Serena

Serena Ian McEwan




Resenhas - Serena


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Ju_Araujo 31/01/2013

Uma história interessante, uma escrita não tão cativante, um final esplêndido.
O livro conta a história da Serena, desde, resumidamente, a época de faculdade até, finalmente, a parte principal da vida dela, que é seu relacionamento com Tony que acaba a leva-la para ser agente do MI5. Ela acaba sendo escalada para uma missão, a operação Tentação que acaba fazendo-a conhecer outro dos personagens principais, Tom, com o qual vai desenvolver certo relacionamento.
O desenvolvimento do livro não é exatamente interessante, intrigante e não desperta a curiosidade do leitor porém, o final do livro vale cada minuto gasto na parte menos interessante do livro. O final, na minha opinião, nos leva a repensar em todo o livro. Cada parte, desde o começo. Acredito que tenha sido um dos melhores desfechos para um romance que já li.
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Johnny 23/01/2013

As artimanhas do escritor
Ian McEwan – Serena
Companhia das Letras – 380 páginas

Ian McEwan, premiado escritor inglês nascido em 1948, não escreve seus livros baseado somente naquilo que tem na cabeça. Cada um de seus romances traz em seu curso os registros de uma pesquisa prévia minuciosa sobre o assunto tratado. Em “Sábado” (2005), por exemplo, a rotina de um neurocirurgião é dissecada em pormenores até mesmo científicos, de maneira que nos sentimos penetrar na mente do profissional e seus problemas diários no trabalho. O autor estuda seriamente o contexto histórico e cotidiano de suas personagens e, por conseguinte, o leitor confia na solidez da narrativa. Os romances de McEwan, contudo, vão além dessa concretude, revelando bom conhecimento de técnica literária, poderosos ganchos de interesse para o leitor e uma prosa que flui de maneira inteligente e atual. No caldeirão literário do romancista, misturam-se política, sexo, ambiência social refinada, suspense e dilemas do espírito humano. O leitor – embora eu não fale aqui do leitor habitual de best sellers - se entrega com prazer ao sabor de suas histórias.

“Serena” (2012) é narrado em primeira pessoa. A personagem central é uma belíssima jovem de 23 anos, criada no leste da Inglaterra, filha de um vetusto bispo anglicano e de uma zelosa senhora que faz as vezes de âncora do marido. Por insistência da mãe, cuja aparência conservadora esconde os eflúvios da corrente feminista dos anos 70, desiste do estudo da Literatura e passa a cursar Matemática em Cambridge. O destino de Serena deve ser audacioso e brilhante, a fim de mostrar a força da nova mulher, sair do quadrado destinado à sua condição e conduzir a bandeira de um período libertário.

A jovem Serena estuda matemática e constrói, afinal, uma carreira acadêmica sem muito louvor. Continua, porém, apegada aos seus romances, que lê com voracidade. Passa a escrever artigos literários para uma revista pequena que segue fórmula editorial progressista em ascensão naquela época. Enquanto isso, é seduzida pelos textos de George Orwell – apontado no livro como um escritor cooptado pela propaganda ocidental - e do dissidente soviético Alexander Soljenítsin, entre outros que serviram aos esquemas. Seus artigos decepcionam os editores da revista devido ao viés anticomunista. Lembremos que a história se passa no auge da Guerra Fria, em uma Europa onde convivem intelectuais de esquerda, em uma Londres aturdida por atentados do IRA.

Por meio de um dos seus namorados, de quem logo se desliga, Serena conhece Tony Canning. Ela mal sabe que existe uma máquina da informação levada adiante pelos interesses conjuntos dos EUA e de seu país, na qual os órgãos de espionagem se dedicam a combater o ideário inimigo do totalitarismo. Tony é um homem culto e experiente, bem mais velho que Serena, casado, que trabalha para o MI5, ou seja, pertence a essa máquina. Eles se tornam amantes e, entre seções de sexo e leitura, inicia-se um processo de preparação cultural e ideológica para integrá-la ao serviço secreto. O rompimento entre ambos vem logo e é dramático, mas Serena é admitida no MI5. Começa num escritório, por baixo, executando funções subalternas.

Feitos alguns testes de campo com a jovem funcionária, ela recebe sua primeira missão, foco da metade final da história. Serena deve convencer um jovem escritor e professor universitário a aceitar uma valiosa bolsa de uma fundação que divulgará seu trabalho. O dinheiro virá do serviço secreto, sem que ele saiba. Serena já aprovara os contos de Tom Healy, julgando-os sintonizados com os objetivos de pregação do MI5. A missão confirma-se fácil e, evidentemente, Tom e Serena se apaixonam.

