdade, descobri que ele era um especialista em semiótica, um estudioso da linguagem; assim, fazia sentido que ele escrevesse na linguagem da época em que a história se passava. Não era simples pedantismo, para mostrar que "eu sou o cara, eu sei mais que você", mas era parte dele mesmo, parte do que ele fazia e gostava de fazer.

Quer dizer, eu nunca tinha encrencado com Tolkien porque ele escrevia em quenya; porque diabos eu continuaria resmungando com o que Eco escrevia numa cadência medieval? Aliás, é engraçado que, embora não tenha tido ânimo para reler O Nome da Rosa, li A Ilha do Dia Anterior, que se passa no século XVII e passei boa parte do tempo encantada com Roberto, mesmo quando se iniciou um verdadeiro curso sobre metáfora no meio da história.

Em terceiro lugar, eu mesma tinha descoberto um certo fascínio no estudo da linguagem e da comunicação, resultado de ter uma professora maravilhosa em Teoria da Comunicação. Maria Eduarda, onde quer que você esteja, saiba que você foi um exemplo e uma inspiração como professora; um dos raríssimos casos que encontrei na faculdade que não apenas me fizeram aprender, como também me encorajaram a ir atrás de saber mais.

Em suma... semiologia tinha se tornado um assunto extremamente interessante para mim e Eco escrevia sobre isso.

Em quarto lugar e, talvez, mais importante... o Eco professor de semiologia é claro, conciso, ainda que extremamente elegante na construção de seus argumentos, além de ter um tom ligeiramente irônico (e, vocês irão notar à medida em que avancemos nessa série que a maior parte dos meus autores favoritos são autores que gostam de usar a ironia e o sarcasmo em suas obras); diferente do Eco romancista medieval que usava o vernáculo da época em que a história se passava.

Essa clareza com que Eco escreve seus textos de não-ficção foram como a última coca-cola gelada no deserto de idéias prolixas que os professores de filosofia do direito empurravam pelas nossas goelas abaixo: Kant, Kelsen, Alexy...

Esse é um problema muito comum na área de Direito. Temos um dialeto todo próprio - como a Régis gosta de chamar, o jus esperniandi. Basicamente, nós enrolamos o máximo possível, com os termos mais incompreensíveis que encontrarmos, de forma a mascarar a falta de idéias com uma pretensa sabedoria transcedental. E todo mundo acha que falamos grande coisa, quando, na verdade, de trinta páginas, dois parágrafos é tudo que há de aproveitável.

Resumindo: eu chegara à conclusão que Eco era o cara. E não fiquei na final em hermenêutica.

Agora, vamos à Foucault. Eco cita várias vezes O Pêndulo de Foucault ao longo de Interpretação e Superinterpretação, ao explicar como o leitor pode ler além das intenções de um texto.

Em termos bem simplórios e rapidamente para vocês entenderem a idéia central desse livro: para Eco, um texto tem três possíveis interpretações; três intenções: a do autor, a do leitor e a do próprio texto.

O texto limita as possibilidades de interpretação em si mesmo. Quando o leitor ultrapassa estes limites impostos pelo texto; isto é, quando vê dois chifres em cabeça de unicórnio, ele está fazendo uma superinterpretação.

A história de O Pêndulo de Foucault é uma história de superinterpretação épica da intenção do texto original, que termina em verdadeiro caos e tragédia.

Basicamente, o enredo envolve três amigos: Belbo, Diotallevi e Casaubon, todos eles editores. O trabalho deles é ler todos os manuscritos que chegam à pequena editora em que trabalham e separar "o joio do trigo". Os bons livros, aqueles que eles acreditam que podem gerar lucros, são lançados pela casa, de forma séria. Os livros... não tão bons, são separados para serem lançados às custas dos autores e vendidos por eles mesmos - livros encomendados.

Até aí, nada de particularmente interessante... até que o chefe deles descobre o filão de livros místicos e esotéricos.

São tantos livros cheios de teoria da conspiração envolvendo templários, cabala, a ordem Rosa e Cruz e outros ocultistas e loucos de todo gênero que, por brincadeira, os três começam a inventar "O Plano", com tudo o que eles encontram de mais absurdo em suas leituras dos manuscritos.

O problema é que "O Plano" acaba vazando nos ouvidos da turma de ocultistas que trabalhava com eles, e que envolvia inclusive um homem jurando que era o Conde de Saint-Germain.

Se você não sabe quem é Saint-Germain... bem, em resumo, ele é um personagem histórico da corte de Luís XV (ou será XIV? Não lembro agora... pesquisem no Google), suspostamente, um grande alquimista, mago e imortal, que desapareceu misteriosamente da corte e nunca mais foi visto.

Em todo caso... Esse pessoal acha que "O Plano" é verdadeiro, que envolve um grande segredo de uma grande fonte de poder guardada secretamente pelos templários. E assim, começa uma desesperada corrida para conseguir "O Plano", incluindo perseguições e assassinatos.

