Rostos na multidão

Rostos na multidão Valeria Luiselli




Resenhas - Rostos na multidão


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Gabriel 07/03/2023

É impressionante a construção deste romance. Valéria tem o domínio minucioso das possibilidades criativas da ficção. Uma metaficção que extrapola o que tem de inventividade no meio literário. Dois fantasmas que se percebem e se entrelaçam em posições distintas no tempo e espaço. Confuso? Certamente. Mas quem disse que a literatura é sobre respostas? Se o apagamento (em múltiplos sentidos) percorre todo o sentido do livro, paradoxalmente Valeria se destaca. A periferia dando nó no "primeiro mundo".
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Pandora 12/06/2021

“Acho que quando era jovem carregava uma sensação constante de insuficiência social (...). Mas ao mesmo tempo albergava a secreta esperança, ou melhor, a secreta certeza, de que um dia acabaria de me transformar em mim mesmo; na imagem que durante anos tinha elaborado de mim mesmo. (...) Não sei explicar em que momento começou a se inverter o processo que eu imaginava linear e ascendente, e que finalmente resulta ser uma espécie de bumerangue desumano que retorna e lhe derruba os dentes, o entusiasmo e os culhões.” - pág. 85 (Owen)

Esta é, para mim, é uma das reflexões mais importantes deste livro. Sobre como, mesmo com o livre-arbítrio e o esforço de seguir numa determinada direção, aquilo que não controlamos intervém e modifica os resultados que esperamos. E por não viver o que queríamos, às vezes vivemos como fantasmas de nós mesmos. Foi um trecho me tocou demais. E embora eu tenha algumas ressalvas quanto a esta leitura, ela me surpreendeu positivamente.

O nome original de Rostos na multidão é Ingrávidos, que significa leve, tênue, sem gravidade. Como a alma. Ou um fantasma.

Aqui há três vozes narrativas: a de uma mulher na juventude, trabalhando como parecerista e tradutora numa pequena editora em Nova York e obcecada pelo poeta Gilberto Owen; esta mesma mulher nos dias de hoje, casada, com dois filhos, vivendo no México e escrevendo sobre aquela época nos EUA e a do escritor Gilberto Owen, vivendo no Harlem dos anos 20. É uma arquitetura de fragmentos muito bem construídos, que começam distintos e vão se mesclando até um final interessantíssimo.

E há os fantasmas. Aquele com quem o menino médio (o filho mais velho) conversa pela casa; o Owen que a jovem mulher vê no metrô e mesmo a jovem mulher vista por Owen. Há por aí os fantasmas das várias vezes que morremos em vida e os fantasmas dos que vivem como se não existissem, insatisfeitos com a própria vida.

“As pessoas morrem, deixam irresponsavelmente um fantasma de si mesmas por aí e depois continuam vivendo, original e fantasma, cada um por sua conta.” - pág. 126

Em certo momento, a narradora descreve o livro que está escrevendo como “um romance horizontal contado verticalmente. Um romance que se deve escrever de fora para se ler de dentro”. São como linhas do tempo paralelas, que sobem e descem até que se juntam.

O problema em Rostos na Multidão é a erudição. Sabe longos trechos de jazz? Agradam mais aos músicos. Aqui a inteligência e cultura de Luiselli, que morou em vários países e tem um doutorado pela Universidade de Columbia, ficam evidentes não só pelo domínio narrativo e sua escrita estruturada - neste que foi seu primeiro romance -, mas também nas citações de escritos, filmes, criadores e criações nem sempre conhecidos. O resultado disso é um distanciamento entre leitor e obra pela falta de identificação, o que torna alguns trechos enfadonhos.

O personagem de Owen também não ajuda.

Em contrapartida, o melhor personagem é o “menino médio”, que tem umas tiradas espontâneas e pontuais.