O desenrolar do romance apresenta inúmeras citações literárias e, mais que isso: há vários momentos em que se confronta o leitor com aquilo que se espera dele, ou o escritor com aquilo que os outros esperam de seus escritos, ou o leitor com aquilo que ele espera do escritor, ou o escritor com aquilo que ele espera de si mesmo e de outros escritores. Tem-se a sensação de que o pano de fundo da obra é uma abordagem sobre expectativas ligadas ao mundo da literatura e as inevitáveis frustrações advindas de diferentes ângulos e concepções típicas da interpretação humana. Os contos de Tom Healy entremeiam-se à narrativa e auxiliam nesse propósito. Por vezes, fascinam Serena, mas surgem incursões literárias que a desconcertam e colocam em jogo sua já arranhada (por outros motivos) credibilidade no trabalho.

Finalmente, há o dilema moral e amoroso. Serena está apaixonada e sente que deve revelar a Tom os interesses que deflagaram sua promissora carreira como escritor, mas sabe que a verdade destruirá o amor que existe entre eles. Sua mentira causa forte sentimento de culpa, mas, entre o contar e o não contar, ela decide prorrogar indefinidamente. Como leitora, ela prefere os finais felizes. Tom, por sua vez, transmite em suas histórias um apego quase mórbido por finais melancólicos e desalentadores. Quando nos aproximamos do fim do romance, tentamos imaginar o que sucederá. O desfecho é, definitivamente, imprevisível. Serena diz a certa altura que deve ser estabelecida uma relação de confiança do leitor para com o autor. A garota que lê três a quatro romances por semana desaprova truques literários, prefere a solidez desse pacto. Entretanto, será que o autor concorda mesmo com a opinião de sua protagonista? E o leitor, será que concorda com a escolha do autor? São essas, entre outras, as indagações que nos vêm à mente quando chegamos à última linha deste belo romance.
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erikarossas 12/01/2013

Vou começar meus comentários sobre a história falando logo uma coisa muito importante: Se você está esperando um livro de espiões tipo James Bond, cheio de vilões e reviravoltas, nem se dê ao trabalho.

Não que não exista uma reviravolta! Na verdade, todo o desfecho do livro é uma reviravolta que muda absolutamente TUDO que aconteceu anteriormente. Mas, quanto ao resto, não há ação, nem explosão, nem tiroteios. Se você quer saber, por alguns momentos achei o livro meio parado e quase pensei em desistir porque nada acontecia e eu ainda não tinha descoberto "qual era a do livro" e o que o Ian McEwan queria passar para o leitor. Mas, como sou brasileira e não desisto nunca, resolvi seguir em frente. Fico feliz que segui, porque, finalmente no último capítulo: Tã-dã! Entendi qual a da história, qual a do Ian e até achei bem interessante. Um estilo inovador.

Outro problema que tive foram as longas narrativas sobre a guerra fria, conflitos envolvendo agências de inteligência ou coisa do tipo. Não me leve a mal, adoro história e entendo que ele estava tentando contextualizar a vida da Serena e as mudanças do mundo naquela época. Mas não dava para enfiar um pouco mais de emoção em meio a tudo isso?

Não sei, acho que o livro foi muito grande sem precisar ser e isso leva o leitor impaciente (vulgo eu) a um pouco de tédio. Minhas partes favoritas, na realidade, foram as narrações dos contos do Tom Haley (o escritor e namorado da Serena). Tudo era bem exótico, cheio de reviravoltas e, a parte mais legal, acabava em poucas páginas. É nesses contos também que nós começamos a entender um pouco da história, percebendo a brincadeira que o autor faz entre o real e o fictício, característica marcante do começo até o fim da obra.

Como já falei, o final também foi, digamos assim, bem interessante... Super Recomendo! Para você que gosta de livros sérios, com conteúdo politicamente correto (e incorreto) e tenha interesse de saber detalhes da Guerra Fria. Para você que não gosta de nada disso e prefere histórias de mulherzinha, só digo que, mesmo sendo um livro 'adulto' e sério, não dá para ignorar a história de amor que se passa entre o Tom e a Serena (e, tentando mais que tudo evitar spoilers, voltamos para o final até bonitinho!). Para você que curte uma ação digna de Dan Brown, só digo que o livro é bem típico Guerra Fria: Muito se falou, pouco se fez.

Classificação: ★★★★
Porque? O Ian McEwan é um daqueles escritores de fazer inveja, mas a obra não faz muito meu estilo de literatura (Admito que saí da adolescência mas a adolescência não saiu de mim. E nem sou a rainha do Chick-lit ou coisa assim. Eu só curto cenas engraçadas, frases marcantes e trocadilhos infelizes. Então uma literatura séria meio que está fora da minha zona de conforto).

