Resenhas - Afinidade

Ray 25/10/2022

Uma história gótica... Vem cá que eu te explico
Tive que ler esse livro para uma disciplina na faculdade, então me sinto na obrigação de fazer, pela primeira fez, uma resenha de verdade.

?? Autora: Sara Waters
?? Ano de publicação: 1999
?? Editora: Record
?? Gênero: Romance gótico
?? N° de páginas: 378

O ano é 1874, Margaret Prior, uma senhorita de quase 30 anos, considerada uma solteirona sem perspectivas pela sociedade patriarcal da época, decide relatar suas melancolias e amarguras em um diário pessoal. A princípio, não somo integrados totalmente dos fatos que ocorreram na vida da moça, só sabemos que um acontecimento trágico a marcou depois da morte de seu pai. Sua vida é marcada pela monotonia, Margaret carrega o fardo de ser a "ovelha negra" da família, diferentemente de seus irmão que se casaram, têm filhos... Margaret apenas vive seus dias amargurada, sentindo-se culpada pela morte do pai, invejando a vida de sua irmã e carregando um segredo da família.
Para ajudar a lidar com a morte do pai, Margaret começa a visitar um prisão para mulheres, chamada Milbank, um lugar completamente diferente de tudo que já vira. Lá, Margaret desempenha o papel de conselheira das presas, conversa, escuta suas histórias e as incentiva a serem pessoas melhores. No entanto, uma presa em especial a chama atenção, Selina Dawes é o nome dela, uma médium muito astuta, que, aos olhos de Margaret, é semelhante à personificação de um anjo. A senhorita Prior se encanta com a jovem presa de tal forma que a faz querer descobrir mais e mais sobre seu passado e o que a levou à prisão.
Em paralelo aos relatos do diário de Margaret, somos apresentados ao diário de Selina, aos relatos escritos antes da prisão. Há muito mistério envolvendo a vida de Dawes, informações que ficam suspensas e só vão sendo reveladas com o desenvolvimento da narrativa. O que a levou à prisão? Como funcionam as sessões de espiritismo? O que Peter ligeiro faz? Selina está mesmo dizendo a verdade? Os espíritos são reais? O que houve com Margaret no passado?
Será que essa paixão avassaladora pode mudar as perspectivas da Srta. Prior?
O livro aborda duas temática interessante e estigmatizadas na época em questão, embora sejam desenvolvidos implicitamente; são elas o fator do suicídio e a homossexualidade.
A princípio, a narrativa é um pouco desgastante e arrastada, apesar de o contexto ser atrativo, pois a todo momento eu queria saber o que sucederia, mas a lentidão me impedia de concluir a leitura. Acredito que o final foi um pouco corrido, não me agradou muito o plot twist, achei previsível. Gostaria que a autora tivesse desenvolvido mais a narrativa de Selina no decorrer do livro.
Por fim, concluo que não foi das melhores leituras que eu já fiz, mas não me arrependo, foi uma experiência interessante.

Por que gótico?
Vamos lá, o gênero gótico é um subtema do romance, podemos dizer que este livro em questão é um gótico moderno, pois apresenta características distintas do gótico tradicional. Há fatores externos que cominaram para a evolução do gênero, por exemplo as guerras, a grande presença do cinema, a psicanálise... tudo isso fez com que a literatura buscasse se adaptar e atender à demanda da sociedade contemporânea; por isso o tema dos espíritos em vez de fantamas, pois vivemos em um contexto em que não é mais tão conveniente abordar a tematica dos fantasmas.
Esse gênero apresenta características específicas que o diferenciam do terror ou do horror, por exemplo. Essas características são: um lugar horrível- esse tipo de romance deve se passar predominantemente em um lugar que passe temor ou repugnação à personagem; um tema sobrenatural- no caso desse livro, os espíritos; ambiguidade moral das personagens- ou seja, não sabemos de imediato o caráter das personagens.

