KeniaCandido 18/04/2024
Assombroso!
Suicidas é o primeiro livro escrito por Raphael Montes e foi o segundo livro li do Raphael Montes. Como estou relendo os livros que tenho na minha estante para escrever minhas opiniões, dessa vez optei em relê-lo em ordem cronológica dos livros lançados do autor e novamente, mesmo sabendo do enredo completo, fiquei completamente surpreendida pela história. Está na minha lista de livros favoritos, pois a história trouxe grandes revelações do início até a última frase do enredo e sem poupar o leitor dos acontecimentos grotescos que consegue tirar o fôlego de qualquer um. É simplesmente surpreendente!
Resumidamente Suicidas conta a história de nove jovens universitários, Alessandro, Zak, Waléria, Ritinha, Otto, Noel, Danilo e os irmãos Lucas e Maria João, que foram encontrados mortos no porão de uma casa de campo chamada Cyrille's House localizada no interior de Minas Gerais. Todas as evidências indicam que eles praticaram roleta-russa. Ao longo da história vários segredos são revelados e descobrimos que a roleta russa foi ideia do Zak. Após um ano, a delegada Diana Guimarães ainda tenta esclarecer os fatos e resolveu reunir as mães dos jovens que morreram no porão, na tentativa de colher mais informações para ajudá-la montar este quebra-cabeça tenebroso e principalmente, entender o real motivo que fez esses jovens de situação financeira confortável e privilegiada morrer de forma medonha.
O leitor é conduzido em três pontos narrativos que são intercalados durante ao livro. É preciso ler a história com bastante atenção para entender o motivo de cada jovem ter entrando nessa roleta russa. O primeiro ponto apresenta a história contada pelo ponto de vista do Alessandro em tempo real em um caderno de anotações que foi encontrado no porão juntamente com os corpos dos jovens que praticaram roleta-russa. Considero o ponto mais forte do livro, pois Alessandro revelou todos os detalhes de cada rodada da roleta-russa. É um cenário profundamente pesado e a leitura consegue deixar o leitor à flor da pele com as emoções inesperadas. O segundo ponto da história apresenta as mães dos jovens suicidas. Elas estão numa sala de reunião com a delegada lendo o caderno de anotações que Alessandro deixou no porão.
Este caderno detalhando como foi à roleta-russa e a morte de cada jovem no dia sete de setembro. Particularmente achei os trechos deste ponto bastante dolorosos, porque o leitor sente na pele o sofrimento de cada mãe que está descobrindo as ultimas horas dos filhos. Essa parte do livro, também é forte, pois ficar no lugar de cada mãe ouvindo a delegada lendo como foi à morte do seu filho não foi nada fácil. O terceiro ponto é o diário de anotações de Alessandro que os policiais encontrou em sua casa, logo depois dos suicídios. Este ponto serve para mostrar as circunstâncias importantes dos dias anteriores à roleta-russa e principalmente, revela os motivos de cada jovem ter entrado neste jogo tão sombrio.
A escrita do Raphael Montes desenvolve rapidamente o leitor na trama, porque as revelações da história é um soco no estômago. Especialmente a morte de Danilo. Confesso que adoro ler histórias que me tiram da zona de conforto, aquele thriller pesado, contudo ler o trecho da morte de Danilo, eu precisei dar uma pausa. Estou tentando não contar praticamente nada da história, pois cada revelação é importante e desejo estragar a surpresa do leitor que ainda não conhece a história. Por isso, aconselho que ao ler Suicidas, não leia a última página do livro antes da hora certa. Ela contém um pequeno detalhe que proporciona arrepio depois que descobriu a história completa desses jovens universitários.
Além de trazer critica social, problemas de caráter e ambição para alcançar os objetivos, o leitor também encontra uma reviravolta atrás de outra. A narrativa de Alessandro no caderno consegue chocar e ao mesmo tempo, maravilhosa. Desperta a curiosidade porque revela o pior lado de cada personagem num enredo é cheio de fatos pesados e cenas agressivas que podem impressionar. Se você é um leitor sensível ou não está acostumado com esse tipo de história, a escrita do Raphael Montes, talvez, não seja a melhor opção. Ele não tem nenhum receio de mostrar o lado pior do ser humano.
Entretanto, os leitores que estão acostumados com histórias que apresentam as atrocidades humanas ou livros com narrativa policial forte, a escrita do Raphael Montes é fascinante. Sem perceber fui envolvida numa história de terror intrigante com personagens manipuláveis. Eu sou fã da escrita do Raphael Montes, porque ele não entrega nenhuma informação de graça e sempre que um trecho revela um fato importante e consigo desvendar uma peça do quebra cabeça, eu fico com os olhos arregalados e boca aberta durante a leitura. Com certeza Suicidas permanece na lista de livros que vou reler futuramente ou sempre que dê vontade. Enfim, Suicidas foi uma leitura assombrosamente deslumbrante.
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