Serena

Serena Ian McEwan




Resenhas - Serena


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Leonardo 27/03/2013

Versão final feliz de Reparação
Disponível em http://catalisecritica.wordpress.com/

Quando vi Desejo e Reparação, filme dirigido por Joe Wright, fiquei completamente boquiaberto com o final. Ao descobrir que a película era a adaptação de um livro, senti uma pontadinha de tristeza: realmente aquele final foi todo pensado, planejado, elaborado para ser lido, não visto numa tela de cinema. O impacto da descoberta é certamente muito mais intenso no livro que no filme, mesmo que este último não deixe de ter seus muitos méritos. Fiquei, desde então, aguardando ansioso o momento de ler Reparação, o que fiz no ano passado (escrevi aqui um post sobre o livro).
Tornei-me instantaneamente fã de Ian McEwan. Ele manipula a história e os personagens como um habilidosíssimo artesão, e a reverência que ele demonstra com a literatura, a homenagem que ele faz ao poder das palavras são tocantes.
Após ler Reparação, li uma pequena novela do autor inglês, The Comfort of Strangers, da qual não gostei, conforme registrei aqui.
Agora chegou a vez de Serena, livro mais recente escrito por McEwan. Conta uma história que se passa nos anos 70, em Londres, e que mescla romance, literatura e guerra fria. A protagonista, Serena Frome, é a jovem filha de um bispo anglicano que estudou matemática em Cambridge e acabou sendo recrutada para trabalhar no MI5, o serviço secreto inglês. Apaixonada por literatura (mesmo sendo uma “leitora dinâmica”) ela é selecionada, por conta disso, para participar de um projeto típico da guerra fria: para combater as ideias comunistas, o MI5 quer secretamente financiar autores talentosos que escrevam em favor do capitalismo. Em meio a algumas paixões, Serena envolve-se com o escritor que recrutou, Thomas Haley, e se vê no dilema de manter viva uma mentira justamente para aquele que ela julga ser seu grande amor.
Para quem já leu Reparação, como eu, é inevitável a sensação de déjà vu e e também inevitável “adivinhar” o final do livro lá pelo meio da história. Isso aconteceu comigo e tirou boa parte da emoção. Eu prosseguia curioso apenas para saber se eu realmente tinha acertado na mosca. E acertei.
Enquanto em Reparação o final é devastador, tirando seu chão, a impressão que tive é que Serena é a reparação de Ian McEwan para Reparação: talvez ele tenha achado que pegara pesado demais e quis fazer uma história de amor na qual o amor vence.
De qualquer modo, Serena é um livro interessante, bem escrito, cheio de literatura dentro da literatura e que vale muito a leitura, especialmente se você não leu Reparação. Mas não se trata (pelo menos não foi o meu caso) daquele livro que deixa uma marca. Tão rapidamente como li o livro (dois dias foram suficientes), sei que me esquecerei dele.
Apenas um acréscimo, por conta de uma daquelas coincidências literárias interessantes. Terminada a leitura do livro 1 de 1Q84 (sobre o qual escrevi aqui), fui à livraria comprar o livro 2 (sobre o qual também escrevi aqui). Comprei Serena por encomenda de um irmão para presentear outro irmão. Resolvi iniciar a leitura de Serena antes do livro 2 de 1Q84 para ler antes de enviar para meu irmão. Finda a leitura, parti para o livro de Murakami, que também terminei.
A coincidência? Os livros são incrivelmente parecidos na maneira como retratam a literatura. Vejam abaixo:
- Em ambos há um escritor talentoso à espera de uma oportunidade – Tengo e Thomas Haley;
- Os dois escritores recebem a encomenda de escrever alguma coisa que a princípio não é de seu interesse;
- Os dois recebem proposta de apoio financeiro para se dedicarem exclusivamente à escrita, mas essa proposta tem segundas intenções;
- Ambos fazem sucesso com o primeiro livro que escrevem;
- Em ambos os livros os autores recorrem ao expediente de inserir literatura dentro da literatura - em 1Q84, Tengo lê alguns contos para Fukaeri ou para seu pai e o narrador conta com detalhes a trama de A crisálida de ar à medida que Aomame lê o livro. Em Serena, a própria Serena lê três contos escritos por Thomas Haley e ocupa-se em analisá-los;
- Principalmente, em ambos os livros a literatura que os dois escritores – Tengo e Thomas Haley – produzem altera significativamente a própria realidade (de maneira distinta, mas inquestionável).
Eu fiquei tão intrigado com isso que fiquei pensando qual livro teria sido escrito primeiro, por imaginar que um dos autores tivesse “colado” a ideia do outro, o que não é uma hipótese muito boa, já que são grandes escritores que constantemente provam seu talento. De qualquer sorte, para meu alívio mental, Serena foi publicado em agosto de 2012, enquanto 1Q84 (que na minha opinião é bastante superior ao livro de McEwan) foi publicado no Japão entre 2009 e 2010.
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Fabiana 18/03/2013