Nota: Gilberto Owen foi um poeta mexicano e diplomata.
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marcioenrique 26/10/2012

"...um romance horizontal, contado verticalmente. um romance que se deve escrever de fora para se ler de dentro..." p. 73

não um romance fragmentário. um romance horizontal, contado verticalmente..." p. 74

uma nova voz, uma agradável surpresa.
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Jamila.Terra 21/05/2022

Li esse livro pra uma matéria que estou fazendo. Foi bem bacana! Me trouxe um conforto ao ler uma história que se assemelha com a minha.
Gostei da forma não-linear do texto, casou bem com a proposta da autora de discorrer sobre momentos bem distintos de sua vida.
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Rafa 07/05/2016

Rostos na Multidão
Uma jovem mãe com duas crianças tenta organizar e escrever um romance sobre sua vida em Nova York e sua busca por saber ainda mais sobre a vida de um escritor e poeta Gilberto Owen, que viveu na mesma cidade nos anos de 1920.

A vida da jovem escritora é intensa, ela corre de um lado para o outro em busca de pistas que ela possa montar o quebra cabeça e dar inicio em seu romance, o único problema é a constante pressão do seu editor chefe.

O livro é fragmentado, com capítulos pequenos do qual leva o leitor até o passado, recriando os últimos momentos de vida do autor, sem contar que existe uma boa construção no enredo alternando no passado e no presente.

Conhecemos também o lado ruim da história, a jovem autora tem o seu casamento abalado e vê em um dilema para criar seus filhos. O livro em si pode ser degustado em um final de semana, uma leitura bem fluida.

site: http://www.livreando.com.br/2016/04/resenha-rostos-na-multidao.html
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Cris 24/04/2017

Sem assunto.
Na onda dos livros de auto ficção, esse exemplar é dos mais fracos. Em seu livro de estreia, Valeria Luiselli apresenta uma tradutora e seu dia a dia de mãe, esposa e profissional. Num exercício de meta linguagem, em um momento, quem narra o livro é o traduzido. Se na vida dela nada acontece, na dele muito menos. Um livro sem assunto.
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Euler 12/10/2020

A narrativa fragmentária e metaliterária da Luiselli é o que mais me cativa. A obra dentro da obra, o romance dentro da vida, as dobras de quem escreve que lê quem já escreveu. O romance - se é que é possível falar em um linha dramática- nos apresenta uma mãe que tenta escrever um romance sobre o escritor Gilberto Owen - nunca ouvi falar - nos intervalos em que cuida dos seus filhos, uma bebê e o menino médio- dono das perguntas mais filosóficas da narrativa. A narração aos poucos vai sendo tomada por esse fantasma do escritor consagrado, que cresce desmedidamente, enquanto se cruza com a realidade da mulher que usa esses fantasmas como fuga da realidade opressora da casa e do cotidiano que não a deixa respirar. A confusão que a narrativa propõe exige uma atenção maior do leitor que tem que estar ainda mais atento para entender a proposta. O romance acaba trazendo boas reflexões sobre como funciona o mercado editorial e sobre ser escritor, arrancando algumas máscaras, inclusive. Outro ponto chave é a abertura para fantasia, que está nesse diálogo entre esses dois tempos e realidades distintas, mas também nos episódios em que falta verossimilhança, mas que sobra criatividade. ??
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LUNA 05/04/2020

"Acho que essa foi a terceira vez que morri".

Amei a forma como o livro é narrado, Valeria tem um estilo único.
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Debora 15/10/2020

As últimas páginas salvam o livro
Mas, até chegar lá, teve muita demostração de erudição (cansa), muitas expressões em inglês, um vai e vem de trechos curtos.
A forma como as narrativas se entrelaçam no final é realmente interessante (ainda que não haja um encaixe perfeito), mas não acho que faça valer muito a pena das 120 páginas anteriores...
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Adri 02/02/2021

Uma mulher escreve um livro sobre escrever um livro. Mas como fazê-lo quando se tem dois filhos pequenos para criar e um marido curioso que sempre ler o que ela escreve fazendo perguntas sobre o que é realidade ou ficção em seu livro. Pois quando recorda sua juventude ela aborda sobre seus hábitos estranhos e parceiros sexuais peculiares que acaba causando ciúmes no marido.

? Os rom?nces s??o de longo fo?lego. Ass?m querem os rom?nc?st?s. N?ngue?m s?be ex?t?mente o que s?gn?f?c?, m?s todos d?zem longo fo?lego. Eu tenho um? bebe? e um men?no me?d?o. N??o me de?x?m resp?r?r. Tudo o que escrevo e? ? tem que ser ? de curto fo?lego. Pouco ?r.?

