O Sentido de um Fim

O Sentido de um Fim Julian Barnes




Resenhas - O Sentido de um Fim


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Pandora 10/07/2019

Recebi este livro na caixa da TAG de junho. Gostei da sinopse: "Tony Webster vive em Londres e um dia recebe uma pequena herança e o fragmento do diário de um de seus melhores amigos, que se suicidou aos 22 anos. A partir daí, ele revisita sua juventude nos anos 60 e tenta reconstruir os fatos, confrontando sua própria memória e tentando decifrar os escritos herdados."

Acho que este livro leva a duas posições:
1. Ou o leitor acha tudo uma bobagem, uma perda de tempo, um mistério idiota OU
2. Fica intrigadíssimo com o quebra-cabeça e o leque de múltiplas possibilidades que o autor apresenta.

Fico com o 2.

“Eu descobri que esta pode ser uma das diferenças entre a juventude e a velhice: quando somos jovens, inventamos diferentes futuros para nós mesmos. E, quando somos velhos, inventamos diferentes passados para os outros.”

O narrador não é confiável. Mas que narrador é? Toda a história é contada sob à ótica dele; do que ele lembra ou pensa que lembra; do que ele acha que aconteceu; do que quer que venha à tona. A memória é seletiva, ela nos protege. As ênfases e as elipses são nossas. Quem nunca, ao contar uma história e reproduzir o diálogo que teve com alguém, deu uma voz aguda e infantilizada ao outro - até mesmo medrosa e gaguejante - e a si próprio uma voz calma, firme e segura? Seria esta uma reprodução fiel do ocorrido? Ou quem, na intenção de lidar melhor com uma questão foi fazer análise e deitou-se no divã semana após semana sem jamais mencionar o que realmente lhe afligia?

Veronica, a primeira namorada do narrador, Tony Webster, repete à exaustão: “Você ainda não entendeu. Você nunca entendeu e jamais entenderá”. Mas ele quer entender? Quer descobrir a parte que lhe cabe deste latifúndio? Qual sua participação nos fatos? As consequências? Ele quer se lembrar?

Tony é sessentão, divorciado e aposentado; se dá bem com a ex-mulher, tem uma relação harmoniosa com a filha, mantém a casa arrumada, faz trabalho voluntário, mantém as contas em dia... sua vida é pacata e previsível. Até que um misterioso documento cai que nem uma bomba no seu colo. Como lidar?

Fluxo de consciência ame-o ou deixe-o. Eu amo.

“(...) não é algo que eu vi de verdade, mas o que você acaba se lembrando nem sempre é a mesma coisa que viu.”

Notas: No momento, esta edição só está disponível para assinantes da TAG Curadoria (caixa literária). Mas há outras.
O livro foi adaptado para o cinema com o título de “The sense of an ending” por Ritesh Batra.
O livro foi o vencedor do Man Booker Prize de 2011, um dos prêmios literários mais importantes do Reino Unido.
Fábio Nogueira 11/07/2019minha estante
Excelente observação! Gostei muito deste.


Pandora 11/07/2019minha estante
Gostei também. Tô muito atrasada com os livros da TAG!


Fábio Nogueira 13/07/2019minha estante
Nem fale em atraso... Até O xará não li ainda. ;)


Tatiana Patrícia 03/07/2020minha estante
Eu li ele agora, e vou te dizer, fico com a posição 1...
Nao consegui gostar desse livro, de jeito nenhum...
Sabe aquela vontade de pegar o livro pra ver como a história termina?
Pois bem, não senti em nenhum momento ?


Pandora 03/07/2020minha estante
Que pena, Tatiana! Mas leitura é algo muito particular. Às vezes me sinto uma minoria minúscula quanto a algumas narrativas. Tomara que sua próxima leitura seja prazerosa.


Fábio Nogueira 06/07/2020minha estante
Assista o filme...


Pandora 06/07/2020minha estante
Onde tem o filme?


Fábio Nogueira 06/07/2020minha estante
Eu assisti na HBO da última vez, vou pesquisar onde encontrar o mesmo e te falo.