Considerações finais: É uma história muito bem escrita, vocabulário rico, trama coerente e com revisão excelente da Companhia das Letras. Não lembro de ter visto nada fora do lugar e, para falar a verdade, dos últimos dez livros que li, essa foi a melhor. E ainda era a 1° edição da obra!

Resenha retirada do Blog da Erika - www.erikarossas.com
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CooltureNews 19/11/2012

Publicada no www.CooltureNews.com.br
Estava de olho neste livro desde que foi anunciado o seu lançamento e quando o tive em mãos, foi um sonho. Ian McEwan me conquistou desde “Reparação”, então comecei a ler “Serena” com grandes expectativas e a principio não foi o que esperei.

Talvez eu esperasse algo mais dramático e denso como seu livro anterior, mas quando mais avançava na leitura mais fui percebendo a versatilidade da narrativa de McEwan. O mesmo autor que consegue te levar as lágrimas, também consegue escrever uma história tensa com ares de romance de folhetim.

“Serena”, em principio, parece ser uma história simples, onde a heroína conta suas desventuras amorosas e vai tecendo teias ao torno de outros personagens, o que gera uma tensão sugestionada pelo ambiente em que a história se passa.

Temos como cenário uma Inglaterra em meio a Guerra Fria, com um serviço secreto que teme o avanço do comunismo na terra da rainha e articula planos para influenciar a população. Poderia ser o trilher de algum livro de espionagem, mas acaba sendo a causa do encontro entre a protagonista e seus pares. Além disso, para completarmos a atmosfera romântica, temos uma sensível Serena, ávida leitora de romances, que se deixa influenciar pelo clima e se envolve com o objeto de sua missão.

Estão ai reunidos os elementos de uma história despretensiosa em primeira pessoa, que vai envolvendo o leitor até chegar a um final surpreendente.

Aliás, o final é a melhor parte do livro, pois ele me deu um nó tão grande na cabeça que pude entender o porquê de Ian McEwan ser considerado um dos maiores romancistas da atualidade. Passei o livro inteiro pensando de uma maneira e ai, no capitulo final, me senti manipulada e compreendi a ideia apresentada pela sinopse: “Afinal, um romancista é um ótimo espião. O que, neste romance, o leitor também precisa ser.”.

É difícil dizer exatamente quem é o verdadeiro narrador desta história, ou o quanto de verdadeiro são os pensamentos de Serena ou quantos fatos foram manipulados pelo narrador. É algo que me deixou intrigada até hoje e se me perguntarem não sei mais qual a verdade a cerca de Serena e sua história.

Não creio que seja um livro que agrade a todos os públicos ou até mesmo a todos os fãs do autor, mas é uma obra em que ele mostra o quanto sua mente é fértil e, ao mesmo tempo, sua obsessão em manipular o leitor em cada página, nos fazendo crer em algo para destruir no final. Neste livro, essa manipulação é mais sutil e difícil de ser percebida, por isso é tão impactante.

Um livro como poucos, que cumpre aquilo que promete: ser um romance.
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Rodrigo 21/09/2012

Ligeira decepção
A sinopse do livro é chamativa. Um ambiente de espionagem, relações proibidas, traições, deixa o leitor na expectativa por um livro emocionante, cheio de surpresas.

A narrativa é fluida, a leitura é fácil, gostosa, mas só. Não há momentos empolgantes, que te fazem mudar de posição na poltrona. A protagonista não cativa. É apenas aquela eterna adolescente romântica, ávida por aprovação, sem ambições na vida. O autor não deixa os personagens brilharem. A única que parece ter potencial pra "esquentar" um pouco as coisas, a contestadora e impulsiva Shirley Shilling some durante quase todo o romance. Nada no livro é difícil, nada dá muito trabalho, as coisas simplesmente vão acontecendo, vão se ajeitando. Até os momentos de "romance" entre os personagens é chato. Nada de calor humano, beijos tórridos, noites intermináveis. No máximo uma rapidinha na praia.

O final do livro, tão aclamado é um tanto quanto criativo, mas não chega a ser surpreendente. No fim das contas, todos eram exatamente o que pareciam ser: a espiã de modos pueris, o escritor prestes a escrever sua obra-prima, a hippiezinha maconheira, a esquentadinha que toma rumo. Personagens sem nenhuma densidade, de quem certamente o leitor vai se esquecer no momento em que fechar o livro.
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Celso 15/10/2012

Serena
Serena é um livro cheia de boas surpresas e reviravoltas, porém sem ser mirabolante. Os elementos para criar a narrativa poderiam levar ao clichê de uma história bem comum, ou seja, os segredos de uma mulher do serviço secreto inglês e realização de um amor quase impossível. Quem tem o volume em mãos não tem ter como foco apenas a história, mas a forma indiscutivelmente talentosa que o autor “brinca” com as palavras e tece sua narrativa. Por alguns momentos o leitor fica embasbacado não com os acontecimentos, mas com a forma como McEwan disserta sobre o mundo e seus personagens.

