Jayne L. Oliveira 22/06/2013Escrito por Daniel Silva, “O Caso Rembrandt” é o thriler policial do mundo modernoA história começa quando o restaurador Cristopher Liddell é assassinado tentando proteger a pintura “O Retrato de uma Jovem”, do artista holandês Rembrandt van Rijn. Julian Isherwood é um negociante de arte “reservado como um espião, mas com uma confiança nos outros que beirava a estupidez”. Ele, que esperava a restauração do quadro para entregá-lo ao comprador, entra em desespero quando descobre que o quadro foi roubado e, para recuperar a obra, busca ajuda de Gabriel Allon: um espião precocemente aposentado que se recupera de um atentado com sua esposa, Chiara.
O Caso Rembrandt (The Rembrandt Affair, no título original) é dividido em três partes (Procedência, Atribuição e Autenticação) e nos guia a uma busca implacável pela obra. Ao lado de Gabriel e Chiara, desvendamos, aos poucos, os segredos da jovem em “óleo sobre tela de 104 por 86 centímetros”, voltamos no tempo para ouvir relatos chocantes de uma pequena judia, sobrevivente da Segunda Guerra Mundial, e viajamos pelo mundo desvendando as pistas deixadas para trás.
“No outono de 1941, com o continente tomado pela guerra, Hitler e seus capangas mais antigos decidiram que os judeus deveriam ser exterminados. A Europa tinha que ser expurgada de leste a oeste, com Eichmann e seus ‘especialistas’ operando as alavancas da morte. Os saudáveis eram usados para trabalho escravo. Os outros – jovens demais, velhos, doentes e inválidos – eram imediatamente sujeitos a um ‘tratamento especial’. Para 9,5 milhões de judeus vivendo sob o domínio alemão direto ou indireto, foi uma catástrofe, um crime inimaginável”.
É assim, de forma encantadora e surpreendente, que Daniel Silva é capaz de nos manter atentos à leitura, mesmo quando a narrativa diminui o ritmo para contextualizar os acontecimentos. Mais do que ficção, Silva apresenta temas históricos, sociais e políticos do mundo contemporâneo, de modo a nos levar uma reflexão sobre os conflitos vivenciados no mundo real e nos mostra que, mesmo na ficção, muitas vezes, os interesses de poucos se sobrepõem o bem da maioria.
O espião de Daniel Silva
Para os leitores assíduos de Silva, o encontro com Gabriel Allon não é novidade. O personagem faz parte de uma série de 12 livros de espionagem escritos pelo autor. Mas não se preocupe em ficar perdido, a história é independente e bem desenvolvida.
Com o uso de equipamentos super modernos e dignos de James Bond, o espião mais famoso do cinema, Gabriel monta o quebra-cabeça com as pistas do roubo aos poucos e, acredite, a história vai muito mais além do que o assassinato de Liddell e o quadro roubado.
É com Gabriel Allon e suas descobertas que o ritmo do livro é mantido, mesmo quando o autor faz uma pausa para contextualizar o leitor com os fatos históricos.
Ao mesmo tempo em que o personagem se mostra um espião e assassino altamente treinado, ele demonstra responsabilidade e seriedade com o trabalho e sociedade, além de um espírito de justiça e sensibilidade extraordinária. “Gabriel fora amaldiçoado com um senso exagerado de certo e errado. Seus maiores triunfos profissionais como agente de segurança não tinham sido conquistados à mão armada, e sim por meio de sua vontade inflexível de expor os erros cometidos e corrigi-los.”
Assim, a história não é restrita apenas aos amantes da espionagem, mas se torna leitura obrigatória para quem é apaixonado por história, arte e, é claro, literatura.
É interessante perceber que cada detalhe do livro existe com um propósito. Nada é colocado aleatoriamente e os personagens se encontram, reencontram e são entrelaçados na história de forma a manter a atenção constante do leitor, fazendo-o desejar devorar o livro (e mais algumas doses depois).
O Autor
A brilhante mente de Daniel Silva nos leva a viagens inimagináveis. Com descrições detalhadas, sem serem cansativas, Silva mantém o leitor atento enquanto viaja por diferentes períodos e lugares.
Filho de portugueses, naturalizado nos Estados Unidos, Daniel emplacou diversos livros, incluindo O Caso Rembrandt, no topo da lista do New York Times. Não é para menos, o americano sabe como prender um leitor através de suas palavras e temáticas instigantes e o mais importante: para escrever seus livros conta com um trabalho de pesquisa extraordinário (que, em O Caso Rembrandt, é detalhado no fim do livro).
O Caso Rembrandt
Titulo original: (The Rembrandt Affair)
Autor: Daniel Silva
Ano: 2010
Editora: Arqueiro
Nº de páginas: 304