Pandora 08/07/2020minha estante
Ok




Valério 19/08/2012

Clássico é clássico
Este livro prejudicou uma máxima, se não me engano de Niezsche, que diz que, para um livro ser considerado um clássico, deve passar pelo crivo do tempo. Ou seja, se o livro ainda for comentado e elogiado após 50, 100 anos, significa que é realmente um grande livro. Seria precoce classificar um livro como clássico nos anos seguintes ao seu lançamento. Contudo, "data maxima venia", "O sentido de um fim" já me dá tranquilidade para classificá-lo como um clássico, que não deve se perder no tempo e precisa ter seu valor reconhecido daqui a 50 ou 100 anos.
Fantástico. O melhor livro que li nos últimos tempos. Profundo, filosófico. Ao invés de acharmos que o protagonista está aprendendo, descobrimos que, até o final da vida, há muito que aprender.
A leitura lhe obriga a pensar e repensar o que anda fazendo de sua vida e quais as implicações, amanhã, do que realiza hoje.
Se teve paciência de ler esta resenha, não deixe de ler o livro.
Você não se perdoaria por não ter lido.
laura 19/08/2012minha estante
Linda resenha Valério!


Valério 19/08/2012minha estante
Obrigado, Laura! Espero que goste do livro.


jota 19/10/2012minha estante
Valério: não li o livro do Barnes ainda. Só gostaria de dizer que há uma expressão para esses livros que instantaneamente cativam crítica e público pela qualidade. São chamados de clássicos modernos. Foi assim com O Nome da Rosa, de Umberto Eco e Memórias de Adriano, M. Yourcenar, por exemplo. Do próprio Barnes tivemos tempos atrás, O Papagaio de Flaubert. Outros virão.


Valério 30/10/2012minha estante
Obrigado, JD, pelas explicações.
Creio que "O nome da rosa", a esta altura, já pode abandonar a expressão "moderno", ficando apenas com a alcunha de "clássico".




Henrique_ 07/02/2017

O livro é dividido em duas partes, narrado por Tony, que nos conta, na primeira parte sua juventude com os amigos e o início do namoro com Virgínia. Na segunda parte, mais analítica, Tony faz um balanço de sua vida e nos revela seu incômodo de uma relação não resolvida. Nesta parte, cheia de mistério, Virgínia diz pra Tony que ele nunca entendeu nada. Nem o leitor. Acompanhamos o mistério como o Tony. E fiquei chocado tanto quanto ele. Acho que o autor deveria ter desenvolvido mais determinados personagens e ter sido menos confuso na segunda parte... Por isso perde 2 estrelas. Fica com 3 estrelas, porque conseguiu me surpreender, mesmo no final do final, e o livro traz umas reflexões bacanas sobre a vida e relacionamentos.
Lopes 24/02/2017minha estante
Eu tenho que ler, falam tão bem do Barnes, mas eu ainda não li. Vai ter o filme com a Rampling


Henrique_ 24/02/2017minha estante
Desse livro?


Lopes 24/02/2017minha estante
Exatamente, falam que esse é uma das melhores obras dele. E o filme vai ser lançado já já!


Henrique_ 24/02/2017minha estante
Já está no meu radar!!




Julio.Argibay 09/05/2017

Um sentido de um fim eh do escritor Julian Barnes, ganhador do Man Baker Prize de 2011. O livro eh muito bom e narra a estória do protagonista, sua adolescência, a vida estudantil, amigos e amores. Ha muitos questionamentos sobre a própria vida e a filosofia ajuda a compreender esse contexto. Boa leitura.
jonatas.brito 09/05/2017minha estante
Julian Barnes é homem. Kkkkkk

Li recentemente "o ruído do tempo", do mesmo autor. Excelente leitura. Recomendo.


