Anna Gabby 29/12/2013
O Doutor e o Mafioso
Reinaldo Fiorentini, como muitos, descobriu da forma mais difícil que a vida na cidade grande não é simples. Desiludido ele volta para a cidade do interior em que morava com os pais e decide fazer um curso superior em uma cidade próxima. Ao colocar esse plano em prática ele se dedica plenamente e não permiti muitas distrações. Até conhecer Vânia. Ela o encantou profundamente e ele fez o mesmo com ela. Após várias tentativas de evitar o relacionamento entre eles, Vânia acaba cedendo, mas impõe diversas condições para que isso aconteça. Elas sempre incomodaram Reinaldo, mas ele estava muito apaixonado.
Quando o casal está prestes a se formar no curso superior, Reinaldo descobre o motivo de tantas regras. Vânia fez uma promessa a si mesma, sendo assim ela acredita que não poderá ficar com Reinaldo sem destruir o que acredita. Reinaldo após essa desilusão tenta seguir a vida se dedicando totalmente a vida acadêmica vindo a se tornar um renomado palestrante, mas conservando seus ideais e seu amor por Vânia.
Do outro lado do Atlântico, mais especificamente na Itália, temos Giuseppe Fiorentini, um italiano que quando jovem era doce e frágil, mas após muita insistência, e, porque não, manipulação por parte de Magnus Fiorentini, seu pai, acaba assumindo os negócios da família e se tornando o chefe de uma família de mafiosos. Para Magnus nada é mais importante que a família.
Giuseppe é casado com Benedetta. Depois de vários anos como chefe da máfia e como homem casado, Giuseppe tem um sonho. Ao conversar com Benedetta fica decidido que eles procurarão os Fiorentini pelo mundo e os reunirão durante um final de semana.
E é nesse momento que nossas histórias se entrelaçam... Giuseppe se afeiçoa a Reinaldo, conhece sua história e pensa em fazer algo a respeito.
No inicio eu não sabia muito bem o que dizer ou pensar sobre esse livro porque ele é bem narrativo, e isso geralmente me cansa, mas nem tanto dessa vez. A narrativa foi construída na terceira pessoa, narrador onisciente e crítico, seja de forma direta (o narrador critica algo explicitamente) seja na fala/pensamento de um personagem (o personagem critica uma situação).
Os personagens são peculiares, por falta de uma palavra que descreva plenamente como eu os vejo. Reinaldo é idealista e possui umas ideias interessantes, mas falta atitude para concretizá-las. Vânia se prendeu em um ideal de casal feliz e esqueceu a felicidade (pode parecer estranho, mas foi). Magnus foi o mafioso que eu esperava, fiel a família (na maioria das vezes) e aos negócios (sempre). Giuseppe ora era inocente, ora fofo e ora estúpido (peço desculpa ao autor pela palavra, mas houve atitudes dele que me deram vontade de estapeá-lo). Falando em tapa (hehe), eu gostaria de mencionar o Padre Berto, pois ele suavizou o remorso que deveria ter incomodado mais (explicar seria dar spoiler). Estefania é uma figura impar e indescritível! Os demais personagens são envolventes também.
Quase Acaso é dividido em partes e elas são relativamente longas. A linguagem é fácil, mas alguns termos mais rebuscados ou regionalistas (acho que são regionalistas) me confundiram um pouco. Eu percebi que o autor trata os personagens, em diversos momentos, como macho e fêmea, a meu ver uma forma de animalizar o homem. Já via traços parecidos em obras de autores clássicos.
Esse é um livro para pensar, ele tem um enredo e os personagens, mas o que ele mais teve, para mim, foi “pare e pense”. Como eu disse há muitas críticas e elas, sem que percebamos, nos levam a refletir sobre o assunto. Mas só refletir não adianta, nós temos que agir.
Eu gostei da história, me envolvi, mas não fiz uma leitura veloz. Eu a fiz, no tempo que o livro necessitava para mim. Além disso, mesmo a quantidade de narração não sendo tão cansativa, ainda não me é extremamente agradável.
site: http://anna-gabby.blogspot.com.br/2013/12/quase-acaso-andre-tressoldi.html