grazisapienza 25/12/2018
Uma resenha sobre "A Casa Negra".
"O mestre do terror Stephen King e Peter Straub escrevem, 18 anos depois, a continuação do livro "O talismã". Vinte anos se passaram e Jack Sawyer não é mais um menino. Aos 32 anos, não se lembra dos acontecimentos terríveis de quando tinha apenas 12 anos e que o levaram a um estranho universo paralelo - os Territórios. Agora, Jack é um detetive aposentado e mora no vilarejo de Tamarak. Um estranho acontecimento forçou-o a deixar a policia, e ele vive tranqüilo, protegido das recordações perigosas. Mas sua tranqüilidade está prestes a acabar. Uma série de assassinatos macabros faz com que o chefe de polícia local, amigo de Jack, lhe implore que ajude a polícia a encontrar o assassino."
Aqui estamos, muitos anos depois, nos deleitando com essa leitura que foi "A Casa Negra". O sucessor de "O Talismã" é bem mais violento e macabro que seu antecessor, gerando uma série de sentimentos sombrios à mim enquanto o lia. Aqui, acompanhamos um Jack Viajante adulto, por volta dos 30 anos e que se tornou um policial de sucesso resolvendo diversos casos durante a sua curta carreira. Agora, decide por ficar em La Riviera, para descansar e se afastar do seu passado de policial. Mas como diria nosso querido Parkus: "você é puliça, Jack", e um "puliça" nunca deixa de sê-lo.
Em "A Casa Negra", o delegado Dale está lidando com uma série de desaparecimentos e assassinatos, maioria infantis, e pede a ajuda de nosso querido Jack Viajante para ajudá-lo à capturar o temível Pescador, que vem aterrorizando a pacata French Landing. Uma coisa que me dificultou muito a leitura, e eu aviso aos possíveis leitores que isso é algo muito presente, é o tema girar em boa parte em volta do assassinato de crianças. Isso pra mim foi uma coisa que dificultou muito minha leitura, pelo fato de eles descrevem com riqueza de detalhes os cadáveres dos primeiros homicídios. E eu tenho uma certa sensibilidade quando os que estão a ser torturados são crianças, o que me fez atrasar muito a leitura do mesmo.
Mas, tenho que fazer jus à esse mesmo detalhe na leitura, que me fez continuar lendo por me prender às emoções e aos pensamentos de muitos dos personagens da história. É uma característica muito forte de King lhe apresentar todos os personagens e suas psiquês, para que ao envolver-los na história, você entenda seus motivos e suas motivações para fazer os diversos atos que eles fazem. King adora fazer personagens complexos. Não posso mais analisar o lado de Straub, pois foi o primeiro contato que tive com alguma obra que o envolvesse.
Apesar de ter um desenrolar meio lento, "A Casa Negra" tem a tendência de prender àqueles que se envolvem com a leitura e que não tem pressa de ver o desenrolar dos atos e suas consequências na trama. Tenho de parabenizá-los por fazer um personagem tão odioso quanto o "Chapa" Burnside e um ambiente que eu considero pior que as Terras Secas descritas em "O Talismã". O livro mostra muito sofrimento e como cada um lida de uma forma diferente com as diferentes formas de "resvalamento" que se podem ser apresentadas. É um ótimo livro.
Devo admitir que, comparado com seu antecessor, o final do livro foi meio morno. Realmente, eu não esperava que houvesse um final completamente feliz... Mas também não esperava algo como privação de liberdade como um final bom - até porque, Jack ficava se divindo entre os Territórios e sua dimensão sempre, e esse enredo acabou lhe dando mais motivos para ele ficar lá -, então meio que ficou pouco realista no contexto.
Ainda sim, recomendo bastante a leitura. Por isso acabei dando as 5 estrelas ao invés de 4.