Foi um longo caminho...
Depois de tantas críticas positivas, de tantas resenhas ovacionando tal obra, do autor já ter me emocionado diversas vezes, confesso, é difícil escrever, sem mesuras, o que realmente achei do livro.

Em primeiro lugar contentei-me ao perceber, a medida que avançava na leitura, que não se tratava de um enredo de espionagem clássico. Mas a alegria acabou por aí. A trama como um todo não me fisgou e eu demorei um tempo além da conta para finalizá-lo. Não desgostava, mas também não gostava. Persisti por ser da minha natureza e acima de tudo por realmente gostar do texto de I.McEwan - é um dos meus escritores preferidos e seu talento e maestria são inquestionáveis. Na verdade e acima de tudo, segui adiante porque confio no autor.

Ainda não sei que sentimento nutro por Serena. E por diversos momentos achei a trama entediante, apesar do bom texto. Li as últimas 100 páginas depois de muito tempo e acredito que devido ao distanciamento (já não estava tão conectada com a obra) eu vislumbrei ("saquei") o seu final. Mesmo assim não foi decepcionante, na verdade foi um alívio. Na minha opinião, o livro precisava, e muito, de um bom desfecho. Recomendo, certamente, mas não me marcou.
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Matheus 16/03/2013

Sobre manipuladores
Neste ótimo livro, Ian McEwan expõe o funcionamento do serviço secreto britânico de uma forma que nunca veremos em um filme de James Bond. O trabalho da personagem-título, o modo com ela é usada pelo MI-5, lembra um pouco os livros de John Le Carré, famoso por criar obras que revelam o cotidiano dos agentes secretos ingleses.
Ao mesmo tempo, a história tem seus momentos de metalinguagem, pois Serena, leitora voraz, é escolhida por seus superiores para agenciar um escritor, com quem inicia um romance que pode por tudo a perder. Durante a narrativa, aparecem trechos dos contos escritos pelo tal autor.
Neste livro, nada é o que parece, e o final é surpreendente.
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Tiago 13/03/2013

Camadas de literatura
Serena, o livro, para quem lê a sinopse e a contracapa parece ser algo bastante diverso do que realmente o é. Ian McEwan engana um pouco o leitor ao vender a trama como possivelmente um romance de espionagem e uma personagem dúbia.

Acredito que esse truque seja para combinar com o enredo da obra. A medida que a trama avança, fica claro que o autor vai revelando camadas até chegar num desfecho fantástico, que consegue mais do que apenas finalizar a obra, a complementa e engrandece.

McEwan também brilha quando insere dentro da trama alguns contos "escritos" por seu personagem. Ao ler histórias dentro de uma história, o leitor se sente fisgado pela originalidade do autor em criar subtramas.

Acredito que só não é um livro perfeito pelo fato de a personagem Serena não ser tão bem trabalhada quanto poderia. Ela obviamente não é uma personagem plana, possui suas carências, dúvidas e preconceitos. Porém não é uma personagem grandiosa, não é muito possível de indetificar por ela, ou torcer por ela. Acho que se o autor tivesse aproximado mais o leitor da personagem, toda a construção da trama até seu desfecho seriam ainda mais impactantes.

Mas de qualquer forma é um livro que qualifica McEwan como um dos grandes da literatura contemporânea.
edu basílio 13/03/2013minha estante
Bela resenha, Tiago. Serena tem o texto lapidado, belamente construído de McEwan, e isso por si só já torna o livro agradável.

O que me impediu de dar 5 estrelas, entretanto, a este livro, foi o fato de que, se você já leu "Atonnement", do mesmo autor, você verá que ele tentou copiar uma fórmula que ele mesmo já usou -- e que foi muito bem sucedida porque era a primeira vez.

