Pattr_ 02/05/2023
A dor da saudade, quem é que não tem?
Eram muito felizes os domingos em que eu ia com a minha nona, quando criança, à locadora perto de casa para alugar os filmes do Mazzaropi. A locadora os dispunha em VHS, o que trazia um charme sem igual para a ocasião. E como eu ria dos seus filmes, em sessões sempre regadas de pipoca e doce de abóbora.
Eu sei que de alguma forma, ter acesso à obra do Mazza e ao aspecto peculiar das suas personagens me fizeram me aproximar mais desse elo familiar, e de toda a cultura popular. Os trejeitos e linguajares simples, a naturalidade do humor, são características que eu incorporei em minha pessoa e que eu não posso jamais deixar de as ter.
"Sai da Frente!" não é apenas uma biografia de um dos maiores cineastas que o Brasil já possuiu, mas é também uma ode ao seu trabalho, pois deixa clara a importância e influência que ele teve sobre toda uma geração de artistas, dando voz à uma camada da população antes ofuscada pela arte acadêmica elitista.
Seus parágrafos abordam a totalidade da vida do Amácio, desde a chegada de seus antepassados ao Brasil, até seu falecimento, riquíssimo em detalhes (de verdade!) e de imagens, indispensáveis para uma melhor compreensão de sua história.
Minha nona faleceu há dez anos, e um dos rituais que eu sigo para manter viva sua memória é a de continuar assistindo aos filmes do Mazzaropi, rindo tanto como na primeira vez, imaginando ela ao meu lado. Como cantava o próprio em seus filmes..."A dor da saudade, quem é que não tem?".