Serena é formada em Matemática, mas adora livros e romances, por isso se torna colaboradora de jornais da faculdade sugerindo livros e fazendo algumas críticas literárias. Enquanto isso, conhece seus amores, separa de alguns deles e se torna, nesse caminho, funcionária do serviço secreto inglês. E recebe uma missão, oferecer apoio a um escritor iniciante, sem que ele saiba a origem do dinheiro. Uma forma do aparelho estatal ter domínio sobre as ideias e divulgar pensamentos por meio de romances e livros “chapa branca”.

O que é mais fascinante é que assisti algumas entrevistas de Ian McEwan quando esteve no Brasil para a FLIP e ele sempre dizia do romance sobre a perspectiva de um homem que tenta esquecer um amor. A partir daí, investiga aquela mulher, escreve sobre ela e até mesmo a reduz em alguns momentos e quando chega na última página ao invés de esquecê-la, está mais apaixonado por ela. Nessa perspectiva procurei o tempo todo por este homem, que entendi apenas nas últimas páginas.

Apesar de toda originalidade e talento de Ian, não é um livro fácil de se ler, ou melhor, daqueles que a gente entende enquanto a tevê está ligada. É preciso certo “trabalho” diante dos parágrafos. Mas, não deixa de ser uma ótima leitura e necessária para quem deseja ter contato com um dos maiores romancistas da atualidade.

Mais resenhas: www.blogdocelsofaria.blogspot.com
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Helder 29/09/2012

Um livro bastante surpreendente. Conta a história de Serena, uma inglesa que cresce no interior de seu país e por uma série de acasos acaba entrando no serviço secreto nacional. A leitura agradável e fluente acaba por despreparar o leitor para os grandes méritos do livro; suas reviravoltas muito bem arquitetadas pelo autor. Sugiro um leitura minuciosa e atenta aos detalhes de cada página do romance, pois nesse livro nada é dito por acaso. Assim fatalmente terá um leitura muito prazerosa.
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Fabiana 18/03/2013

Foi um longo caminho...
Depois de tantas críticas positivas, de tantas resenhas ovacionando tal obra, do autor já ter me emocionado diversas vezes, confesso, é difícil escrever, sem mesuras, o que realmente achei do livro.

Em primeiro lugar contentei-me ao perceber, a medida que avançava na leitura, que não se tratava de um enredo de espionagem clássico. Mas a alegria acabou por aí. A trama como um todo não me fisgou e eu demorei um tempo além da conta para finalizá-lo. Não desgostava, mas também não gostava. Persisti por ser da minha natureza e acima de tudo por realmente gostar do texto de I.McEwan - é um dos meus escritores preferidos e seu talento e maestria são inquestionáveis. Na verdade e acima de tudo, segui adiante porque confio no autor.

Ainda não sei que sentimento nutro por Serena. E por diversos momentos achei a trama entediante, apesar do bom texto. Li as últimas 100 páginas depois de muito tempo e acredito que devido ao distanciamento (já não estava tão conectada com a obra) eu vislumbrei ("saquei") o seu final. Mesmo assim não foi decepcionante, na verdade foi um alívio. Na minha opinião, o livro precisava, e muito, de um bom desfecho. Recomendo, certamente, mas não me marcou.
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Matheus 16/03/2013

Sobre manipuladores
Neste ótimo livro, Ian McEwan expõe o funcionamento do serviço secreto britânico de uma forma que nunca veremos em um filme de James Bond. O trabalho da personagem-título, o modo com ela é usada pelo MI-5, lembra um pouco os livros de John Le Carré, famoso por criar obras que revelam o cotidiano dos agentes secretos ingleses.
Ao mesmo tempo, a história tem seus momentos de metalinguagem, pois Serena, leitora voraz, é escolhida por seus superiores para agenciar um escritor, com quem inicia um romance que pode por tudo a perder. Durante a narrativa, aparecem trechos dos contos escritos pelo tal autor.
Neste livro, nada é o que parece, e o final é surpreendente.
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José Eduardo 31/01/2013

Serena é uma agente secreta que recebe como missão aliciar um escritor que será financiado pelo MI5 e lógico acaba tendo um romance com ele.
O livro é extremamente descritivo e mescla a narração da história da protagonista com trechos de contos e do romance escritos por Tom, o tal escritor monitorado por ela.
Achei o livro bem chato.
Portolese 18/02/2015minha estante
Sinto que tomei um chute no saco (spoiler).