Juntando o fato de conhecer "Atonnement" com as dicas que são dadas na contracapa e nas orelhas de "Serena", eu acabei suspeitando do final, ainda mais sabendo que o protagonista era um escritor...

O último McEwan que eu li que me fez vibrar foi "Solar" -- este, por causa do humor ácido que permeia a trama e da linguagem irônica, mordaz e inteligente com que se constroi o texto.

Em abril eu vou ler "Na praia". Mesmo se não espero uma obra prima da literatura-universal-do-reino-de-deus-amém, sei que vou passar um momento agradável na companhia de Sir McEwan de novo.

:-)

Abraços.





Daniel 09/10/2013minha estante
Concordo com o que voce escreveu: enquanto lia este livro estava achando ele bem mediano. Mas no final, depois da última frase, fui surpreendido e percebi que tinha gostado bastante.
E deve ser foda pro autor se superar, depois de "Reparação"...




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Ju_Araujo 31/01/2013

Uma história interessante, uma escrita não tão cativante, um final esplêndido.
O livro conta a história da Serena, desde, resumidamente, a época de faculdade até, finalmente, a parte principal da vida dela, que é seu relacionamento com Tony que acaba a leva-la para ser agente do MI5. Ela acaba sendo escalada para uma missão, a operação Tentação que acaba fazendo-a conhecer outro dos personagens principais, Tom, com o qual vai desenvolver certo relacionamento.
O desenvolvimento do livro não é exatamente interessante, intrigante e não desperta a curiosidade do leitor porém, o final do livro vale cada minuto gasto na parte menos interessante do livro. O final, na minha opinião, nos leva a repensar em todo o livro. Cada parte, desde o começo. Acredito que tenha sido um dos melhores desfechos para um romance que já li.
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José Eduardo 31/01/2013

Serena é uma agente secreta que recebe como missão aliciar um escritor que será financiado pelo MI5 e lógico acaba tendo um romance com ele.
O livro é extremamente descritivo e mescla a narração da história da protagonista com trechos de contos e do romance escritos por Tom, o tal escritor monitorado por ela.
Achei o livro bem chato.
Portolese 18/02/2015minha estante
Sinto que tomei um chute no saco (spoiler).




Johnny 23/01/2013

As artimanhas do escritor
Ian McEwan – Serena
Companhia das Letras – 380 páginas

Ian McEwan, premiado escritor inglês nascido em 1948, não escreve seus livros baseado somente naquilo que tem na cabeça. Cada um de seus romances traz em seu curso os registros de uma pesquisa prévia minuciosa sobre o assunto tratado. Em “Sábado” (2005), por exemplo, a rotina de um neurocirurgião é dissecada em pormenores até mesmo científicos, de maneira que nos sentimos penetrar na mente do profissional e seus problemas diários no trabalho. O autor estuda seriamente o contexto histórico e cotidiano de suas personagens e, por conseguinte, o leitor confia na solidez da narrativa. Os romances de McEwan, contudo, vão além dessa concretude, revelando bom conhecimento de técnica literária, poderosos ganchos de interesse para o leitor e uma prosa que flui de maneira inteligente e atual. No caldeirão literário do romancista, misturam-se política, sexo, ambiência social refinada, suspense e dilemas do espírito humano. O leitor – embora eu não fale aqui do leitor habitual de best sellers - se entrega com prazer ao sabor de suas histórias.

“Serena” (2012) é narrado em primeira pessoa. A personagem central é uma belíssima jovem de 23 anos, criada no leste da Inglaterra, filha de um vetusto bispo anglicano e de uma zelosa senhora que faz as vezes de âncora do marido. Por insistência da mãe, cuja aparência conservadora esconde os eflúvios da corrente feminista dos anos 70, desiste do estudo da Literatura e passa a cursar Matemática em Cambridge. O destino de Serena deve ser audacioso e brilhante, a fim de mostrar a força da nova mulher, sair do quadrado destinado à sua condição e conduzir a bandeira de um período libertário.