A maneira como Eco constrói todo esse enredo é fascinante. A pesquisa que ele desenvolveu para o livro, os detalhes históricos, e mesmo as mais viajadas teorias conspiratórias... tudo isso contribuiu para tornar O Pêndulo de Foucault um dos meus livros favoritos.

Acho que consegui justificar porque Eco entra na minha lista, não? Se não leram nenhum dos livros dele ainda, eu recomendo começar por A Misteriosa Chama da rainha Loana ou o próprio O Pêndulo de Foucault. E depois, vocês podem ler Entre a Mentira e a Ironia, O Segundo Diário Mínimo (MUITO BOM!!!), Apocalípticos e Integrados, e assim por diante.

Na verdade, leia tudo de Eco. E não se deixe amedrontar pelo vernáculo. No final das contas, mesmo com um dicionário do lado... tenho certeza de que você terá lido uma boa história.
Bruno T. 26/07/2010minha estante
Pela extensão do texto, fiquei em dúvida se lia ou não. Li e achei ótimo: inteligente, engraçado, interessante. Parabéns, Coruja.


Nessa Gagliardi 03/01/2012minha estante
Amei sua resenha, apesar de gigante. Parabéns! Você expõe suas ideias com extrema clareza e bom humor! :)


Ava 31/03/2013minha estante
O que posso acrescentar aos comentários já feitos? Primeiramente, concordo com os dois. Interessante, inteligente, com bom humor... Passei o final de semana com a cabeça no livro e estou nas últimas 100 páginas. Achei o livro pesado (talvez devesse ter espaçado mais a leitura), mas a sua resenha me deu um novo ânimo pra terminá-lo. :)


Suzanie 23/01/2014minha estante
Parabéns pela fluidez do texto, vc escreve muito bem! Ao contrário de vc, eu me apaixonei pela história do filme, O Nome da Rosa, quando adolescente, mas só fui ler o livro já na faculdade de Letras, e me encantei. Ainda não li o Pêndulo de Foucault, mas agora estou certa de que o farei!


Valeria 23/11/2014minha estante
Você só iria se casar com Umberto Eco caso eu não tivesse conseguido casar com ele, e, afinal de contas, ele já era casado há muitos anos antes que eu tivesse a oportunidade de fisgá-lo. Adorei seu texto! Eu era um pouco mais velha quando li O NOME DA ROSA e portanto, já caí de boca apaixonada por ele. Mas antes eu já havia lido Apocalípticos e Integrados e Viagem pela Irrealidade Cotidiana, tudo isto ao invés de ler os livros que eram exigidos pelo curso de História na faculdade. Apaixonadíssima por ele e amo, absolutamente amo O Pêndulo de Foucault. Tem gente que ama Brad Pitt, George Clooney e sei lá quem, meus amores são Umberto Eco, Italo Calvino e Jorge Luís Borges.




Reccanello 18/04/2023

Tens a senha?
Como muito bem dito por Fernando Pessoa por meio de seu heterônimo Alberto Caeiro, "o único mistério é haver quem pense no mistério".
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Mergulhando o leitor num universo complexo e repleto de referências históricas, religiosas, filosóficas, herméticas e literárias, e apesar de ser relativamente recente (foi publicado originalmente em 1988), "O Pêndulo de Foucault", de Umberto Eco, já é considerado um dos grandes clássico da literatura contemporânea, sendo aclamado tanto pela crítica especializada quanto pelo público em geral.
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Casaubon, Belbo e Diotallevi trabalham em uma empresa editorial em Milão e a grande paixão dos TRES é o aparentemente inofensivo interesse por conspirações e sociedades secretas. E é sobre essa verdadeira obsessão que se desenvolve a trama central do livro: para se distrair nas longas horas de tédio do trabalho, os três amigos criam um jogo que consiste em inventar teorias conspiratórias a partir de fatos e personagens históricos aparentemente sem qualquer conexão. Mas, apesar de divertirem com as bizarrices que inventam, acabam envolvidos em um enredo de dimensões inimaginavelmente maiores do que esperavam, dando de cara com um grupo secreto de ocultistas fanáticos que não apenas acreditam em suas mentiras como, justa e perigosamente, ansiavam por um fio, um "plano", uma programação talvez divina do Universo que desse coerência, significado e sentido para suas existências e às de suas organizações secretas.
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Por meio de múltiplas camadas de narrativas que se interconectam em um emaranhado labiríntico de ideias, fatos e personagens o autor tece sua história de forma a construir uma obra única, intricada e repleta de simbolismos, e que convida o leitor a se envolver em uma busca pelo conhecimento. Inspirada crítica, irônica e livremente na realidade da época de sua criação, um dos temas centrais da obra é a criação de teorias conspiratórias, facilmente se percebendo semelhanças de sua trama com a lenda da criação de "Os Protocolos dos Sábios de Sião" (documento apócrifo que, conquanto sabidamente forjado no final do século XIX, supostamente revelava ao público um antiquíssimo plano secreto de dominação mundial pelos judeus). Assim como os personagens de "O Pêndulo", os autores de "Os Protocolos" criaram uma narrativa fictícia baseada em fatos isolados e sem relação entre si, mas que acabou sendo aceita como verdade inatacável por muitos. Da forma magistral como somente ele sabia fazer, Eco utiliza tal pano de fundo como um exemplo do poder das teorias conspiratórias na sociedade contemporânea e da importância de se questionar e investigar a veracidade das informações que recebemos, principalmente no mundo moderno e interconectado pela Internet.
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Riquíssimo em detalhes e nuances, o livro é de uma densidade incomum para um thriller literário, e sua narrativa se desenvolve de forma lenta e meticulosa, permitindo ao leitor se aprofundar cada vez mais na trama e nas reflexões propostas pelo autor. No entanto, é preciso destacar que "O Pêndulo" não é uma leitura fácil, exigindo um mínimo conhecimento prévio de história, literatura, religião, filosofia e ocultismo, além de um grande esforço de concentração para acompanhar sua complexidade. Ao mesmo tempo em que desafia nosso intelecto, o livro recompensa largamente aqueles que se dedicam a desvendar seus mistérios.
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Em suma, indiscutivelmente uma obra-prima da literatura contemporânea, "O Pêndulo de Foucault" combina suspense, erudição e reflexão em uma narrativa envolvente e desafiadora na qual Umberto Eco mais uma vez demonstra total maestria na construção de universos complexos e intrigantes, oferecendo ao leitor uma experiência literária única e inesquecível. Mais importante, no entanto, o livro é um estudo sobre a própria natureza humana e sobre como somos capazes de criar histórias e narrativas para dar sentido ao mundo a nossa volta.

