Cesar 26/02/2023
Filosofia do cérebro
A observação da atividade elétrica do meu cérebro é insuficiente para descobrir meus pensamentos, pois eles são acessíveis apenas a mim. Essa limitação levanta uma questão crucial na filosofia da mente: será possível, algum dia, compreender o pensamento dos outros? João Teixeira, em seu livro, defende que a filosofia da mente é uma excelente forma de se iniciar no universo da filosofia, pois ela engloba as questões clássicas do filosofar, que permeiam a história do conhecimento e persistem mesmo diante de nossos avanços tecnológicos e científicos.
Dessa forma, o autor explora a relação mente-corpo, uma discussão clássica que examina a natureza das conexões entre essas duas instâncias e questiona como elas se manifestam. Além disso, ele oferece uma introdução ao monismo e ao dualismo, explicando as origens do problema, cintando também o filósofo Descartes, que contribuiu significativamente para o embate entre essas duas teorias, bem como entre o materialismo e o idealismo. Dado isso, vale destacar que o autor demonstra grande habilidade em tornar suas reflexões acessíveis ao público diverso, utilizando uma linguagem clara e acessível.
Por conseguinte, numa breve explanação dos capítulos, na terceira parte do livro, existe um debate em torno do materialismo reducionista e o problema da tradução. O cerne da questão é que, embora seja possível identificar que alguém está sentindo calor por meio de alguma observação dos neurônios, a intensidade desse sentimento é subjetiva e, portanto, inacessível aos olhos dos outros. Já no sétimo capítulo, a obra aborda a relevância da inteligência artificial nas discussões filosóficas, especialmente no que se refere às "mentes" artificiais. Assim, Texeira discute as teorias do funcionalismo, que comparam a mente-cérebro com os softwares e hardwares dos computadores, em uma exploração atual e impactante das implicações da tecnologia na filosofia.
Ao final da obra, surgem questões profundas, tais como: é possível manter a liberdade se tudo é reduzido a uma mera materialidade do cérebro? Será que a mente pode ser replicada ou produzida por seres não biológicos? Nesse sentido, João Teixeira vai destacar e defender o surgimento de novas disciplinas filosóficas, cada vez mais interligadas às ciências, como a Neuroética. Portanto, embora o livro ofereça uma exposição clara, concisa e instigante dos principais problemas abordados pela filosofia da mente, por ser um livro breve, acaba sendo apenas um convite aos leitores para explorar mais a fundo esses temas fascinantes.
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