Paulo Sousa 14/04/2024

Leituras de 2024
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Serena [1959]
Ian McEwan (??1948-)
Cia das Letras, 2012, 384p.
Trad. Caetano W. Galindo
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?Ele era o meu projeto, o leu caso, a minha missão. A arte dele, o meu trabalho e a nossa história eram uma só coisa. Se ele fracassasse, eu fracassava. Simples, então ? nós íamos triunfar juntos? (Posição Kindle 3387/61%).
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Ian McEwan nunca decepciona! Depois de ter lido alguns de seus livros (o último foi ?A filha perdida?), eu só tenho colecionado uma considerável porção de boas páginas, de histórias cativantes, de personagens marcantes e inesquecíveis.
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Serena, que dá nome ao volume, é a típica jovem inglesa, apaixonada por literatura. Filha de pais anglicanos, acaba fazendo um curso de matemática, tendo casos ora esparsos ora mais longos, até ser, por Tony, um desses romances e ele mesmo ex-agente do MI5, ser selecionada para trabalhar no serviço secreto britânico.
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Sua primeira missão real é recrutar um escritor em provável ascensão, morador da Brighton (que todos ansiamos em algum momento da vida conhecer), e cujos contos atraem a atenção de Serena (e eventualmente sua cama também). Ele, Tom, não deve saber de onde vem o dinheiro que financiará o tão esperado romance, sua chef-d'?uvre, masterpiece ou magnum opus, cuja editora é na verdade uma fachada para o controle governamental e a disseminação de contrainformações sobre o que tem sido pensado na Inglaterra dos anos 60, quando o IRA começou a atuar.
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Serena não só leva seu encargo a sério como meio que espera e acaba se envolvendo com Tom, num tórrido romance regado a noitadas nos pubs londrinos e intensas trocas intelectuais: eles leem os jornais, resolvem intricados jogos matemáticos, fazem amor de forma quase ininterrupta, comemoram o avanço do romance de Tom, ao qual Serena ainda não teve acesso. (Mais não conto para não estragar a experiência do novo leitor, que certamente se impressionará com a reviravolta que as páginas trarão em seu final?).
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McEwan é um artesão e artista da palavra. Desde ?Amor sem fim?, o primeiro livro dele que li, há pouco mais de uma década, fui me embriagando literalmente pelo mar de ideias e palavras de seus romances. Sua sensibilidade, uma certa inclinação para o trágico, o tabuleiro em que muitas de suas personagens são postas a andarem são só alguns dos aspectos que encontro facilmente em suas páginas. Serena foi um dos poucos livros que canhestramente avaliei como cinco estrelas. É um romance bonito, inteligente, cheio das conhecidas engrenagens usadas em livros que falam de livros, mas com o toque dele, marca própria que torna tudo escrito bem escrito.
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E é, ainda, um livro bem atual, engajado (aliás como outros romances seus!) Uma mulher que se esperneia no universo da espionagem, dominado em sua maioria por homens. Serena não busca autoafirmação. Ela vai aprendendo a lidar com esse tipo de ambiente e o faz justamente com a delicadeza que virou sua marca própria. Não é uma feminista por assim dizer, embora saiba a hora de dizer não. Mas nela, o que mais encanta, é sua resiliência, a maneira como ela busca se adaptar ao amor. Não exita em se entregar, antes ama com sua inteligência e com sua alma! É, por si só, daquelas personagens que merecem não só um livro, mas uma série inteira, tamanha a complexidade com a qual foi concebida. É um livro excelente, que por si, já salvou meu 2024. Se vale? Oh, se vale!
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Psychobooks 15/10/2012

Meu primeiro contato com Ian McEwan foi ao ver o filme Desejo e Reparação, que achei incrivelmente maravilhoso. Meses depois é que fiquei sabendo que era baseado no romance Reparação, mas aí, a surpresa já tinha sido estragada e eu sabia a surpresa final. Mas isso não me impediu de comprar um exemplar do livro para ler daqui algum tempo, depois que minhas memórias sobre o filme estiverem um pouco apagadas.

Ao ficar sabendo que o lançamento mundial de Serena seria na FLIP, fiquei bem animada e desejando poder finalmente conhecer a narrativa de um autor tão clamado pelo público e crítica.