A jovem Serena estuda matemática e constrói, afinal, uma carreira acadêmica sem muito louvor. Continua, porém, apegada aos seus romances, que lê com voracidade. Passa a escrever artigos literários para uma revista pequena que segue fórmula editorial progressista em ascensão naquela época. Enquanto isso, é seduzida pelos textos de George Orwell – apontado no livro como um escritor cooptado pela propaganda ocidental - e do dissidente soviético Alexander Soljenítsin, entre outros que serviram aos esquemas. Seus artigos decepcionam os editores da revista devido ao viés anticomunista. Lembremos que a história se passa no auge da Guerra Fria, em uma Europa onde convivem intelectuais de esquerda, em uma Londres aturdida por atentados do IRA.

Por meio de um dos seus namorados, de quem logo se desliga, Serena conhece Tony Canning. Ela mal sabe que existe uma máquina da informação levada adiante pelos interesses conjuntos dos EUA e de seu país, na qual os órgãos de espionagem se dedicam a combater o ideário inimigo do totalitarismo. Tony é um homem culto e experiente, bem mais velho que Serena, casado, que trabalha para o MI5, ou seja, pertence a essa máquina. Eles se tornam amantes e, entre seções de sexo e leitura, inicia-se um processo de preparação cultural e ideológica para integrá-la ao serviço secreto. O rompimento entre ambos vem logo e é dramático, mas Serena é admitida no MI5. Começa num escritório, por baixo, executando funções subalternas.

Feitos alguns testes de campo com a jovem funcionária, ela recebe sua primeira missão, foco da metade final da história. Serena deve convencer um jovem escritor e professor universitário a aceitar uma valiosa bolsa de uma fundação que divulgará seu trabalho. O dinheiro virá do serviço secreto, sem que ele saiba. Serena já aprovara os contos de Tom Healy, julgando-os sintonizados com os objetivos de pregação do MI5. A missão confirma-se fácil e, evidentemente, Tom e Serena se apaixonam.

O desenrolar do romance apresenta inúmeras citações literárias e, mais que isso: há vários momentos em que se confronta o leitor com aquilo que se espera dele, ou o escritor com aquilo que os outros esperam de seus escritos, ou o leitor com aquilo que ele espera do escritor, ou o escritor com aquilo que ele espera de si mesmo e de outros escritores. Tem-se a sensação de que o pano de fundo da obra é uma abordagem sobre expectativas ligadas ao mundo da literatura e as inevitáveis frustrações advindas de diferentes ângulos e concepções típicas da interpretação humana. Os contos de Tom Healy entremeiam-se à narrativa e auxiliam nesse propósito. Por vezes, fascinam Serena, mas surgem incursões literárias que a desconcertam e colocam em jogo sua já arranhada (por outros motivos) credibilidade no trabalho.

Finalmente, há o dilema moral e amoroso. Serena está apaixonada e sente que deve revelar a Tom os interesses que deflagaram sua promissora carreira como escritor, mas sabe que a verdade destruirá o amor que existe entre eles. Sua mentira causa forte sentimento de culpa, mas, entre o contar e o não contar, ela decide prorrogar indefinidamente. Como leitora, ela prefere os finais felizes. Tom, por sua vez, transmite em suas histórias um apego quase mórbido por finais melancólicos e desalentadores. Quando nos aproximamos do fim do romance, tentamos imaginar o que sucederá. O desfecho é, definitivamente, imprevisível. Serena diz a certa altura que deve ser estabelecida uma relação de confiança do leitor para com o autor. A garota que lê três a quatro romances por semana desaprova truques literários, prefere a solidez desse pacto. Entretanto, será que o autor concorda mesmo com a opinião de sua protagonista? E o leitor, será que concorda com a escolha do autor? São essas, entre outras, as indagações que nos vêm à mente quando chegamos à última linha deste belo romance.
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DIRCE 13/01/2013

