Psychobooks 20/05/2013
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Depois de três anos de espera, finalmente, coloquei minhas mãos (e olhos) em Os Doze, o segundo livro da trilogia que começou com A Passagem, um livro cinco estrelas que me conquistou completamente. Acho que vocês podem ter uma ideia de como eu estava ansiosa por essa leitura e com as expectativas bem altas.
- Enredo, como retomar a história depois de anos do lançamento do primeiro livro?
Assim que recebi o livro, a primeira coisa que pensei foi: 'Será que eu me lembro do que aconteceu em A Passagem, depois de tanto tempo e livros lidos?'. Estava morrendo de medo de Os Doze sofrer a maldição do segundo livro ou eu ter que reler o livro anterior para poder me situar na história, mas assim que comecei minha leitura, vi que meu medo foi infundado. Justin Cronin conseguiu retomar os principais acontecimentos sem se tornar repetitivo, usando um 'relatório' que combina com o estilo de narrativa usada em seus livros.
O livro começa cinco anos após os últimos acontecimentos de A Passagem, novos personagens são introduzidos à trama, todos são peças importantes no grande quebra-cabeça que é essa saga. A princípio, parece ser uma nova história, apenas passada na mesma sociedade desolada do livro anterior, mas conforme vamos avançado a leitura, o enredo vai ganhando corpo e nos é revelada a verdadeira proposta do livro.
- Personagens
Aqui você irá encontrar uma quantidade absurda de personagens, mas nenhum deles é apenas um figurante. Suas histórias são contadas aos poucos e é uma grata surpresa ver suas vidas se entrelaçarem. O autor não explora apenas a parte física de sua criação, o psicológico é muito bem trabalhado, cada um tem sua própria personalidade, medos e jeito para lidar com a dura realidade que os envolve.
Com exceção da Amy, os antigos personagens demoram um pouco para aparecer e quando o fazem, é como se você estivesse revendo um velho amigo, cansado e castigado por uma guerra.
Sabe aquela famosa frase: 'não se apegue demais a um personagem'? Então, o autor não tem pena de encerrar a participação de alguém definitivamente se é isso que os acontecimentos exigem para que tudo pareça real, afinal, a maioria deles são mortais.
- Narrativa
A forma peculiar como o autor nos apresenta sua história e desenvolve seu 'mundo' é minuciosa, detalhes sobre o ambiente, clima, físico dos personagens, até mesmo suas roupas; proporcionam ao leitor uma boa 'visão' de como as coisas são nesse mundo desolado e perigoso.
São tantas informações, que alguns leitores podem não gostar e ficar com a sensação de confusão durante o início da leitura, o que eu sempre faço em casos de livros com muitos detalhes/personagens, é anotar o nome e o que ele fez de importante, assim, quando ele 'reaparecer' várias páginas mais para frente (e isso acontece) eu consulto o que escrevi e não me sinto perdida.
- Concluindo
Ainda que eu goste de narrativas detalhadas e com muitos personagens, algumas coisas me incomodaram bastante, com por exemplo quando um personagem está cuidando de uma criança que pede para ele contar uma história e o autor detalhou a história contada da princesa que foi roubada quando ainda era bebê e blá, blá, blá. Isso não era importante para a trama, foi um momento fofo, mas o livro já estava quase acabando e eu fiquei bem cansada com essa parte, que para mim, foi totalmente desnecessária. Isso não aconteceu a todo momento, mas tem algumas passagens assim. Talvez o autor as tenha inserido para contrabalancear toda a ação e adrenalina de uma cena anterior, mas para mim, ficou um pouco exagerado.
No geral é um livro MUITO bom, não ganhou as 5 estrelas de seu antecessor pois não me senti tão surpreendida, mas é um livro que vale a pena ser lido. Não se deixe enganar pelo título, o foco desse livro é sobre as relações humanas e do que somos capazes para nossa auto-preservação. O final deixou uma grande expectativa para o próximo - e último - volume da trilogia, uma pena que provavelmente só o teremos em português em meados de 2015.
- Edição Brasileira
A capa tem o acabamento brilhante, com o título em alto-relevo, folhas 'amareladas', letras pequenas e espaçamento simples.
"(...) O mundo era assim, essa crueldade sem sentido. Mas entender esse fato é muito diferente de aceitá-lo, principalmente quando se tinha passado por aquela experiência."