Profissões para mulheres e outros artigos feministas

Profissões para mulheres e outros artigos feministas Virginia Woolf




Resenhas - Profissões para mulheres e outros artigos feministas


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BrunaMenori 20/05/2020

Gente, é uma das melhores leituras que já fiz! Você ri dos deboches que a Virginia fez dos macho escroto que falaram dela ou que disseram coisas absurdaz de mulheres em geral. Perfeito
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Miriam172 09/02/2020

Muito bom
Ela escreveu há cem anos, mas parece que foi ontem.
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Cristiane190 07/02/2020

Um baú do tesouro
Ler essa coleção de textos foi a melhor forma de começar 2020. Virgínia argumenta com maestria e domínio de conhecimento sobre os pontos que defende.
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Elaine | @naneverso 07/02/2020

Um falcão nada afável (ainda bem)
"Pois, na hora em que pus a caneta no papel, percebi que não dá para fazer nem mesmo uma resenha sem ter opinião própria, sem dizer o que a gente pensa ser verdade nas relações humanas, na moral, no sexo."

Dizer que 'Profissões para mulheres e outros artigos feministas' é uma obra magnífica é um eufemismo.

No livro, Virginia Woolf escancara as dificuldades de ser mulher na primeira metade do século XX usando palavras precisas, diretas e com um certo tom de humor e ironia. Ao longo de sete ensaios, a autora nos leva a pensar sobre o papel da mulher em diferentes classes sociais, sobre a necessidade dos homens de quererem provar que são melhores simplesmente por terem órgãos reprodutores do lado de fora e não do lado de dentro, e, assustadoramente, nos faz ver que a sociedade mudou muito pouco nos últimos cem anos.

Recomendo a todos, mas especialmente àqueles que ainda pensam como os Falcões Afáveis da vida e acham que existe alguma diferença intelectual entre mulheres e homens.

site: https://instagram.com/naneandherbooks
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Sil 29/01/2020

Resenha de @kzmirobooks
Estamos em 2020 e ainda existem debates sobre profissões para mulheres, mercado de trabalho em geral e, claro, igualdade de salário entre os gêneros. Imagina esses debates no inicio do século XX? Pois bem, é isso mesmo que temos nesses artigos de Virginia Woolf. Esta foi a minha primeira experiencia com a autora e já amei muito a forma como ela se expressa: tão sutil, tão honesta e ainda assim com uma certa raiva dentro de si por viver em um mundo injusto para as mulheres.

De cara levamos a uma reflexão sobre o que é uma profissão para mulher. Eu digo isso pois pensando na sociedade da época em que os artigos foram escritos, de fato, quais eram as profissões femininas? Mal existia a profissão "secretária" ou "professora" que foi muito popular após os anos 50. Então a autora explica algo óbvio: o porque de as mulheres terem tido um certo sucesso como autoras ao invés de outras profissões. E sendo bem feminista falando isso a culpa é do patriarcado. Virginia explica que a única coisa que as mulheres tinham em mãos, pelo menos as que eram alfabetizadas, era papel e caneta. Um material barato que os homens não se importariam de gastar com mulheres.

O livro em si são resenhas literárias de livros escritos por homens que, de algum jeito ou de outro, falam mal sobre as mulheres e suas rotinas. Há um artigo sobre um autor/livro que acha que pode escrever melhor sobre a rotina de uma mulher do que a própria mulher e Virginia logo critica dizendo que não há maneira de isso ser possível, até porque as autoras mais famosas de épocas anteriores a ela fizeram sucesso escrevendo sobre a rotina feminina em suas obras pois era aquilo que elas viviam em sociedade. Isso me fez pensar sobre como em muitos romances de época (os de verdade) e até filmes que podem ou não ter sido adaptados mostram mulheres em rotinas tediosas em uma salinha de costura, sabe? Como poderia uma mulher escrever sobre o mundo sendo que ela mal poderia sair de sua própria casa?

Em outro texto há passagens incríveis sobre a impossibilidade da mulher ser algo mais quando não é lhes dada a oportunidade. Nem tudo nesse mundo é meritocracia e como uma mulher poderia colocar em pratica sua inteligencia se não tinha o direito de estudar da mesma forma que seus irmãos? O mais incrível para mim nesses momentos é ela refutando a ideia de que não existiam mulheres brilhantes na época e/ou mulheres que não fez nada notável/digno de atenção falando exatamente que não há como saber se não existiam simplesmente porque essas mulheres podem ter perdido a oportunidade de ser notável por causa de um casamento, pela impossibilidade de estudar.