Julio.Argibay 09/05/2017minha estante
Já consertei. Rsss


Julio.Argibay 09/05/2017minha estante
O problema dá resenha eh q se você não salvar p confirmar alguma palavra ou informação vc perde os dados. Ai eu gravo tiro a dúvida e conserto, mas aí eh publicado.


jonatas.brito 09/05/2017minha estante
Rsrsrs




Ladyce 06/09/2015

Memórias e ficção
Recentemente tive uma discussão acalorada com meu irmão sobre a lembrança de um evento da nossa infância. Cada um de nós, únicos protagonistas da aventura, se lembrava de coisas diferentes e em diferente ordem. Mais revelador ainda: cada qual só tinha a memória daquilo mais significativo para si mesmo. Guardamos para o futuro, para o nosso banco de memórias, para o perfil do nosso passado, só o momento de nosso próprio ato de bravura. Os dois haviam sido corajosos, individualmente, mas uma única lembrança, pessoal, individual, em que fomos heróis, se manteve. Não chegando a um acordo, partimos frustrados, como se tivéssemos sido traídos pelo outro. Aí estava uma prova, para mim, historiadora, que de fato a reconstituição do passado é sempre ficcionalizada de acordo com o narrador. Faz parte do dia a dia, de quem se dedica à história, considerar que memórias são seletivas. Julian Barnes adverte o leitor sobre esse fenômeno desde o início da narrativa, através de Adrian, um adolescente precoce em conversa com seu professor: “Esse é um dos principais problemas da história, não é senhor? A questão da interpretação subjetiva versus a interpretação objetiva, o fato de que nós precisamos conhecer a história do historiador, a fim de entender a versão que é colocada diante de nós.” [18]

"O sentido de um fim", de Julian Barnes, trata diretamente da memória e da narrativa que damos às nossas vidas. Trata da maneira sucinta e por vezes poética com que narramos nossas próprias lembranças; reeditando-as com a a passagem do tempo. Julian Barnes também trata de maneira sucinta e poética o tema, revelando a enorme dimensão do que pode existir por trás dos detalhes que escolhemos lembrar, dos fatos que obliteramos, e como a cada narrativa podemos encontrar uma nova interpretação. Esta é uma obra magistral. Pequena, enxuta, prova de que conteúdo não precisa ser copioso para ter impacto.

Inicialmente "O sentido de um fim" parece estar contido nos preparativos a que, aos sessenta anos, Tony Webster, protagonista e narrador, se dedica ao colocar a vida em ordem para um futuro incerto. Mas à medida que se recorda do passado e conclui que não realizara nada do que sonhara, é forçado a reconsiderar o que havia feito de sua própria vida, de seu casamento. Fora nada mais do que a vida de um homem comum. Tem vívidas recordações de sua adolescência e dos amigos de então. Lembra-se de sua primeira namorada e dos hábitos diferentes de relacionamentos na época de sua juventude. Esse início, a primeira parte da história, marca o tom de meditação que permeia a narrativa: uma longa ponderação sobre as expectativas que temos sobre o futuro, e sobre o comportamento humano.

As lembranças, cada qual acessada a partir de um gatilho diferente parecem sempre surpreendentes. Tudo é próximo da realidade e enigmático. Revisto dezenas de vezes e sempre novo. Como num processo de psicanálise ou inquérito policial, a cada recontagem, a cada rearrumação de fatos, uma lembrança resgatada, uma revelação, nem tão clara, nem tão nebulosa, mas presente. A verdade? Está em algum lugar e não chega a ser mencionada.

O título "O sentido de um fim" toma conotações inesperadas, imprevistas. Muito mais do que estabelecer ordem em uma vida que se prepara para o fim, essa trama nos leva a questionar a veracidade das nossas certezas. Somos, afinal, quem pensamos ser?

