Por que ler Dante

Por que ler Dante Dante Alighieri




Resenhas - Por que ler Dante


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Sam Regis 29/02/2020

Por que Ler Dante?
Hoje venho falar com vocês sobre uma das minhas leituras de apoio, pra me auxiliar na minha jornada Dantesca, A Divina Comédia, o livrinho Por que Ler Dante. A obra inicia nos contando sobre a vida do autor (carinha bem difícil de 'dar' datas exatas), abordando desde seu nascimento, seu primeiro encontro com Beatriz, seu processo de erudição, até o seu exílio em 1302 (quando o poeta é traído por seus irmãos de partido, sendo expulso de Florença), até a escrita da Comédia ( poema que o deixaria na História), e sua morte.
Ao passar para um estudo mais profundo sobre algumas de suas obras (como Vida Nova, poema primeiro de sua juventude, além de De Vulgari Eloquentia, Convivio e a Comédia), entendemos mais a originalidade de um homem que começou pequeno, fazendo contos usando o método dos trovadores e seu amor cortês, cavalheiro, até chegar no estilo mais cortante da Comédia (que, aliás, é o nome dado originalmente pelo autor, sendo A Divina Comédia, uma adição feita por um dos maiores biógrafos de Dante, Giovanni Boccaccio - autor de Decamerão), e foi o pioneiro em seu país a escrever poema e prosa em mesmo livro. Além de ir ainda mais longe: em vês de escrever sua Comédia em latim ( há essa época, já em seu exílio), o poeta o faz em Toscano; na época, latim era considerado língua de alta cultura, porém não era acessível a todos, já o Toscano, era a língua do povo comum e assim fez um poema em que todos poderiam entender (Boccaccio juntava o povo em uma praça para ler os Cantos da Comédia, era um acontecimento!). Enfim, um interessante livro sobre a obra de um dos (se não, o maior) poeta que já passou pela terra, um excelente início pra quem quer conhecê-lo melhor (e no meu caso, também ser um apoio pra leitura da Comédia) saber mais sobre seus escritos e o contexto histórico do qual vieram. Leiam este antes de se aventurar pela Comédia ?
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Camila 06/06/2020

Ótima referência
Ótimo livro para compreender as nuances
da Divina Comédia.
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João 16/12/2020

Por que ler Dante – Eduardo Sterzi.

O título desse opúsculo de Eduardo Sterzi é quase uma pergunta retórica.

Por que ler Dante?

Ora, o simples fato de se tratar de uma obra que compõe o cânone literário há mais de 700 anos é razão suficiente para conhecê-la.

Daí que o ensaio de Sterzi aponta mais para o "como" ler Dante, do que "por que" ler Dante.
Antes de tratar da obra dantesca propriamente, Sterzi faz o “retrato de Dante”, isto é, traça o seu perfil autobiográfico.

Nascido em 1265, na cidade-Estado de Florença, Dante pertencia a uma família nobre decadente, os Alighieri. Teria sido educado com primor. Aos nove anos teria visto pela primeira vez Beatriz, que também contava com nove anos à época, e cuja imagem inspiraria em Dante a expressão da mais alta poesia, bem como as meditações filosófico e teológicas que o acompanhariam por toda a vida. Dante participou da vida política de Florença, pela facção dos guelfos, tendo ocupado funções eminentes como a de prior. Após uma conspiração protagonizada pelo Papa Bonifácio VIII e Carlos de Valois, que resultou na ingerência sobre o governo de Florença, os guelfos brancos foram expulsos da cidade. Começou aí o exílio de Dante, que nunca mais voltaria para sua cidade natal.

No tocante ao método de leitura de Dante, Sterzi parece sugerir um encontro prévio com as obras iniciais de Dante, ainda que através de noções básicas acerca de seus temas e de suas características, a fim de que a sua obra máxima – a Comédia – possa ser melhor compreendida.

Assim, o autor começa com a apresentação da obra inaugural de Dante – “Vita Nuova” – que consiste na compilação de seus primeiros poemas líricos, entremeados por comentários em prosa que tratam desde o “fazer poético” até os elementos autobiográficos que influíram sobre a produção dos poemas.

A “Vita Nuova” constitui, portanto, importante fonte biográfica acerca de Dante. Aliás, os poemas ali reunidos evocam o amor do poeta por Beatriz. Embora não se saiba até hoje se Beatriz de fato existiu, importa mais percebê-la enquanto personificação do Amor, e, mais tarde, como alegoria da teologia no pensamento de Dante.