site: https://www.instagram.com/p/CrMjSGMsWaR/
mpettrus 18/04/2023minha estante
Quando eu leio uma resenha extremamente bem escrita, permeadas de pequenas doses homeopáticas de curiosidades do enredo da história, a tentação de querer ler o livro em questão torna-se fortemente inevitável. E, fatalmente, sou convencido a ler.

Umberto Eco foi o segundo autor de origem italiana que li. O primeiro, por conta do Ensino Médio, foi Nicolau Maquiavel. Simplesmente, sigo apaixonado pela literatura do Eco. E estou em dívida com esse escritor. Certamente, esse romance deve ser uma ótima recomendação para matar as saudades das narrativas de Umberto Eco.

Parabéns pela resenha! Perfeita!
??????????


Reccanello 18/04/2023minha estante
São comentários como esse que me fazem querer continuar a resenhar minhas leituras.


Reccanello 18/04/2023minha estante
Se possível, veja meu perfil literário no Instagram!


mpettrus 18/04/2023minha estante
Pois continue com suas resenhas, Waldir!!! São maravilhosamente bem escritas!!!

?Podexá? comigo que vou procurar seu perfil na outra rede social ?




Erick 18/01/2011

Uma opinião negativa
Vou discordar da maioria aqui.

Em primeiro lugar, que fique claro: o estilo do autor é excelente como de costume, e a pesquisa que ele fez sobre o conteúdoé extrema, muitíssimo bem feita, rica e detalhada. Do ponto de vista técnico, merece nota máxima.

Agora, quanto a ser uma leitura interessante, o livro deixa muito a desejar. Já li O Nome da Rosa e Baudolino, adorei ambos, mas o Pêndulo de Foucault foi uma decepção. Tem várias passagens muito interessantes, engraçadas e inteligentes, mas infelizmente tem mais ainda trechos maçantes.

Digo maçantes por se tratarem de nomes e mais nomes de seitas, pessoas, correntes filosóficas, passagens históricas obscuras, etc. em número suficiente para ocupar centenas de páginas (sem exagero). O que era para ilustrar e dar vida à história acabou tirando o brilho. É possível pular vários parágrafos do livro sem perder nada.

Mas justiça seja feita: os personagens são muito bem construídos, as situações, idem, e a história central é muito boa. Vem com críticas embutidas aos ocultistas de plantão e intelectualoides.

Só recomendo para quem tiver muito interesse/paciência de ler as tais "partes maçantes".
Rubens 19/01/2011minha estante
Cocordo totalmente com sua análise. É exatamente o que eu estava pensando. Estou lendo e não vejo a hora de terminar e passar para outro...


Lucas 19/01/2011minha estante
Erick, não terminei o livro, tenho muito o que ler ainda, entretanto, quando você diz que há trechos maçantes, com nomes de seitas, pessoas e correntes filosóficas, mas que adorou O Nome da Rosa, então creio que achou os dois maçantes correto? Já li O Nome da Rosa, obra ótima, mas tão cheia de autores e filosofia escolástica quanto O Pêndulo de Foucault. Creio que ambos guardam um semelhança considerável, a leitura é lenta e densa, alguns trechos são maçantes sim, mas disso para condenar a obra é um grande passo. Estou achando o livro fantástico, mas é importante falar que achei muito interessante você colocar uma opinião diferente, é para isso que serve esse espaço. Sua resenha, embora eu não compartilhe totalmente de sua opinião, está muito boa. abraço




Silvio 21/09/2014

Meus sinceros parabéns aos leitores que conseguiram terminar este livro. Tenho a primeira edição e faz mais de 20 anos que não consigo sair dos primeiros capítulos. Infelizmente nesta obra Eco ainda não havia conseguido reunir sua grande erudição e talento intelectual inegável com as técnicas literárias (só reunidas em Baudolino) resultando em um romance cheio de clichês e confuso.
Valeria 23/11/2014minha estante
Que pena, Sílvio.....isso aconteceu comigo com outros livros do Eco, justamente Baudolino e A Ilha do Dia Anterior. Mesmo adorando Eco, não consegui terminar estes livros....Mas.....quem sabe um dia eu tento novamente? Tente dar uma nova chance quando você se cansar de tantos livros sobre mistérios inexistentes da história.....Espero que sim!