Serena Frome, filha de um bispo anglicano, é linda, jovem, inteligente, mas faz uma faculdade escolhida pela mãe, que quer ver sua filha inteligente fazer alguma coisa de bom para o mundo e não ser apenas mais uma dona de casa. Então ela vai para Universidade de Cambridge e cursa Matemática, em um ambiente machista, onde todos os alunos e professores fazem questão de frisar que ela não é tão brilhante quanto pensa. Enquanto isso, Serena queria mesmo é ter cursado letras e aprofundado-se em seu grande amor pelos livros. Durante o último ano de faculdade, ela se envolve com um homem mais velho, que a faz ver a leitura além dos romances e a educou em políticas sociais. Mas depois de uma mudança abrupta de atitude, os dois se separam, mas antes, ele consegue uma entrevista de emprego para Serena.

Na década de 70, a Inglaterra passava por uma crise financeira, sofria ameaças de ataque do grupo terrorista IRA e a Guerra Fria ainda estava presente, principalmente no campo intelectual. Serena é uma mulher que aproveita todas as oportunidades que a vida lhe oferece, ao ser entrevistada para trabalhar no MI5, ela resolve aceitar o emprego e torna-se uma agente secreta, fazendo parte de uma operação onde o objetivo é financiar alguns jovens escritores a escreverem seus romances, sem se preocuparem em ter outro emprego para se sustentarem. É claro, que os autores são minuciosamente investigados, mas o MI5 não tem a intenção de influenciar o que eles irão escrever e nem revelar qual é a verdadeira fonte do salário deles.

Disfarçada de agente literária de uma Fundação, Serena vai conversar com T.H. Healy, um professor universitário que escreveu alguns contos, mas por causa do trabalho, não teve o tempo necessário para escrever algo mais longo, como um romance. Os contos de Tom foram publicados em algumas revistas e chamaram atenção de algumas pessoas influentes, inclusive da bela Serena. O leitor não precisa morrer de curiosidade, já que Ian McEwan coloca os contos na narrativa de seu livro.

A atração entre Serena e Tom é tão forte, que nenhum dos dois consegue resistir. Com medo de perder seu namorado, Serena fica com medo de lhe contar toda a verdade, mas sente que um dia tudo virá à tona. Começa então um jogo de espionagem, intrigas, sedução e estratégias para conseguir o que almeja.

Para quem já teve algum contato com o autor, pode não se surpreender com o final, mas confesso que fui pega completamente de surpresa e ADOREI!

A narrativa é feita em primeira pessoa, sob o ponto de vista de Serena, que narra parte de sua adolescência, sua vida universitária, casos amorosos culminando em seu emprego no MI5. O ritmo de leitura é lento, com poucos diálogos e por vezes, divagações exageradas, com grandes parágrafos e uma imersão completa nos bastidores da Guerra Fria. Mesmo com um enredo denso, a leitura é prazerosa, mas deve ser feita sem pressa, apreciando suas belas frases de impacto e digerindo o que está sendo contado.

Leitura recomendada, para quem gosta de um romance adulto, sem ser meloso, com cenas quentes, temas baseados na história mundial e que não se importa com uma leitura tranquila, sem um ritmo alucinante, mas com um final memorável.

Obs: Há muitas referências ao livro 1984 de George Orwell, o que me faz lembrar que preciso lê-lo com urgência!

"(...)Dizem que os escritores têm superstições e pequenos rituais. Leitores também. O meu ritual era ficar segurando o meu marcador enroscado entre os dedos e passar o polegar por ele enquanto lia. Tarde da noite, quando chegava a hora de largar o livro, o ritual era encostar o marcador na boca, e colocar entre as páginas antes de fechar o livro e pôr o livro no chão ao lado da poltrona, onde eu podia pegar com facilidade da próxima vez. (...)"
Página 86
http://www.psychobooks.com.br/2012/08/resenha-serena.html
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Glaucia 15/12/2012

Um livro sobre espionagem e espiões
Serena Fromer é filha de um bispo anglicano e cresceu em uma cidade de interior da Inglaterra. Ela tinha um talento especial com números desde criança e sua mãe, querendo que sua filha não fizesse um curso universitário que considerava medíocre, praticamente a obrigou a cursar Matemática.

Ela, apesar do talento com números, nunca teve interesse especial em matemática e sempre gostou muito de ler. Com uma leitura dinâmica, Serena conseguia ler 200 páginas de um livro em um dia. Apesar disso, aceitou a vontade dos pais e acabou indo para Cambridge para fazer o curso de matemática. Na universidade ela passou quase todo o curso de forma desinteressada e ao invés de se dedicar as disciplina do curso, passava a maior parte do seu tempo lendo.

