A Ira de Nasi

A Ira de Nasi Mauro Beting




Resenhas - A Ira de Nasi


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Fernanda 13/09/2012

Resenha: A Ira de Nasi
Confira a resenha completa aqui:

http://segredosemlivros.blogspot.com.br/2012/09/resenha-ira-de-nasi-mauro-beting.html
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LidoLendo 10/01/2013

Nasi, Ira e SP!
Video Resenha em:

http://www.youtube.com/watch?v=-YkqCu-xWPk

Isa - LidoLendo
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Piro 17/12/2021

Ira de? Ira!
Talento, sim muito talento (sou Fã). O livro destaca o início do rock paulistano e como começou e ?terminou? uma das melhores bandas de Rock do país.
Brigas, egos, drogas, magia negra, orixás e muito mais você encontra neste excelente livro. Tudo gira em torno da vida do vocalista da banda Ira!, Nasi, e de suas turbulências.
Vale a pena a leitura para entender algumas lacunas que vieram a público na separação e brigas com membros da banda.
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Euflauzino 27/09/2012

Caminhando no fio da navalha

Tenho minhas preferências e sofri inúmeras influências musicais, sou Paralamas, depois Legião e tantas outras bandas, um amálgama molda minha natureza neste corpo musical. Por tudo isso, ao me deparar com A ira de Nasi (Belas-Letras, 320 páginas), lembrei-me de tanta coisa e me veio logo à memória: “Eu tentei fugir / não queria me alistar / eu quero lutar / mas não com esta farda”. Fui criado no interior de São Paulo e o “Ira!” para muitos de minha geração é algo inatingível, pela agressividade punk e pelo rock sem medidas. Sei quase todos seus sucessos de cor, ficaria aqui escrevendo as letras, uma a uma, sem errar, pois cantei muitas delas na noite. O engraçado é que é um livro autobiográfico escrito por dois autores de peso – Alexandre Petillo (um especialista na banda) e Mauro Beting (hoje jornalista esportivo, entre outras coisas, torcedor do Palmeiras, assim como eu e fã confesso).

Feitas as apresentações vamos ao livro. Quem me conhece sabe o fascínio que possuo por romances históricos e “biografias”, talvez seja aquele negócio de olhar pelo buraco da fechadura que tanto o “anjo pornográfico” Nelson Rodrigues apregoava. Tenho ressalvas a biografias em vida ou autobiografias, porque sempre haverá o outro lado da história que fica acobertada ou com menos ênfase, ainda assim este livro é
nitroglicerina, é um corte nas veias, uma decida ao inferno das lembranças de um cara que sempre admirei e hoje admiro ainda mais, apesar de escolher muito mal o time do coração.

A introdução feita pelo Mauro Beting subverte a tal biografia, não é direta, é lírica, um universo à parte, um prêmio para o Wolverine brasileiro e seus leitores. O trabalho da editora é caprichado e cheio de fotos no miolo, coisa pra fã e pra quem quer conhecer um pouco mais da história deste cara e por tabela do próprio rock:

“O Ira! parecia a banda da garagem do vizinho. Fazia um barulho danado, até em horas impróprias. Mas era o grupo da nossa terra, do nosso bairro, da nossa rua.”

Nasi (Marcos Valadão Rodolfo) era a voz rascante dessa banda:

“Marcos não nasceu para ser santo. Nasceu para ser a voz de um pecado capital.”

Banda eminentemente paulistana, portanto fora da antena do Rio e por isso um tanto quanto underground, vivendo num período em que diversas bandas eram sucesso, tais como Paralamas, Ultraje, Titãs, Barão e por que não Blitz, o Ira! não estava para brincadeira e se armava para a guerra:

“Nasi: A música brasileira era um bolerão só no começo dos anos 80. A abertura política do país precisava dar uma cara para a juventude. Ter uma voz forte. Não eram mais eles. Seríamos nós.”

