Vê 23/09/2013Moedas para o Barqueiro é a segunda antologia da Andross que leio e, assim como da primeira vez, o livro foi presente de um dos autores, meu amigo Ricardo, do blog Over Shock. Foi uma surpresa bem animadora e logo quis conferir o que os 25 contos guardavam para mim. Na outra antologia, o tema também não era dos meus favoritos; pensar sobre o fim do mundo era quase como pensar na morte: levemente desconfortável e algo sobre o qual não me arriscaria a escrever. Por isso a aventura foi ainda maior. E a experiência foi exatamente como em outras antologias: alguns contos tornaram-se meus favoritos, outros reconheço que foram muito bem escritos e ainda tiveram alguns que não me ganharam. É o que eu esperava que acontecesse.
Como pude conferir em Dias Contados, houve aqui também várias formas de interpretação e desenvolvimento por parte dos autores a respeito da morte. Mas, se teve alguém que foi presença garantida em vários dos contos foi ele, o barqueiro, Caronte. O único problema foi entrar em um acordo sobre quantas moedas seriam destinadas a ele para que a travessia da alma recém-chegada pudesse ser feita; duas moedas, uma moeda...
A leitura fluía rapidamente, tanto que às vezes eu mantinha o computador no colo para que pudesse registrar todos os 25 históricos no Skoob, algo que eu achei que fosse deixar o site em parafuso. Foi a minha maneira de dar atenção especial a cada conto e a merecida nota que, em antologias assim, muitas vezes ficam resumidas a apenas uma. E eu adoraria reproduzir aqui as 25 opiniões, inclusive, ressaltando com os nomes de cada conto, mas a resenha ficaria enorme, exatamente como ficou a página do livro na minha estante virtual.
Ainda assim, adoraria ressaltar alguns pontos que me chamaram a atenção sem, no entanto, dar nomes aos contos, deixando tudo mais justo. Se eu citasse um, citaria todos, é claro. Então, deixaremos para o conteúdo a tarefa de identificar os pontos positivos e negativos que encontrei durante essa leitura tão diferente e, até certo ponto, divertida.
Agilidade na leitura é uma das coisas de que mais gosto e nada melhor do que vários contos, muitos deles de pouco menos de cinco páginas, com apenas uns dois ou três mais longos. Variedade também é outro ponto positivo, ter a possibilidade de conferir vários estilos de escrita, diferentes pontos de vista sobre a morte e desenvolvimentos ainda mais surpreendentes, é outra maravilha de se ter nas mãos uma antologia. Eu pude até encontrar o barqueiro em várias ocasiões, mas nunca da mesma forma. Acompanhar como a morte era abordada por cada um dos autores, ora de forma reconfortante, ora como ela realmente era: dura, triste, fatal, foi extremamente importante para que o livro nunca fechasse seus contos de uma mesma forma, algo como um "e viveram mortos para sempre".
O único ponto negativo, para mim, foi a agilidade de alguns contos, senti falta de mais detalhes e um maior prolongamento em algumas histórias, não necessariamente nas que tornaram-se minhas favoritas, mas havia certos momentos em que eu terminava de ler e pensava "Ok, mas e agora?". Na verdade, posso dizer que esse ponto negativo é mais em relação aos contos, de uma forma geral, do que especificamente no caso dessa antologia.
Encontrei alguns errinhos de revisão, mas nada grave, o que importa é que foi uma leitura deliciosa e, mesmo tendo em certos momentos ficado com um nó na garganta, nada conseguiu me desanimar, mesmo que a morte nem sempre seja motivo de comemoração ou deleite. Ainda assim, consegui me sentir reconfortada por muitas histórias delicadas e cheias de esperança.
Sem dúvidas, gostei ainda mais do que Dias Contados e só posso agradecer ao Ricardo pela surpresa e pelo presente. Definitivamente é uma antologia que indico a todos e, com certeza, estarei conferindo os volumes anteriores. Vale à pena conferir o que cada autor tem a contar sobre a Morte.
site:
http://onlythestrong-survive.blogspot.com.br/2013/08/resenha-moedas-para-o-barqueiro-3.html