Sua vida amorosa no período universitário foi bem movimentada e até o final do curso Serena teve oito namorados. Foi no seu último, e decepcionante caso, Jeremy, um estudante do curso de história, de quem ela gostava da companhia, mas odiava o sexo, que ela foi apresentada ao professor Tony Canning e orientador de Jeremy.

Com a vida amorosa movimentada, Serena tem a sorte de seus pais estarem muito ocupados com sua irmã, que se envolveu com pessoas erradas, virou hippie, foi presa com drogas e engravidou, sem saber quem era o pai. Com esse problemão, os pais de Serena acabam a deixando em paz, tempo o suficiente para viver o caso amoroso com professor casado, sem aborrecimento.

Com Tony, um professor cinquentão, casado e com filho; Serena teve um breve e doutrinado caso. Eles compartilhavam momentos clandestinos, partilhando sexo, conhecimento, boa comida e companhia um do outro. Ele passou a ser mais do que um amante, obrigando Serena a ser mais do que uma leitora, e sim um ser pensante. Ele a introduziu a um tipo de leitura complexa sobre política, guerras, conflitos diplomáticos, aprofundando os seus conhecimentos históricos. Fez com que ela tivesse mais do interesse intelectual e aprendesse a pensar, tornando-a uma disciplinada discípula e uma pessoa capaz de entrar em discussões complexas e intelectuais a cerca de assuntos políticos e conflituosos.


Pouco antes da entrevista de Serena na MI5, Tony força uma situação para forçar o rompimento, deixando Serena chateada e um pouco magoada. Mesmo assim ela mantém sua dignidade e segue em frente. Ela parte para a entrevista, e como boa aluna, consegue ser convincente, tem uma conversa bastante inteligente e consegue convencer que é a pessoa ideal para o cargo. Após saber qual é o cargo e salário, Serena sente decepcionada, com vontade de não aceitar e simplesmente largar tudo. Mas então ela percebe que tem duas opções: Volta para a casa dos pais e voltar a ser a filha comportada do bispo ou aceitar o emprego medíocre, que ganhará pouco, e começar a viver a vida real. Finalmente decide aceitar.


No novo emprego Serena se sente infeliz, aborrecida e sem estímulo, até que conhece Max e as coisas começam a mudar. Max é um cara boa pinta, reservado e que logo se torna um bom amigo. Ela se sente bem próxima e atraída, mas as coisas começam bem devagar.

Nesse meio tempo Serena descobre o falecimento do ex-amante Tony Canning e sua armação para que se separassem. Aparentemente ele estava com câncer e armou para se separar da Serena e da esposa em uma jogada única. Isso deixa Serena incomodada e ao mesmo tempo ligada a sua memória e a faz persistir em um emprego que odeia. O que deixa o fardo mais leve é a amizade com a amiga Shirley, que é uma figura e torna os seus dias mais aceitáveis.

O interesse de Max por Serena não é tão sexual, como ela gostaria, e isso a deixa um pouco desconsertada. Porém ele, que possui um cargo mais elevado, começa a questioná-la, muitas vezes em intermináveis interrogatórios, testando o seu conhecimento e perspicácia, até que finalmente surge uma oportunidade onde pode colocar a prova os seus talentos. Agora ela terá que “testar” novos autores, o conteúdo político de seus textos e suas ideias revolucionárias, trabalhando disfarçada como agente literária para a MI5, uma organização secreta, com foco em especial Tom Healy.

Como Serena tem um talento natural para arrumar namorados, ela apaixona pelos contos de Tom e acaba se envolvendo com ele. Contudo passa por um conflito entre o emprego de espiã e o relacionamento. Além disso, Serena percebe que está sendo seguida e tudo fica muito estranha. Agora ela tem que fazer o seu trabalho de agente espiã, cuidar do coração com esse escritor charmoso e tomar cuidado, pois não sabe o motivo dos "vigilantes" estarem vigiando os seus passos.

O livro é narrado em primeira pessoa por Serena, de forma detalhista, primorosa e por diversas vezes cansativa, tornando a leitura de certa forma prolixa. Não é um romance de mulherzinha e o tipo de que se pode acabar de um momento para o outro. Esse é um livro de espiões, espionagem e seus jogos de mentiras, mas para lê-lo abstraia o conceito que tirou de 007.

Há a necessidade de uma leitura lenta, muito observadora e paciente, também é necessário apreciar o gênero para gostar do livro. A histórica nos leva para o palco da Guerra Fria, discutindo os conflitos políticos da época, trabalhados de forma nada mais nada menos do que genial pelo autor.

