Arsenio Meira 21/09/2012minha estanteGabriella, respeito sua opinião. Discordar, mesmo que muitos não saibam, é salutar. Posto isto, vou dissertar, contrapondo seu tópico. A obra não pode ser situada nesse contexto simplório: a do personagem principal raivoso, preconceituoso e etc.
É preciso, a meu ver, observar o tempo em que foi escrita. Pessoas como Fante sofreram, fortemente, o fardo da marginalização, o desemprego, após o crash da bolsa de valores de Nova York em 1929, que foi arrasador para milhares de pessoas naquele tempo. Miséria, morte, desemprego, desesperança, pobreza, enfim, todo o trágico cardápio de mazelas.
Talvez resulte desse fator, a amargura do alter ego de fante. É um ódio a si próprio, que termina ecoando contra os seus iguais. Pode ser um velho lero-lero freudiano, mas dou crédito 90% do tempo.
Acho uma simplificação gratuita a menção aos leitores que gostam de Fante como vaquinhas de presépio, ou seja, de que aceitam tudo o que vem da terra de Tio Sam. Não é isso. O próprio Bukowski, americanizado até a raiz dos ossos, percebeu a parcela ou a grandeza do escritor; sua verve, ironia e a grandeza literária que nos faz odiar o personagem (ruim mesmo é quando um personagem nos deixa indiferente.)
Abraços.