Glaucia 15/12/2012Um livro sobre espionagem e espiõesSerena Fromer é filha de um bispo anglicano e cresceu em uma cidade de interior da Inglaterra. Ela tinha um talento especial com números desde criança e sua mãe, querendo que sua filha não fizesse um curso universitário que considerava medíocre, praticamente a obrigou a cursar Matemática.
Ela, apesar do talento com números, nunca teve interesse especial em matemática e sempre gostou muito de ler. Com uma leitura dinâmica, Serena conseguia ler 200 páginas de um livro em um dia. Apesar disso, aceitou a vontade dos pais e acabou indo para Cambridge para fazer o curso de matemática. Na universidade ela passou quase todo o curso de forma desinteressada e ao invés de se dedicar as disciplina do curso, passava a maior parte do seu tempo lendo.
Sua vida amorosa no período universitário foi bem movimentada e até o final do curso Serena teve oito namorados. Foi no seu último, e decepcionante caso, Jeremy, um estudante do curso de história, de quem ela gostava da companhia, mas odiava o sexo, que ela foi apresentada ao professor Tony Canning e orientador de Jeremy.
Com a vida amorosa movimentada, Serena tem a sorte de seus pais estarem muito ocupados com sua irmã, que se envolveu com pessoas erradas, virou hippie, foi presa com drogas e engravidou, sem saber quem era o pai. Com esse problemão, os pais de Serena acabam a deixando em paz, tempo o suficiente para viver o caso amoroso com professor casado, sem aborrecimento.
Com Tony, um professor cinquentão, casado e com filho; Serena teve um breve e doutrinado caso. Eles compartilhavam momentos clandestinos, partilhando sexo, conhecimento, boa comida e companhia um do outro. Ele passou a ser mais do que um amante, obrigando Serena a ser mais do que uma leitora, e sim um ser pensante. Ele a introduziu a um tipo de leitura complexa sobre política, guerras, conflitos diplomáticos, aprofundando os seus conhecimentos históricos. Fez com que ela tivesse mais do interesse intelectual e aprendesse a pensar, tornando-a uma disciplinada discípula e uma pessoa capaz de entrar em discussões complexas e intelectuais a cerca de assuntos políticos e conflituosos.
Pouco antes da entrevista de Serena na MI5, Tony força uma situação para forçar o rompimento, deixando Serena chateada e um pouco magoada. Mesmo assim ela mantém sua dignidade e segue em frente. Ela parte para a entrevista, e como boa aluna, consegue ser convincente, tem uma conversa bastante inteligente e consegue convencer que é a pessoa ideal para o cargo. Após saber qual é o cargo e salário, Serena sente decepcionada, com vontade de não aceitar e simplesmente largar tudo. Mas então ela percebe que tem duas opções: Volta para a casa dos pais e voltar a ser a filha comportada do bispo ou aceitar o emprego medíocre, que ganhará pouco, e começar a viver a vida real. Finalmente decide aceitar.
No novo emprego Serena se sente infeliz, aborrecida e sem estímulo, até que conhece Max e as coisas começam a mudar. Max é um cara boa pinta, reservado e que logo se torna um bom amigo. Ela se sente bem próxima e atraída, mas as coisas começam bem devagar.
Nesse meio tempo Serena descobre o falecimento do ex-amante Tony Canning e sua armação para que se separassem. Aparentemente ele estava com câncer e armou para se separar da Serena e da esposa em uma jogada única. Isso deixa Serena incomodada e ao mesmo tempo ligada a sua memória e a faz persistir em um emprego que odeia. O que deixa o fardo mais leve é a amizade com a amiga Shirley, que é uma figura e torna os seus dias mais aceitáveis.
O interesse de Max por Serena não é tão sexual, como ela gostaria, e isso a deixa um pouco desconsertada. Porém ele, que possui um cargo mais elevado, começa a questioná-la, muitas vezes em intermináveis interrogatórios, testando o seu conhecimento e perspicácia, até que finalmente surge uma oportunidade onde pode colocar a prova os seus talentos. Agora ela terá que “testar” novos autores, o conteúdo político de seus textos e suas ideias revolucionárias, trabalhando disfarçada como agente literária para a MI5, uma organização secreta, com foco em especial Tom Healy.
Como Serena tem um talento natural para arrumar namorados, ela apaixona pelos contos de Tom e acaba se envolvendo com ele. Contudo passa por um conflito entre o emprego de espiã e o relacionamento. Além disso, Serena percebe que está sendo seguida e tudo fica muito estranha. Agora ela tem que fazer o seu trabalho de agente espiã, cuidar do coração com esse escritor charmoso e tomar cuidado, pois não sabe o motivo dos "vigilantes" estarem vigiando os seus passos.
O livro é narrado em primeira pessoa por Serena, de forma detalhista, primorosa e por diversas vezes cansativa, tornando a leitura de certa forma prolixa. Não é um romance de mulherzinha e o tipo de que se pode acabar de um momento para o outro. Esse é um livro de espiões, espionagem e seus jogos de mentiras, mas para lê-lo abstraia o conceito que tirou de 007.
Há a necessidade de uma leitura lenta, muito observadora e paciente, também é necessário apreciar o gênero para gostar do livro. A histórica nos leva para o palco da Guerra Fria, discutindo os conflitos políticos da época, trabalhados de forma nada mais nada menos do que genial pelo autor.
Tive um pouco de dificuldade no início da leitura e achei um pouco arrastada, pois Serena narrou a sua história a partir de sua mocidade e a sua descrição não do tipo apaixonada. Senti bastante falta de romance nesse início e achei a personagem um pouco fria, apesar de ela falar dos seus muitos relacionamentos, a sua descrição sobre os relacionamentos sexuais com Jeremy e Tony não me agradaram muito, pois me deram uma impressão de frieza e distância, para uma pessoa que tinha tanta necessidade de estar envolvida com alguém, mesmo sem paixão e desejo.
Gostaria de ressaltar que o trabalho de diagramação, capa e revisão ficaram perfeitos. Parabéns para a editora pelo capricho.
Bem, o livro está super-recomendado e para quem gosta de espionagem fica a dica. Para ele 4 estrelas.
Bjs no core
Glau