Jessica1248 15/10/2021Baseado em uma história real"A diferença entre um homem civilizado e um monstro bárbaro - um louco, digamos - reside, talvez, meramente numa fina camada superficial de autocontrole."
"E quando você é encontrada com um homem no quarto, você é culpada, não importa como ele tenha entrado."
"Mas ter um pensamento não é o mesmo que fazer. Se todos nós fôssemos julgados por nossos pensamentos, seríamos todos enforcados."
Quando comecei a ler, não sabia que de fato a Grace e todo esse caso de assassinato tivesse existido, descobrir isso após a leitura, me deixou mais sensível ainda ao livro.
Grace passou por muitas coisas na vida e tão jovem. Imigrou com sua família, perdeu sua mãe durante a viagem, o pai era alcoólatra e violento, sua família passava necessidades. Até que ela começou a trabalhar como empregada, muito novinha, com 12 anos. Fora isso, ainda era em um tempo do qual as mulheres eram muito mais julgadas e sem direitos.
Grace era muito dedicada, educada e de bom temperamento, aprendia rápido as funções e as fazia com boa desenvoltura. Após um evento traumático ela foi convidada a mudar de residência (de trabalho). E então foi quando sua vida mudou completamente.
Ela foi presa, junto com um outro empregado nessa nova residência, por assassinato do patrão e da governanta (que tinha um caso com o patrão). A sociedade foi para cima, julgou a Grace de 2 formas, a mulher demoníaca que seduziu o empregado (James) a matar ou era a mulher ingênua, submissa que foi persuadida a ser cúmplice. O que eu me perguntava era, Grace é culpada ou inocente?
Afinal ela alegava amnésia, dizia que não se lembrava dos fatos que o James disse na confissão. Grace também deu 3 depoimentos diferentes, mas vale ressaltar, que seu advogado a instruiu a falar coisas que os jurados gostariam de ouvir e com ela não tinha melhores instruções de como agir, fez o que lhe foi mandado. Preciso mencionar que ela foi presa aos 16 anos, muito jovem.
E diante disso, o livro retrata a vida da Grace na prisão e ela começa a conversar com o Dr. Simon, um médico que gostava de estudar a parte psíquica, queria conseguir "destravar" a memória de Grace que estava "travada". Temos pinceladas do espiritismo, que estava em alta nessa época (1840, por aí), o sonambulismo e a hipnose.
Foi um livro que me deixou muito curiosa, temas assim chamam muito minha atenção. Já tinha lido O Conto da Aia, também da Margaret e adoro a escrita dela, a sensibilidade e a forma direta que ela tem de relatar sobre a sociedade e as pessoas. Livro favoritado e com uma imensa recomendação, LEIAM.