Thaíse 16/09/2015
Arquivologia e fantasia para iniciantes
Primeira coisa a me chamar atenção: A CAPA MARAVILHOSA!!! Sim, é de encher os olhos a arte da capa, muitos dizem pra não julgar o livro por ela mas sempre acabo sendo inevitavelmente atraída.
O tema é bem original, apesar de se tornar clichê no final.
Creio que o livro deveria estar para Arquivologia assim como O Caso dos Exploradores de Cavernas está para Direito; claro, que sem a pitada de magia de A Ordem dos Arquivistas, ou a leitura fácil. :D
"Quando eu era criança, eu aprendi a andar, cantar, ler e escrever. Ouvi muitas histórias dos bardos e minha imaginação tinha asas fortes, naquela época que tudo era feito de ouro e reluzia"(Eli, sobre si mesmo, p.8)
A história é bem básica: Um cara que vai atrás do tio desaparecido que parou de mandar cartas para a família e tenta desvendar o mistério do seu desaparecimento. para isso viaja pela Estrada de Sal, de Sanmaric (cidade natal de Eli) até a região do vale onde fica a grande Fortaleza da Ordem dos Arquivistas, ou simplesmente O Arquivo, ou ainda, "O Castelo" como as pessoas da vila do vale chamavam a grande construção erguida entre montanhas e muralhas. Além de uma viagem para Astoril, ganhamos também uma viagem pelo mundo da Arquivologia! Ricardo Sodré Andrade nos dá ao longo da obra, uma noção básica de Arquivística, como, por exemplo, que o clima frio do vale, a baixa temperatura e umidade, são condições para a boa preservação dos documentos guardados ali.
O autor cria todo um clima de suspense... e isso me matou durante a leitura!
Porque, infelizmente falta dinâmica no texto, as coisas demoram muito para acontecer. O que seria uma cronologia normal para o dia a dia, extremamente racional, torna-se uma brincadeira para a concentração de leitores ansiosos, como eu.
Achei que a mitologia da história foi muito bem criada e a narrativa em primeira pessoa contribuiu para um bom livro, os olhos cinzas, míticos de Pardes, a ilha de Chaburim, e contos e lendas temperam o desenrolar da história pouco a pouco. O protagonista, Eli Saridem, mostra-se uma pessoa ponderada, racional, inteligente e com mania de coçar o pescoço quando se sente desconfortável, não é apenas um detentor de olhos cinzas.
O coadjuvante Lucca, tem toda a minha simpatia, provando que o autor sabe construir personagens diferentes. Confesso que me senti aliviada quando ele apareceu pra dar uma quebrada na seriedade do livro, que estava afligindo todas as minhas células com aquele suspense interminável.
A Ordem dos Arquivistas é um livro curtinho, suas 144 páginas podem ser lidas em pouquíssimo tempo se você não for um leitor desleixado como a pessoa que vos fala, e se não se importar com as letras minúsculas, que francamente me irritaram bastante, pois sou uma míope bem míope, com agravante de astigmatismo e algumas dores de cabeça eventuais quando esforço a visão.
As páginas são amarelas, pendendo para levemente esverdeado; as letras do títulos dos capítulos são personalizadas e há ilustrações no final dos capítulos, mas como já disse na resenha de Sangue dos Deuses, não sei se isso é bom ou ruim :/
site: https://thaisemenezes.wordpress.com/2015/09/16/roendo-3-a-ordem-dos-arquivistas-ricardo-sodre-andrade/