A urbanização desigual

A urbanização desigual Milton Santos




Resenhas - A urbanização desigual


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Ogaiht 10/08/2022

Urbanização Desigual
A urbanização é um processo que acelerou no mundo a partir da segunda metade do século XX. Hoje a maior parte da população mundial vive em cidades, tanto nos países mais desenvolvidos quanto em boa parte dos países em desenvolvimento. Nestes, existem algumas das maiores aglomerações urbanas do mundo, onde há inúmeros problemas a serem superados. Alguns dizem que esse processo de urbanização dos países em desenvolvimento é o mesmo pelo qual os países desenvolvidos já passaram. Porém, Milton Santos, com seu estilo didático mostra que há inúmeras diferenças entre os processos de urbanização desses países, mostrando que os países ricos começaram a se tornar urbanos a partir da segunda metade do século XIX, sendo este um processo mais gradativo do que a rápida urbanização dos países em desenvolvimento. É uma leitura bem fácil, didática e agradável que nos ajuda a entender nossa realidade atual.
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Arthur 31/08/2023

O processo de urbanização e a importância do lugar
Na Geografia estudamos, desde cedo, as "categorias de análise do espaço geográfico", esse o objeto de estudo dessa ciência. Uma das categorias é o "lugar", e a destaco porque me parece fundamental para a compreensão das ideias do professor Milton Santos em "Urbanização desigual".
Em poucas palavras, lugar, na Geografia, é um espaço que possui significado e relações particulares.
Por muitas vezes o fenômeno da urbanização é relacionado de forma direta ao processo de industrialização. Não sem um sentido, mas o que Milton Santos demonstra é que a urbanização, embora sim, possua relação com a industrialização, tem causas (e consequentemente efeitos) diferentes nos países desenvolvidos (aqui chamados de "industrializados") e nos países subdesenvolvidos. Dessa forma, não só a formação das cidades, como as suas funções seguem roteiros particulares de acordo com as peculiaridades do "lugar". Isso é demonstrado, no livro, através da análise de dados referentes não só à indústria, mas também ao emprego, renda, e outros elementos.
Importante leitura para sair um pouco do senso comum de que a urbanização acompanhou a industrialização e perceber os aspectos específicos do processo em cada lugar.
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João Moreno 29/08/2020

Centro e periferia: estudar as cidades para entender o desenvolvimento capitalista
Em ‘A urbanização desigual: a especificidade do fenômeno urbano em países desenvolvidos‘, Milton Santos (2010), em texto de 1980, ao tentar responder a pergunta(s) – (há semelhanças entre a urbanização dos países industrializados* e subdesenvolvidos? As proximidades desses fenômenos são suficientes para caracterizá-las como fenômenos parecidos? Quais as especificidades de ambas?) -, descreve os processos de urbanização dos países ricos e pobres. Ao discutir as suas desigualdades, avança e apresenta como a diferença de urbanização entre centro e periferia capitalista foi a responsável pela reprodução da riqueza e da pobreza.

Para Santos (2010), as cidades dos países ricos são centro de acumulação de riqueza e poder. A urbanização, que aconteceu durante o século XIX, seria, nas palavras de Santos (2010), epifenômeno de um processo de desenvolvimento. O desenvolvimento industrial com as Revoluções Industriais propiciou a geração de um Setor Terciário bem desenvolvido. Houve, concomitantemente, a redução de empregos na agricultura que, por sua vez, ao se modernizar, elevou a sua produtividade. As cidades, nos países desenvolvidos, por estarem totalmente integradas através do transporte ferroviário – fundamental ao desenvolvimento capitalista -, se desenvolvem de forma mais ou menos homogênea. Todas essas favorabilidades se somam à relação de dependência dos países do Terceiro Mundo que, como colônias, funcionam como motor de desenvolvimento das cidades industrializadas, transferindo riquezas e, à época, exportando commodities e absorvendo produtos manufaturados.**

Por sua vez, a urbanização dos países subdesenvolvidos, diz Santos (2010), não guarda relação com o desenvolvimento econômico de sua sociedade, ao contrário, trataria-se de um fenômeno demográfico. Como não planejada e sem uma transição controlada, sem o excedente populacional sendo absorvido por setores complexos da economia, conforme apontou o geógrafo sobre as cidades industrializadas, as cidades do Sul Global, colonizadas, sem integração férrea porque as ferrovias foram pensadas para

1) exportação de commodities aos países colonizadores, logo, a integração, necessária ao desenvolvimento, ficou restrita às rotas dos produtos exportados;

2) como o investimento em infraestrutura não é endógeno e parte de capitais estrangeiros, esse aporte, não planejado, serve mais como rentabilidade de capitalistas dos países industrializados do que como plano de desenvolvimento das colônias para a sua futura integração.