Dupla leitura em um só livro.
Que IAN McEWan é um escritor laborioso e genial não é segredo para ninguém, mas ainda assim, e mesmo sendo eu apaixonada confessa por esse escritor desde que li o seu livro “Reparação”, achei “Serena” um livro “morno” até o final, quando então McEWan, como é de praxe, me surpreendeu e o romance subiu um pouco – somente um pouco- no meu conceito.
Um dos motivos de eu não “levantar a bandeira” de uma entusiasta deste romance, foi a incomum, porém, pra mim, inevitável comparação com um outro que, assim como em “Serena”, também se enreda por meio de um cenário conturbado, “dinamitado”, um cenário que favorecia e conduzia ao mundo da espionagem, este livro: “O tempo entre a costura”.
Resultado: Serena – a protagonista do romance que leva o seu nome- me pareceu insonsa, manipulável, sempre obediente aos ditames: cursou uma faculdade imposta pela mãe, leu livros impostos pelo namorado, totalmente o oposto de Sira - protagonista do romance “O tempo entre a Costura”- uma jovem decidida que conseguiu tomar as rédeas da sua vida . Síria me encantou , Serena não.
Porém, eu tive a felicidade de fazer dupla leitura do livro Serena. Uma leitura eu fiz folheando folha por folha do livro, curiosa às vezes, entediada outras. A outra leitura que fiz, foi quando li a resenha da Ladyce, em seu blog Peregrina Cultural. A resenha somada à sua visão cubista e a gravura Relatividade que, segundo ela, é uma obra do artista holandês M. C. Escher, fez com que, como em um passe de mágica, se abrisse uma janela para novos entendimentos, novos nuances. Foi como se eu estivesse perdida em meio a um labirinto e, sem aviso prévio, eu encontrasse a saída.
Após transitar por inúmeros caminhos, minha preferência ainda recai sobre o “Tempo entre as costuras”, porém, reconciliada com Serena, a protagonista vítima de um tempo e de um escritor habilidoso e, um livro que era promessa de tédio e de 2 estrelas, acaba por merecer, desta leitora, 4 estrelas.
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erikarossas 12/01/2013

Vou começar meus comentários sobre a história falando logo uma coisa muito importante: Se você está esperando um livro de espiões tipo James Bond, cheio de vilões e reviravoltas, nem se dê ao trabalho.

Não que não exista uma reviravolta! Na verdade, todo o desfecho do livro é uma reviravolta que muda absolutamente TUDO que aconteceu anteriormente. Mas, quanto ao resto, não há ação, nem explosão, nem tiroteios. Se você quer saber, por alguns momentos achei o livro meio parado e quase pensei em desistir porque nada acontecia e eu ainda não tinha descoberto "qual era a do livro" e o que o Ian McEwan queria passar para o leitor. Mas, como sou brasileira e não desisto nunca, resolvi seguir em frente. Fico feliz que segui, porque, finalmente no último capítulo: Tã-dã! Entendi qual a da história, qual a do Ian e até achei bem interessante. Um estilo inovador.

Outro problema que tive foram as longas narrativas sobre a guerra fria, conflitos envolvendo agências de inteligência ou coisa do tipo. Não me leve a mal, adoro história e entendo que ele estava tentando contextualizar a vida da Serena e as mudanças do mundo naquela época. Mas não dava para enfiar um pouco mais de emoção em meio a tudo isso?

Não sei, acho que o livro foi muito grande sem precisar ser e isso leva o leitor impaciente (vulgo eu) a um pouco de tédio. Minhas partes favoritas, na realidade, foram as narrações dos contos do Tom Haley (o escritor e namorado da Serena). Tudo era bem exótico, cheio de reviravoltas e, a parte mais legal, acabava em poucas páginas. É nesses contos também que nós começamos a entender um pouco da história, percebendo a brincadeira que o autor faz entre o real e o fictício, característica marcante do começo até o fim da obra.

Como já falei, o final também foi, digamos assim, bem interessante... Super Recomendo! Para você que gosta de livros sérios, com conteúdo politicamente correto (e incorreto) e tenha interesse de saber detalhes da Guerra Fria. Para você que não gosta de nada disso e prefere histórias de mulherzinha, só digo que, mesmo sendo um livro 'adulto' e sério, não dá para ignorar a história de amor que se passa entre o Tom e a Serena (e, tentando mais que tudo evitar spoilers, voltamos para o final até bonitinho!). Para você que curte uma ação digna de Dan Brown, só digo que o livro é bem típico Guerra Fria: Muito se falou, pouco se fez.

Classificação: ★★★★
Porque? O Ian McEwan é um daqueles escritores de fazer inveja, mas a obra não faz muito meu estilo de literatura (Admito que saí da adolescência mas a adolescência não saiu de mim. E nem sou a rainha do Chick-lit ou coisa assim. Eu só curto cenas engraçadas, frases marcantes e trocadilhos infelizes. Então uma literatura séria meio que está fora da minha zona de conforto).

Considerações finais: É uma história muito bem escrita, vocabulário rico, trama coerente e com revisão excelente da Companhia das Letras. Não lembro de ter visto nada fora do lugar e, para falar a verdade, dos últimos dez livros que li, essa foi a melhor. E ainda era a 1° edição da obra!