De repente, a história singela, franca, desafetada, que prendeu nossa atenção até o final, levanta dúvidas. Sérias. Não sobre si mesma. Mas ela interage conosco. Questiona. No mesmo tom meditativo da narrativa, embarcamos numa ponderação a respeito do passado. Rever a ficção das nossas vidas, não é fácil. Saberemos catar nos rincões da memória o que é verdade? Separá-la, mesmo não conhecendo todos os fatos? Sim, porque é isso o que somos, um conglomerado de ficções e alguns fatos aos quais damos a nossa identidade, não é mesmo? Tony Webster, adolescente, não percebe a ficção do dia a dia. “Esse era outro de nossos temores: que a Vida não fosse igual à Literatura.” [21] Mas é. A vida é igual à literatura. Somos protagonistas da história que desenvolvemos, editamos, burilamos. Eliminamos fatos indesejados, colorimos a gosto. E em algum lugar, em algum ponto, essa fantasia toma uma vida própria, ambulante e acreditamos nela. Só mesmo um acontecimento inesperado, um evento de grandes proporções — como acontece em "O sentido de um fim" — pode desvendar a proporção de realidade que escolhemos esconder dos outros e de nós mesmos. Mas mesmo assim, não revelará tudo. Só o suficiente para o entendimento geral de uma determinada situação.

"O sentido de um fim" é uma joia, uma obra prima.
Ladyce 07/09/2015minha estante
Gilberto, obrigada pela lembrança de que eu gostaria desse livro!


GilbertoOrtegaJr 09/09/2015minha estante
;)


Ana (Marta) 23/07/2019minha estante
Eu adorei o livro! Você trata muito bem a questão da confiabilidade (ou não) do narrador. Tony acredita mesmo na história que ele contou sobre a Verônica para a ex-mulher, mas ele (SPOILER) fica chocado ao confrontar a verdade presente na carta que ele mesmo escreveu anos atrás. Assim acontece com a gente. Nós vamos contando a nossa visão dos acontecimentos, e lá no futuro podemos acabar nos esquecendo dos "pequenos" detalhes, e aquela história vira A oficial.
Agora, percebi que algumas pessoas nos grupos de discussão (inclusive o meu) começaram a levantar várias possibilidades um tanto fantásticas sobre várias possibilidades de final do livro, como se o narrador fosse totalmente não confiável. Eu sinceramente não acho que foi essa a intenção do autor. Penso mais na ideia do que acontece na vida cotidiana, como você mesmo comentou. No entanto, no caso do Tony, a carta (SPOILER) trouxe consequências trágicas, mas isso não o transforma, na minha opinião, em um mentiroso manipulador. O que você acha?




Daniel 21/07/2012

Bom como uma conversa
Que livro incrível. Peguei pra ler algumas páginas antes de dormir e não consegui largar.

A história é contada por um homem de 60 anos, Tony Webster.
Na primeira parte a narração é feita "puxando" as lembranças pela memória, de um período específico da juventude: os anos 60 em Londres, na companhia de seus amigos de escola Colin, Alex e Adrian, e depois da primeira namorada, Veronica. Mais adiante o leitor vai descobrir que este mergulho no passado foi desencadeado um motivo.
Na segunda parte o relato enfoca os dias atuais: a velhice de Tony, e o tom fica, é claro, mais melancólico.

A prosa de Julian Barnes corre tranquila: agradável, irônica, espirituosa, mesmo quando os temas não são leves.

Além do enredo e suas surpresas, o que mais gostei foram as observações do narrador sobre a amizade, sobre as relações familiares, sobre a contestação tipica dos adolescentes - "sim, é claro que éramos pretensiosos, para que mais serve a juventude?" - , sobre a passagem do tempo - "como poderíamos saber que nossas vidas já tinham começado, que algum benefício já tinha sido obtido, algum dano já havia sido causado?"- e sobre como a gente pode ser traído pela própria memória - "Se não posso mais ter certeza dos acontecimentos reais, posso ao menos ser fiel às impressões que os fatos deixaram".

Livros assim tem aquilo que nenhuma outra forma de entretenimento consegue: não só divertir mas fazer refletir, criar aquele reconhecimento, tipo "eu também fazia isso", ou "eu também pensava assim aos 16 anos!", e a gente se pega rindo dos personagens e de si próprio... Ou menos que rindo: sorrindo por dentro, de satisfação.

Tão bom quanto uma conversa inteligente com um velho amigo.



PS:
Eu não gosto NADA dessas sinopses que mais parecem um resumo do livro, e acabam "entregando" mais do que deveriam.

Acho que a sinopse deveria dar uma idéia ao leitor do que trata o livro, ou seja para alguém que AINDA NAO LEU o livro em questão.