Me pergunto muito como Virginia Woolf se sentiria vivendo em 2020. Sobre o que ela falaria a respeito desse assunto nos dias atuais? Eu tenho certeza que ela me obrigaria a refletir sobre algo que eu não pensei ainda, mas será que ela teria um pouco de orgulho do que conquistamos? Gosto de acreditar que sim, já que agora tem muitas mulheres notáveis em basicamente todos os ramos profissionais conhecidos e essa realidade está mudando mais e mais.

site: https://www.instagram.com/kzmirobooks/
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Paisagens Literárias 20/01/2020

Textos feministas sobre o mundo profissional e intelectual
Este livro de Virginia Woolf é um compilado de textos que vão desde discursos, resenhas, cartas a ensaios publicados entre os anos de 1905 e 1941 em seu país [ Inglaterra ]. Neste material ela faz uma série de defesas sobre questões relacionadas a mulher na sociedade de sua época, principalmente daquelas relacionadas com as dificuldades da inserção das mulheres no mundo profissional e intelectual. Entretanto, é interessante notar que por mais que Virginia Woolf estivesse à frente de seu tempo em suas reflexões e críticas feministas, os textos de seu livro continuam sendo muito atuais para a sociedade em que vivemos hoje. Este compilado de textos inicia com a crítica da autora da visão tradicional da mulher como “anjo do lar” que idealiza o papel doméstico das mulheres. Segue com observações sobre a escrita das mulheres quando estas encontram sua voz própria e debate o quanto as obras escritas por mulheres possuem também valor. Na sequência, trata sobre a posição intelectual das mulheres onde argumenta que as mulheres não são intelectualmente inferiores aos homens [ essa discussão levou a Virginia Woolf a escrever “Um teto todo seu” ]. Depois, a autora elabora um texto que compara duas mulheres da mesma época, com personalidade e classe diferentes, que por mais diferentes que fossem valorizavam o valor da educação para as mulheres e seu acesso à universidade. Seus textos seguem e tratam das memórias de uma união de trabalhadoras, que aparece como uma descrição da formação da primeira onda do feminismo. Por fim, nos apresenta a personalidade e a identidade de uma mulher que oscilava entre um posicionamento progressista e outro tradicional a sua época. Este livro, apesar de possuir poucas páginas, gera reflexões muitos válidas.

site: https://www.instagram.com/p/B7i75O3DVqy/
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juliabarros 10/06/2019

03 motivos porque “Profissões para mulheres e outros artigos feministas” é um livro enorme (mesmo só tendo 100 páginas): ⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀
1 - Virginia Woolf era uma mulher a frente de seu tempo. Em “Profissões para mulheres…” são reunidos alguns ensaios publicados entre 1905 e 1941 onde ela expõe, de maneira belíssima, sobre as dificuldades de ser mulher e querer fazer algo além de cuidar da casa e ser mãe. No primeiro texto, intitulado “Profissões para mulheres”, lido pela autora para a Sociedade Nacional de Auxílio às Mulheres em 1931, ela disserta sobre a necessidade das escritoras de lutar, muitas vezes até a “morte’, com algo chamado Anjo do Lar e também sobre como sua criatividade e imaginação fora algumas vezes “bloqueadas pelo convencionalismo do outro sexo”.
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2 - Pra mim, o melhor do livro é o ensaio “A posição intelectual das mulheres”. Em 1920, um autor sob o pseudônimo de Falcão Afável publicou uma resenha do livro de ensaios “Nossas mulheres: capítulos sobre a discórdia entre os sexos” de Arnold Bennett (claro, um homem falando sobre as mulheres, afinal, porque não, né?). A resenha contém altas doses de machismo e reprodução de frases que perpetuam estereótipos pejorativos em relação às mulheres como “as mulheres são inferiores aos homens em capacidade intelectual...” Woolf escreve uma carta onde explica incisivamente como o Falcão Afável e Bennett estão equivocados em seus discursos utilizando fatos históricos e escritoras memoráveis. Depois de mais réplicas, o escritor encerra a discussão aceitando o argumento de Woolf que se a expressão de suas opiniões era um dos empecilhos a evolução das mulheres, ele não discutiria mais.
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3 - Em muitos momentos do livro, eu me senti lendo uma autora contemporânea falando sobre os dias de hoje. Louco e também triste porque percebi como a situação das mulheres melhorou sim, mas nem tanto. Ainda sofremos com machismo em diferentes profissões, com a pressão da maternidade e outros estereótipos. “Profissões para mulheres...” é, portanto, um livro enorme e necessário. Mostra para nós mulheres que a nossa luta vem de muito tempo e que não podemos parar.
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Messias 21/04/2024