Resenha retirada do Blog da Erika - www.erikarossas.com
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Glaucia 15/12/2012

Um livro sobre espionagem e espiões
Serena Fromer é filha de um bispo anglicano e cresceu em uma cidade de interior da Inglaterra. Ela tinha um talento especial com números desde criança e sua mãe, querendo que sua filha não fizesse um curso universitário que considerava medíocre, praticamente a obrigou a cursar Matemática.

Ela, apesar do talento com números, nunca teve interesse especial em matemática e sempre gostou muito de ler. Com uma leitura dinâmica, Serena conseguia ler 200 páginas de um livro em um dia. Apesar disso, aceitou a vontade dos pais e acabou indo para Cambridge para fazer o curso de matemática. Na universidade ela passou quase todo o curso de forma desinteressada e ao invés de se dedicar as disciplina do curso, passava a maior parte do seu tempo lendo.

Sua vida amorosa no período universitário foi bem movimentada e até o final do curso Serena teve oito namorados. Foi no seu último, e decepcionante caso, Jeremy, um estudante do curso de história, de quem ela gostava da companhia, mas odiava o sexo, que ela foi apresentada ao professor Tony Canning e orientador de Jeremy.

Com a vida amorosa movimentada, Serena tem a sorte de seus pais estarem muito ocupados com sua irmã, que se envolveu com pessoas erradas, virou hippie, foi presa com drogas e engravidou, sem saber quem era o pai. Com esse problemão, os pais de Serena acabam a deixando em paz, tempo o suficiente para viver o caso amoroso com professor casado, sem aborrecimento.

Com Tony, um professor cinquentão, casado e com filho; Serena teve um breve e doutrinado caso. Eles compartilhavam momentos clandestinos, partilhando sexo, conhecimento, boa comida e companhia um do outro. Ele passou a ser mais do que um amante, obrigando Serena a ser mais do que uma leitora, e sim um ser pensante. Ele a introduziu a um tipo de leitura complexa sobre política, guerras, conflitos diplomáticos, aprofundando os seus conhecimentos históricos. Fez com que ela tivesse mais do interesse intelectual e aprendesse a pensar, tornando-a uma disciplinada discípula e uma pessoa capaz de entrar em discussões complexas e intelectuais a cerca de assuntos políticos e conflituosos.


Pouco antes da entrevista de Serena na MI5, Tony força uma situação para forçar o rompimento, deixando Serena chateada e um pouco magoada. Mesmo assim ela mantém sua dignidade e segue em frente. Ela parte para a entrevista, e como boa aluna, consegue ser convincente, tem uma conversa bastante inteligente e consegue convencer que é a pessoa ideal para o cargo. Após saber qual é o cargo e salário, Serena sente decepcionada, com vontade de não aceitar e simplesmente largar tudo. Mas então ela percebe que tem duas opções: Volta para a casa dos pais e voltar a ser a filha comportada do bispo ou aceitar o emprego medíocre, que ganhará pouco, e começar a viver a vida real. Finalmente decide aceitar.


No novo emprego Serena se sente infeliz, aborrecida e sem estímulo, até que conhece Max e as coisas começam a mudar. Max é um cara boa pinta, reservado e que logo se torna um bom amigo. Ela se sente bem próxima e atraída, mas as coisas começam bem devagar.

Nesse meio tempo Serena descobre o falecimento do ex-amante Tony Canning e sua armação para que se separassem. Aparentemente ele estava com câncer e armou para se separar da Serena e da esposa em uma jogada única. Isso deixa Serena incomodada e ao mesmo tempo ligada a sua memória e a faz persistir em um emprego que odeia. O que deixa o fardo mais leve é a amizade com a amiga Shirley, que é uma figura e torna os seus dias mais aceitáveis.

O interesse de Max por Serena não é tão sexual, como ela gostaria, e isso a deixa um pouco desconsertada. Porém ele, que possui um cargo mais elevado, começa a questioná-la, muitas vezes em intermináveis interrogatórios, testando o seu conhecimento e perspicácia, até que finalmente surge uma oportunidade onde pode colocar a prova os seus talentos. Agora ela terá que “testar” novos autores, o conteúdo político de seus textos e suas ideias revolucionárias, trabalhando disfarçada como agente literária para a MI5, uma organização secreta, com foco em especial Tom Healy.

