Ivy (De repente, no último livro) 22/06/2020
Resenha do blog "De repente no último livro..."
O que foi que aconteceu para eu não gostar esse livro?
Acho que a idéia que havia "formado" sobre ele foi diferente demais do que ele realmente era. Eu idealizei a estória baseando apenas na sinopse, e o livro foi o oposto do que eu pensava.
Além disso, me pegou de surpresa a absoluta falta de ação da estória. A trama é toda linear, narrando o dia a dia de Meg e dos Outros. É literalmente isso! Durante 80% do livro Meg está entregando encomendas e socializando com gente que pode se transformar em falcões, corvos, lobos e óbvio, vampiros.
Eu achei que haveriam reviravoltas, fugas, tensão, e honestamente pensei que o tal dom de Meg fosse ser super explorado, com visões de arrepiar, e... não tive quase nada disso. Meg teve umas poucas visões, que embora interessantes, não serviram para me empolgar na estória, e a maior ação que tive em 80% de livro foi Meg levando um tapa por ter colocado uma coleira num jovem lobo que tinha problemas de insegurança.
Alguns livros são tão bons que o romance até sobra, fica desnecessário. Neste livro aqui, é o contrário. Faltou romance. Como Written in Red não tem ação e nem grandes reviravoltas, pelo menos que trouxesse um romance bacana, mas nem isso.
Written in Red não tem ação, não tem muitas reviravoltas, não tem romance e muito menos humor. Terminar seus últimos capítulos foi um martírio sem fim para mim, e lá para perto do final, nos três últimos capítulos, a tensão aumenta porque estamos no clímax da estória, mas eu já estava tão decepcionada que foi impossível me envolver com tudo aquilo, nem mesmo quando as coisas finalmente acontecem.
Os personagens são bons, mas não foram especiais para mim. Anne Bishop desenvolve personagens complexos, densos, incompreendidos até, mas pouco carismáticos. Simon é muito anti herói, ele mesmo revela que os humanos são só comida para ele. Esqueça os lobisomens gente boa ao estilo Crepúsculo. Os homens lobo daqui gostam mesmo é de comer humanos, e não sentem qualquer afeição por nossa espécie.
Meg, a profeta, é legalzinha, mas muito apagada para uma protagonista. Ela é aquela moça meiga, contida e dócil, maleável até demais, que ganha o coração de todo mundo. Até os vampiros, seres por natureza reacios ao contato humano caem rendidos aos pés de Meg. O pior é que enquanto todos os personagens morriam de carinho por Meg, eu leitora não conseguia sentir qualquer afeição pela garota. Meg é boazinha demais, passiva demais, inocente demais, dócil demais. Ela até teve algumas atitudes interessantes, mas não conseguiu me conquistar como protagonista e eu estava meio que "pouco me lixando" para ela (me sinto até culpada por isso porque a Meg é tão boazinha...)
Os vilões são uma interrogação. O tal Controlador é quase um fantasma. Meg fala dele, relembra ele, e faz a gente sentir medo. Mas o dito cujo em si não dá as caras nessa primeira parte e só ameaça perto do final.
Aí para compensar esse vácuo no lado do mal, a autora introduz Asia Crane, um personagem até que intrigante, já que Asia não é exatamente uma vilã. Ela não é essencialmente má, mas é ambiciosa, teimosa e gananciosa, e isso a transforma em um obstáculo para Meg. Ainda assim, Asia não fede e nem cheira, ela apenas se destaca como a única a não cair rendida aos encantos de Meg, e como não tem nenhum escrúpulo, acaba surpreendendo o leitor com suas atitudes.
Um dos personagens que mais gostei foi a Tess. Ela é um ser sobrenatural misterioso. Sua identidade real não nos é revelada nessa primeira parte, mas fica evidente que o que quer que ela seja é algo temido por humanos e pelos Outros, por isso Tess prefere viver no Courtyard na forma humana, sempre, e nunca revela o que é capaz. No final a gente tem algum relance de sua identidade, mas eu ainda não consegui decifrar o que ela pode ser, e no fim das contas esse acabou sendo o mistério que mais gostei nessa primeira parte.
A ambientação é ampla. Caraca, tenho que admitir que a autora tem muita imaginação. Ela criou um mundo onde os Outros vivem perto dos humanos, e as duas espécies mantém uma relação conflituosa e movida a medo e ameaças. Eu gostei da complexidade do universo criado por Bishop.
Temos criaturas que se transformam em corvos, em falcões e até em pôneis. Temos homens lobo, vampiros, e elementais impetuosos que quando contrariados são capazes de mandar terremotos e avalanches.
O grande problema de tudo é que embora super original, tanta informação acaba sendo também confusa. Temos muitos personagens nesse livro. Tantos que muitos deles eu nem sei quem são porque me confundia o tempo todo e depois de um tempo acabei desistindo de tentar memorizar o que era cada um. A autora se esforçou em apresentar um universo diferente, amplo, rico em detalhes. Mas pecou pelo excesso, de criaturas e de personagens.
O final foi a melhor parte do livro. Em parte pelo alívio de ter terminado, Aleluia, obrigada meu Deus!
E em parte porque até que deixou um novo arco interessante aberto para a segunda parte, que promete ser melhor que a primeira, mas eu não vou me arriscar e conferir.
Enfim, Written in Red se destaca de verdade por seu universo diferentão e mega vasto, com seres de todos os tipos e gostos. Mas, peca exatamente por apresentar personagens demais em uma estória que poderia ter tido menos gente e mais ação e adrenalina. O livro foi monótono e a escrita firme de Anne Bishop, embora seja boa, não foi suficiente para me prender em sua estória.
Apesar de não ter sido um bom livro para mim, pode ser um livro ótimo para outros leitores, mais habituados com tramas complexas e pausadas. A série conquistou muita gente no Goodreads, então considere-me uma exceção e dê uma oportunidade à esse livro se ele chamou sua atenção.
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