Malice 11/07/2009

Uma grande confusão
De uma grande expectativa por se tratar de um autor deste porte, o livro se revelou uma grande mistura de todo tipo de conhecimento esotérico, religioso, filosófico, que acaba por confundir o leitor mais que esclarecer qualquer coisa. Não há uma história, mas vários caminhos a se percorrer, alguns interessantes, outros não. A profusão de informações, personagens e dados acaba por nos fazer perder a narrativa central e todo o restante de dados que poderiam ser interessantes. Decepcionante.
Ed Ribeiro 30/10/2017minha estante
bem isso mesmo, criei muita expectativa na leitura tbm, mas não consegui sentir prazer com o livro...




helmalu 27/06/2016

Tentativa frustada de começar a ler U. Eco
O livro O pêndulo de Foucault apareceu para mim no momento em que eu estava querendo deveras ler Umberto Eco. Umberto Eco é daqueles autores que ouvimos falar muito bem e que ao redor dele é construído uma aura canônica, afinal, já ganhou prêmios literários e foi um renomado filósofo, semiólogo, linguista, crítico literário, além de prestigiado autor de ficção, (vide O nome da rosa, uma de suas mais conhecidas obras). Contudo, porém, todavia, no entanto, meu primeiro contato com o autor não foi, digamos, muito satisfatório (leia: não gostei taaanto da leitura). Explicarei melhor o que ocorreu nas próximas linhas...

O pêndulo de Foucault conta a estória de três amigos, Belbo, Casaubon e Diotallevi, que trabalham na editora Garamond. O início da narrativa, que a princípio se mostra confuso, se dá no Museu parisiense Musée des Artes et Métiers, com Casaubon se escondendo e à espera de "alguém". Com o progresso do enredo, que é feito em retrospectiva, sabemos que Casaubon e seus amigos estão em apuros, e tudo começa quando a editora recebe um tal Ardenti querendo publicar um manuscrito sobre os Templários, umas ideias muito mirabolantes que, a princípio, os três não dão muito crédito, principalmente Casaubon, que é de todos o mais cético. Até aí tudo bem, o problema é que, em seguida, Ardenti desaparece, se escafede, some! Ninguém sabe que fim ele levou e, então, decidem investigar, criam O plano e se metem numa enrascada sem tamanho, já que esse Plano, que surgiu de uma curiosidade e meio que de brincadeira, acaba sendo levado a sério por uma sociedade secreta, Tres, que passa a persegui-los.

"Eu devia ir-me embora, ir embora, era tudo uma loucura, estava caindo no jogo que fizera Jacopo Belbo perder o juízo, também eu, o homem incrédulo." (p.24)

"[Diotallevi] estava obcecado pelo Plano, e no Plano havíamos incluído tantos outros componentes, os Rosa-cruzes, a Sinarquia, os Homúnculos, o Pêndulo, a Torre, os Druidas, a Ennoia.." (p.52)

"Eu fizera da incredulidade um princípio científico, mas agora tinha de desconfiar até dos mestres que me haviam ensinado a me tornar incrédulo." (p. 382)