Padronizado 31/10/2014

Resenha: Afinidade - Sarah Waters - blogpadronizado.blogspot.com.br
Hoje vim falar sobre Afinidade, de Sarah Waters. Amo esses livros! Já li quase todos os livros dela, exceto por Ronda Noturna, que já está na estante só esperando para ser lido!
Sarah Waters é uma grande escritora, muitas vezes comparada a Dickens. Seus livros se passam em uma Inglaterra vitoriana, com damas, criadas e tudo mais. O que mais me encanta em seus livros é o feminismo de Waters. Ela não tem medo de expôr nenhuma opinião e na maioria dos seus livros há romance entre mulheres.
O melhor de tudo é que é tudo muito real e bem contado. Não parece forçado e contém todo o mistério da época, pois até então o homossexualismo não era muito bem aceito (hoje ainda não é, porém, era menos ainda).
Bom, estou fugindo do assunto, então vamos lá: Afinidade não é com certeza seu melhor livro, porém não deixa a desejar. O ponto menos interessante do livro, com certeza, é uma das protagonistas.
Margaret Prior é uma dama rica, que perdeu o pai, a pessoa que mais amava no mundo. Depois disso, sua vida tem sido ainda mais monótona e sem graça. Fora que agora, em seu estado de luto, Margaret vive à base de remédios e às sombras de uma grande depressão. Já tentou suicídio.
Porém, ela é uma personagem um tanto quanto entediante. É fraca e extremamente sem graça, tudo a atinge demais, tudo a deixa tonta e coisas do tipo, como toda dama que se preze. Não é um tipo muito legal de narradora.
A outra protagonista é Selina Dawes, uma médium que costumava ter grande sucesso, até que uma sessão espírita sua vai pelos ares. Isso acontece quando seu espírito guia "assusta" uma dama até a morte. Depois desse episódio, Dawes vai presa em Millbank, uma grande e imponente prisão que parece ter vida própria.
O livro é narrado através dos diários de cada uma dessas mulheres, sendo o de Margaret no presente e o de Selina no passado.
Depois de tentar suicídio, Margaret resolve voltar a se ocupar com a filantropia, e por meio de um amigo da família, Sr. Shillitoe, ela começa a fazer visitas em Millbank, para confortar as presas, mostrá-las como deverão agir ao saírem da prisão e para se "distrair" da morte de seu pai.
É durante suas visitas em Millbank que Margaret conhece Selina, a presa mais bem comportada e mais estranha da prisão. Quando Margaret a vê pela primeira vez, logo nota que há algo diferente em Dawes, pois ela tem um ar angelical e uma flor em suas mãos. O mais curioso é que, em Millbank, não existem flores.
O tempo passa e durante suas visitas à prisão, Margaret nunca consegue resistir a visitar Dawes, toda vez. A cada visita, elas se aproximam mais. Dawes traz mensagens do pai de Margaret e coisas estranhas e inexplicáveis começam a acontecer na sua vida, como um dia em que flores apareceram, sem ter explicação, em seu quarto.
E assim o livro se desenrola, meio lento, porém surpreendente - nunca imaginaria um final como este! Chegou a ser frustrante o modo como simplesmente não percebi, como não houve nenhuma dica sobre o que ia acontecer.
Enfim, é uma leitura fascinante, que te faz viajar por tempos antigos e imaginar como seria viver naquela época, e como todos os livros de Waters, não me decepcionou e vale muito a pena. Recomendo muito!

site: http://blogpadronizado.blogspot.com.br/2014/10/resenha-afinidade-sarah-waters.html

Simone de Cássia 29/11/2021

Caminhou na beirinha do " ser abandonado", e foi salvo pela curiosidade...Li um outro livro da autora (Na ponta dos dedos) e me encantei com a narrativa . Aí tentei este aqui e de cara me decepcionei, não conseguia me prender à personagem e nem gostar dos lances dito sobrenaturais ( e olhe que sou espiritualista!). Mas eu cismei de saber como seria o desfecho e insisti. Faltando um terço mais ou menos aí sim, comecei a me interessar porque já vi onde que o trem ia dar. Até gostei... não foi um gostar de querer casar...só um namorinho messss..

Silvia 22/11/2012

Afinidade foi uma surpresa agradável!
Amei, teve momentos cansativos, mas compensou cada letra, cada capítulo. A escrita de Sarah Waters é melancólica e deixou marcas profundas em mim, fala de amor proibido, que pode levar uma pessoa para o fundo do poço.

