Lidi 10/11/2023
"In many ways, he was a victim, destroyed by the very people who catered to his every want and need. He was a victim, too, of his image. His public wanted him to be perfect while the press mercilessly exaggerated his faults. He never had the chance to be human, to grow up to be a mature adult, to experience the world outside his artificial cocoon."
Priscilla tem um jeito envolvente de escrever a história que viveu com Elvis. Isso porque ela não fala do cantor; a todo tempo, ela descreve o homem. Elvis, que tinha problemas com sono, que tinha medos comuns (e invariavelmente negava todos), que tentava agradar a todos mesmo desagradando a si mesmo, que era provedor de um enorme número de pessoas, que tinha problema com drogas prescritas, que era cobrado pelos fãs e destruído pela mídia... e que, invariavelmente, se tornou refém de todos esses pontos. Elvis era, a bem verdade, prisioneiro de Graceland.
É triste o que fama e drogas podem fazer com uma pessoa. Elvis, um menino educado, gentil, religioso, "filhinho da mamãe" durante a juventude, gradativamente foi se transformando num adulto com dependência química, ansioso, provavelmente depressivo, com dificuldade de controlar impulsos, com acessos de raiva - e, nos momentos finais, a casca do que foi um dia, um adulto jovem de 42 anos com sérios problemas de saúde por abuso de drogas, obesidade e o ritmo frenético que já não conseguia mais acompanhar.
Elvis, um grande ícone da música, da moda, dos cinemas, foi um homem extremamente perturbado, doente e sofrido.
Muito se fala sobre a polêmica relação entre Elvis e Priscilla. Creio, do meu ponto de vista, que seria anacrônico demais criticar um homem dos anos 50 por não querer que a esposa trabalhe e que tenha tempo só pra si. Hoje em dia, Elvis seria um homem controlador e abusivo, mas, sinceramente? Considerando todo o contexto, Elvis era fruto do meio. E, como fruto do seu meio, dadas as influências sociais externas com as quais convivia, ele era o marido que boa parte das mulheres almejavam naquela época. Excetuando-se os acessos de raiva, que, imagino, eram assustadores de presenciar (e que denotam muito mais um sofrimento interno ao qual ele não conseguia controlar ou limitar), exceto isso, pela visão da própria Priscila, ele era carinhoso, atencioso, respeitoso e foi o grande amor da vida dela. Se ela, quem viveu a história completa e esta aí até hoje pra testemunhar, ainda fala dele como o grande amor da sua vida, bom, acho que não existem motivos pra especulações. Ele foi um homem do seu tempo, em todos os sentidos. Não, não foi um relacionamento saudável pra Priscila, mas não é como se houvessem muitos no período. Ele não foi o monstro que tentam pintar, mesmo após a sua morte. Foi um homem do seu tempo, bom a sua maneira.
Em suma: um ótimo livro pra quem gosta da história do Elvis. Eu realmente gostei muito! Queria que ele tivesse tido a chance de falar por si, de contar sua história pela sua perspectiva. Uma pena que tenha partido tão jovem. Um grande talento que o mundo perdeu.
?Don?t criticize what you don?t understand, son, you never walked in that man?s shoes.? Elvis Aaron Presley