_mvtl_ 10/03/2024
Lydia Cacho: uma jornalista de verdade
Tomei conhecimento sobre quem é Lydia Cacho durante o período em que eu estava na faculdade de Jornalismo (eu procurava livros-reportagens para comprar e me deparei com o nome dela). Desde então, passei a vê-la como a síntese do que é a verdadeira concepção da palavra "Jornalista"
Este livro é uma continuação do anterior: "Os Demônios do Éden: O Poder que Protege a Pornografia Infantil", lançado em 2005 (infelizmente, não tem em português). "Memórias de uma infâmia" mostra os acontecimentos posteriores ao seu antecessor e os desdobramentos de toda a repercussão gerada após o impacto do primeiro
Assim, é assustador num grau infinito o que é mostrado nesse livro. Desde o assunto em si (pedofilia) até a perseguição e tentativa de assassinato contra jornalistas; e o envolvimento de políticos e todo o arcabouço feito por eles, em conluio com gente podre, que não vale merda alguma e que só quer se beneficiar e causar mal contra tudo, inclusive crianças
Lydia Cacho fez o que jornalistas têm que fazer: ajudar pessoas, crianças, não ficar prestando vassalagem fanática ideológica para porcaria de políticos que não valem lixo algum; ou alimentando o próprio ego narcisista
Na faculdade de Jornalismo, apredi que a informação é um produto (valioso, aliás); e que a tal "imparcialidade" é mais irreal do que Nárnia. Veículos de comunicação são empresas. E, como empresas, também têm seus interesses econômicos. Contudo, um jornalista não precisa estar de rabo preso a ninguém porque, felizmente, essa profissão ainda pode ser exercida de forma independente, sem se ater a linhas editorias controladas
Mas o mais importante nesse livro foi: primeiro, ter mostrado o quanto é obscuro as sombras que escondem esse tipo de crime; e o quanto é árduo derrubá-lo. Epstein foi capturado nos EUA (mas morreu antes de ser julgado e dar nomes). E, segundo, ter ajudado diversas crianças que sofreram dessa maldita e nefasta maldade absoluta. De tudo o que há de errado, isso é o pior que há no mundo. E graças à Lydia e a todos que a ajudaram nessa missão, muitas puderam ser salvas e cuidadas
Por fim, os meus livros (NAS LUZES QUE ME HABITAM e NAS SOMBRAS ONDE EU EXISTO) têm esse assunto no contexto narrativo. Não sou alguém que usa a arte para fazer discurso, pôr críticas e esse tipo de coisa - não tão evidente e sem coerência, pelo menos. Mas procuro mostrar, de alguma maneira, que esse pesadelo existe. E esse é um assunto que me atinge profundamente, por isso acho a necessidade de abordá-lo