Finalizei a leitura com diversas sensações, a principal é a de que não entendi nem metade do livro. Isso mesmo! E isso porque há nele muitas coisas que sequer já ouvi falar, como os próprios Templários que só vim a conhecer e a pesquisar depois que me deparei com O pêndulo de Foucault. Há, também, trechos de outras obras no idioma original, tanto nos inícios de cada capítulo como no interior do texto, que não são traduzidos, nos mais diversos idiomas, desde italiano até latim. E eu, que não sou poliglota nem nada, ficava na mais pura ignorância, sentindo que estava, a cada trecho desse, perdendo informações importantes para o entendimento da narrativa. Penso que se o tradutor, ou o próprio autor, tivesse utilizado algumas notas de rodapé nesses casos, seria muito bem-vindo, já que em determinado momento eu simplesmente desisti de tentar entender as referências, o que culminou no início da minha frustração, sentimento que me acompanhou pelo restante da leitura.
O fluxo da leitura, que mais me pareceu uma montanha-russa, se deu tão vagarosamente que quase cogitei abandonar a leitura. Confesso que em alguns momentos pulei parágrafos que eu sabia serem descrições que de nada acrescentavam ao desenrolar dos fatos e foi a primeira vez que fiz isso, shame on me. Mas a verdade é que muito era descrito e não havia quase nada de ação no livro, eu gosto de descrições nos livros, mas convenhamos que nada em excesso é bom.
Sinto que me falta bagagem não só literária, como também histórica para que a leitura desse livro fosse mais proveitosa, pois reconheço, embora não entenda, a magnanimidade da narrativa construída por Eco neste livro. Muitos conhecidos meus que viram que eu estava lendo esse livro, me indicaram que, ao invés de começar a conhecer a obra de Umberto Eco por esse título, eu devia começar por O nome da rosa, e talvez eu dê mais uma chance para o autor nesse caso.
Quando terminei a leitura, fiquei curiosa para saber a opinião de outros leitores sobre o livro e, como de costume, fui olhar as resenhas do Skoob. Fiquei surpresa ao ver a discrepância entre as avaliações deste livro, pois muitos o amam e muitos, muitos mesmo, o odeiam, é só olharem para confirmar, há uma divergência de gostos que eu antes só vira em O morro dos ventos uivantes. Eu, todavia, não consegui classificar o livro, nem se me perguntarem pessoalmente, nem se me pedirem para quantificar em estrelas no Skoob, sinto que, nesse caso, não tenho cacife para avaliar, já que a) esse é o primeiro livro de Umberto Eco que leio, b) não fiz uma leitura suficientemente minuciosa para emitir algum juízo de valor e, como dito anteriormente c) não tenho conhecimentos enciclopédicos suficientes.
Ademais, admito que esse não é o tipo de leitura para se fazer em momentos como os que tenho passado: final de semestre e épocas de provas. Pelo contrário, indico aos que queiram se arriscar nessa leitura que escolham um momento de férias, preferencialmente, em que possam se debruçar em cima da leitura de corpo e alma, pois é isso que este livro exige.
Enfim, fica aqui a indicação - não muito confiável de alguém que não entendeu patavinas - de uma leitura rica em temas como História, Religião, Ocultismo, entre outros temas interligados como sociedades secretas, Maçonaria e conspirações.

"Compreendi. A certeza de que nada havia pra compreender, esta devia ser minha paz e meu triunfo." (p. 667)

site: http://leiturasegatices.blogspot.com.br/2016/06/o-pendulo-de-foucault-umberto-eco.html
Lineu 23/05/2018minha estante
Concordo. Faltou tradução nas citações. Há umas 10 linguas citadas e ninguém deve ser levado a traduzir por conta própria. Eco ativou o botão Arrogante Extremo.




Voz do Além 11/09/2012

O Pêndulo de Foucault. Ou: Umberto Eco como escritor é um grande intelectual pedante
Existem duas maneiras de encarar O Pêndulo de Foucault. A primeira é como um dos piores livros ficcionais que você já leu, e a outra é como uma gigantesca e arrastada auto-afirmação de um intelectual, que em alguns momentos se permite descer do trono criado por ele próprio para ele próprio e ter umas sacadas geniais. Infelizmente, sob nenhum dos dois ângulos, a leitura é satisfatória o bastante para encher os olhos.

Pra quem conheceu Umberto Eco – um semiólogo, filólogo e um monte de outros ólogos, tido como um dos três maiores intelectuais vivos – em O Nome da Rosa, apesar da qualidade notável do livro, percebeu alguns pontos dos mais incômodos na escrita dele. O cara simplesmente descreve tudo com uma carga tão densa de detalhes inúteis que incomodaria até Tolkien sob efeito de psicodélicos. Até porque gastar 10 PÁGINAS para descrever o portal de um mosteiro não é missão pra qualquer escritor, e Umberto Eco faz isso com uma mão nas costas e fazendo embaixadinha com um livro de Semiótica Avançada.

Em O Pêndulo de Foucault essa máxima é levada às últimas consequências. Últimas de verdade. Ao ponto do livro servir de mera muleta para Eco mostrar o quanto é fodão e manja de ocultismo e sociedades secretas. São mais de 500 páginas com ideias, referências, inserções de textos antigos, conspirações sobre conspirações sobre conspirações e um monte de coisas que levariam Dan Brown a cometer harakiri se ele tivesse o mínimo de vergonha na cara. O problema é que Umberto tropeça na própria regra criada por ele: o livro é pornográfico.

Não pornográfico no sentido estético, de nudez, mas sim narrativo. No livro Seis Passeios pelo Bosque da Ficção, Umberto define o que é uma narrativa pornográfica. Segundo ele, é aquela que não corta o que é desimportante, justamente para não cansar o público com cenas de sexo demais, e nem cansar os atores por atuarem somente trepando. Essa alternância de sexo e vida real seria o âmago da pornografia legítima. Assim, são gravadas cenas inúteis, como um motoboy indo entregar uma pizza, um limpador de piscina que realmente limpa toda a piscina… tudo mostrado em tempo real, para preencher os momentos entre o sexo desenfreado e mal encenado.

É isso que é O Pêndulo de Foucault, pura pornografia narrativa no pior dos sentidos.