Como Serena tem um talento natural para arrumar namorados, ela apaixona pelos contos de Tom e acaba se envolvendo com ele. Contudo passa por um conflito entre o emprego de espiã e o relacionamento. Além disso, Serena percebe que está sendo seguida e tudo fica muito estranha. Agora ela tem que fazer o seu trabalho de agente espiã, cuidar do coração com esse escritor charmoso e tomar cuidado, pois não sabe o motivo dos "vigilantes" estarem vigiando os seus passos.

O livro é narrado em primeira pessoa por Serena, de forma detalhista, primorosa e por diversas vezes cansativa, tornando a leitura de certa forma prolixa. Não é um romance de mulherzinha e o tipo de que se pode acabar de um momento para o outro. Esse é um livro de espiões, espionagem e seus jogos de mentiras, mas para lê-lo abstraia o conceito que tirou de 007.

Há a necessidade de uma leitura lenta, muito observadora e paciente, também é necessário apreciar o gênero para gostar do livro. A histórica nos leva para o palco da Guerra Fria, discutindo os conflitos políticos da época, trabalhados de forma nada mais nada menos do que genial pelo autor.

Tive um pouco de dificuldade no início da leitura e achei um pouco arrastada, pois Serena narrou a sua história a partir de sua mocidade e a sua descrição não do tipo apaixonada. Senti bastante falta de romance nesse início e achei a personagem um pouco fria, apesar de ela falar dos seus muitos relacionamentos, a sua descrição sobre os relacionamentos sexuais com Jeremy e Tony não me agradaram muito, pois me deram uma impressão de frieza e distância, para uma pessoa que tinha tanta necessidade de estar envolvida com alguém, mesmo sem paixão e desejo.

Gostaria de ressaltar que o trabalho de diagramação, capa e revisão ficaram perfeitos. Parabéns para a editora pelo capricho.

Bem, o livro está super-recomendado e para quem gosta de espionagem fica a dica. Para ele 4 estrelas.

Bjs no core
Glau
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Raphaela B. 11/12/2012

Serena - Um Romance
Não foi uma leitura muito fácil, já que todos os detalhes históricos ingleses pesam um pouco, apesar de não interferir na compreensão do todo. A Serena é uma personagem nada carismática; depois da primeira impressão, ruim diga-se de passagem, eu vi o quanto ela é verdadeira com seus sentimentos, sejam bons ou maus. Eu nunca tinha lido uma obra metalinguística e gostei bastante. (Ops.. na verdade tinha sim, O Mundo de Sofia; deve ter mais, mas só lembro desse) Pra mim o livro começou mesmo na metade, quando o Tentação de fato inicia. Dali pro final vai ficando cada vez melhor, apesar de minha expectativa ter sido grande demais para ser atendida. Mas valeu demais ir até o final e ter uma grande surpresa.
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Babi 26/11/2012

O final é maravilhoso!
Surpreendente! É a primeira palavra que vêm a minha cabeça.
Ian McEwan esse gênio da literatura mundial, acertou mais uma vez!
O livro é beeeeeeem descritivo, e necessita uma certa bagagem histórica. A trama se passa durante a guerra fria, e a protagonista Serena trabalha para o MI5 (serviço secreto britânico). A narrativa começa um pouco lenta, o ambiente é político.
O final desse livro é simplesmente sensacional! Vale a pena! Se vc está achando o livro difícil, insista, o final é arrasador!
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Lívia 26/11/2012

Serena é uma história incrível. Desde as primeiras páginas fiquei encantada com a narrativa: Ian McEwan soube escolher as palavras e construir um personagem feminino sem recorrer aos romantismos clichês para caracterizar uma "heroina" feminina.
A história é narrada pela personagem que dá título ao livro e conta como ela entrou para o serviço de inteligência Britânico, o MI5. Lá ela é recrutada para fazer parte da Operação Tentação, em que os agentes buscam escritores com pensamentos "direitistas" para serem disseminados.
Durante a história, que se passa na década de 1970, o autor cita alguns acontecimentos históricos da época, mas o leitor não encontra grandes dificuldades, pois não é o foco principal do livro.
Caso isso seja um problema para você, persista, pois o final é surpreendente e coloca McEwan em um altissimo patamar, que poucos escritores conseguem alcançar.
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