danilo_barbosa 24/08/2012Esconder para descobrirVejam mais resenhas minhas no Literatura de Cabeça:
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Já começo a resenha de hoje assumindo uma coisa:
Eu não leio apenas livros para rachar a cuca. Todo leitor inveterado tem a necessidade de distrair a cabeça de vez em quando. E como faz isso? Procurando aqueles livros com histórias adolescentes que divertem, mas não comprometem.
Só acrescentar que, apesar de ser um tema sem novidades, não significa que o texto tem de ser ruim. Se eu vir muitas coisas repetidas, com argumentos fracos, o livro sai definitivamente da minha lista de leituras, sem chance de voltar.
Já fiz isso muitas vezes e não hesito em fazer novamente. Para muitos posso ser considerando exigente ou chato demais, mas na verdade só quero manter a minha sanidade literária.
E Óculos, Aparelho e Rock´n´Roll (Intrínseca, 304 páginas) foi um desses livros que li sem pretensão. Nunca tinha ouvido falar de Meg Haston e a capa me pareceu muito livro infantil. Por isso, quis ler para tirar as minhas próprias conclusões sobre Kacey Simon.
Aos 13 anos, elas é a própria megerinha da escola. Aquela que um bando de meninas fica seguindo como se ela fosse a rainha da cocada preta, sabe? Se acha super sincera, mas acaba com todos em seu programa no Canal da Escola e é mais temida do que amada por todos.
A nossa pequena monstra cai no seu pedestal quando, graças a uma lente de contato violeta que comprou (e não tira por nada), adquire uma mega inflamação ocular e tem de usar um par de óculos fundo de garrafa made in anos 60. Desconcertada, acaba indo para os lugares sem óculos para tentar abafar o caso. Cega que nem uma toupeira, acaba caindo de patins em plena festa de aniversário de sua amiga, com a cara no chão. E para piorar o seu carma (o dentista descobre que ela tem um problema nos cisos), ela tem de submeter a um lindo e moderno aparelho freio de burro!
Sem beleza, poder ou status social (afinal, quem vai sair com a Rainha dos Nerds?), Kacey aprende a olhar o mundo como ele verdadeiramente é, perdendo pré-conceitos e quebrando parâmetros que antes eram coordenados por ela. Escondendo-se em meio à feiura, descobre quão bonita ela pode ser. Isso sem contar sua paquera com Zander, chamado de o Sr.Calça Skinny, o nosso roqueiro de bom coração apaixonado por uma trilha sensacional e Paige, a garota decidida a fazer a diferença na escola, sua ex-amiga de infância, e sincera ao extremo.
Tudo bem, você pode falar que já cansou de ver essa sinopse um bando de vezes em filmes da Sessão da Tarde, não é? Concordo. Mas por que eu decidi fazer resenha sobre ele?
Por que eu curti de montão! O livro é bem escrito e não deixa pontas soltas. Você ri, se põe a pensar e torce pela monstrinha da Kacey, para que ela amadureça antes que as melhores oportunidades da vida escorram pelos dedos; veja que suas amigas são falsas pra caramba e que seja humilde para prezar as pessoas que gostam dela de verdade, tudo junto e misturado. E, na sua simplicidade de personagem de 13 anos, sarcástica e frágil, já achando que sabe tudo da vida (coisas de adolescente) acabamos por revisitar aquela partezinha de nós mesmos, que fazia aquela série de burradas fenomenais e depois se perguntava no que tinha errado.
Pois é, este livro faz parte da vida de todos. Mas de um modo muito mais divertido. Se você já passou pelo trauma dos óculos e aparelhos, ou conhece alguém que está passando por isso, é a oportunidade perfeita de aproveitar e curtir junto com Kacey e seu ponto de vista divertidíssimo.