Clarissa130 24/05/2023
??há uma ideia de um Patrick Bateman, uma espécie de abstração, mas não há um eu real, apenas uma entidade, algo ilusório, e embora eu possa esconder meu olhar frio e você possa apertar minha mão e sentir carne segurando a sua, e talvez até mesmo sentir que nossos estilos de vida provavelmente são comparáveis: simplesmente não estou lá. É difícil para mim fazer sentido em qualquer nível possível. Meu eu é fabricado, uma aberração.?
Psicopata americano, antes de tudo, causa imenso desconforto, especialmente pelo nível de detalhamento da narrativa. Leva um tempo pra digerir e lidar com as sensações que o livro gera, em muitos momentos não consegui ler mais que um capítulo por dia. Ao entrar no universo e na mente perturbada de Patrick Bateman, o psicopata em questão, nos deparamos com um indivíduo extremamente vaidoso, invejoso, misógino, racista, homofóbico? A descrição do personagem é fascinante pelo que nos provoca, sendo o único sentimento possível o de aversão.
Um dos aspectos mais interessantes pra mim é que nenhum dos personagens citados é descrito por suas características físicas e sim por suas peças de roupas de grifes e os valores agregados, tendo como valor ?moral? o valor capital. Além disso, o comportamento desorganizado do paciente em alguns momentos nos leva a questionar se de fato os eventos ocorreram ou se foram fruto de delírios, e nesse ponto nossa própria mente já está fritando?
Enfim, muito bom! ?