De volta à vida

De volta à vida Nadine Gordimer




Resenhas - De volta à vida


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Alan kleber 18/01/2024

De Volta à Vida", esse livro magistral de Nadine Gordimer, mergulha profundamente nas complexidades da existência humana, entrelaçando as lutas ambientais com as batalhas pessoais de seus personagens. A trama se desenrola em torno de Paul Bannerman, um ecologista apaixonado de 35 anos, cujo compromisso com a preservação ambiental é desafiado pela cruel ironia do destino: é diagnosticado com câncer na tireoide, e o tratamento da doença torna-o radioativo após a radioterapia.

A África do Sul serve como um cenário envolvente, onde Paul luta contra a construção de uma central nuclear em uma área ecologicamente sensível. Enquanto enfrenta sua própria batalha contra a doença, ele é forçado a uma quarentena que o transforma em um pária, um intocável em sua própria casa. O contraste entre a luta ambiental externa e a interna cria uma narrativa poignante.

A casa dos pais de Paul torna-se seu refúgio, um retorno à infância e ao jardim que simboliza seu microcosmo de natureza. Este jardim, antes seu local de contemplação pacífica, agora reflete a fragilidade da vida e a interconexão entre os seres vivos.

A esposa, Benni, uma executiva publicitária, e o filho Nicholas, são retratados com uma sensibilidade ímpar. A distância forçada pela radioatividade cria uma tensão palpável na família, destacando as fissuras subjacentes nos relacionamentos.

Ao retornar para sua casa, as mudanças aceleram, levando os personagens a confrontar verdades desconfortáveis sobre o casamento, solidão e a fragilidade da existência. Nadine Gordimer, com sua prosa refinada, tece uma meditação profunda sobre questões humanas universais, iluminando a dualidade entre o ativismo ambiental e as batalhas internas. "De Volta à Vida" não apenas encanta pela beleza literária, mas também incita a reflexão sobre a complexidade da condição humana.
AndrAa58 19/01/2024minha estante
Bela resenha ??? despertou meu interesse ?




Renata.Borges 18/04/2022

Vale muito a pena perceber/sentir a maturidade da escrita
Cada autor tem seu próprio estilo, e o de Gordimer, para mim, foi a fluidez entre os capítulos. Ela foi Nobel de Literatura em 1991.
Sempre que cito fluidez penso no caminho da água descendo a encosta e seguindo até seu encontro com o mar. A fluidez dessa autora é leve, é o de uma descida leve e gostosa.

O tema é, como o de muitos outros autores Nobel, triste, mas que permite e mostra muita reflexão.
Na trama, um ecologista que milita contra uma central nuclear em seu País, a África do Sul, recebe o diagnóstico de câncer de tireóide e a radioterapia o mantém distante de sua família. Esse isolamento o leva a refletir sobre suas relações e valores. Na sequência, os pais se encontram no dilema da separação, aí me vi, porque é o marido quem arranja uma amante (que a esposa conhece) quando está viajando e a comunica por carta. Surge também os temas adoção, mutilação, AIDS, entre outros.

Vale muito a pena perceber/sentir a maturidade da escrita, das reações e de toda a obra.
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sueli 30/11/2012

DE VOLTA A VIDA DE NADINE GORDIMER
Paul Bannerman, um ecologista de 35 anos que luta contra a construção de uma central nuclear numa área ecologicamente sensível de seu país, a África do Sul. Em meio a intensa atividade profissional recebe um diagnóstico de câncer na tireoide. Após cirurgia ele é submetido a uma radioterapia que o torna radioativo. Com isso ele precisa ficar em quarentena longe da família. Longe de sua esposa Berenice (Benni), uma executiva do ramo da publicidade, e o filho ainda novo Nicholas.

Durante esse período de quarentena, Paul mora na casa dos pais, a casa de sua infância. Lá passa o dia praticamente no jardim, meditando, refletindo sobre sua vida, sobre o relacionamento familiar, o valor da amizade, sobre o seu futuro, seu casamento, sua solidão, seu trabalho, a situação de seu país.

Ao final da quarentena Paul tem que volta para sua casa e o que fazer com todas as reflexões, meditações? Como lidarão com as mudanças?