A “Vita Nuova” permite ainda visualizar a evolução do estilo poético de Dante, que de início ainda sofria os influxos do trovadorismo de origem provençal (sul da França) baseado numa lírica devotada ao amor cortês, cavaleiresco, de cariz eminentemente sensual e dirigido a uma dama geralmente inalcançável. Sua evolução passa então para o “doce estilo novo”, que abandona a pura descrição das sensações do poeta em relação à amada, de conteúdo sensual, para encetar uma canção elevada, descritiva das virtudes da amada. Chega-se então a uma “canção nova”, e a uma “vida nova”. Por isso, a “Vita “Nuova” pode ser lida também como uma ‘teoria da lírica”, entendia como o despertar de uma consciência do sujeito lírico.

Além disso, “Vita Nuova” é considerada o primeiro livro em prosa vernacular, dado que na época de Dante ainda predominava o latim na literatura europeia. E mais, trata-se de um marco e, talvez, do próprio nascimento da lírica moderna.

Após a “Vita Nuova”, Dante escreveria ainda “O Convívio”, que consiste numa série de comentários a algumas canções (canzoni) por ele também compostas, e que assume caráter tratadístico, dado a sua orientação erudita para as reflexões de natureza filosófica, teológica, moral, polícia e linguística.

O poeta florentino ainda escreveu o “De vulgari eloquentia”, um ensaio acerca da linguagem poética, onde a preocupação maior parece gravitar em torno da identificação das formas e dos estilos linguísticos mais apropriados à criação poética. Dante investiga, entre outras coisas, qual seria o idioma mais adequado à poesia, que ele conclui se tratar do florentino, mas um florentino que ainda viria a ser, a partir de uma contribuição que partiria de sua própria literatura.

Por fim, Dante redigiu o “De Monarchia” em língua latina. Trata-se de um tratado de ciência política, onde a tese principal recai sobre a necessidade de o mundo ser governado por um único imperador, ao qual estariam subordinados os príncipes de cada estado, o que levaria ao fim das guerras, dado que todo o território conhecido estaria sob o jugo de um único imperador, não havendo motivo disputas territoriais. Além disso, o poder espiritual deveria ser a única competência da Igreja, ao passo que o poder temporal seria destinado ao Imperador.

O conhecimento das obras de Dante que precederam a Comédia permite ver a evolução do estilo e dos temas enfrentados pelo poeta ao longo de sua vida. Esse constante aperfeiçoamento resultou em um estilo elevado, eminentemente figurativo e profundamente reflexivo, cuja expressão máxima é a “Comédia”.

A “Comédia” mostra que Dante dominava quase todo o saber sistematizado durante a Idade Média, que nada mais era do que um amálgama entre a sabedoria produzida pelos clássicos e pelos cristãos eruditos. Fala-se que a Comédia representa a “suma poética do conhecimento da época”.

O fato de Dante ter nascido em uma época de efervescência cultural, política e econômica, em uma das cidades mais ricas e cosmopolitas da Europa, marcou profundamente o caráter vanguardista de sua obra. A sua poesia reafirma, sim, o mundo medieval e toda a sua cultura, sem dúvida. Mas certamente é também um germe para a modernidade, e constitui-se em verdadeira expressão do renascimento italiano, sobretudo se admitirmos (como fazem importantes historiadores) que o renascimento foi um “fato medieval”.

Por fim, ler Dante passa necessariamente por ler a “Comédia”.

A “Comédia” é muitas coisas. O seu caráter multifacetado, infinito e indefinível não permite conceituá-la sem o risco de negligenciar as suas muitas “beiradas”.

Ela pode ser vista como uma catedral gótica - metáfora muito comum quando se trata da “Comédia” - dada a sua grandeza monumental e sua arquitetura precisamente calculada.
Mas a sua estrutura revela muito pouco acerca do “enigma” nela contido. Seria ela uma “profecia”? Trata-se de ficção ou realidade? Foi um sonho ou um lampejo de lucidez?

O próprio Dante apontou para um possível sentido meramente literal da “Comédia”: “o estado das almas depois da morte”. Entretanto, também indicou o seu poder alegórico enquanto poesia moralizante (cf. epístola endereçada a Cangrande Della Scala).

Borges afirma que “Há uma primeira leitura da Comédia; não há uma última, já que o poema, uma vez descoberto, segue-nos acompanhando até o fim; o mais gasto e repetido dos tercetos pode, uma tarde, revelar-me quem sou ou o que é o universo. (Jorge Luis Borges, em “Obras Completas”).

A Comédia é uma ponte entre o terreno e o divino. Traduz bem o braço humano indo ao encontro do braço de Deus na pintura de Michelangelo sobre o teto da Capela Sistina. Há um amálgama entre formas inferiores e formas superiores, entre o chão e o sublime. Nessa medida, parece flertar com a doutrina origenista. Orígenes apregoava a apocatástase, isto é, um processo de aperfeiçoamento espiritual que se estenderia por eternidades rumo a uma unidade absoluta com Deus: esse parece ser o caminho de Dante pelos três mundos, e, numa imagem mais ampla, o de toda a humanidade.

Boas leituras!