A ideia do livro é excelente. Um trio de colaboradores – Belbo, Diotallevi e Casaubon – de uma editora italiana especializada em livros espiritualistas trabalha na criação de uma coleção mística, e acaba por desenvolver o que eles denominaram O Plano, que seria a Conspiração Final, o Grande Segredo, que envolve todas as sociedades secretas do mundo e a reescrita de séculos de história mundial desde as primeiras cruzadas e a ascensão do poder dos Cavaleiros Templários. Porém, como todos os apitos de clichês anunciam, o Plano se mostra real e a vida de todos corre perigo. O ano em que rola a história toda, os revolucionários anos 1960, dá margem para uma série de reflexões e inserções interessantes, mas o autor faz questão de passar por cima disso sem dó, se fixando unicamente na missão de pegar na mão do leitor e traçar linhas entre a existência da Maçonaria e dos Assassinos – entre milhares de outras coisas.

É basicamente isso. Os personagens são mais rasos que uma piscina infantil, com motivações bestas e conflitos tão divertidos quanto ser acordado por uma Testemunha de Jeová às oito da manhã de um domingo.

Mas se os personagens, a narrativa e o ritmo parecem saídos de um romance barato de Sidney Sheldon, o livro ganha força quando as descrições históricas entram em cena. Umberto não cansou de dizer aos quatro ventos que estudou cerca de mil livros para compor a hiper-teoria-da-conspiração de O Pêndulo de Foucault, e lá pela página 300 não é muito difícil concordar com isso. São tantos fatos, encontros, teorias e organizações secretas que a certo momento o Plano começa a fazer sentido dentro da cabeça de quem está lendo. Principalmente se o leitor tiver a mínima curiosidade de pesquisar ao menos por alto a profundidade e o contexto histórico dos fatos descritos no livro.

Referências a livros extremamente raros também permeiam diversos bons capítulos, mas se perdem no meio de uma zona descritiva extremamente enfadonha que afoga qualquer tentativa de tudo se tornar verossímil. As boas sacadas – como a genial relação entre a Kabbalah e o funcionamento de um carro – também somem ante a estupidez de Eco de construir qualquer fluxo narrativo minimamente decente.

Na cabeça dele deve ter vindo a “brilhante” ideia de fazer literatura com o mesmo estilo caudaloso e enfadonho que Eliphas Levi escreveu livros de Magia – porém, Levi tinha um objetivo bem claro: espantar qualquer curioso que estava ali para aprender a ficar invisível facilmente, ou seja, o público que tornou as obras de São Cipriano um sucesso. Já Eco aparentemente só queria mostrar somente a distância a que vai o próprio conhecimento dele – vasto pra cacete, só pra acrescentar.

Para os brasileiros existe o atrativo do livro ter diversos trechos passados no Brasil, com referências ao Candomblé e outras religiões afro, xamanismo e o estado de possessão, características bem presentes nas nossas religiões mais mágicas. Mas o interessante é notar que esses respiros narrativos – uns 70% do livro corresponde ao trio de personagens discorrendo sobre teorias, lembranças distantes ou falando sobre amores perdidos – somente servem para dar voltas e fazerem com que Eco descanse da queima de fosfato que foi elaborar a série de teorias e correspondências histórico-conspiracionais que são a estrela do livro.

Mas vamos lá: supomos que você é um cara com sede de aprender e encontre no livro o tipo de mensagem que pode transmitir um pouco de conhecimento secreto e a História Não-Escrita. O livro será uma aventura, principalmente depois da página 300 (quem disse que a vida é fácil?), quando os três conspiradores iniciam a jornada para escrever o Plano. É fácil ficar grudado no livro para querer saber os próximos passos e por alguns instantes chamar Eco de gênio ao vê-lo incluir nazistas, os Assassinos – sim, aqueles matadores furtivos de Assassin’s Creed, em um belo dia escrevo um texto sobre eles -, os Rosa Cruzes no mesmo balaio, tudo com humor absoluto e desprendimento o bastante para dizer que a criação da Maçonaria não passou de um chamariz para atrair parte dos protagonistas do Plano.

Mas mesmo para essas pessoas – meu caso – o livro ainda guarda um pouco do rancor e pedantismo de Umberto Eco. O final é extremamente tosco, vê-se que Eco não segue o exemplo de autores clássicos como Mircea Eliade e trata a Magia “simplesmente” como Magia, mas como uma sub-ciência que deve ser tratada com desdém. Como um mero artifício literário, e esse tom por demais afastado termina com qualquer tentativa de apreciar o livro.

É justamente o inverso de Dan Brown, que passa a impressão que acredita estar mudando o mundo a cada página, cada revelação e cada nova roupagem pop a teorias antigas que ele enfia nos livros dele. Enquanto um parece querer cuspir na sua cara o que sabe, com certo desdém e com uma tonalidade que parece gritar “Puta merda, camarada, você acredita nessas coisas?”, o outro diz em nas entrelinhas “Amigo, você é louco de não enfiar na sua cabeça que a linhagem de Jesus está por aí e que Leonardo Da Vinci escondeu dezenas de mensagens secretas nas obras dele”. Sinceramente, não sei quem é pior.