Uma das coisas que eu gosto de ler esses pequenos ensaios da Virginia Woolf é ver a gênese de seus trabalhos mais complexos. Nesse livro fica nítido o caminho que levou à escrita de "Um teto todo seu". Vale a leitura, especialmente para quem quer mergulhar mais na obra da autora.
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estante.da.gabi 05/02/2019

Profissões para mulheres e outros artigos feministas 💪
⚡️Nesta primeira resenha de 2019 trago um livro de não-ficção de Virginia Woolf, que é um compilado de 7 artigos escritos com o intuito de retratar, de alguma forma, a luta da mulher pelos seus direitos.

⚡️É curto, porém o li com calma, pois os assuntos são bem densos. Percebi, que por mais que a mulher tenha conquistado um espaço cada vez maior dentro da sociedade, muitas questões morais da época em que Woolf escreveu esses artigos (1905 a 1941) ainda se encontram presentes na atualidade. Isso me fez perceber que vivemos numa sociedade em que muitas questões se encontram enraizadas de tal forma que é preciso anos para arrancarmos cada raiz dela. Até quando nós, mulheres, vamos ter de continuar lutando, sofrendo e resistindo para conseguirmos o mínimo de reconhecimento, senão a tão sonhada igualdade?

⚡️Woolf descreve o quão desafiador é para uma mulher ser escritora e praticar qualquer outra profissão que seja majoritariamente masculina. Ela conta que, para isso, primeiramente era necessário destruir o “Anjo do Lar”, que “era nunca ter opinião ou vontade própria, e preferia sempre concordar com opiniões e vontades dos outros“. Esse processo é complexo, porque envolve fatores internos dela. Só que também havia aquilo que vinha de fora, o “extremo convencionalismo do outro sexo”. Ou seja, mulheres não poderiam escrever sobre certos assuntos, porque não seria conveniente para esta falar sobre eles.

⚡️Se fosse possível, eu falaria mais sobre esses artigos e principalmente sobre aquele em que Woolf escreve uma carta-resposta muito espetacular a Falcão Afável, que defende a seguinte ideia exposta num livro: “as mulheres são inferiores aos homens em capacidade intelectual, sobretudo naquele tipo de capacidade que se chama criativa”. Embora seja de 1920, esse debate ”estúpido” ainda acontece hoje, e por mais que nós respondamos assim como Woolf, com dados concretos, estudos e fatos, aqueles que insistem em se sentirem superiores, para não admitirem o erro, sempre o terminam como Falcão Afável: “Se a liberdade e a educação das mulheres são dificultadas pela expressão de minhas opiniões, não discutirei mais”

site: https://www.instagram.com/p/BsSyrWlAwK_/?utm_source=ig_web_copy_link
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Pri Cabral 12/07/2018

Autora com incrível capacidade de síntese
Eis uma boa pedida para quem quer ler Virgínia Woolf, mas não sabe por onde começar. Eu vou te dar as 3 principais razões para que você, caro leitor, leia esses riquíssimos ensaios da autora.


1° Concisão : O livro é bem fininho, mas nem por isso é superficial, tampouco supérfluo. Os artigos foram muito bem organizados e, apesar de a autora dialogar com momentos de diferentes períodos históricos, ela faz isso de maneira brilhante porque o leitor iniciante não se sentirá "perdido", já que os recortes históricos que estão dispostos no textos, são de fácil compreensão. Basta a rápida busca na internet e pronto.


2° Argumentos : Ao se opor às ideias machistas dos autores Arnold Bennet, Mr Orlo Williams e Robert Burns, Virgínia "coloca as cartas na mesa" e, mostra quase que empiricamente, como tais ideias eram totalmente equivocadas, através do levantamento de dados históricos e a forma com as quais esses dados históricos influenciaram nas dificuldades da inserção feminina no mundo social e intelectual da época.