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Maiara 31/03/2021

Necessário
Confesso que demorei meses pra retomar essa leitura, tanto por não me sentir preparada, quanto pela preguiça de textos técnicos específicos kkkkk. Porém, é no final que você percebe que não está sozinha na luta que é ler Dante, no caso A Comédia. Como Sterzi afirma, inúmeros pesquisadores especialistas em Dante ainda hoje batem a cabeça pra entender seções dos cantos. E isso me fez pensar: se os caras italianos que estudam isso a vida inteira, não têm certeza da intenção de Dante e do significado de suas palavras, imagina eu! Que comprei o box por influência de uma matéria na faculdade, que era inteira sobre A Comédia.
Enfim, esse livro, recomendado pelo meus professor de Literatura, me tranquilizou (e me motivou!) quanto à leitura de Dante. Recomendo para os iniciantes, assim como eu, nesse todo universo que são as obras de Alighieri.
kelly | @leiturasagridoces 31/03/2021minha estante
sinceramente, esse livro é demais


Maiara 01/04/2021minha estante
Siim




Luisa Mozart 04/02/2019

POR QUE LER DANTE - RESENHA
Este foi uma indicação de livro preparatório para a "Divina Comédia" que o meu tio me fez; recentemente saiu um vídeo no canal da Tatiana G. Feltrin sobre este livro também. Espero que este livro seja tão bom para a leitura de vocês, como está sendo para a minha.
O livro é dividido em 5 partes, como se fossem capítulos:
1. “Um Retrato do Artista”, onde o autor, Eduardo Sterzi, nos contará um pouco sobre a vida de Dante Alighieri, e como o que sabemos dele foi influenciado por Boccaccio, inclusive tem uma frase do Borges que define muito bem essa parte/capítulo “Conhecemos Dante de um modo mais íntimo que seus contemporâneos. Quase diria que o conhecemos como o conheceu Virgílio, que foi um sonho seu”. Ele também falará de seus biógrafos, e suas respectivas biografias. É uma parte/capítulo muito interessante, principalmente quando ele fala que até mesmo a feição e a personalidade de Dante foi criada por Boccaccio, inclusive terá uma parte desse capítulo que o autor, falará mais do Boccaccio do que do Dante;
2. Logo após temos uma parte/capítulo, que serve como complementação para a primeira, a “Cronologia”, lá percebemos o quão incerto e limitado é o nosso conhecimento de Dante. Essa parte foi muito útil para eu escrever a biografia do Dante Alighieri para o blog;
3. A terceira parte se chama “Ensaio de leitura”, que eu penso que será a parte mais útil para nós. Nessa parte Eduardo Sterzi, falará sobre cada uma das principais obras de Dante (como a "Vita Nova", "Pedrosas" e a principal das principais, "A Divina Comédia"), nos direcionando para um olhar metafórico de cada obra, e a parte da "Divina Comédia" ( que foi a que eu mais prestei atenção, e provavelmente quando eu for ler as outras obras de Dante eu irei reler esta parte), está sendo muito útil para mim, e foi um, dos dois motivos que me fizeram reler o “Inferno”, porque na primeira leitura, eu percebi que eu li muito superficialmente, e agora estou lendo e refletindo a cada detalhezinho;
4. A quarta parte se chama “Entre aspas” e irá nos trazer alguns trechos das principais obras de Dante: “Vida Nova”, “Lírica”, “Rimas Pedrosas” e a “Divina Comédia”;
5. A última, mas não menos importante parte/capítulo, se chama “Estante”, onde o autor irá nos contar as traduções das principais obras de Dante aqui no Brasil, destacar as melhores, e dar dicas para ler elas no original. Também foi outro motivo que me incentivou a reler o "Inferno" (que eu não considero lido, porque como já falei para vocês, eu deixei praticamente passar tudo), porque ele dirá que, para quem tem a edição traduzida pelo Italo Eugênio Mauro (Editora 34), a melhor forma de lê-lo é intercalando com o original (que inclusive na edição da Editora 34 já é bilingue), e curiosamente, foi desse jeito que Borges aprendeu italiano.
É um livro muito instrutivo e interessante para quem quer ler Dante, seja pela primeira vez, ou a releitura. A leitura eu achei um pouco cansativa, pelo motivo da escrita ser um pouco técnica, mas no final vale a pena pelo aprendizado. Outra coisa que me incomodou um pouco, são as notas no final do livro, que eu acabei ignorando a grande maioria, pela falta de praticidade de ficar indo e voltando.
É um livro pequeno e compacto, que dá para levar em qualquer lugar.
Fica aí uma ótima recomendação de livro não-literário.

Atenciosamente: Luisa 📖.

site: https://1970costa8.wixsite.com/literaturaemuitomais/inicio/por-que-ler-dante-resenha
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Carrah 06/05/2019

Uma otima ?porta de entrada? para quem quer conhecer a vida e obra de Dante Alighieri ?
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