As resenhas, ao contrário, funcionam melhor pra quem já leu e quer discutir ou comentar alguma coisa. E quem faz a resenha não deve esquecer nunca de marcar se há spoiler, para avisar a quem não leu que alguma coisa da trama vai ser revelada.

Sinopse com spoiler é que não dá!
Arsenio Meira 16/12/2012minha estante
Daniel, quanto ao PS: por isso que criei o hábito, a muito custo, de ler as "sinopses", o mínimo possível , pois várias são incrivelmente idiotas. Entregam de bandeja a essência do enredo...

Gostei do livro do Barnes. Todavia, lembro que durante o período em que o li, andava estressado demais, o que acabou atrapalhando a curtição da leitura. Talvez por isso, a obra mereça uma releitura.


Daniel 18/12/2012minha estante
O pior é que a sinopse deste livro é a da própria editora Rocco, que entrega muito mais do que deveria...




Cinai Machado 17/09/2012

Reflexões sobre atitudes do passado
Dei 2 estrelas. Pelo conjunto da obra, quiça, devesse dar 3 estrelas...
Apesar de um ponto de importância que o livro nos traz.
A saber das m@rdas que fazemos ou dizemos no passado. Que venhamos a amargar no futuro.
No momento vivo em certa tranquilidade de vida, passei dos meus vinte, vinte poucos anos. Sendo assim, o livro me disse uma coisa que já sabia...
Mas, seria muuito interessante para quem ta começando seus relacionamentos interpessoais!! (Relacionamentos amorosos principalmente)
Não achei o protagonista imbecil de todo não, a época de sua juventude não ajudava muito talvez. Existem atitudes inconsequentes em toda parte e em todo tempo.
Eu diria que uma atitude irrefletida dele, resultou em um sentimento de culpa para carregar bem chato...
O autor, fez uma coisa boa com seus leitores, reservando pro finalzinho o segredo, que eu costumo descobrir antes. Porém, o que eu imaginava não era, foi outro. Fui despistada em mais ou menos no meio da leitura.
Leitura de linguagem simples a princípio por começar falando de 4 amigos no colegial. Depois continua com eles na faculdade e pela vida.
Livro pequeno, li em um dia, com uns erros de digitação, sempre me incomodam.
Mas, a mensagem é deveras importante. Passei por isso na minha própria vida com pessoas.


Bertizola 18/09/2012minha estante
Eu estava aguardando sua opinião sobre esse livro. Já estava com um pé atrás...agora não vou ler mesmo...meu sentimento era de um livro "comercial"...e, é.


Cinai Machado 18/09/2012minha estante
Olá amigo!!
Veja, acontece uma trama que leva a um desfecho. Passa um tempo o personagem narrador vai tentar entender e percebe que tá envolvido de alguma maneira. O autor não aproveitou muito no meu entender. Se fosse Phillip Roth aproveitaria mais o mote.
Abç