3° Análise comparativa : Diante dos dados históricos que a autora traz, nos deparamos também com uma análise não só histórica, mas também comparativa, explicando as causas e apontando soluções.


Espero que esses 3 motivos tenham aguçado a sua curiosidade. Boa leitura!
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Mari 30/05/2018

?Pois a degradação de ser escravo só se equipara à degradação de ser senhor.?
Virginia Woolf
??????????????????????????????
?O livro de hoje é o ?Profissões pra mulheres e outros artigos feministas?, vou citar um pedacinho da descrição que o livro tem pois achei perfeita:
??????????????????????????????
?Profissões para mulheres e outros artigos feministas reúne sete ensaios da autoria nos quais ela questiona a visão tradicional da mulher como ?anjo do lar? e expõe as dificuldades da inserção feminina no mundo profissional e intelectual da época.?
??????????????????????????????
?Se você quer ler o livro, prepare-se pra passar raiva em alguns momentos. Você vai se deparar com homens escrevendo e disseminando a ideia de que mulheres são intelectualmente inferiores aos homens, mas prepare-se também pra soltar fogos como eu soltei com cada carta-resposta da Virginia, uma mulher que obviamente tinha a visão social bem além do tempo em que vivia. Virginia é extremamente crítica o tempo todo, vem batendo de frente com os ideais da época em relação a mulher.
??????????????????????????????
?Pois Falcão Afável admite que sempre existiram mulheres com capacidade de segunda ou terceira categoria. Por que, a não ser que estivessem forçosamente proibidas, não expressaram esses talentos na literatura, na música ou na pintura??

??????????????????????????????
?Gente, só leiam. O livro é pequeno, rápido, de fácil leitura. E é uma leitura necessária. Eu acho que todo mundo tinha que ler. Atendeu e até superou minhas expectativas, eu super recomendo de verdade. A gente às vezes não tem muita noção de como as mulheres sofriam e ainda sofrem, o tamanho da opressão vivida. Só leiam.
Minha nota é a máxima ??????????
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Simone.GAndrade 11/03/2017

A visão da modernista
Neste pequeno livro Virginia Woolf indaga qual é o papel das mulheres na sociedade, a luta que mulheres notáveis enfrentaram e ainda enfrentam para conseguir um lugar de destaque, a busca pela igualdade, direitos e reconhecimento tanto merecidos, reflexões sobre o que é ser uma mulher? Pequenos ensaios escritos de forma eloquente que cativa quem os lê, a defesa pela liberdade e inserção no mundo profissional e intelectual questionada pela autora em uma sociedade arcaica, o combate feroz contra o "Anjo do Lar" que vive nas sombras de muitas mulheres lhes arrancado o brilho e a força que há dentro de cada uma. Textos contemporâneos que notabilizam a força de uma das grandes romancistas que já viveu.
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Bárbara 27/04/2016

Um convite a reflexão
Em textos escritos ou publicados entre 1905 e 1941, Virginia Woolf disserta sobre sua experiência profissional como escritora bem como os desafios enfrentados no meio (em Profissões para Mulheres).
Discute pontos de vista como o de W. L. Courtney que considera o "desaparecimento do Romance, como obra de arte, devido ao crescimento de romances escritos por mulheres" (em a Nota Feminina na Literatura).
Escreve sobre em que condições, grandes nomes da literatura, como Jane Austen, escreviam seus textos; o porquê da adoção de pseudônimos masculinos, como George Eliot, por escritoras (em Mulheres Romancistas).
Virginia traz à tona questões sociais que rebatem temas machistas de Arnold Bennett como a inferioridade intelectual das mulheres (em A Posição Intelectual das mulheres).
Compara duas mulheres de uma mesma época, com personalidades tão contrárias: Lady Augusta Stanley, dama de companhia da Rainha Victoria e Emily Davies, feminista que lutava pelos direitos das mulheres ao acesso às universidades (em Duas Mulheres).
Em um texto de introdução a um livro da cooperativa de trabalhadoras, Virginia explica o que motivou a reunião de mulheres operárias para discussão de assuntos relacionados à sua rotina e que rumo e proporção essas reuniões tomaram (em Memórias de uma União de Trabalhadoras).
Em Ellen Terry, ela escreve sobre a personalidade dessa grande atriz da época, que representava personagens de Shakespeare e que oscilava em seus objetivos, ora como "Ellen Terry de algodão azul entre as galinhas" ora como "Ellen Terry de manto e coroa como Lady Macbeth no palco do Lyceum", que representavam nada menos que sua individualidade.
Este livro de apenas 106 páginas é um material riquíssimo em conteúdo, repleto de tópicos capazes de levar a reflexão e discussão.
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Tamires 09/11/2015

