Lauraa Machado 27/08/2018
Extraordinário!
Está certo, eu me rendo. Finalmente tenho que admitir que acredito em magia, porque é exatamente isso que a Cassandra Clare faz. Magia. É a única explicação para um livro tão emocionante e tão maravilhosamente bem escrito e tramado. Tem que ser magia.
Mentira. Existe outra explicação: a mistura perfeita de inteligência, trabalho duro e talento. É uma honra fazer parte desse universo, nem que só durante as páginas de cada livro. Esse em especial deve ser o mais bonito que ela já escreveu (ou melhor, que eu já li). Vai ser difícil superar, mas tenho certeza de que ela ainda vai conseguir.
Confesso que tenho ainda algumas críticas a fazer (sempre tenho, né?), mas a culpa é da própria autora. Se ela não tivesse subido tanto o nível dos seus livros, eu provavelmente não seria tão exigente com eles. As críticas que eu tenho para esse, por exemplo, são muito pequenas perto dos elogios.
A sensação que eu tenho é de que a autora viu todo mundo reclamando de triângulos amorosos e se sentiu desafiada a criar uma história baseada nesse formato que fizesse todo mundo se apaixonar e amá-lo. E conseguiu. Não conseguirei mais ver triângulo nenhum do mesmo jeito, ninguém vai conseguir chegar aos pés desse e da sensibilidade que ela usou para construí-lo. Tem algo que a Tessa fala no final, sobre o jeito que amou os dois, que descreve ele perfeitamente. Fiquei cada vez mais impressionada com a genialidade da autora ao tratar esse romance.
Mas minha parte preferida é a escrita dela, não tem jeito. Ela consegue descrever cenas e sentimentos sem parecer se esforçar para escrever bonito, sem ficar forçado e exagerado e ainda assim conseguindo roubar o fôlego de quem lê. É impossível não se emocionar com as coisas que os personagens vivenciam, principalmente a Tessa.
Minha segunda parte preferida são as conexões entre essa trilogia e Instrumentos Mortais. Eu li os seis livros da outra série antes de começar essa, então o epílogo não foi exatamente uma surpresa para mim, nem certos detalhes da história, mas o livro ainda conseguiu ser extremamente emocionante. Só posso imaginar como deve ser para quem não leu os três últimos de Instrumentos Mortais antes dele. E, mesmo assim, como faz tão pouco tempo que li, perceber os pequenos detalhes de conexão entre eles, de objetos, de menções, do Church, foi tão legal! Essa é uma das razões para eu amar tanto esse universo!
O enredo desse livro foi bem melhor que o anterior (ainda que o anterior tenha compensado demais em outras coisas), começando movimentado desde o começo. Eu cheguei a rir alto de várias coisas, de ter que parar de ler para rir, mas cheguei a chorar também, a sentir que lia um livro daqueles que muda sua vida. Princesa Mecânica tem tudo e faz tudo extremamente bem. A primeira das duas coisas que me incomodaram um pouco foi que a resolução da "batalha final" foi rápida. Tem uma reviravolta incrível ali, mas tudo se resolve muito rápido depois dela. Para tanta coisa que vinha ficando cada vez pior, foi fácil demais na minha opinião.
Além disso, a verdadeira razão da Tessa ter sido criada e suas circunstâncias foram também mais simples do que eu esperava. Eu estava tão, mas tão curiosa nessa questão, que quase procurei no Google antes de chegar mesmo na metade do livro. Mas quando tudo foi explicado, pareceu tão sem graça depois de tanto tempo tentando entender tudo. Acho que, se a autora tivesse explicado no primeiro ou no segundo livro, já teria sido o bastante. Para guardar para o terceiro, precisava ter uma razão maior que a que teve, ainda mais que ela poderia ter sido adivinhada se eles tivessem tentado de verdade.
Mas isso não tira a beleza do livro. Eu consideraria essa trilogia mais um romance do que qualquer coisa, mas um romance precioso que merece ser conhecido por todo o mundo. Espero que ninguém considere isso uma crítica realmente, porque esse terceiro livro é mais do que maravilhoso e brilhante, se tornou um verdadeiro tesouro para mim. Essa mistura dos Shadowhunters com a era vitoriana foi mais do que genial, funcionou lindamente, e eu não consigo nem explicar minha felicidade por saber que vai ter outra trilogia focada na próxima geração - e que eu ainda tenho a trilogia da Emma Carstairs para ler!
Antes que eu me vá - para passar o resto da minha vida relembrando essa história e curtindo meu amor por ela, - tenho que mencionar uma das coisas que já percebi conseguirem fazer com que eu goste dos livros da Cassandra Clare mais do que o normal: os vários pontos de vistas. Ela fez isso também nos últimos livros de Instrumentos Mortais, e esse é um dos truques que acabam me fazendo amá-los ainda mais! Nem que sejam cenas rápidas, só de ver o que os outros personagens além dos protagonistas vivenciam, já deixa tudo mais interessante.
Eu nunca vou conseguir descrever a beleza da escrita da Cassandra e as milhares de camadas complexas, sensíveis e humanas de cada personagem dessa história que ela teceu maravilhosamente. Quem sabe eu chegue perto dizendo de novo que foi magia, tem que ser, e que esse livro faz você sentir que acabou de ler sobre pessoas, um universo e um romance extraordinários.