Samara @o_gato_leitor 05/04/2020

Sensacional!
Não é suficiente dizer que O sentido de um fim é daquelas leituras que se tem desejo imediato de recomeçar ao virar a última página. Numa espécie de piada de mal gosto, o livro versa sobre finais de muitas formas possíveis. O fim de uma vida, o fim de uma história (de amor ou não, cabe ao leitor completar), o fim de um livro. Mas na prática, nenhum desses elementos efetivamente se encerra. Adrian Finn se suicida, mas sua existência e o mistério por trás da trágica morte persistem. Os relacionamentos entre protagonistas em tese se desfazem, mas retornam de forma cíclica à vida de todos os que foram afetados por eles. O livro fisicamente chega ao fim, mas com um final aberto que pede ao leitor que assuma as suas responsabilidades enquanto participante da narrativa. O texto se encerra, mas as reflexões ficam girando em círculos, de forma que é impossível não ser convidado ao retorno. No fim a gente pensa no começo (frase de caminhão que carrego pra vida). E quando nos deparamos com um suposto fim, estamos sempre em busca de seu sentido. Mas não é disso que esse livro se trata. O sentido de um fim não é sobre fazer sentido (digo isso com toda minha prepotência de leitora comum). Lide com isso. Esse é um livro incrível sobre o ser humano e a construção da memória individual.
.
Tonny Webster é um homem de meia idade com uma vida medíocre que tem suas lembranças da adolescência ressuscitadas a partir de uma herança curiosa: o diário de seu melhor amigo, que se suicidou ainda jovem. Através desse gatilho, somos conduzidos por Tony numa retrospectiva que nos levará a uma busca pela verdade (mas qual?)
.
Quem somos realmente ? Uma junção de nossas memórias? E se nossas memórias não são confiáveis, o que resta de nós mesmos? E se inconscientemente estamos editando a todo segundo aquilo que vivemos? Mal o tempo passa e a vivência já não existe em si mesma. O que resta é a lembrança. Tudo mais será apagado. E qual o critério? Será que subjetivamente estou moldando não só quem sou e serei, mas também quem eu fui? Será que um dia vou me deparar com a lembrança de um antigo eu que hoje me é estranho? Quanto mais absurdo isso parece, mais percebo que já me é familiar. Quantas textos e cartas você já releu e percebeu que não se lembrava de ter escrito? Quantas vezes já te disseram aquele "lembra quando a gente..." e você percebeu que essa memória já não te compunha mais (ou na melhor das hipóteses, compunha apenas um borrão)? Tony Webster me fez pensar sobre isso.
@literatotti 22/09/2020minha estante
Olha, essa resenha me representou de várias formas e me deixou mais reflexivo que o próprio livro. AMEI!


Samara @o_gato_leitor 27/09/2020minha estante
Ah, que coisa linda! Obrigada ??




Ana 10/06/2022

A memória é um engodo, para o bem e para o mal.
Esse livro publicado em 2011 pelo escritor inglês Julian Barnes traz como temas a memória e como ela nos engana ou como podemos facilmente manipulá-la para nos enganar.
É narrado em primeira pessoa e é interessante como o próprio narrador faz questão de enfatizar que não é confiável.
É dividido em duas partes.
A primeira narra a juventude do protagonista. Tony Webster. Junto com seus 3 amigos.
Na segunda, ele já está com mais ou menos 60 anos e relembra seu passado. Principalmente o relacionamento que teve com uma ex namorada, a Veronica Ford e a amizade com Adrian Finn, um de seus amigos.
É um livro que provoca reflexões filosóficas, principalmente existencialistas. Aborda a morte e a vida, como a maioria se contenta em ser mediano e como nossas recordações funcionam. O próprio titulo é. Qual o sentido de um fim?
"Os estados mentais podem ser inferidos pelas Ações. Eu acho que o inverso é verdadeiro. Que vc pode inferir Ações passadas a partir de estados mentais do presente." Tony Webster.
A narrativa é cheia de ambiguidades. Não sabemos ao certo o que aconteceu. Tudo é muito nebuloso e ficamos perdidos assim como o protagonista. Mas, ele talvez estivesse ocultando fatos de propósito para se enganar e assim acaba tbm nos engando. Como a própria namorada diz: " Eu não gostaria de estragar a imagem que vc tem de si mesmo."
A historia é curta e instigante, a gente fica se perguntando o que realmente aconteceu? Porque estão agindo assim? São personagens misteriosos e ficamos engajados na leitura até o fim. O autor não se preocupa em dar respostas e isso nos provoca diversas teorias.
A nossa memória é falha. Isso pode ser bom e mau ao mesmo tempo.
Jéssica Maria 27/08/2022minha estante
Ana, sua resenha é melhor que o próprio livro!


Ana 28/08/2022minha estante
Obrigada ?




jota 14/08/2014

Salve, Barnes!
O Sentido de Um Fim é o sétimo livro de Julian Barnes que leio e que, igual às outras vezes, não me decepciona absolutamente. Pelo contrário: desde as linhas iniciais até o fim a história só faz o interesse do leitor crescer pelo que conta Tony Webster, o protagonista.