Para não dizer que o livro não tem nenhuma proposta literária, é possível extrair a lição de que “criações mentais podem tomar vida”. É preciso manter a desconfiança até mesmo no próprio Inconsciente, pois é possível ser engolido pelas próprias crenças, por mais absurdas que sejam ou pareçam.

Mas O Pêndulo de Foucault não é um livro, não possui narrativa, personagens ou outra coisa básica que qualquer livro possui. Como um caudaloso livro cético sobre teorias conspiracionais e sociedades secretas se sairia muito melhor.

Mas, como Eu não ouço meus próprios conselhos, comprei o mais novo livro de Umberto Eco: O Cemitério de Praga, vamos dar uma última chance ao pedante italiano. Quem sabe com uma história que envolve espionagem e a criação do Protocolo dos Sábios de Sião (citados em O Pêndulo), Eco não acerte em cheio de novo?!

Nota: 4
Vitor.Canestraro 23/08/2017minha estante
Eu gosto de todos os detalhes, toda essa pornografia. Pra mim, serve e muito bem




Bruno T. 23/08/2009

Excelente livro
Na minha opinião, trata-se do melhor dos cinco romances de Umberto Eco, superior, inclusive, ao "Nome da Rosa".
Os temas abordados (ocultismo, cabala, maçonaria, magia negra, cavaleiros templários,seitas secretas, etc.), as diversas personagens estranhas e a citação de inúmeros nomes, datas e fatos históricos (que, mais uma vez, demonstram a extraordinária erudição do autor), compõem uma história que,a princípio, pode parecer confusa mas que, na verdade, é uma crítica extremamente inteligente ao mundo do esoterismo.
Quando perguntado se Dan Brown teria se inspirado no "Pendulo de Foucault" para escrever "O Código da Vinci", Umberto Eco respondeu:
"Tive que ler "O Código da Vinci" por que todos me perguntavam a respeito. Posso dizer que Dan Brown é uma das personagens de meu romance, que trata, basicamente, das pessoas que acreditam na "baboseira ocultista".
Perguntado se ele mesmo, autor, interessava-se sobre cabala, alquimia e outras práticas ocultistas, Umberto Eco respondeu que não acreditava e que, em seu romance, ele quis representar tais pessoas de forma grotesca e que, por isso, enxergava Dan Brown como uma de suas criaturas. (Fonte: Wikipedia em italiano; Umberto Eco/Pendulo de Foucault).
Joao.Maria 09/09/2015minha estante
O Nome da Rosa é melhor....




Luca Coelho 21/03/2011

Livro de difícil leitura, mostrando bem como o Umberto Eco domina perfeitamente uma quantidade absurda de assuntos. Além disso, é comum encontrar trechos inteiros escritos em francês, inglês e até latim, fazendo com que você queira ter sempre o google ao seu lado durante a leitura. Muito complexa a história para a minha pobre capacidade mental.
O livro esquenta mesmo do meio pra frente quando finalmente você descobre sobre o Plano, como ele foi gerado e quais as consequências dele. Mostra como as pessoas se deixam levar por aquilo que querem acreditar.
O livro só não é excelente porque não tenho tantos conhecimentos como o autor para entender plenamente o livro todo. Mas, é uma boa sugestão para aqueles que querem saber de tudo um pouco.
Antonio.Cruz 07/04/2017minha estante
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Marcos5813 22/09/2021

O Êxtase das Interpretações
Livro magistral do Umberto Eco! O livro não tem uma narrativa linear, ao contrário, começa pelo fim, e tem vários flashes back, mas de extrema pontualidade das ideias e narrativas, não por seu tempo, mas em seus significados. "O Pendulo de Foucault" é um romance de mistério e suspense onde três amigos, Casaubon, Belbo e Diotallevi, escritores e redatores da Editora Garamond, situada em Milão, buscam descobrir os mistérios que envolve a Ordem dos Cavaleiros Templários e a busca do Santo Graal. A busca de obter o infinito poder do Cosmo. A obra é repleta de relatos de acontecimentos históricos, como das Cruzadas, das diversas revoluções que antecederam a instauração da repúblicas modernas, e eivada de simbologias, onde o autor busca, a todo o momento, os maiores tratados dos tempos sobre os mistérios, magia e ocultismo. A obra trata de como os mistérios vêm movendo a humanidade, e a diversas sociedades secretas existente e que já existiram, como a Maçonaria, os Iluminatis, os Rosa-Cruzes, na busca de entender o mundo, o Demiurgo em seu falso, e, fundamentalmente, por que tal mundo existe. A busca do Graal, e da ordem detrás do sentido do mundo, não está bem entendê-lo mas sim interpretá-lo. Os deuses, e o Deus de tudo, que só é maior que a soma de suas partes por ser mais parte que soma, são sempre construções de um ser consciente que não se entende como tal pois é mais soma que partes, e como tal, ocupa lugar de um lugar nenhum, e aí é onde toda obra gira, o Umbiculus Mundi, de onde parte todas as ideias e dimensões, que está à 1/3 entre a terra e o céu, na mesma metade que depois de atirada a flecha faz Zenão entender que Aquiles nunca alcançará a tartaruga, não como paradoxo, mas por destino, o estado da natureza, pois é o destino de cada um que nos eleva com a mesma força do mover de um pêndulo, o êxtase das interpretações, as contas de um arco, de seu tempo, em sua métrica. Leitura formidável!
daniellyvasconi 28/02/2022minha estante
Eu já estava desistindo de começar , pq foram tantas resenhas ruins rs




Sonia3D 26/08/2010

O original do código da vinci
Aquele livro no qual Dan Brown deve ter se baseado ao escrever O código da Vinci. Livro ao qual me refiro como "O Pêndulo de Foulcault for dummies"...
Peterson Boll 21/09/2010minha estante
Definou com precisão: quem gostou de "O Codigo da Vinci" não irá gostar da obra do Eco (acho que desistem nas primeiras páginas...)


