Matheus 26/12/2023
O livro vai se passar entre 1974 e 77. Vai começar com um certo receio de presidente Geisel quanto a economia e o futuro do seu governo e da "revolução". As ideias de substituição de importações, o Estado indutor da economia, uso de empresas pública para incentivar a indústria nacional... Situações que vão e vem nas ideias de política econômica brasileira até hoje. O Brasil potência continua aqui, talvez mais como uma forma de afagar o regime. Brasil se torna o país mais endividado do emergentes (nada parecido com hoje)
Governo se metia em tudo, Golbery chega a reclamar de uma reunião interministerial para discutir o preço da viagem de táxi em Curitiba sendo que não andava de táxi há 3 anos e não ia a Curitiba há mais de uma década. O presidente não sabia quantos funcionários públicos o governo federal tinha, a corrupção corria solta. Geisel tentava segurar a gastaça de um lado e a própria máquina pública puxa a corda para outro.
A farra com ministros e jatinhos da FAB já existia e chamou atenção do assistente do presidente, tentou descobrir quando iniciará e só conseguiu supor que em 1969 por medo de sequestros. O governo que caçava deputados e exonerava generais, não era capaz de acabar com a corrupção e as mordomias que era enorme, o "cartão corporativo" comia solto.
Os órgãos de repressão do Estado já tinham feito suas principais ações e ficaram meio perdidos, começaram a ver comunismo em todos os cantos e perseguiam pessoas bem menos relevantes. Sem contar que não compreendem as novas organizações pensamento que surgiram distante do partidão e do MDB. Qualquer mínima abertura era vista como comunismo.
Com a morte de Herzog o medo da ocorrência de uma grande mobilização popular se abateu sobre sobre os militares, os estudantes estavam em greve e o sindicato dos jornalistas reunido. A missa na catedral da Sé foi o ápice da tensão, com milhares de pessoas reunidas e com os agentes estatais atentos, mas após o culto ecumênico a multidão se dispersou em silêncio, que gerou mais apreensão no SNI sobre um possível alinhamento entre igreja, imprensa e estudantes sem desordem e com objetivo de se contrapor ao regime.
Logo no início da era Geisel (74) o partido governista já tinha perdido os 2/3 do congresso, impossibilitando a aprovação de imendas constitucionais. A possibilidade do MDB conseguir a maioria no Senado e o governo de Estados importates economicamente, fez surgir a ideia de uma reforma política, para tornar as eleição indireta.
Dentro do MDB vamos ter a briga do Ulysses com Tancredo, isso por causa da Reforma Judiciária e da Política. A ideia que estava combinada era passar a Judiciária que tinha pouco apelo da população e da mídia, para debater com maior apoio a reforma política evitando mudanças nas regras eleitorais. Ulysses combinou que na reunião com poucos lideres que o Tancredo iria discursar pedindo que não se fechasse questão negando a reforma judiciário e Montoro apoiaria, mas na hora H, após o discurso do Tancredo, Ulysses colocou Brossard para falar e ele defendeu o fechamento da questão. Para Ulysses um fim abrupto da ditadura o levaria a presidência, já para Tancredo uma eleição indireta o tornaria presidente.
Com a reforma judiciária rejeitada, o governo faz uso só AI 5, fecha o congresso e baixa o Pacote de Abril, dentro de varia mudanças como a criação dos senadores biônicos, a eleição indireta para governadores e a mudança de como seriam eleitos, o governo temperou com medidas populares, o aumento das férias de 20 para 30 dia e dificuldade para expulsão de inquilinos (hoje o governo manda um pacote cheio de jabotis para o congresso e coloca uma medida popular para forçar a provação).
Nas relações internacionais tivemos uma aproximação com a China comunista, o reconhecimento de um líder de uma organização apoiada militarmente por Cuba como presidente de Angola. O acordo nuclear Brasil Alemanha que os EUA não viam com bons olhos, inclusive os soviéticos também, a chegada de Jimmy Carter a presidência dos EUA vai fortalecer a pressão contra o acordo nuclear e os direitos humanos.
Um relatório sobre os direitos humanos no Brasil que seria enviado ao Capitólio e provavelmente divulgado pela mídia, desencadeou a recusa do crédito americano para compra de armas e treinamento, o fim do intercâmbio de oficiais brasileiros que eram formados nos EUA e a morte do Acordo de Assistência Militar. No fundo "a resposta foi ruidosa, mas emocional" sem muitos efeitos práticos. Mas "nunca um presidente brasileiro praticara tamanho ato de hostilidade contra os EUA". Apesar disso Geisel desestimulou os aplausos nacionalistas
Ballet entre Geisel e a primeira dama dos EUA, a mulher do novo presidente americano veio ao Brasil e as conversas não foram das mais amistosas, já não gostou, porque quem foi eleito não foi ela. Geisel jogou a carta do marcatismo e do racismo para aplacar a questão dos direitos humanos. Deixaram a conversa do acordo nuclear para o jantar e também não foi conciliadora.
A questão da sucessão está encurtada em todo o livro. O general Hugo Abreu, Chefe da casa militar, achava que Golbery, chefe da casa civil era quem forçava o nome de Figueiredo como substituto do Geisel, mas desconhecia ou desconsiderava que o próprio presidente queria Figueiredo. Por outro lado o general Sylvio Frota, Ministro do Exército é quem era o mais cotado para substituir Geisel, inclusive ele tinha apoio de parlamentares do ARENA e de parte dos militares o que assustava Geisel que tinha medo de ser emparedado e obrigado a indicar Frota, como tinha acontecido com Castello Branco e Costa e Silva
Geisel e Frota tinha visões distintas sobre a legitimidade da Presidência da República, com o primeiro intendendo que vinha das costuras políticas e do próprio povo e o segundo que era o Alto Comando quem dava tal legitimidade, isso é, esse órgão estaria acima da presidência.
Mas diferente de Costa e Silva, Frota não fazia uso tão pesado da indisciplina e dos porões, se fosse para chegar ao Planalto, seria através da hierarquia e do apoio do Alto Comando, tanto é assim que quando é demitido do ministério, em uma manobra muito inteligente de Geisel, alguns poucos que apoiavam ele e queriam fazer uma bagunça, foram dissuadidos pelo próprio a não seguirem nesse caminho.
Nesse livro tem um personagem importantíssimo pouco conhecido da maioria dos brasileiros, Petrônio Portella, presidente do senado e líder do governo, ele esteve em várias crises tentando apagar o fogo, e por fim junto com Raymundo Faoro, aquele do livro "os donos do poder", aqui eleito presidente da OAB, vão articular a volta do habeas corpus e o fim do AI 5 justamente com medo da vitória do Frota.
Temos o Golbery servindo de para-choque do governo num primeiro momento, a culpa da abertura era dele, era a Geni, cuspida e maltratado pela linha dura.
Geisel sempre falava que se querem a ditadura tinham que achar um ditador, se queriam tinham que tirar ele ou ele mesmo saia.
É possível perceber o quanto a abertura era tão complicada quanto andar sobre ovos