Desde que a Novo Conceito anunciou o lançamento desse livro fiquei intrigada afinal faz alguns anos que tenho forte interesse em psicopatas e sociopatas. Embora a sinopse não deixe claro que esse era o caso é questão de lógica associar um personagem meigo, porém destrutivo com psicopatas. Julia Crouch construiu uma trama psicológica digna de filme de suspense, repleta de reveses e com um final tenso que se não surpreender o leitor, no mínimo vai emocionar.
Rose é uma mulher que sempre sonhou com a família perfeita, é casada com Gareth, um artista que desde que começaram a reformar a casa que compraram não teve tempo de pintar e anda rabugento com a chegada inesperada da segunda filha. Rose sabe que o bebê pode atrapalhar o casamento, mas faz de tudo para equilibrar a vida e dar espaço para Gareth. Quando Polly liga avisando que seu marido morreu Rose sabe que convidá-la para ficar com eles não foi a atitude mais correta. Deveria colocar sua família acima de tudo, mas Polly é sua melhor amiga desde que eram pequenas e seu marido era como um irmão para Gareth. Assim a rotina do casal é alterada pela presença de Polly e seus dois filhos. Rose acaba assumindo tudo sozinha já que Polly está mais desleixada e não parece se importar nem um pouco para os filhos. Quando situações estranhas começam a acontecer Rose se nega a acreditar que Polly tenha a ver com elas. E quando situações graves ameaçam destruir sua família Rose precisa agir antes que seja tarde demais para todos eles.
Essa é a premissa do livro. Uma amiga mais dissimulada do que folgada e que pouco a pouco revela uma face sombria que Rose passou a vida inteira negando. Mas que agora com toda sua família em risco ela não pode mais negar. Polly é psicopata, se você generalizar o termo. Ela é a santa, boa amiga, agradável, sempre falando o que os outros querem ouvir, mas que invariavelmente destrói a vida da maioria das pessoas com que se relaciona. E faz isso com gosto, sempre transformando o alvo, no caso Rose em vilão perante os demais. Uma vez ouvi dizer que quando as pessoas começam a dizer que você está louco nada do que você possa fazer ou falar vai mudar essa opinião. É assim com a maioria das coisas. É um mal que não pode ser desfeito. Polly pouco a pouco vai tomando conta da vida de Rose. Com seu charme e lábia irresistível o que ela fala é lei e nada do que Rose faça ou deixe de fazer vai adiantar. Ela está impotente na rede de Polly.
E é isso que um psicopata faz. Quem aqui não já teve aquela amiga dissimulada, que sempre era o centro da amizade, irritadiça, de humor instável e que sempre faz você sentir-se péssima de algum modo? Há sempre uma dessas sanguessugas por perto. Polly cresceu manipulando não só Rose como todos ao seu redor e é isso que a faz mais perigosa ainda. Além de não ter escrúpulos sabe de coisas que ninguém mais sabe sobre Rose. Segredos confiados a uma "amiga" e que agora serve como mais um acessório para o personagem que Polly mostra a Gareth e todos os amigos, familiares dela.
A narrativa apresenta um ritmo bastante acertado no início da trama, mas que em certo momento diminui aumentando a tensão e por vezes irritando o leitor. Afinal sabemos o que Polly está fazendo, até a filha pequena de Rose percebe melhor a situação do que ela. A personalidade de Rose muda drasticamente na presença de Polly. É bastante crível se você pensar pelo lado psicológico. A autora foi feliz ao criar essa dissonância. Rose sempre foi a submissa da relação. Agora para os mais impacientes que não se interessam na pesquisa por trás da história isso pode ser um problema. Porque até eu que gosto de tudo isso achei um pouco prolongado demais essa passividade de Rose. Não precisava ser tão parecido com a realidade. Falando dos personagens o mais enojante é o marido de Rose. Gareth é um fraco desde o início. Fraco de caráter, de força de vontade, de sentimento, estragado em todos os sentidos. O que facilitou mais ainda os planos de Polly e acabou culminando naquele final. Foi um tanto surpreendente e não acreditei quando vi a cena final. Tanta tragédia, tanta tensão e no fim as coisas aconteceram muito rápido. Não foi o esperado, mas conclui bem a história.
Leitura rápida e extremamente instigante. Todo o mistério e a tensão em torno das tragédias que se seguem na vida da protagonista tornam a leitura impossível de largar. Julia Crouch tem uma escrita direta e elaborada que construiu uma trama forte. A edição da (...)
Termine o último parágrafo em: http://www.cultivandoaleitura.com/2012/10/resenha-cuco.html