, seriam responsáveis por criar um grande contingente populacional, empregadas no Setor Terciário de baixa qualidade, uma vez que, como a transição entre mundo rural e urbano é abrupta, as pessoas são jogadas na cidade sem formação e ou capacitação numa cidade também sem capacidade produtiva para empregá-las e integrá-las. Às margens.

Inúmeros outros dados poderiam ser apresentados, aqui, sobre a ‘Urbanização Desigual’. Gostaria de lembrar por fim o que Milton Santos já chamava a atenção, na década de 1980: as estruturas socioeconômicas e as características que especificam os setores industrializados e subdesenvolvidos: a “qualidade” dos Setores Secundários e Terciários dos diferentes países e como os países ricos são ricos também porque empregam, até hoje, mesmo com as mudanças produtivas impostas pelo Toyotismo, uma galera nos Setores Secundários e Terciários de qualidade e de alta tecnologia.

Dá para comparar a produção da Samsung ou da Xiaomi com fábrica de calçados no interior do Ceará? Dá pra comparar o setor de serviços ultracomplexos dos países ricos com motorista de Uber ou com a barbearia gourmet, brasileira? Lá em 1980 Milton Santos já dizia que não…

“A situação inicial nos países subdesenvolvidos foi inteiramente diversa. Antes de tudo, as cidades não têm como característica a produção manufatureira, que continua muito pequena. Em seguida, se a cidade tem como função essencial a exportação das matérias primas ou de produtos que sofreram uma primeira transformação, esse comércio muitas vezes não apenas está longe de beneficiar a cidade como, também, pode contribuir para o seu empobrecimento e o da zona rural. Esse resultado prende-se ao fato de que a cidade dos países subdesenvolvidos não é senão um elo intermediário entre os países dominantes e as zonas rurais duplamente dominadas. Assim, ela é muito mais um lugar de passagem de homens, mercadorias e capitais do que um lugar de produção. Isso acontece ou porque nos países subdesenvolvidos, o processo de criação urbana tem origem externa ou porque a urbanização tem origem interna em relação aos países e mesmo, muitas vezes, à região

Nos países industrializados, a cidade é instrumento de acumulação de recursos e de poder, enquanto nos países subdesenvolvidos é apenas um instrumento de penetração e levantamento de riquezas” (SANTOS, 2010, p. 105-106).

* Note que a noção de riqueza e desenvolvimento de Santos (2010) está vinculado à indústria, ao setor manufatureiro, secundário. Note, também, que, na Opinião Pública, o desenvolvimento do país abdicou de Política Industrial. É quase um crime! Estamos, há 30 anos, em maior ou menor grau, aplicando o Consenso de Washington por aqui.

** Falo do século XIX ou de 2020?

site: https://literatureseweb.wordpress.com/2020/08/29/o-que-milton-santos-quis-dizer-por-a-urbanizacao-desigual/
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Arbóreo Literário 17/01/2022

Urbanização e suas facetas
Antes de tudo, Milton Santos é Milton Santos né?

O autor como sempre teve comentários certeiros acerca do espaço urbano, não apenas brasileiro, mas mundial.

As construções históricas muitas vezes orquestradas pelos países de primeiro mundo e as consequências aos seus comandados.

Uma triste realidade.
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João Moreno 29/08/2020

Centro e periferia: estudar as cidades para entender o desenvolvimento capitalista

Em ‘A urbanização desigual: a especificidade do fenômeno urbano em países desenvolvidos‘, Milton Santos (2010), em texto de 1980, ao tentar responder a pergunta(s) – (há semelhanças entre a urbanização dos países industrializados* e subdesenvolvidos? As proximidades desses fenômenos são suficientes para caracterizá-las como fenômenos parecidas? Quais as especificidades de ambas?) -, descreve os processos de urbanização dos países ricos e pobres. Ao discutir as suas desigualdades, avança e apresenta como a diferença de urbanização entre centro e periferia capitalista foi a responsável pela reprodução da riqueza e da pobreza.

