Jacqueline 25/08/2012
Publicado originalmente em www.mybooklit.blogspot.com.br
Nastasya tem mais de quatrocentos anos e tudo o que deseja é viver a vida no limite. Em companhia de seus melhores amigos, ela sempre está em busca das melhores festas, bebendo até não poder mais.
Amor é uma palavra que não existe em seu dicionário. Apenas encontros casuais - em sua maioria com mortais - sem qualquer tipo de envolvimento.
Sua vida parece completa e satisfatória, até o dia em que vê seu melhor amigo torturar um mortal, fazendo uso de magick das trevas. Incapaz de tomar alguma atitude, toma a única saída viável: decide se afastar de seu grupo.
Assim ela encontra abrigo em uma espécie de casa de reabilitação para imortais, que desejam fazer algo mais de suas longas vidas. Ao chegar na casa ela se depara com Reyn, um sexy imortal, e pode jurar que o conhece de algum século passado.
Enquanto isso, Incy, seu inseparável amigo, não parece disposto em esquecê-la e fará de tudo para encontrá-la.
" Ele parecia...simplesmente inacreditável, o cabelo revirado pelo vento, os olhos brilhantes, o rosto levemente ruborizado. Era quase impossível eu não derrubá-lo ali, na frente de Asher, e subir em cima dele. Se eu acertassse com uma frigideira, ele talvez não lutasse muito..." (pág.98)
Quando ouvimos a palavra imortal, logo pensamos que o conceito da imortalidade está intrinsecamente ligado aos vampiros, certo? Errado. Tiernan resolveu inovar, e trazer um enredo bem diferente sobre a imortalidade, tornando assim seu romance Amada Imortal em um YA sobrenatural único.
As primeiras páginas me deram sono, não vou negar. Porém, ao chegar na página 50, eu estava completamente hipnotizada pela história (tanto que o arroz da janta queimou, porque eu não conseguia largar o livro).
Narrado em primeira pessoa, o tom descontraído e zombeteiro que a protagonista utiliza, torna a leitura muito divertida. Ela faz piadinhas com as próprias desgraças, fala com o leitor como se ele estivesse ao seu lado, e ainda abusa do sarcasmo para nos contar sobre os imortais. Tudo isso sem se tornar chata, forçada ou incoveniente.
Nastasya foge de todos os esteriótipos das mocinhas virginais que encontramos atualmente na literatura. E não é só pelo fato de ter mais de 400 anos e ter aproveitado bem a vida. Só uma palavra me vem a cabeça para descrevê-la: Louca. Eu não poderia amá-la mais.
E chegamos a melhor parte do livro: o romance. Claro, este não poderia faltar, e o melhor: sem triângulo amoroso. Reyn é tipo um deus viking imortal. Ele trata Nasty de modo totalmente hostil, e parece não dar a mínima para sua presença. Fora o fato de viverem se alfinetando, trocando farpas e reclamações sobre o comportamento um do outro.
Engraçado o modo como Nasty reage aos seus encantos (e que encantos). Ela dá voz aos seus devaneios e pensamentos mais sinceros, e vez ou outra deixa escapar um: nossa como ele é gostoso (porque será que me identifiquei tanto? rs).
Todos os outros personagens são bem desenvolvidos. Nell é a mais nova dos imortais, e tem uma queda por Reyn, que parece não se dar conta de seu charme. River é a dona da casa, sendo assim a imortal mais antiga, e o modo como trata todos é cercado de carinho. Ela é uma das minhas personagens preferidas.
Não pense que a casa é um tipo de colônia de férias para imortais. Eles cumprem várias obrigações - totalmente tediosas - que incluem lavar louça, arrumar a cozinha, tirar alimentos da horta, e ainda precisam arranjar um emprego.
O conceito da imortalidade é bem descrito e inovador. A magick, que é a magia utilizada pelos imortais para fazer feitiços ou até matar algum mortal, pode ser usada em benefício do mal ou do bem. E Nasty busca pelo controle de sua magia.
O suspense fica por conta das muitas perguntas. Quem teria matado seus pais? Porque ela se sente tão mal após realizar alguma magick? Qual seria o significado da marca em seu pescoço? De onde ela conhece Reyn? E este é só o primeiro livro de uma trilogia. O segundo volume Darkness Falls já foi lançado nos EUA, mas ainda não tem previsão de lançamento no Brasil.
A autora deixa um gancho para o próximo volume, de querer arrancar o couro cabeludo.
Não posso deixar de citar o belo trabalho que a Editora realizou com a capa do livro. Pessoalmente ela é muito mais atrativa, pois possue um toque aveludado, e as flores em alto-relevo parecem ganhar vida.
Uma leitura realmente imperdível.