A Vida É Sonho

A Vida É Sonho Calderón de la Barca




Resenhas - A vida é sonho


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Natália 09/04/2020

Belíssima peça de Calderón, embora não seja especialista no gênero, foi possível observar a presença dos elementos clássicos de uma legítima tragicomédia - o elemento catártico, o destino, a fortuna, a finalidade de instruir moralmente quem lê ou assiste às cenas, tal como uma fábula com personagens humanos - o alívio cômico só se denuncia ao final com uma fuga do que o destino, até então, colocava como inevitável na trama. Não faço, aqui, um resumo, pois acredito que é pela ação encerrada nas falas e atos que a trama deve ser revelada. A recorrência da metáfora da vida tomada como sonho, além de conferir beleza ao texto, pode ser lida como reflexão e colocada em relação a temas tais como a efemeridade da vida, a impermanência, também o engano de percepção, de julgamento, etc. Considero importante destacar o ensaio introdutório, presente na edição da Hedra, cuja leitura deixei apenas para o final e depois de lida a peça, mas é crucial para a compreensão do momento e finalidade que o texto se insere, tendo sido ricamente escrito além de fornecer valiosos elementos para compreensão do significado de sonho para o autor e a época em que a peça foi escrita, o que elucida o papel da metáfora central do texto.
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Antônio Junior 27/09/2020

Este texto contém spoilers da trama.
Segismundo, assim como Édipo, é um sujeito com um fado a ser cumprido; o qual envolve não somente a si próprio e seus familiares, mas também todo um reino. O drama, no entanto, não se concretiza enquanto tragédia, pois o destino do personagem não se cumpre na totalidade devido a necessidade teológica do fator moralizante inerente ao teatro Barroco, e a trajetória individual de Segismundo é, então, radicalmente alterada. Há, inclusive, uma atualização cristã do tema mitológico do conflito geracional entre Pai e Filho que, ao invés de terminar com a aniquilação de um ou de outro (cf. Teogonia, de Hesíodo), termina de forma catártica com reconciliação entre ambos.
Na peça há o constante jogo de contrastes típico do Barroco: Homem x Animal, Divino x Humano, etc., a dualidade de potencias contrárias é um elemento muito presente no texto de Calderón de la Barca. Uma das características do período é o homem levantar questionamentos a Deus, como podemos ver logo no início da primeira jornada, quando Segismundo aparece acorrentado dizendo seu monologo/lamentação: “Ai, misero de mim! Ai, infeliz! / Descobrir, oh Deus, pretendo, / já que me tratas assim /que delito cometi / fatal, contra ti, nascendo.” (LA BARCA, 2009: 37) Assim, o Humano se opõe ao Divino ao questioná-lo sobre os motivos ocultos do seu sofrimento.
A Vida é Sonho não atende ao princípio aristotélico de unidade de ação pois, mesmo o foco sendo em Segismundo e sua trajetória de ascensão ao poder, também há a ação secundária de Rosaura, que age em prol de si própria, para a restauração de sua honra. Assim sendo, o dramaturgo aborda duas ações distintas que convergem em um fim comum e ambas se estendem do encontro entre Rosaura e Segismundo na torre, ao anoitecer, na primeira jornada, e se concluem com o final da batalha e a rendição de Basílio, nas cenas finais.
La Barca utiliza o recurso dramático do deus ex-machina na terceira jornada para resolver o conflito da peça, com isso o direcionamento que o drama toma é contrário, como dito acima, ao que se desenha durante toda a primeira, segunda e parte da terceira jornada, pois aqui o deus ex machina é a mudança radical de caráter que Segismundo sofre, contrariando o vaticínio dos astros revelados ao Rei Basílio.
Sigismundo questiona a todo tempo se o que ele está vivendo é sonho ou realidade, neste sentido a metateatralidade da peça se dá por este questionamento que perpassa a obra que, enquanto ficção, põe em dúvida as instâncias do real em que o próprio drama se insere. Há, na segunda jornada, uma fala muito interessante de Segismundo em que o personagem, sonhando, diz “Surja na espaçosa praça do grande teatro do mundo este valor primordial: para realizar a vingança vejam o príncipe Segismundo que derrota o próprio pai.” (LA BARCA, 2009: 72), ou seja, em seu próprio sonho o personagem faz alusão ao fazer dramático, ao palco do mundo, comparando a realidade ao drama e vice-versa. Outro elemento metateatral importante é o personagem Clarim, que possui consciência de sua condição enquanto sujeito ficcional, ele sabe que é um personagem e só existe naquele universo dramático, e em certo ponto nos diz em um aparte: “Por Deus, parece que é sério. Será costume neste país prenderem uma pessoa num dia, consagrá-la como príncipe no outro e despachá-la no terceiro outra vez para a prisão? Sim, é, porque estou vendo. Preciso desempenhar meu papel. (LA BARCA, 2009: 78. Grifo nosso), confirmando para a audiência sua consciência dramática.
Há a evocação de dois tipos de espaço em A vida é sonho, os miméticos, que se referem à locais concretos, tais como a torre-prisão, o palácio, etc. e os espaços diegéticos que se referem às ações ocorridas, mas não encenadas diante do público, como por exemplo a batalha entre Segismundo e seu pai que é apenas cantada por um soldado (LA BARCA, 2009: 89-90)
A influência da obra de Calderón, desta peça em especifico, perpassou séculos e deixou marcas profundas em importantes obras do Cinema e Literatura da nossa época, aqui posso citar dois filmes em especifico, os quais trazem grande semelhança com A vida é Sonho, são eles: O Enigma de Kaspar Hauser, filme de 1974 o cineasta Werner Herzog, sobre a aquisição da linguagem e a absorção do real; e o celebrado Matrix, de 1999, das Irmãs Wachowski, que, assim como a peça calderoniana, traz como seu motivo principal este mundo fraturado entre Real e Ilusório. Leituras que talvez lançassem mais luz sobre as questões levantadas na peça seriam os livros Simulações e Simulacros, do filosofo e sociólogo francês Jean Baudrillard, e O Príncipe de Nicolau Maquiavel.
Em última análise, talvez o conflito mais importante presente na peça de la Barca seja o embate Medievo x Modernidade que se expressa na batalha em que os defensores da legitimidade política de Segismundo derrotam o obscurantismo supersticioso de Basílio, este conflito não é outra coisa senão a expressão da dualidade Barroca por excelência; ou seja, o Cristianismo católico do ocidente que derrota a astrologia e suas crenças; na divisa entre Ocidente e Oriente, aqui representada pela Polônia, marcando a resistência da fé católica romana na contrarreforma.
Ich heiÃe Valéria 27/09/2020minha estante
não vou ler o texto pra nao pegar spoiler, mas tá na fila pra ser lido ainda esse ano. :)