Margaret Prior vive na Inglaterra do século XIX, ela é muito rica, e considerada uma solteirona cheia de traumas. Margaret é indicada pelo seu médico para fazer visitas á uma penitenciária feminina como forma de terapia, lá ela conhece Selina Dawes uma médium, que cumpre pena por roubo e fraude. Desta amizade nasce em Margaret um amor proíbido, totalmente inaceitável pelo padrão moral da época e ela tem que abafar este sentimento, da sociedade e da sua família, mas será que ela irá conseguir? Só mesmo lendo Afinidade para descobrir, e tomara que você leitor se surpreenda com o final do livro, que posso dizer eu esperava qualquer desfecho, menos este...!

Gabriele 05/03/2020

Médio
Comprei pelo sinopse (faço muito isso).
Por isso esperava mais do livro, que fosse mais envolvente, mais bem construído. O livro foi bem morno, conforme fui lendo achei que seria um final, porém foi uma reviravolta só que com muitas perguntas sem respostas.

Nicolly 25/11/2012

Surpreendentemente delicioso!
Em partes é muito cansativo, mas a história é realmente muito boa. Várias vezes pensei em parar de ler, pois achei que Sarah exagerou um pouco na carga de sentimento na relação entre as personagens, tornando a história um tanto quanto "melosa", mas me esforcei para ler até a ultima palavra, pois apesar disto algo me dizia que tinha alguma coisa a mais.
A ultima palavra chega acompanhada de alguns minutos de completa surpresa, mas sem o peso de ter perdido meu tempo. Desiludida pelo "mimimi" nauseante, eu não fazia ideia do que estava me aguardando ao final surpreendente de 'Afinidade'.
Margaret Prior transtornada com a morte do pai, procura algo que a distraia de seus problemas, e com a ajuda do administrador da Penitenciária de Millbank, começa a visitar as detentas para lhes levar algum conforto. Lá conhece Selina Dawes, uma médium acusada de fraude e roubo, e logo descobre um sentimento forte pela detenta acompanhado de sinais de seu falecido pai. De todos os finais que imaginei possíveis para esse livro, nenhum chegou perto do como realmente acabou, me surpreendendo muito.

Douglas 26/07/2017

Afinidade
Tenho me esforçado para por mais livros assinados por mulheres em minha prateleira e foi por causa disso e de um tweet do Stephen King que eu conheci "Afinidade". Foi a primeira e única obra que eu li da premiada autora Sarah Waters.

A contra-capa e o resumo que li na internet sobre o livro só fez meu interesse crescer. Ambientado na era Vitoriana, uma história de mistério com gotas de sobrenatural? Parecia ser exatamente o meu tipo de leitura.

Entretanto, infelizmente, o que li não foi exatamente o que esperava. "Afinidade" parece um livro com capacidade para contar uma história em vários gêneros diferentes, que se esqueceu de escolher um. A história passeia entre romance, mistério, thriller e até flerta com o policial.

Suas quase 400 páginas são divididas pelas duas protagonistas, Prior e Dawes expõem os relatos que tinham em seus diários para trazer o leitor para dentro da história pensada por Waters. Mas essa dinâmica se torna massante e monótona durante boa parte do miolo do livro. A história parece não seguir para lugar nenhum e as duas protagonistas não são cativantes.

Eu destaco entre seus pontos positivos a boa metáfora feita entre a mediunidade e a homossexualidade, foi algo bem sutil e elegante de abordar e as últimas 30 páginas do livro com seu plot twist muito bem pensado.

Meu veredito é que "Afinidade" teria sido um conto muito bom, mas acabou se tornando um romance que se perdeu no caminho.

Jose 26/02/2023

Afinidade, de Sarah Waters, é um romance gótico, publicado aqui no Brasil pela Record e traduzido por Léa Viveiros de Castro.

A história se passa na Inglaterra durante a era vitoriana e acompanhamos Margaret Prior, uma dama solteira vinda de uma boa família que, após o falecimento de seu querido pai, tenta dar fim a própria vida. Ela falha e, para tentar acalmar os ânimos e se distrair, ela segue a recomendação do médico da família: se voltar para a filantropia.
A atividade escolhida é conversar com detentas de uma prisão feminina, Millbank, para tentar trazer algum conforto a essas mulheres. Durante suas visitas, ela se torna próxima de Selina Dawes, uma médium que foi presa depois de uma de suas sessões espíritas ter dado errado. Assim, o livro gira em torno da relação que as duas vão descobrindo, e os mistérios que a prisão e os espíritos tem escondidos.

