As Intermitências da Morte

As Intermitências da Morte José Saramago




Resenhas - As Intermitências da Morte


9 encontrados | exibindo 1 a 9


Leitorconvicto 16/01/2024

Um exercício de imaginação
O convite a um mundo estranho. Um mundo sem a morte? Como seria? A sociedade desnuda por uma realidade alterada. A escrita incrivelmente inconveniente do autor cria uma obra estranha e incomoda
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lahmot 25/10/2023

A primeira vez que li um livro do Saramago foi em 2019, quando meu professor de Filosofia na época nos fez ler Ensaio sobre a cegueira. Zingari foi um professor muito querido para mim, e mesmo com uma escrita que, a primeira vista, pode parecer intimidadora por sua falta de pontuação e os parágrafos gigantescos, aquele livro ocupou desde então um espaço significativo na minha cabeça e eu sempre pensei nele com muito carinho. Poucos meses após o início da pandemia, em 2020, esse mesmo professor fez em uma rede social a recomendação d'As Intermitências da Morte, em uma postagem sobre como essa obra naquele momento, mais do que nunca, era relevante ao caos e pânico que estava sendo o surto do Covid-19. Faz pouco mais de um ano em que esse professor nos deixou, e sempre que me lembrava dele, vinha em minha mente a memória da recomendação do livro que eu nunca li. Essa leitura foi feita em memória a ele.

Essa obra nos traz a reflexão sobre aquilo que todos provavelmente tememos, a morte: o que aconteceria se ninguém mais morresse? Viver para sempre traria alguma vantagem à sociedade, ou seria isso apenas mais um empecilho? Nós não nos damos conta do quanto de nossa vida gira em torno, ou depende indiretamente, da morte. A morte é a única coisa que nos resta, que nos salva, aquilo que acaba com nosso sofrimento, quando a mente e o corpo não mais dão conta de nos sustentar.

O livro começa com tudo. Sem pausa para respirar, somos inseridos ali naquela situação absurda e acompanhamos a reação desde a população mais humilde, até das instituições que são afetadas pela falta da morte, como as igrejas e as agências funerárias.

Saramago em momento algum se segura na hora de alfinetar tudo e todos, sejam os políticos ou a religião, e há muitos momentos de humor e ironia, como na cena em que o aprendiz de filósofo, em busca de sentido para tudo aquilo, tem uma discussão com o espírito de um aquário (sim, é tão absurdo quanto parece).

Preciso destacar que, lá pelo final da primeira metade, a história fica um pouco cansativa pelo ponto de vista do primeiro ministro e a maneira como o governo decide lidar com a máfia, porém mesmo tendo essa opinião, considero esse um ponto importante na história.

O livro não segue uma pessoa só, mas fica muito mais que claro que é a personagem principal. Os capítulos finais viram tudo de ponta-cabeça e nos dão uma visão completamente diferente do resto da obra. Por eles, nós vemos o lado da última figura que poderíamos imaginar que acompanharíamos tão de perto, ou ao menos eu não imaginava que seria tomado esse rumo. Aquele final, mesmo tão simples, me pegou completamente desprevenida.

A visão que temos sobre a morte não vai ser mais a mesma após essa leitura. Mesmo aqueles não familiarizados com o estilo da escrita do Saramago, eu recomendo que peguem esse livro e não se apressem a lê-lo. É um ensaio fenomenal e um dos que eu colocaria numa lista de Livros Para Ler Antes de Morrer (apesar da piada, sem ironia).

Sem a vida, não há a morte, e sem a morte, para o que nos resta viver?
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joaoggur 17/04/2023

Saramago; um observador social.
José Saramago é um nome polêmico, sendo inegável sua influência na literatura. Sendo o primeiro (e único!, infelizmente) ganhador do Prêmio Nobel de Literatura em língua portuguesa, o autor usa de uma escrita original, não temendo a opinião alheia.

Em ?As intermitências da morte?, Saramago conta-nos a história de um simples país, que na virada de um ano, para de haver mortes em seu território. Podendo estar em estado terminal, ou tendo levado algum ferimento fatal, a situação não importa: ninguém mais morre naquele país.