Para Santos (2010), as cidades dos países ricos são centro de acumulação de riqueza e poder. A urbanização, que aconteceu durante o século XIX, seria, nas palavras de Santos (2010), epifenômeno de um processo de desenvolvimento. O desenvolvimento industrial com as Revoluções Industriais propiciou a geração de um Setor Terciário bem desenvolvido. Houve, concomitantemente, a redução de empregos na agricultura que, por sua vez, ao se modernizar, elevou a sua produtividade. As cidades, nos países desenvolvidos, por estarem totalmente integradas através do transporte ferroviário – fundamental ao desenvolvimento capitalista -, se desenvolvem de forma mais ou menos homogênea. Todas essas favorabilidades se somam à relação de dependência dos países do Terceiro Mundo que, como colônias, funcionam como motor de desenvolvimento das cidades industrializadas, transferindo riquezas e, à época, exportando commodities e absorvendo produtos manufaturados.**

Por sua vez, a urbanização dos países subdesenvolvidos, diz Santos (2010), não guarda relação com o desenvolvimento econômico de sua sociedade, ao contrário, trataria-se de um fenômeno demográfico. Como não planejada e sem uma transição controlada, sem o excedente populacional sendo absorvido por setores complexos da economia, conforme apontou o geógrafo sobre as cidades industrializadas, as cidades do Sul Global, colonizadas, sem integração férrea porque as ferrovias foram pensadas para

1) exportação de commodities aos países colonizadores, logo, a integração, necessária ao desenvolvimento, ficou restrita às rotas dos produtos exportados;

2) como o investimento em infraestrutura não é endógeno e parte de capitais estrangeiros, esse aporte, não planejado, serve mais como rentabilidade de capitalistas dos países industrializados do que como plano de desenvolvimento das colônias para a sua futura integração.

, seriam responsáveis por criar um grande contingente populacional, empregadas no Setor Terciário de baixa qualidade, uma vez que, como a transição entre mundo rural e urbano é abrupta, as pessoas são jogadas na cidade sem formação e ou capacitação numa cidade também sem capacidade produtiva para empregá-las e integrá-las. Às margens.

Inúmeros outros dados poderiam ser apresentados, aqui, sobre a ‘Urbanização Desigual’. Gostaria de lembrar por fim o que Milton Santos já chamava a atenção, na década de 1980: as estruturas socioeconômicas e as características que especificam os setores industrializados e subdesenvolvidos: a “qualidade” dos Setores Secundários e Terciários dos diferentes países e como os países ricos são ricos também porque empregam, até hoje, mesmo com as mudanças produtivas impostas pelo Toyotismo, uma galera nos Setores Secundários e Terciários de qualidade e de alta tecnologia.

Dá para comparar a produção da Samsung ou da Xiaomi com fábrica de calçados no interior do Ceará? Dá pra comparar o setor de serviços ultracomplexos dos países ricos com motorista de Uber ou com a barbearia gourmet, brasileira? Lá em 1980 Milton Santos já dizia que não…

“A situação inicial nos países subdesenvolvidos foi inteiramente diversa. Antes de tudo, as cidades não têm como característica a produção manufatureira, que continua muito pequena. Em seguida, se a cidade tem como função essencial a exportação das matérias primas ou de produtos que sofreram uma primeira transformação, esse comércio muitas vezes não apenas está longe de beneficiar a cidade como, também, pode contribuir para o seu empobrecimento e o da zona rural. Esse resultado prende-se ao fato de que a cidade dos países subdesenvolvidos não é senão um elo intermediário entre os países dominantes e as zonas rurais duplamente dominadas. Assim, ela é muito mais um lugar de passagem de homens, mercadorias e capitais do que um lugar de produção. Isso acontece ou porque nos países subdesenvolvidos, o processo de criação urbana tem origem externa ou porque a urbanização tem origem interna em relação aos países e mesmo, muitas vezes, à região

Nos países industrializados, a cidade é instrumento de acumulação de recursos e de poder, enquanto nos países subdesenvolvidos é apenas um instrumento de penetração e levantamento de riquezas” (SANTOS, 2010, p. 105-106).

* Note que a noção de riqueza e desenvolvimento de Santos (2010) está vinculado à indústria, ao setor manufatureiro, secundário. Note, também, que, na Opinião Pública, o desenvolvimento do país abdicou de Política Industrial. É quase um crime! Estamos, há 30 anos, em maior ou menor grau, aplicando o Consenso de Washington por aqui.

** Falo do século XIX ou de 2020?

site: https://literatureseweb.wordpress.com/2020/08/29/o-que-milton-santos-quis-dizer-por-a-urbanizacao-desigual/
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Karina.Rocha 03/10/2023

Mestre Santos
"Os médicos, da mesma forma que os escritores e cronistas da época, dizem sempre que "as epidemias poupavam especialmente as pessoas abastadas." Essa constatação é em parte devida às péssimas condições de habitação dos mais pobres, empilhados em bairros urbanos na sua maioria insalubres."
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