Raiana.Aragao 08/05/2023
"Terras de fronteira têm o sabor de indisciplina e distorção. O grotesco, o
imprevisível e o sem lei enraízam-se nelas e vicejam. O sabor das terras de
fronteira centrais é de resvalamento."
25 anos se passaram e Jack Sawyer já não se lembra dos acontecimentos que abalaram sua vida aos 12 anos. Agora, ele é um policial aposentado precocemente, convocado para auxiliar a polícia da pacata French Landing, atormentada por um assassino em série infanticida, denominado Pescador.
Em A Casa Negra, os estilos de escrita de King e Straub finalmente alcançam uma unidade satisfatória, diferentemente do que se percebe em O Talismã. A trama começa com o aspecto geral de um thriller de horror, e gradativamente assume as características do horror lovecraftiano.
Jack precisa enfrentar os acontecimentos do passado para se reecontrar com seu eu interior, resolver os próprios conflitos para solucionar o mistério que cerca o Pescador. Se em O Talismã, o personagem que mais me cativou foi Lobo, com sua pureza, aqui temos um núcleo muito interessante: uma gangue de motoqueiros em busca de vingança, já que a filha de um deles foi uma das vítimas do Pescador. A parceria entre eles e Jack é inusitada e, do meu ponto de vista, satisfatória.
Há, no entanto, um velho problema que se repete: assim como em O Talismã, A Casa Negra também tem um "excesso" de personagens.
Apesar disso, o livro é um bom romance. A união do estilo dos autores, aliada à utilização do horror cósmico de Lovecraft me agrada, e o torna diferente de seu percursor ( O Talismã).