Profissões para Mulheres e Outros Artigos Feministas
Profissões para Mulheres e Outros Artigos Feministas foi o primeiro livro de Virginia Woolf que li; definitivamente amor à primeira página! São sete ensaios de leitura super-rápida que podem mudar a visão que muitas pessoas têm do feminismo. Em tempos de opiniões calorosas (mas com pouca ou nenhuma fundamentação teórica) em redes sociais, nada como ler algo escrito por alguém que foi e ainda é referência para o movimento.

Profissões para mulheres é o primeiro ensaio, seguido de A nota feminina na literatura; Mulheres romancistas; A posição intelectual das mulheres; Duas mulheres; Memórias de uma União das Trabalhadoras e Ellen Terry. Todos têm o seu valor, contudo, abaixo, elenco os meus dois favoritos e os quais retorno ocasionalmente quando preciso me lembrar do porquê ler bons artigos e livros com temática feminista ainda é tão importante e relevante na sociedade atual.

Profissões para mulheres, primeiro ensaio deste livro, foi lido pela Sra. Woolf para a Sociedade Nacional de Auxílio às Mulheres em 21 de janeiro de 1931. Supostamente seria uma realidade distante da nossa, pois trata-se de um texto de oitenta e quatro anos! Ledo engano. Este ensaio poderia ser lido em um auditório lotado de mulheres hoje mesmo e facilmente muitas delas se reconheceriam nele. A autora fala de um fantasma que muitas vezes precisamos enfrentar, o “Anjo do Lar”. Tal “Anjo” é uma alusão a um poema de Coventry Patmore que celebrava o amor conjugal e idealizava o papel doméstico das mulheres. Percebe que ele ainda está entre nós?

“Na verdade, penso eu, ainda vai levar muito tempo até que uma mulher possa se sentar e escrever um livro sem encontrar um fantasma que precise matar, uma rocha que precise enfrentar. E se é assim na literatura, a profissão mais livre de todas para as mulheres, quem dirá nas novas profissões que agora vocês estão exercendo pela primeira vez? (...) Mesmo quando o caminho está nominalmente aberto – nada impede que uma mulher seja médica, advogada, funcionária pública –, são muitos, imagino eu, os fantasmas e obstáculos pelo caminho. Penso que é muito bom e importante discuti-los e defini-los, pois só assim é possível dividir o trabalho, resolver as dificuldades. Mas, além disso, também é necessário discutir as metas e os fins pelos quais lutamos, pelos quais combatemos esses obstáculos tremendos. Não podemos achar que essas metas estão dadas; precisam ser questionadas e examinadas constantemente.” (trecho de Profissões para mulheres, págs. 17 e 18)

Em outro ensaio de destaque nesta coletânea, A posição intelectual das mulheres, Virginia Woolf contrapõe as opiniões negativas que o romancista Arnold Bennett publicou em uma coletânea de ensaios, sob o título Nossas mulheres: capítulos sobre a discordância entre os sexos. Bennet acreditava que as mulheres eram intelectualmente inferiores aos homens; proposição que levou a autora a pensar mais sobre o assunto, resultando no livro Um Teto Todo Seu. Em outubro de 1920, Desmond MacCarthy publicou uma resenha favorável do livro de Bennett, sob o pseudônimo de Falcão Afável. Virginia Woolf fez um comentário sobre a resenha e ele foi publicado; seguido de uma réplica e uma tréplica de Falcão Afável. É um “diálogo” maravilhoso, em que temos vontade de bater palmas para a Sra. Woolf no final.

