Marcos Aurélio 29/11/2021Um Paspalho que eu adoraria encontrarJosilei Maria Matôzo, ou Jordan Mattoso, busca no I-Ching o empurrão para o caminho já está determinado a tomar.
Falta-lhe força, determinação, ousadia, falta-lhe coragem.
No apartamento pequeno, desconfortável, ao som de Pink Floyd, encorajado pelo whisky do Paraguai, Matôzo se transforma Mattoso.
Não um super herói, mas um retrato de tanta gente. De respostas caladas, de tapas na cara da vida sofrida, do sofrimento, da vida atormentada.
Matôzo, que alimenta os monstros, pode ser um paspalho, mas é genuinamente um ser humano do bem.
Outro destes exemplares que se contenta com pouco, e se conforta com o que tem, como se fosse o que merece.
O I-Ching, a bebida, o jogo, os montros, só fazem mal a si mesmo. Inofensivo, não se dá conta que vive uma solidão acompanhada, que é sua melhor companhia.
Sim, Matôzo, amigo de Mattoso, e não os outros que lhe dedicam migalhas de carinho, e respeito. Os outros que retratam um ser humano que prefere dar esmola, a ajudar o próximo a vencer.
Matôzo é um dos meus personagens preferidos. O primeiro livro que reli na vida. Cristovão Tezza, um belo escritor. Eu jogaria uma partida de caneco, numa mesa com Matôzo, Cristovão e os monstros. Quem sabe eu levasse os meus próprios monstros.