Leonardo Bezerra 18/04/2020
Mais uma vez uma protagonista burra e irritante da Danielle Steel
O romance “O apelo do amor” da escritora estadunidense Danielle Steel foi lançado em 1973, sendo este seu primeiro romance. O livro conta a história de Gillian Forrester, uma publicitária divorciada que vive em San Francisco com sua filha de cinco anos, Sam, e, durante um de seus trabalhos, conhece o diretor Chris Matthews. À primeira vista, Chris é visto como um homem sedutor e que logo encanta a protagonista, o que os leva a engatar um romance com certa rapidez.
Após engravidar do rapaz, ele a convence a ir embora de San Francisco para Nova York, pois somente assim o relacionamento deles sobreviveria, tendo em vista que ele já a tinha avisado anteriormente de que ele não estava preparado para lidar com responsabilidades. Contrafeita, Gillian se muda para Nova York e começa a trabalhar em uma revista de moda como substituta temporária de uma amiga que sofreu um acidente. Na revista, conhece Gordon Harte, o sub-editor chefe enigmático e que à primeira vista é grosseiro com a mesma.
Logo Gillian, ao descobrir novas facetas de Gordon, se encontra dividida entre o amor que desenvolveu por este: algo maduro, responsável e cauteloso e o amor selvagem, irresponsável e aventureiro com Chris.
Sinceramente, não guardei muitas expectativas para este livro porque me decepcionei bastante com os últimos 3 que li da autora (Mergulho no Escuro, Zoya e Recomeços). Mais uma vez me encontrei irritado com a personagem principal, pois a considerei muitas vezes chata e com pouca dificuldade de priorizar suas necessidades, sempre querendo satisfazer Chris e qualquer outra pessoa que estivesse à sua volta (apesar de que não senti que ela fazia muito isso com a própria filha).
Chris é arrogante, machista, grosseiro, narcisista e o típico homem que gosta de fazer as mulheres se sentirem culpadas pelos erros que ele cometeu e não gosta de ter prioridades além daquelas que o convém. Apesar de ter mais de 30 anos, sua primeira atitude ao saber do filho é providenciar um aborto (sem saber se Gillian também deseja isso) e em seguida forçá-la a ir embora e Gillian, com medo de perdê-lo, assim o aceita. E a própria personagem muitas vezes o descreve como um homem adulto “com sorriso de criança” e faz coisas por ele que um homem adulto seria muito bem capaz de fazer sozinho. Chris é mimado, controlador e o tipo de homem a quem ela foi bem avisada para ficar longe.
Enquanto isso, Gordon é uma alternativa que, embora não esteja isenta de defeitos, é uma opção mais saudável. Tendo em vista que não existe um amor que seja completamente perfeito, Gordon se apresenta como a pessoa mais inteligente a ser feita, embora ainda assim tenha seus momentos como alguém controlador e que se irrita ao não conseguir o que quer.
O que mais me decepcionou nesse livro foi como eu sabia que teria um momento devastador - o que é algo da marca da autora, embora muitas vezes, como é o caso, ela o faça de maneira vergonhosa - e quando ele apareceu eu não pude me importar menos, pelo simples fato de que mais pareceu como algo jogado na última parte do livro para justificar o comportamento de Gillian nas últimas páginas e sua decisão final sobre “com quem ela deve ficar”. A personagem mais parecia que era guiada pelo que os outros decidiam por ela durante o livro todo e poucas vezes tomava decisões próprias ou era inteligente o suficiente para se impor contra as barbaridades de Chris - e quando o fazia, facilmente cedia.
Algumas poucas coisas me agradaram nesse livro, como as interações com sua melhor amiga e sua trajetória em Nova York que poderia ter durado até o fim se ela tivesse sido inteligente o suficiente para largá-lo quando ele sugeriu que ela fosse embora porque só assim ficariam juntos.
A vontade que eu tive durante todo o livro e todas as decisões burras da personagem foi de entrar no livro e mandar ela sentar em um cantinho e cair na real. Infelizmente, ela acabou não caindo no decorrer do livro e saber como certos personagens ficaram lembrados é decepcionante.
Não é o tipo de livro que eu leria novamente ou que leria se alguém me descrevesse o quanto é ruim e com certeza o fato de ter sido escrito nos anos 70 pode ter pesado em como Gillian é retratada de forma tão submissa. Acabou que, ao fim, a autora cria uma solução fácil para o “problema” da personagem, mas é evidente que não há problema ao se ler o livro e comparar os dois pretendentes da personagem.