Uma bela história de recomeço, superação, resgate, esperança. Também de com quem podemos realmente contar quando precisamos.


Sobre a autora
Nadine Gordimer (Johannesburg, 20 de novembro de 1923) é autora de mais de 30 livros — em sua maioria, crônicas sobre a deterioração social que afetou a África do Sul durante o regime do apartheid. Desde o romance de estréia, The Lying Days (1953), até The Conservationist (1974), vencedora do Booker Prize, dedicou-se a dramatizar as difíceis escolhas morais surgidas numa sociedade marcada pela segregação racial.
Recebeu o Nobel de Literatura de 1991 e, mais recentemente, a Legião da Honra, na França. Continua a explorar os problemas que assolam o país em livros como O engate (2004) e Beethoven Was One-Sixteenth Black, uma coletânea de contos ainda no prelo.
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jota 28/07/2012

Vida que te quero verde
Stephanie Cross, do Daily Mail diz que com este livro Nadine Gordimer “produziu uma meditação séria e belamente escrita sobre o casamento e a solidão.” Sim, mas De Volta à Vida é muito mais do que isso, claro.

É um livro bastante irônico - e sendo sobre um casamento já com certa duração não podia ser muito diferente mesmo - e ainda que também trate de um grave problema de saúde de um personagem, tem a virtude de não transformar a vida de todos num melodrama.

Adrian (65 anos) e Lindsay Bannerman (59), o casal principal, tem três filhas (uma delas, curiosamente, vivendo no Brasil) e um filho, Paul. Paul Bannerman é um ativista ambiental sul-africano e quando a história começa ele está se recuperando de uma cirurgia; retirou um tumor maligno da tireoide. E, desgraça das desgraças (ou uma tremenda ironia), tornou-se radioativo por conta da radioterapia à base de iodo: ele é um poluidor agora, e bastante perigoso.

Casado com a publicitária Berenice, ou Benni, e com um filho pequeno, Nicholas, ou Nickie, Paul tem de ser apartado de sua família e, saído do hospital, passa a quarentena na casa dos pais, Adrian e Lindsay – quase tudo que ele usa ou toca tem de ser separado ou esterilizado, pode contaminar os outros.

É Primrose, a empregada negra que sofreu na pele as agruras do apartheid racial imposto na África do Sul (mas que sempre foi bem tratada por essa família branca), quem cuida dele a maior parte do tempo. Ela quis permanecer na casa, mesmo sabendo dos riscos que corria, mesmo que os patrões lhe tivessem oferecido férias remuneradas.

Paul não vai morrer, progride no seu tratamento em direção à cura, e que interesse essa história poderia ter agora então? Ah, mas entra em cena o passado de Adrian e de Lindsay - e seu trabalho, que a levava a diversos lugares e a ficar longe do marido até por semanas às vezes.

Quer dizer, além da história sofrida de Paul, outras histórias e personagens vão surgindo: Hilde, uma guia norueguesa no México; Klara, a pequena órfã negra abandonada por ter HIV positivo; o arguto Thapelo, colega de trabalho de Paul, etc.

E Nadine Gordimer, antenada também com o que se passa no mundo material, não deixa de mencionar, desde as primeiras páginas até o final, uma complexa questão ecológica do país – a preservação do delta do rio Okvango, projeto em que Paul estava metido antes da descoberta de sua doença. E pelo qual vai continuar lutando ainda durante a quarentena e depois dela.

Nadine Gordimer, premiada com o Nobel de Literatura de 1991, nos oferece com esta história permeada de ecologia “uma bela metáfora para o poder de regeneração do amor e da vida”, como destaca a editora do livro no Brasil. São muitas páginas carregadas de alta voltagem emocional e um final redentor. Quer mais?

Lido entre 27 e 28.07.2012.
Nanci 20/01/2015minha estante
Gostei da resenha, Jair, e da proposta do livro.


jota 21/01/2015minha estante
Pois é, Nanci. Admirei Nadine por conta desse livro e algum tempo depois li O Engate o que fez minha admiração por ela aumentar. J. M. Coetzee recomenda alguns livros mais antigos dela: O Amante da Natureza (1974) e A Filha de Burger (1979), que ele diz que são da fase mais importante da carreira de Nadine.




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