ArthurmalariA 28/11/2023
O Psicopata Americano, de Bret Easton Ellis, foi publicado em 1991 e trás a história de Patrick Bateman, um gerente de investimentos que leva uma vida rodeada por glamour, roupas e restaurantes caros, festas e drogas, e assassinatos. Bem, não posso dizer que gostei desse livro, tampouco posso dizer que não gostei. O livro se passa em primeira pessoa, e temos a visão e pensamentos de Pat... e como ele é CHATO! Faz questão de descrever em detalhes cada peça de roupa e suas marcas que ele e seus amigos (também CHATOS) usam, além de contar vantagem o tempo todo do quanto ele tem tudo de primeira linha, sabe aquele seu amigo (TODO mundo conhece um) que fica contando vantagem o tempo todo de como suas coisas são melhores e como ele conhece coisas melhores que você? ("Ah, eu não bebo essa cerveja de milho, pra mim só cerveja feita por monges belgas seguindo a lei da pureza est..." ZZZZzzzZZZ) esse é o Pat. Então você já leu duas mil páginas que passaram tão lentas quanto uma tortura e está quase largando o livro quando de repente Pat mata um mendigo. WOW... tava chato, mas agora tá repugnante.. e toma, mais descrições tediosas e situações desinteressantes, aí tortura uma prostituta... e toma uma descrição detalhada sobre a carreira do Genesis, e... exato: mais sangue e vísceras e descrições tão detalhadas das torturas que ele faz que é quase como se você estivesse junto dele o vendo fazer tudo isso. Mais restaurantes, marcas de roupas, um assassinato absurdo e a descrição da carreira da Tina Turner ou do Ray Park Jr... e pensamentos misóginos e preconceituosos, e mais sangue... Enfim... Ao ler eu conseguia entender o que o escritor quis fazer e fez maestralmente... você se entorpece com as cenas tediosas e descrições e quando está entorpecido assim, as cenas do psicopata se tornam mais impactantes... mas Pat não é interessante. Estar com ele foi quase como um sequestro, não foi como Dr. Lecter: Inteligente, refinado, interessante... Pat é o contrário disso, e suas ações desde a primeira página até a última são repugnantes. Tá... aí terminei a leitura e decidi que não gostei do que tinha lido... aí alguns dias se passaram e percebi uma certa genialidade nesse livro: Ele fala de um psicopata, não foi escrito pra gerar empatia com o personagem... talvez o que tenha o tornado tão sofrível seja o fato de não conseguir me colocar no lugar desse cara nenhuma vez... Isso torna o livro mais difícil de digerir (além das cenas super gráficas, se você tem o estômago fraco pra essas coisas nem comece a ler...), e percebi que o livro estava fazendo uma grande crítica. Crítica parecida com a superficialidade que se vê em outros personagens, como o narrador de clube da luta, e sobre a impunidade que homens brancos héteros e ricos conseguem perante as leis. Acredito que grande parte da minha experiência tenha sido assim também porquê li o livro antes de ver o filme, filme esse que todos sempre dizem ser tão bom... tá, aí fui ver o filme... que realmente é muito bom, e controversamente foi dirigido por uma mulher (dado o grau de misoginia do personagem, é difícil entender porque uma mulher iria querer adaptar isso para o cinema) aí vem... o filme encara o personagem como uma sátira, e é quase cômico em alguns momentos, e não foi assim que eu li o personagem... Então o final do livro e o final do filme deixam uma pergunta gigantesca em aberto (vou colocar oculta nos comentários, caso alguém queira discutir mais tarde). Então, apesar da experiência em sua maior parte negativa, o livro cresceu bastante depois e pra mim foi um 8/10.