Tive um pouco de dificuldade no início da leitura e achei um pouco arrastada, pois Serena narrou a sua história a partir de sua mocidade e a sua descrição não do tipo apaixonada. Senti bastante falta de romance nesse início e achei a personagem um pouco fria, apesar de ela falar dos seus muitos relacionamentos, a sua descrição sobre os relacionamentos sexuais com Jeremy e Tony não me agradaram muito, pois me deram uma impressão de frieza e distância, para uma pessoa que tinha tanta necessidade de estar envolvida com alguém, mesmo sem paixão e desejo.

Gostaria de ressaltar que o trabalho de diagramação, capa e revisão ficaram perfeitos. Parabéns para a editora pelo capricho.

Bem, o livro está super-recomendado e para quem gosta de espionagem fica a dica. Para ele 4 estrelas.

Bjs no core
Glau
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Jacqueline 30/08/2012

Publicado originalmente em www.mybooklit.blogspot.com.br
Serena é uma jovem que se formou em matemática (sem louvor algum), e que encontra prazer na literatura, dedicando horas a leitura de romances de seus autores preferidos, e se arriscando em conhecer novos.
Após escrever um artigo literário para a coluna da revista ?Quis?, ela conhece Tony Canning.

Apesar de ser bem mais velho, Serena se encanta por Tony, e se torna sua amante. É o próprio Tony quem a prepara para a entrevista que ela terá com o Serviço de Segurança britânico.
Quando Tony sai de cena - deixando milhares de questionamentos na mente de Serena - ela não vê outra saída além de concordar em trabalhar no MI5.
Promovida graças a recomendação de Max Greatorex, seu trabalho é recrutar o escritor iniciante Tom Haley para a Fundação, que nada mais é um projeto que funciona como uma fachada, e na realidade é financiado e controlado pelo MI5.

"Na minha opinião havia um contrato tácito com o leitor, que o escritor devia honrar. Nenhum elemento de um mundo imaginário e nenhum dos seus personagens deveria poder se dissolver por causa de um capricho do autor. O inventado tinha de ser tão sólido e consistente quanto o real. Era um contrato que se baseava numa confiança mútua." (pág. 234)

McEwan esteve este ano pela segunda vez no evento Flip, ao lado de Jennifer Egan, para o lançamento mundial de seu novo livro. No evento, o autor de "Reparação" e outros 11 romances, soltou um baita spoiler de Serena, que eu só fui saber após de ter concluído a minha leitura. Não que isso faria diminuir o meu interesse e apreço pela obra.
A primeira coisa que o leitor precisa ter em mente, é que Ian não é apenas um escritor. Ele é um manipulador de emoções, e isto fica claro para quem mergulha de cabeça nas primeiras páginas de seu romance.

Apesar de ser composto em sua maioria por narração, e possuir escassos diálogos, o texto nunca atinge um ritmo maçante, mesmo quando a protagonista discursa sobre a política dos anos 70. A Guerra Fria, e o tom presunçoso do Serviço de Segurança, que acredita ser o responsável pela prevenção contra o terrorismo do IRA na Inglaterra, são assuntos profundamente conhecidos pela nossa espiã.
A história atinge seu ápice quando Serena lê os contos de Tom, e imediatamente se apaixona por eles. Determinada a desvendar a brilhante mente do autor, ela flerta com a possibilidade de ser uma personagem de seus contos, e em determinados momentos sente ciúme de seus personagens masculinos.

Os contos de Haley, têm muito em comum com os contos que Ian escreveu no início de sua carreira. Não posso afirmar que Haley seja um alter ego de Ian, mas afirmo que me apaixonei sem medida por ambos. O que me chama mais atenção é a perfeição com a qual o autor descortina a mente feminina, e discorre pelos pensamentos mais íntimos da protagonista. Serena é uma personagem que possui grande pronfundidade psicológica, o que rende mais um ponto para a percepção excepcional de McEwan.

A narrativa extremamente viciante, detalhista e inebriante, converge para um final surpreendente. Durante metade do livro, o autor nos dá pistas do que virá pela frente (por isso o leitor deverá também se tornar um espião), e mesmo imaginando o que estaria por vir, as últimas páginas me pegaram totalmente desprevenida.
Serena não é só um romance sobre espionagem, ou sobre como todo leitor desejaria entrar na mente do autor. Nem tampouco sobre as inspirações que um escritor encontra para criar um romance de sucesso. Serena é simplesmente um dos livros mais geniais que já li.
Ouso afirmar que será impossível ler algo que produza tamanho impacto, quanto Serena me causou. Agora só me resta ler outros de seus romances, para cobrir o vazio que senti ao terminar de ler a última linha.
Só posso desejar que você tenha a mesma sorte e o privilégio que eu tive, de ter em mãos essa obra prima da literatura, e que apaixone-se do mesmo modo que eu.
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