Erick 18/01/2011minha estante
Parece até que o Umberto Eco escreveu esse livro pra satirizar o Dan Brown!!!


Angelo 13/05/2011minha estante
Em verdade, a fonte principal de inspiração para Dan Brown foi o livro O Santo Graal e a Linhagem Sagrada, de autoria de Michael Baigent, Richard Leigh e Henry Lincoln, publicado em 1982, antes, portanto, do Pêndulo de Foucault.




Lucas 09/02/2011

O vinho do Porto da literatura
Muitas pessoas, talvez, dirão que acham o gosto amargo, outros dirão que o cheiro é forte demais ou muito fraco, os mais entendidos arriscarão criticar a uva ou a região do Douro, outros, ainda, criticarão uma determinada safra e elogiarão outra. Por fim, outros simplesmente elogiarão meramente por conhecerem o nome de peso do vinho. O vinho do Porto, apesar de sua fama, não agrada a todos, seja pela sua uva, aroma, densidade ou meramente pelo fato de ser degustado aos poucos.
As obras de Umberto Eco são o vinho do Porto da literatura, aroma peculiar, um gosto levemente amargo, uma cor singular e uma densidade sem igual, muito diferente de Dan Brown (pobre espumante Sidra cereser, sabor agradavelmente adocicado, impossível tomar apenas uma taça, mas depois vem a dor de cabeça).
Umberto Eco nos apresenta uma obra cuja uva é cultivada para produzir a mais fina ironia, a mais afiada crítica (o movimento estudantil é um dos muitos alvos de Eco), o mais profundo suspense e a maior irritabilidade (há momentos em que o livro torna-se uma enumeração de teorias ocultistas que faz o leitor criar uma repulsa pela obra).
O estilo não é dos mais carismáticos, a estória é, no mínimo, extravagante, mas prima pela inteligência, descrição de personagens, ambientes e sensações, esta última, em minha opinião, é magistral.
Ao estilo de O Nome da Rosa, O Pêndulo de Foucault é muito mais que uma trama mística, é uma obra repleta de modernas considerações filosóficas, contando a estória de três amigos editores que criam um Plano templário de conquista do mundo, calcado em muito ocultismo, ficção e fatos reais, não escapando nem os orixás brasileiros, aliás, parte do livro se passa no Brasil e na Roma negra, só lendo para entender. O grande problema é que o Plano almeja mais do que uma simples folha de papel.
Curioso, travei contato com essa obra nas aulas de Metodologia Jurídica do prof. José Reinaldo, na parte em que Belbo define quatro tipos de pessoas, quatro tipos de trabalho científico. Recomendo essa leitura, mas alerto, alguns goles do livro serão um bocado amargos, com descrições de seitas que só a força de vontade o farão vencer essas não poucas páginas, mas vale a pena ler, principalmente os acadêmicos sem paladar de nosso país, docentes e discentes. Vale avisar, não é necessário fazer um ano de latim para entender a obra, ao contrário de O Nome da Rosa.
Mas claro, alguns degustadores irão preferir um Clarete ao vinho do Porto.
Recomendo! Boa leitura.
Camile 20/11/2011minha estante
Haha! Muito oportuna a comparação com os etílicos. Adorei.




Vivi Koenig 12/04/2012

Difícil... quase abandonei...
"Deveria estar em paz. Pois compreendi. Não disse um daqueles que a salvação nos chega quando se atinge a plenitude da consciência? [...] Talvez não tenha compreendido tudo, falta-me um espaço, um intervalo." É com essa sensação que termino a leitura desse livro... Ficcção torturante de Eco, complexa e perturbadora. Talvez algum dia venha a relê-la.
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Bille 16/04/2024

Transitando por caminhos enigmáticos de conhecimento esotérico e histórico, essa narrativa se destaca pela sofisticação de sua intertextualidade e pela densidade de seus enredos. Ela cativa pelo entrelaçamento de mitos, ciência e filosofia, estabelecendo um diálogo vibrante com o cânone literário e com o leitor contemporâneo. Embora ocasionalmente caia na armadilha da erudição excessiva, a maioria dos seus personagens oferece um estudo profundo de arquétipos psicológicos, refletindo um mestre do realismo filosófico em ação. A obra desafia e redefine as fronteiras entre o ficcional e o factual, fazendo do leitor não só um espectador, mas um decodificador ativo dos mistérios propostos.
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