Além disso o livro está cheio de frases memoráveis - daquelas para colecionador de citações nenhum botar defeito - ironia, humor e autocrítica. Quer dizer, Tony Webster é extremamente humano, falho e cheio de culpas – coisa que vai descobrindo aos poucos e que o torna mais simpático ainda aos nossos olhos.

Apreciei bastante essa obra e não tenho mais nada a dizer – e isso não é mesmo uma resenha, mas uma louvação - a não ser recomendá-la para os leitores que ainda não tiveram contato (ou melhor, o prazer) com Julian Barnes, esse excelente autor inglês, tão importante no panorama das letras de seu país quanto Martin Amis e Ian McEwan.

Lido rapidamente (pois não conseguia parar, além de ser um livro curto) em 13 e 14/08/2014.
Paulo Sousa 19/10/2021minha estante
Vdd. Julian Barnes é um autor e tanto. Consegue poesia em forma de prosa. Li alguns dele, inclusive Altos voos?que achei lindo e extremamente triste?


jota 19/10/2021minha estante
Barnes acabou virando um autor favorito.




Monique 21/05/2021

Pense em um velho divagando sobre sua vida...
E sobre temas que ele mais gostava: história e filosofia.
É isso que você encontrará nesse livro.
A parte do romance, o sentido do fim, a explicação para o suicídio do amigo ficaram vagas e eu não me interessei pra querer bem saber.
O livro não é empolgante, pelo contrário, é bem parado e cheio de divagações. Sabe aquela sensação que você lê, lê, lê e não avançou nem 5 páginas?
É isso aí.
Como os personagens não são carismáticos, você não dá muito bem a mínima pra história de cada um.

Na verdade fiquei mais sentida por alguns personagens que apareceram no final, duraram pouco, mas trouxeram mais emoção que o próprio narrador.

Às vezes, a gente se autossabota querendo escrever alguma coisa que considera sem qualidade até ler livros como esse e descobrir que, na verdade, a gente tá muito mole.
Jei_ 27/06/2022minha estante
Terminei de ler e concordo demais com tudo dessa resenha!




Alexandre Kovacs / Mundo de K 29/07/2012

Julian Barnes - O sentido de um fim
Editora Rocco - 160 páginas - Tradução de Léa Viveiros de Castro - Lançamento 2012.

O inglês Julian Barnes foi o vencedor do Booker Prize 2011 com este ótimo romance em que aborda como a nossa memória pode ser seletiva ou mesmo repleta de distorções ao longo da vida. De uma forma mais ampla, Barnes faz um paralelo com a história quando cita que: "história é aquela certeza fabricada no instante em que as imperfeições da memória se encontram com as falhas de documentação" ou ainda que "a história é a mentira dos vencedores", mais especificamente, no caso deste livro, "a ilusão dos perdedores". Não é a primeira vez que Barnes lida com a mistura de história e ficção em sua carreira, como por exemplo em "O Papagaio de Flaubert" de 1984.

Neste romance, Tony Webster é um protagonista e narrador nada "confiável", em idade bastante avançada ele é confrontado com o seu passado quando uma inesperada herança faz com que tenha que encontrar novamente a primeira namorada e relembrar a morte de um amigo de adolescência que se suicidou muito jovem. A lembrança que Webster tem desta época é totalmente unilateral e ele vai descobrindo aos poucos, juntamente com o surpreso leitor, o quanto errou com as pessoas e influiu no desfecho trágico dos ex-amigos.

Julian Barnes escreve com muita leveza e inteligência, separando aos poucos os fatos verdadeiros daqueles reconstruídos ou distorcidos pela memória viciada do protagonista. A trama do romance é extremamente simples, mas a maneira como Julian Barnes desenvolve a narrativa é criativa e envolvente, um romance que se lê muito rapidamente e com prazer e também onde nada é o que parece de início.
Carla 18/11/2012minha estante
Li e achei muito básico. Talvez pra quem já leu A TRÉGUA - Mario Benedetti vai me entender. Nem de longe se compara...enfim..não foi uma das melhores leituras.