Neste pretexto, é possível imaginar inúmeros caminhos para a obra. Saramago coloca o dedo na ferida; sua análise de como uma nação reagiria em tal situação é crua e extremamente verdadeira. Não há papas na língua, o autor não teme mostrar a podridão humana. Sinto que esse é o ponto chave de sua literatura: não gasta tempo explicando os motivos da situação, ou tendo rigor científico, simplesmente dispõe-se a escrever para escancarar o comportamento do ser humano. Muitos podem ver sua escrita como uma certa hipérbole, cultuando do pessimismo. Discordo. Não acho que ninguém negue como o ser humano aproveita do sofrimento de seu semelhante. O que diria ele da pandemia? O deleite perante a miséria humana esteve no apogeu. A miséria humana esteve no apogeu.

José Saramago é um autor que recomendo, mas saiba que deve-se ir preparado para lidar com suas obras. Terminamos todos os seus livros com um sentimento estranho, quase com uma pintada de niilismo. Vá sabendo que terminará a leitura sendo outra pessoa.
Hellen.Lily 02/05/2023minha estante
Amo Saramago, essa é uma das minhas leituras desse ano. Você é perfeito nas suas resenhas!


joaoggur 02/05/2023minha estante
Obrigado pelo elogio, @Hellen.Lily




Ju Harue 05/12/2022

Eu estava com altas expectativas ao iniciar a leitura do meu primeiro livro do Saramago e que bom que foi este. Me envolvi completamente na história, achei bem instigante, reflexivo e engraçadamente sarcástico, em vários momentos dei risadas altas.
Eu sinceramente não sei qual parte gostei mais, a narrativa de toda a situação ou a parte mais focada em um personagem.
Mal posso esperar para fazer outras leituras do autor.
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Daynna Kate 03/03/2021

Ahh Saramago...
Apenas o segundo que li do autor (o primeiro foi O Conto da Ilha Desconhecida) e acredito que a linha de sensações em relação à leitura foi a mesma nos dois casos, apesar de emoções diferentes nascerem de cada um. No início, apenas uma história simples com um ar até infantil provocado pelas figuras que os personagens representam. Neste caso, a morte (com m minúsculo), de capuz de morte, caveira de morte e foice de morte. E com as suas intermitências, vemos a relação que os seres humanos têm com a fatalidade. Um enredo interessante, diferenciado. Mas em certo momento, a história toma um rumo ainda mais peculiar e então foi que me encantou. Sem spoiler, você terá de apreciar para saber. A escrita é encantadora. As descrições dos acontecimentos, dos ambientes, DA MÚSICA... É um livro que traz reflexão com bom humor, ironia. Um livro que se fecha com emoção e suspiros. É simplesmente completo.
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Jacqueline.Carvalho 26/09/2020

Fantástico
O livro é genial, nos faz pensar sobre a vida e a morte. E também faz refletir sobre o ciclo da vida e indagar a questão principal do livro: Como seria se ninguém morresse?
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spoiler visualizar
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Camila Faria 21/10/2016

Imagine a situação: de repente, num país fabuloso, a morte decide suspender as suas atividades. E o que parecia ser um feito incrível, começa a se provar um desafio logo nos primeiros dias: idosos e doentes agonizam em seus leitos, hospitais e asilos enfrentam superlotação crônica, as companhias de seguros entram em crise. Saramago usa a morte para falar sobre a vida e sobre a condição humana, com o humor e a sagacidade que lhe são caracteríscos. Gosto especialmente do trecho em que ele descreve a maneira da morte escrever, tão semelhante à sua própria: “(…) da sintaxe caótica, da ausência de pontos finais, do não uso de parêntesis absolutamente necessários, da eliminação obsessiva dos parágrafos, da virgulação aos saltinhos e, pecado sem perdão, da intencional e quase diabólica abolição da letra maiúscula“. Genial!

site: http://naomemandeflores.com/os-quatro-ultimos-livros-12/
13/12/2016minha estante
Excelente resenha.




MarcosZ 27/08/2015

Prende o leitor até quase o final!
Gostei muito do início do livro e da forma que Saramago construiu a narrativa. Só esperava que o final se desenrolasse de uma forma mais empolgante! Mas vale a leitura!
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