Joara 19/02/2012

Sonhos, sonhos são.
Conheci esse título por meio do filme Tempos de Paz, com Tony Ramos e Dan Stulbach. E bem antes conhecia a música do Chico Buarque chamada de Sonhos, sonhos são mas não sabia que tinha relação com Calderón. Gostei muito do livro. Claro que li com tranquilidade pra não se fazer uma relação muito deireta com os tempos atuais, mas acredito sim que vá me influencia na maneira de viver minha vida, com mais calma, tranquilidade. Afinal, não são poucas as vezes em que parece que tudo não passa de um simples sonho.


"Que é a vida? Um frenesi.
Que é a vida? Uma ilusão,
uma sombra, uma ficção;
o maior bem é tristonho,
porque toda vida é sonho,
e os sonhos, sonhos são."
Edison.Eduarddo 20/01/2013minha estante
Pessoal...

Estou precisando UR-GEN-TE do monólogo COMPLETO de Segismundo que fecha o 2º ato!!!

Alguém poderia por gentileza me enviar no e-mail?
eec.winner@gmail.com
MUITO AGRADECIDO desde ja´!!!!





LorenzoRLima 05/02/2023

ACABA TÃO RÁPIDO COMO COMEÇOU
Eu não tenho capacidade de escrever uma resenha muito extensa sobre um livro que, de conteúdo original, tenha menos de 75 páginas. Por isso, vou ser rápido no que eu tirei desse livro.

Ele é um livro muito bonito, sem dúvidas nenhuma, porém, acaba rápido.

As coisas que acontecem são muito divertidas, porém, acaba rápido.

Os personagens são muito vivos, porém, acaba rápido.

As reflexões desse livro são belíssimas, porém, acaba rápido.