Júnior 16/05/2013

Desde seu lançamento fiquei interessado no último livro escrito pelo elogiado inglês Julian Barnes, O Sentido de um fim, que conta a história de um velho de sessenta e poucos anos nada confiável em busca de suas lembranças perdidas da adolescência. Imerso numa linguagem concisa e extremamente elegante, o narrador-personagem, Tony Webster, delineia “algumas lembranças aproximadas que o tempo deformou em certezas”, como ele próprio diria.
O cerne do livro é a questão memória/história/tempo e como a velhice chega para constatar a fragilidade e a inquietação deste trio. No decorrer do romance somos apresentados à frustração de um homem resignado que não consegue entender porque não entende, o que nos é colocado como filosoficamente autoevidente. A partir de então ele busca reconstruir seu passado e começa uma empreitada cheia de motes ingleses (boas doses de humor e cordialidade) navegando entre os eventos históricos e os destroços de suas recordações.
O autor prova que consegue manusear a trama mesmo com sua escassez de fatos e apenas imperfeições da memória sem perder a linearidade. Outro ponto positivo é o “efeito espelho” que o livro possui, algumas vezes é possível nos encontrarmos nas ideologias, aforismos e, por que não, ações que o protagonista e seus amigos se submetem na passagem da puberdade, trazendo consigo, logicamente, a descoberta da sexualidade e o inicio dos relacionamentos.
Barnes começa a pecar quando envolve as relações amorosas – e fracassadas – de Tony numa névoa de inverossimilhança e superficialidade: provenientes de uma culpa exagerada e uma irracionalidade forçada. Sutilmente nos é transmitido o embate entre a cruel realidade com a ilusória ficção, chegando a citar sobre “a pequenez da vida que a arte exagera”. No fim Barnes consegue quebrar a elegância que esbanjou durante todo o romance colocando em prática suas observações sobre a acumulação, a responsabilidade e, principalmente, a inquietude que a vida nos traz pausadamente impostas no texto
Ao término da leitura, fiquei indiferente ao sentido do fim atribuído pelo narrador, um estereótipo ficou ecoando na minha cabeça: ‘esse livro é para gente velha’. Talvez meu maior problema com o livro seja minha idade/maturidade, mas isto só o tempo dirá. Mas depois de algum tempo um enorme sentimento saudosista nos abate e é impossível não se encontrar melancólico com o desfecho aparentemente proposital da trama.
Arsenio Meira 30/05/2013minha estante
Junior, suas observações são bastante pertinentes. Inclusive ao reconhecer as próprias limitações(involuntárias), em função da idade.

Coisas que aos 18, 19 anos me pareciam sem nexo; hoje, perto dos 40, já não me parecem tão despropositadas assim.

Independente disso, parabéns. Pela sinceridade e maturidade que suas análises revelam.
Abraços





paloma 04/04/2021

Livro espetacular
Um livro envolvente e profundo sobre memória e as possibilidades narrativas da história. Vencedor do Man Booker Prize de 2011, tem escrita elegante e fluida, além de contar com a concisão e o humor tipicamente ingleses. Narrado em primeira pessoa, somos apresentados a Tony Webster, um personagem cativante, cujos relatos, no entanto, vão se mostrando pouco confiáveis. A história se passa em Londres e arredores, entre os anos 1960 e 2000. Tem uma trama muito bem construída, que vamos desvendando a conta gotas, como em um romance policial, com pistas dadas pelo próprio narrador e um pequeno acesso a documentos factuais, às vezes incompletos e descontextualizados. Somos instigados a ler como um leitor arqueólogo/historiador, decifrando diálogos e montando um quebra cabeça para tentar compreender um passado remoto, porém, com consequências reais para o presente. Julian Barnes nos faz refletir sobre a distância entre a realidade e a interpretação que dela fazemos. Cada um com sua versão da mesma história. Terminamos confusos e certos que lemos uma obra prima.
Sheila 17/05/2021minha estante
Eu amei esse tbm. Fiquei dias pensando...




spoiler visualizar
Sandra :-) 23/07/2019minha estante
Para o diário a gente até consegue especular um motivo, mesmo sem muito sentido, mas e as 500 libras? Por que foi deixada no testamento? Achei muita enrolação também :(




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