“O fato, como penso que havemos de concordar, é que as mulheres, desde os primeiros tempos até o presente, têm dado à luz toda a população do universo. Essa atividade toma muito tempo e energia. Tal fato também levou a se sujeitarem aos homens e, diga-se de passagem – se fosse essa a questão –, desenvolveu nelas algumas das qualidades mais admiráveis e apreciáveis da espécie. Discordo de Falcão Afável não porque ele negue a atual igualdade intelectual entre homens e mulheres. E sim porque afirma, com Mr. Bennett, que o espírito da mulher não é sensivelmente afetado pela educação e pela liberdade; que é incapaz das mais altas realizações, e que deve permanecer para sempre na condição em que se encontra agora. Devo repetir que o fato de terem as mulheres se aprimorado (que Falcão Afável agora parece admitir) mostra que elas podem se aprimorar ainda mais; pois não consigo entender por que haveria de se impor um limite a seu aprimoramento no século XIX, e não, por exemplo, no século CXIX. Mas o que é necessário não é apenas a educação. É que as mulheres tenham liberdade de experiência, possam divergir dos homens sem receio e expressar claramente suas diferenças (pois não concordo com Falcão Afável que homens e mulheres sejam iguais); que todas as atividades mentais sejam incentivadas para que sempre exista um núcleo de mulheres que pensem, inventem, imaginem e criem com a mesma liberdade dos homens e, como eles, não precisem recear o ridículo e a condescendência. Essas condições, a meu ver muito importantes, são dificultadas por declarações como as de Falcão Afável e Mr. Bennett, pois para um homem ainda é muito mais fácil do que para uma mulher dar a conhecer suas opiniões e vê-las respeitadas. Não tenho dúvidas de que, caso tais opiniões prevaleçam no futuro, continuaremos num estado de barbárie semicivilizada. Pelo menos é assim que defino a perpetuação do domínio de um lado e, de outro, da servilidade. Pois a degradação de ser escravo só se equipara à degradação de ser senhor.” (trecho de A posição intelectual das mulheres, págs. 50 e 51)

Profissões para Mulheres e Outros Artigos Feministas é aquele livro que nos abre os olhos; uma leitura para ser feita ocasionalmente, como toda a obra de Virgínia Woolf. Com esse livro me descobri uma amante da leitura de ensaios, tendo os da Sra. Woolf um espaço especial na minha cabeceira.


site: http://escritorasinglesas.com/profissoes-para-mulheres-e-outros-artigos-feministas-virginia-woolf/
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Maria - Blog Pétalas de Liberdade 07/08/2015

Profissões Para Mulheres e Outros Artigos Feministas
Decidi ler o livro após ver uma resenha sobre ele no blog Poesia na alma (Obrigada, Lilian!). Foi meu primeiro contato com a escrita da Virginia Woolf; queria ler alguma coisa dela, já que é uma escritora bastante famosa, surgiu a oportunidade de pegar o livro emprestado e eu aproveitei.

Foi o primeiro livro de ensaios que li; segundo a Wikipédia: "Ensaio é um texto literário breve, situado entre o poético e o didático, expondo ideias, críticas e reflexões éticas e filosóficas a respeito de certo tema. (...) Consiste também na defesa de um ponto de vista pessoal e subjetivo sobre um tema (humanístico, filosófico, político, social, cultural, moral, comportamental, literário, religioso, etc.), sem que se paute em formalidades como documentos ou provas empíricas ou dedutivas de caráter científico".

Virginia Woolf nasceu em Londres, em 1882, e faleceu em 1941; o livro reúne sete de seus ensaios, e vou falar superficialmente sobre cada um. No primeiro, intitulado "Profissões Para Mulheres", ela aborda o conceito de Anjo do Lar, segundo o qual as mulheres deveriam ser puras e desapegar de tudo em nome da família, e como essa idealização de perfil de mulher interferia no desenvolvimento de seu potencial como pessoa e profissional.

"- em suma, seu feitio era nunca ter opinião ou vontade própria, e preferia sempre concordar com as opiniões e vontades dos outros. E acima de tudo – nem preciso dizer – ela era pura. Sua pureza era tida como sua maior beleza – enrubescer era seu grande encanto. Naqueles dias – os últimos da rainha Vitória – toda casa tinha seu Anjo. E, quando fui escrever, topei com ela já nas primeiras palavras. Suas asas fizeram sombra na página; ouvi o farfalhar de suas saias no quarto. Quer dizer, na hora em que peguei a caneta para resenhar aquele romance de um homem famoso, ela logo apareceu atrás de mim e sussurrou: 'Querida, você é uma moça. Está escrevendo sobre um livro que foi escrito por um homem. Seja afável; seja meiga; lisonjeie; engane; use todas as artes e manhas de nosso sexo. Nunca deixe ninguém perceber que você tem opinião própria. E principalmente seja pura'." (página 12)

O segundo e o terceiro, respectivamente "A nota feminina na literatura" e "Mulheres romancistas", são resenhas escritas por Virginia Woolf para jornais. Antes de escrever livros, a autora era crítica literária. Obviamente, na época não existiam blogs (nem internet), e foi interessante pensar que eu e outros tantos blogueiros literários fazemos hoje, algo um pouco parecido com o que ela fazia há tanto tempo.

