Helder 13/10/2018Ótima premissa desperdiçadaEste livro me deixou triste.
É triste quando vemos uma bela premissa ser desperdiçada. Este livro me enganou por diversas maneiras.
A começar pela capa. Linda, que sugere um romance daqueles bem piegas. Tive que vencer o preconceito para começar a ler, mas logo fui pego pela estória.
Sandra é jovem, está gravida, mas não se imagina vivendo com o pai da criança, ai, diferente das mulheres gravidas normais, ao invés de ficar junto de sua família, decide passar um tempo na casa de praia de sua irmã. Um dia, sozinha na praia, ela conhece um simpático casal de velhinhos estrangeiros. Este casal não tem filhos nem netos, e passam a trata-la como se ela fosse alguém da família, o que a faz sentir-se acolhida naquele novo lar. Talvez fosse bom continuar por ali e ter aqueles simpáticos vovôs ao seu redor lhe ajudando a cuidar e educar seu filho.
Porém quem vê aqueles dois, não imagina o passado que eles escondem.
E é assim que Sandra conhece um novo velhinho, chamado Julian, que lhe conta que na verdade ela corre perigo, pois aquele simpático e aparentemente frágil casal, na verdade é um casal de nazistas, que conseguiram se esconder até hoje sem pagar por seus crimes de guerra.
Julian é um judeu que quase morreu no campo de concentração e carregou estas marcas em sua vida. Ele até tentou levar uma vida normal, mas tanto ele quanto Salva, um amigo que conheceu no campo, passaram a vida com o objetivo de encontrar nazistas para que eles pagassem por seus crimes. Salva, pouco antes de morrer descobriu estes nazistas vivendo tranquilamente em uma zona litorânea da Espanha, e como já estava com a saúde debilitada, enviou os dados sobre o que encontrou para Julian, afim de que este concluísse o seu legado.
A autora tinha tudo para escrever um thriller de vingança com tons de drama, e até cria um texto em grande parte permeado por um clima de suspense, que nos deixa sempre esperando algo ruim acontecer. Aos poucos Julian vai percebendo que ali naquele local na verdade existe uma colônia de ex-nazistas, e passa a contar com a ajuda de Sandra para conseguir mais informações, o que sempre o deixa preocupado, pois ele tem medo que ela passe a correr risco de vida para satisfazer algo que nesta altura da vida, já deixou de ser justiça e passou a ser uma obsessão.
Mas no fim passei 400 paginas esperando por um clímax que nunca veio. Existem bons momentos, quando parece que a crueldade dos nazistas vai aflorar, ou quando parece que Julian vai começar a ser vingar, mas nada disso chega a acontecer. Os poucos embates entre Julian e os nazistas trazem algumas emoções, que nos levam a pensar como que os nazistas conseguiram seguir vivendo vidas normais, mesmo depois te terem realizado tantas atrocidades, e aqui no livro vemos que para a maioria não existe arrependimento, pois eles não se sentiam realizando maldades, mas sim, experiências cientificas necessárias para melhorar a humanidade, por mais insano que isso possa parecer. Mas o tempo inteiro fiquei com a pergunta : Quem irá ajudar Julian? Se eu descobrisse uma colônia de nazistas, o que eu faria com tal informação?
No fim, a resposta que recebi foi: Nada. Desculpe o spoiler, mas é a triste realidade. Após 400 paginas, Julian não faz nada com toda a informação levantada e contenta-se em azucrinar um velhinho nazista em um asilo onde decide terminar seus dias. Um total anticlímax.
A impressão que me deu foi que a autora começou a escrever o livro e pediu para alguém termina-lo para ela, mas este alguém não se dignou a ler a primeira parte do livro, portanto ficou sem saber o que fazer. Um editor também teria ajudado muito.
Como disse: uma bela premissa completamente desperdiçada. Três estrelas pelo trajeto. Pena que não chegou a lugar nenhum. Julian merecia sua vingança.