Eu poderia puxar a discussão "Teatro é literatura?", mas a resanha acabou rápido.
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franchesca.copp 10/04/2021

Boa leitura. A nível artístico e teatral, cede belíssimos monólogos a serem interpretados, e a nível literal, potentes colocações a serem levadas à vida e pensamento.
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Teco3 31/10/2021

Vida é sonho
Para se situar bem é essencial entender que a visão cristã permeia o argumento principal da peça: a vida aqui como sonho é uma metáfora em que a vida terrena é uma continuidade de imagens curtas e aparentes se comparadas a eterna vida ou eterno sofrimento pós morte que espera aos humanos.
A história se passa na corte da Polônia, onde a rainha sonha que seu filho será um monstro. Logo após, morre no parto. O rei, pai da criança, temendo o presságio, decide criar a criança trancada numa torre sem contato com o mundo. Chegando a velhice, o rei decide testar o filho que nada sabe sobre sua história. Ele é drogado e acorda na corte sendo tratado como príncipe herdeiro para logo depois ser novamente drogado e acordar em sua prisão na torre. O príncipe então acha que tudo se tratou de uma sonho e perde a capacidade de distinguir quando está sonhando e quando está vivendo.
A peça é leve, mas não é vazia; é ágil, mas não se utiliza de argumentos baratos; Parece um grande clássico de Shakespeare. Eu recomendo a leitura.
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Carol 03/11/2009

Adoro cada personagem desse livro de múltiplas metáforas. 'Toda la vida es sueño, y los sueños, sueños son.' Calderón é mestre.
Edison.Eduarddo 20/01/2013minha estante
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Maria7229 28/09/2023

Mais um que nunca leria se não fosse pela faculdade
A peça "A Vida é Sonho" de Pedro Calderón de la Barca é, sem dúvida, uma das obras-primas mais notáveis do dramaturgo espanhol do século XVII. Ela é amplamente reconhecida como uma das mais importantes do teatro barroco espanhol, continuando a fascinar leitores e espectadores até os dias de hoje. Com uma poesia exuberante, simbolismo rico e diálogos complexos, Calderón de la Barca explora temas profundos e universais, como o livre-arbítrio, a busca pela verdade e a efemeridade da vida humana.

A trama centraliza-se em torno de Segismundo, um príncipe que passou toda a sua vida em cativeiro devido a uma profecia que prevê que ele se tornará um tirano. Quando finalmente é libertado de seu confinamento, Segismundo é confrontado com a possibilidade perturbadora de que sua vida até então poderia ter sido apenas um sonho fugaz. A dualidade entre livre-arbítrio e destino é o cerne do dilema de Segismundo, fazendo-o questionar se suas ações são predestinadas ou se ele tem o poder de moldar seu próprio destino.

Os solilóquios de Segismundo mergulham profundamente na sua alma, revelando sua angústia palpável. Após anos de confinamento, ele se depara com a incerteza de que sua vida poderia ter sido um mero devaneio. Em seus momentos de solidão, suas palavras ressoam como um eco das questões universais sobre a natureza da existência, a dualidade entre destino e livre-arbítrio, e a busca pela verdadeira essência do eu.

Resumindo, "A Vida é Sonho" de Calderón de la Barca é uma obra essencial do teatro espanhol que aborda questões filosóficas e existenciais profundas. A trama envolvente e os personagens memoráveis tornam essa peça relevante ao longo do tempo. Os solilóquios de Segismundo, repletos de reflexão, sondam a realidade, o livre-arbítrio e a busca pela verdade. Esta obra não apenas enriquece a literatura espanhola, mas também tem um impacto duradouro no teatro mundial.
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joedson 15/12/2010

A VIDA É SONHO

acordo sonho rei
sonho acordo réu
se serei sou fui não sei
Edison.Eduarddo 20/01/2013minha estante
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tinhooo 27/08/2022

a peça é bem curta, dá pra ler de uma vez. nunca tinha ouvido falar sobre esse escritor, mas achei divertido.
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k.j. 09/08/2021

... não irei resenhar, porém gostaria de ressaltar a raiva que eu tive de Basílio - o cara é total o pai que vai comprar cigarros, some, e depois quer o filho esteja de braços abertos pra ele - ódio mortal desse homem
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thay 05/09/2021

O livro traz em uma parábola tragicômica questões relevantes como condicionamento e livre arbítrio, que de forma leve, mas intrínseca, permeiam a narrativa. Faz refletir, entre outras coisas, sobre liberdade e construção de crenças. Amei a oportunidade de ler esse clássico da literatura. Recomendo.
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Paixão 05/02/2015

Lindo, lírico!!
Estou encantada como a poesia contida nessa obra!
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