Ale Serrano 12/07/2012Dançando, mas sem mexer muitoAntes de tudo, deve ficar registrado que As Crônicas de Gelo e Fogo já se tornaram obrigatórias para leitores de fantasia. George R.R. Martin estabeleceu um padrão altíssimo logo no primeiro livro da série com sua trama rica e complexa. Ele envolve o leitor de uma maneira única, nos deixa interessados cada vez mais no futuro de Westeros e nos faz sentir um carinho e preocupação quase verdadeiros por alguns personagens, além de raiva e desprezo por (muitos) outros.
Dessa forma, fica complicado assumir os pontos negativos do quinto volume, A Dança dos Dragões. Mas infelizmente, eles existem.
Esse novo episódio da crônica se passa simultaneamente com o quarto até pouco mais da metade, quando ultrapassa o volume anterior e da seguimento à história. Por essa razão, alguns personagens só voltam a dar as caras lá pelo último terço do livro.
Contudo, comecemos pelo trunfo de A Dança dos Dragões (e desvantagem do Festim de Corvos): o novo livro, por se passar simultaneamente com o quarto, traz de volta grandes personagens da séries que foram deixados de lado na obra anterior, como Daenerys, Tyrion e Jon Snow. Por volta da metade, ele ultrapassa o volume anterior e da seguimento à história, colocando novamente (quase) todos os personagens no mesmo volume. E sejamos sinceros, quem não estava se remoendo para saber o que estava acontecendo com Jon, Bran, Daenerys e todos os outros?
Logo no início temos a satisfação de ganharmos as respostas que queríamos, assim como temos também a introdução de novos personagens cuja presença promete dificultar ainda mais a disputa pelo Trono de Ferro, mostrando que Martin continua com o poder de nos surpreender e complicar ainda mais a trama. Isso consegue nos conduzir por uma boa parte da extensa obra, porém, não é o suficiente para sustentar o livro todo.
Por causa da enorme complexidade, não temos um desenvolvimento muito grande da história no geral, mesmo depois de mais de 800 páginas. E durante todo esse percurso, até mesmo capítulos de um dos melhores personagens da série, Tyrion, acabam ficando um pouco maçantes. Ao mesmo tempo, outros ganham força e importância no enredo, mas pouco espaço, como é o caso de Melisandre, a feiticeira vermelha que chegou até a ganhar (só) um capítulo sob seu ponto de vista.
Isso tudo, felizmente, não torna esse quinto volume um livro ruim. Como já foi dito, Martin criou um nível de exigência muito alto com os três primeiros livros da série que os últimos dois não conseguiram acompanhar. A Dança dos Dragões supera sim o seu predecessor, só não vai muito mais longe. Continua sendo, entretante, leitura obrigatória para os fãs da série e não desvaloriza em nada o valor dela até agora. Só fiquem alertados: os que esperam a resolução de algumas das diversas pontas soltas da série, podem esquecer. Quem sabe no sexto?