O quarto, intitulado "A posição intelectual das mulheres", foi o meu preferido. Traz a resposta de Virginia Woolf para uma resenha sobre um livro que dizia que as mulheres eram intelectualmente inferiores aos homens. Na artigo, de forma irônica e inteligente, Virginia fala sobre como, ao longo dos séculos, as mulheres eram mantidas sem condições de ter acesso ao conhecimento intelectual, e quando tinham acesso, não eram incentivas e estimuladas a seguir adiante na construção do seu conhecimento.

O quinto, intitulado "Duas mulheres", traz a resenha de dois livros escritos por duas mulheres muito diferentes, e nos faz refletir um pouco sobre as características de cada uma.

"Memórias de uma União das Trabalhadoras" traz o prefácio escrito pela autora para um livro de uma Cooperativa de Trabalhadoras, e mostra como a união e a organização de mulheres, que se reuniam para, entre outras coisas, ler, foi benéfica para elas.

O último ensaio fala sobre a atriz Ellen Terry, uma mulher que, assim como tantas outras mulheres, se divide entre suas tantas facetas, entre sua família e seu amor e talento para o palco, entre o glamour, a excelência e a simplicidade.

É um livro curto, que pode ser lido em poucas horas. É uma edição de bolso, com capa simples e sem orelhas, páginas brancas, diagramação também simples, letras e espaçamento de bom tamanho, margens estreitas.

"Mesmo quando o caminho está nominalmente aberto - quando nada impede que uma mulher seja médica, advogada, funcionária pública -, são muitos, imagino eu, os fantasmas e obstáculos pelo caminho. Penso que é muito bom e importante discuti-los e defini-los, pois só assim é possível dividir o trabalho, resolver as dificuldades." (página 18)

Foi uma leitura rápida mas muito significativa, que me fez ficar com vontade de ler mais obras da escritora. A autora é considerada uma das "precursoras do feminismo contemporâneo". Provavelmente, ao ver a palavra "feminismo" no post, alguém já deve ter "torcido o nariz". É muito triste perceber que tantas pessoas tem atualmente uma visão distorcida do feminismo, como se ele fosse algo ruim.

Ao ler o livro, com artigos escrito há tanto tempo e, ainda assim, tão atuais, talvez algumas pessoas possam entender um pouco melhor o quanto o machismo, tão presente em nossa sociedade, afeta a vida das mulheres. Caso alguém pense que o combate ao machismo e a luta realizada pelo feminismo é desnecessária, sugiro um exercício simples: se você é mulher e tem um irmão ou se você é homem e tem uma irmã, pense em como a criação de vocês dois foi diferente, em tudo o que o menino podia fazer e a menina não. Tendo 3 irmãos e uma irmã, falo por experiência própria. Observando quanta liberdade a mais meu irmão caçula tinha, foi que comecei a prestar atenção na questão da desigualdade de gêneros. Algumas coisas melhoram desde a época de Virginia Woolf, mas muito ainda precisa ser feito para que todos, independente de serem mulheres ou homens, sejam respeitados como seres humanos.

"Isso creio que é uma experiência muito comum entre as mulheres que escrevem - ficam bloqueadas pelo extremo convencionalismo do outro sexo. Pois, embora sensatamente os homens se permitam grande liberdade em tais assuntos, duvido que percebam ou consigam controlar o extremo rigor com que condenam a mesma liberdade nas mulheres. (...) Na verdade, penso eu, ainda vai levar muito tempo até que uma mulher possa sentar e escrever um livro sem encontrar com um fantasma que precise matar, uma rocha que precise enfrentar. E se é assim na literatura, a profissão mais livre de todas para as mulheres, quem dirá nas novas profissões que agora vocês estão exercendo pela primeira vez?" (página 17)

Profissões Para Mulheres e Outros Artigos Feministas é um daqueles livros com poucas páginas, mas dos quais podemos falar por horas e horas. Valeu a pena ler!

site: http://petalasdeliberdade.blogspot.com.br/2015/08/resenha-livro-profissoes-para-mulheres.html
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