Em seu livro a mulher mexicana, sem nome, recorda sua juventude em nova York e sua obsessão por Gilberto Owen, um poeta mexicano excêntrico que também viveu em Nova York, porém em 1920.

Após conseguir convencer seu chefe a deixá-la escrever uma biografia sobre Owen, ela embarca em uma pesquisa sobre a vida do poeta e aos poucos as narrativas se entrelaçam e não sabemos mais quem é o real narrador.

O livro aborda em diversos momentos a morte e fantasmas, onde o ?menino médio ? filho mais velho da narradora (assim nos é apresentado) diz ver um fantasma que ele chama de Consencara e por vezes nos leva a pensar quem seria esse tal fantasma.

?E? obv?o que h?? mu?t?s mortes ?o longo de um? v?d?. A m??or?? d?s pesso?s n??o se d?? cont?. Ach?m que morrem um? vez e pronto. M?s b?st? prest?r um pouco de ?tenc???o pr? perceber que ? gente v?? embor? e morre com freque?nc??.?

Rostos na multidão é um daqueles livros inquietantes em que você diversas vezes acaba se perguntando ?O que tá acontecendo aqui??

Mas confesso que não gostei muito. Ele é contado em fragmentos, alternando entre passado e futuro, sem divisão de capítulos, e quando o Gilberto Owen assume a narrativa fica bem confuso. Talvez todas essas características tenham feito o livro ser tão elogiado pelos críticos, mas pra mim não funcionou.
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skuser02844 02/05/2023

Um livro interessante, no mínimo.
Aqui conhecemos nossa protagonista, embora não saibamos seu nome, ela vive na Cidade do México, com seu marido e seus dois filhos, uma menina pouco mais que um bebê e um menina um pouco mais velho, que se chama e é assim referido no livro todo como Menino Médio, pois não é um bebê mas também não é um menino grande.
Por ser uma pessoa ocupada ela escreve em pequenos fragmentos, como ela mesma diz, ela não tem tempo pra escrever um romance de fôlego. Esse fragmentos se dividem entre a sua vida cotidiana, um livro de lembranças de quando morava em Nova Iorque, que ela está escrevendo e trechos de uma biografia que ela está escrevendo para um autor que ela ficou meio que obcecada.
É legal ver os fragmentos se juntando, ás vezes vemos ela falando sobre algo que aconteceu quando morava em Nova Iorque e no fragmento seguinte o marido, que lê tudo o que ela escreve, comenta sobre o trecho que acabamos de ler.
Esse autor sobre o qual ela escreve é uma "nova promessa" da literatura latina, que ela ficou responsável por descobrir, ele é meio que um fantasma, que vai assumir a narração em determinados momentos.
Não é um livro memorável, mas é divertido e interessante, dificilmente entrará no rol de livros favoritos da vida de alguém, mas ele tem seu valor e vale a leitura, a autora conduziu as várias narrativas fragmentadas de forma concisa e com muita competência.

site: http://hiattos.blogspot.com/2023/04/opiniao-rostos-na-multidao-valeria.html
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Caroline1091 25/09/2022

Interessante
Estou indecisa sobre como avaliar esse aqui.
A proposta é muito boa, gostei muito da transição gradual, da confusão e finalmente da satisfação que senti ao entender o enredo (ainda com pitadas de confusão kkkk).
Até certa parte eu teria amado, mas a partir de um ponto eu achei chato até, me arrastei quando estava chegando ao final.
Ainda sim a leitura valeu a pena.
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Xxxxxxxx1 30/08/2012

Multifacetas
A trama de Gilberto Owen e da mulher com 2 filhos se entrelaça e compõe essa lúdica e complexa história. Belo début de Valeria Luiselli.
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isabelfilardo 19/06/2021

Intrigante
Valeria Luiselli costura verdade e mentira, passado e futuro, México e Estados Unidos. Um livro para depois ser pesquisado e já deu vontade de reler. Será que entendi mesmo o que a autora quis dizer? No fundo, tanto faz. É um livro para ser sentido.
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