Afinidade foi uma leitura bastante interessante para mim. A narração da história acontece em primeira pessoa e em formato de diários: o “presente” é contado por Margaret, em seu diário que ela escreve com afinco, enquanto vemos o “passado” por trechos do diário de Selina, enquanto ela ainda estava em liberdade. Isso permite que, ao mesmo tempo, perguntas e respostas sejam feitas ao longo da narrativa, aumentando o suspense e o mistério da história.

A autora é muito habilidosa e insere questões importantíssimas na história de uma maneira incrivelmente sutil e sensível. Há discussões sobre machismo, misoginia e sexualidade, sem citar diretamente nada disso. As personagens são muito vivas e verossímeis, o que dá muito mais credibilidade a essas passagens mencionadas.
Além disso, Waters é tão habilidosa na escrita que ela te leva de um ponto a outro, com as informações mais importantes bem debaixo do seu nariz, sem você nem perceber. Existem plot twists tão bem feitos aqui que você não consegue ler sem mudar bruscamente de expressão.

Adriana 14/02/2013

Delicado
Adoro o jeito suave que a Sarah escreve, sem falar na descriçao perfeita que ela faz.
Quanto a estória embora melado gostei como desenvolveu esse romance e como ela nos conduz a um final coerente, porem nada óbvio.

ANA 03/03/2013

É UM LIVRO REALMENTE IMPRESSIONANTE...PRENDE NOSSA ATENÇÃO DESDE O INICIO PELA FORMA COMO A AUTORA ESCREVE, SEM EXAGERAR EM NENHUMA MEDIDA..APENAS O SEU FINAL QUE É MUITO INESPERADO E PESADO DEMAIS ...!

Ana 31/03/2017

Afinidade
Afinidade foi o primeiro livro que li da autora Sarah Waters. Já tinha ouvido falar dela e de suas obras e estava ansiosa para começar a lê-la. E, tenho que confessar que não me arrependi.
Afinidade tem uma narrativa capaz de te prender na leitura, de se apegar às personagens e de te fazer devorar a história para conhecer tudo dela. E que final surpreendente e incrível esse livro tem.
Adorei e recomendo a leitura.

GG 16/07/2022

Que final foi esse... Não fico impactada com um plot twist assim desde Flora x Donatella. O que me surpreende porque no momento que a Selina falou de sacar dinheiro já fiquei hmmmm Margaret pelo amor de deus a mulher está presa por fraude tome cuidado !! Mas até eu me deixei enganar pela aparição dos espíritos... Além de que é um livro da Sarah Waters, e já devia esperar algo assim, mas acho que esqueci que estava lendo algo dela ?? em na ponta dos dedos e toque de veludo tem o conceito de lésbicas trambiqueiras mal caráter mas pelo menos as principais tem um final feliz. A pobre da Margaret teve o pior final possível coitada, roubada enganada solteirona e não ganhou nem um beijinho. Se bem que um casal lésbico teve seu final "feliz" mas não era qual eu tinha em mente k

Di 22/02/2024

Sem palavras.
Ainda tentando processar tudo o que aconteceu.

Demorei bastante pra ler porque o começo é bem arrastado e eu estava vindo de uma leitura muito dinâmica, mas insisti porque a curiosidade me venceu.

Não sei direito o que pensar. As personagens me interessaram bastante e fiquei apegada demais a Margaret. A Selina sempre passou um ar muito misterioso, então, infelizmente, não tivemos um POV dela muito explorado.

Sobre o final, vou dizer a verdade: é um plot twist (aka plot triste) muito bem desenvolvido, mas ainda assim me deixou triste pra caramba. Fiquei com vontade de jogar o livro na privada e dar descarga, não por ser ruim, mas por me deixar com uma sensação de tristeza e vazio que nem consigo colocar em palavras.

Senti muita falta de um POV da Selina mais detalhado pra entender mais a fundo o lado dela e todas as coisas que levaram aquele momento, mas acredito que se a autora tivesse explorado essa parte, não teríamos a grande (e triste/depressiva) surpresa.

Minha namorada quer que eu veja o filme, mas não consigo nem pensar em olhar pra cara da Selina sem querer quebrar a tv.

É isso.

Caso você vá ler, aconselho que fique longe de objetos cortantes para não estraçalhar o livro após ele estraçalhar o seu coração.