Tatá 02/01/2019
E lá na Alameda Santos... a pequena Gattai observava todo mundo ao seu redor.
Uma viagem no tempo. Pensar em São Paulo pela perspectiva de Gattai, em meados de 1922 é incrível, porque soa como um outro mundo. Av. Paulista, Av. Rebouças, Bexiga, Pacaembu, eram lugares com características completamente distintas do que são hoje. Não que já não soubéssemos. Mas o relato de Gattai é um resgate histórico não só do que já foi São Paulo, mas da sensação de uma outra dimensão do tempo: um tempo mais lento, um tempo que te permite observar os detalhes.
Além disso, é interessante ver as contradições de sua família (e não somos, nós todos, um mar de contradições?): assumidamente anarquistas, é possível notar as hilárias situações que os prendem, por vezes, a um conservadorismo silencioso - como o machismo do pai de Zélia, etc -. A naturalidade da narrativa de Gattai com essas contradições de uma família italiana politicamente engajada, acaba sendo divertida e leve, mostrando os nossos tropeços tão humanos.
O que se percebe, no final das contas, é que a família de Gattai merecia um livro mesmo. Histórias tão ricas, tão repletas de aventuras. Me senti feliz em poder ler esse livro tão divertido, emocionante, leve e de resgate histórico tão sublime.