Aline T.K.M. | @aline_tkm 09/10/2013“a pequenez da vida que a arte exagera”O inteligente (talvez até demais) Adrian havia dito na aula do Velho Joe Hunt que “precisamos conhecer a história do historiador a fim de entender a versão que é colocada diante de nós”. O já sessentão Tony lembra essas palavras à medida que refaz um delicado quebra-cabeças de sua juventude nos anos 60. A memória é uma aliada, mas nem sempre.
De acordo com o que permite a lembrança, ou a lembrança da sensação vivida na época dos acontecimentos, Tony nos molda os amigos, a complicada relação com Veronica – caracterizada pela frustração sexual e pelo sentimento de humilhação perante a família da garota, de classe social mais elevada –, o impacto causado pela morte precoce de um colega de classe – Robson, cuja namorada estava grávida, se suicidara. A amizade com Adrian Finn, um garoto meio filósofo, para quem quase tudo era “filosoficamente autoevidente”.
A constatação da passagem para a idade adulta, ao passo que as ilusões e as aventuras não são mais que flores murchas, tendo perdido cor e vivacidade antes mesmo de que ele pudesse se dar conta. No lugar das convicções e sonhos, apenas “a pequenez da vida que a arte exagera”; a pacatez de uma vida que, afinal, nem é tudo aquilo que a pintam.
Anthony, ou Tony, descobre certos sentimentos ao longo da vida, como, por exemplo, o ácido remorso. Que vem como que embutido numa herança esquisita de 500 libras e um documento – o diário de seu amigo Adrian Finn.
O sentido de um fim fala sobre sentimentos, sobre o passado (num momento em que o futuro já não importa tanto), sobre a vida e a tentativa de compreender as coisas. Fala também sobre o tempo, que “primeiro nos prende e depois nos confunde”, segundo Tony, e que passa cada vez mais depressa.
O que é História? Seria a mentira dos vitoriosos, ou uma forma de o derrotado se autoiludir? Certamente, Finn terá uma resposta melhor para essa longa especulação que permeia as 160 páginas do livro.
LEIA PORQUE...
Além de ter dado a Julian Barnes o prêmio Man Booker de 2011, O sentido de um fim é uma leitura reflexiva por essência. Talvez um tanto pessimista, mas diria que ganha status de obrigatória na vida de um ser humano.
DA EXPERIÊNCIA...
E Barnes me surpreende pela segunda vez este ano!
FEZ PENSAR EM...
“Você pode dizer, Mas não eram os anos 1960? Sim, mas só para algumas pessoas, só em certas partes do país.”
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