Pam_antasy 15/02/2024
O jardim daqueles que importam
Nesse livro temos dois tempos, o passado (1830/1880) e o presente, o foco maior corresponde aos eventos do passado. Começamos a narrativa com a protagonista Julia, que recém divorciada, compra uma casa velha e além da reforma decide limpar o jardim para começar a plantar, ao tentar retirar uma pedra, inconformada com o rumo que sua vida segue Julia acaba cavando demais e descobrindo uma ossada em seu jardim. Logo os especialistas descobrem que a ossada descoberta pertence a uma mulher com menos de 35 anos e que possivelmente foi enterrada ali por volta de 1830 (antes da casa ser construída), nossa personagem acaba assim ficando um pouco perturbada com a mulher e começa a sentir uma conexão com ela, considerando inclusive a hipótese de homicídio (como os órgãos e outras partes do corpo estavam deterioradas, não foi possível confirmar). Julia começa a investigar a antiga proprietária da casa até que o primo dela (da antiga dona da propriedade), Henry entra em contato, comentando sobre caixas com documentos históricos que talvez podem ajudá-los a descobrir a quem a ossada pertencia. Enquanto Julia e Henry vão descobrindo os mistérios acerca do Estripador de West End e a possível identidade da mulher encontrada em seu jardim. Somos apresentados a dois importantes personagens em 1830, a jovem Rose que está enfrentando dificuldades ao lado de sua irmã, a qual se encontra grávida, doente em sua cama da enfermaria do hospital de caridade e Norris, um jovem filho de um fazendeiro que se encontra em seu primeiro ano de medicina, o caminho dos dois acaba se enlaçando e ambos acabam envolvidos nos assassinatos do Estripador de West End.
Bom, eu comecei lendo o livro porque acreditei que seria focado no mistério, no thriller e nos assassinatos. Mas eu estava enganada, o livro remete sim a seu título, porém de forma diferente ao que imaginamos. Sempre que eu avalio uma estória, eu penso “qual é o propósito dela?”. Se eu avaliar esse livro em si como uma estória de suspense, eu vou me frustrar bastante. Mas se eu perceber que não é isso que a autora quis trazer, que o suspense é apenas o contexto por trás, porém não a estória principal, eu irei aproveitar melhor o livro e foi esse caminho que eu optei por seguir.
Mas é inegável que a estória é construída de forma lenta, temos diversos personagens na trama, o que prejudica o mistério (porém eu optei por não fazer como o elemento principal enquanto lia). O final tem muita informação acumulada do desfecho dos assassinatos (tem algumas pistas ao longo da trama, mas no final tudo é meio jogado. Então se passou algum detalhe despercebido, vai ser meio confuso nessa hora), confesso que não pensei muito no assassino, em desvendá-lo, consegui me conectar com a estória de Norris, Rose e seus desafios, mas deu para aceitar a reviravolta do assassino quando foi revelado.
Não sei o quão memorável o livro será nos próximos meses para mim, mas consegui me apegar aos personagens num todo (gostaria que fosse maior, inclusive). Traz personagens que tomam suas escolhas pautando-se no bem e mal, pobreza e riqueza, amor e egoísmo. Temos a medicina como um dos elementos chave do livro com descrições e detalhes da época e o estereótipo representado naqueles dias.
No mais, senti que era um livro que eu queria algo diferente, mas encontrei o que precisava. então recomendo o livro para quem não vá com a ideia de que vai ser um livro com um suspense arrebatador ou instigante que a cada momento vai fazer você querer descobrir o assassino, se tiver estomago fraco também não recomendo, existem detalhes explícitos justamente por ter foco na medicina da época. Só vá sem expectativa e aproveite, o final pode acabar te arrancando suspiros ou em alguns casos lágrimas.