Veja mais no Literatura:
http://migre.me/aTg2n
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ricardo_22 13/10/2012

Resenha para o blog Over Shock
A Ira de Nasi, Mauro Beting e Alexandre Petillo, 1ª edição, Caxias do Sul-RS: Belas-Letras, 2012, 320 páginas + fotos.

Apaixonado pelo rock, o jornalista Mauro Beting foi o responsável ao lado do especialista em música, Alexandre Petillo, em escrever a biografia de Marcos Valadão Rodolfo, conhecido como Nasi, vocalista de uma das bandas mais importantes do rock brasileiro na década de 80: o Ira!.
Quem acompanha o trabalho de Mauro Beting sabe que ele é um dos maiores jornalistas esportivos do país e tem um jeito único de tratar suas matérias, independente de quais sejam elas – o que não o impede de ser criticado. Assim como acontece em algumas de suas reportagens, em A Ira de Nasi, seu primeiro livro sobre rock, Mauro Beting mostra que com ele um trabalho simples pode se tornar valioso – ainda que não seja perfeito.

“Com o Ira!, várias outras bandas foram convidadas. Poucos minutos antes de ir ao ar, uma ordem da produção: todo mundo que aparecesse no vídeo era obrigado a usar um meigo gorro de Papai Noel. Os roqueiros todos vestiram. Menos o Ira!. A produção bateu o pé. O Ira! puxou o carro da Globo” (pág. 128).

Não é preciso conhecer e acompanhar a história do rock no Brasil para saber que Nasi é um dos principais nomes do gênero musical no país. Líder de uma banda que influenciou músicos que surgiram principalmente nas últimas duas décadas, Nasi sempre foi conhecido por sua voz e personalidade marcantes, mas também por algumas de suas declarações. É a polêmica em forma de músico.
Em A Ira de Nasi, Beting e Petillo fazem um relato sobre a infância, adolescência e a vida adulta de Nasi, mostrando os problemas enfrentados no início da carreira do cantor – quando a banda se chamava apenas Ira, sem exclamação - e também ao decorrer dela. Para os fãs, é uma ótima oportunidade de saber detalhes sobre a criação de álbuns e principalmente sobre o relacionamento entre os integrantes da banda, que por vezes foi muito conturbado e isso fica claro ao longo do livro. O relacionamento com outras bandas, sobretudo do cenário underground da capital paulista, também é exposto na obra que mostra todos os lados do músico biografado.
Mais do que uma simples biografia, que muitas vezes é deixada de lado pelos leitores, os autores conseguiram deixar a obra com o seu lado jornalístico e também romanceado, parte disso pelo estilo único de Mauro Beting. Com diversas entrevistas e depoimentos, inclusive do próprio Nasi, conhecemos as várias opiniões sobre o vocalista, o que não passa a imagem de que ele é um santo, já que não mostra apenas o seu lado bom. Afinal, como está explícito na sinopse, “Nasi não nasceu para ser santo”. O livro ainda inclui fotos de toda a vida de Nasi, além de reportagens e resenhas publicadas em algumas revistas especializadas, o que deixa a obra mais rica.

“Nasi: Foi um momento de encruzilhada... Na época eu tinha uma arma... Juro que pensei em ir até a casa da mãe da Maysa e acabar com eles... Mas foi bom não ter ido. Se me deixassem subir para conversar, não sei o que teria feito. Ou até sei...” (pág. 217).

Independente do gênero musical, todos sabemos que em décadas passadas o que realmente importava para o músico era fazer sua arte e apresentá-la ao público, ao contrário do que acontece hoje quando grande parte dos músicos de sucesso pensa apenas em tornar suas músicas conhecidas e ganhar dinheiro. Em A Ira de Nasi percebemos que tanto Nasi como também todos os membros da banda Ira! se importavam mesmo com a música, independente do sucesso. A vontade era tão grande, que carregaram os problemas durante anos para que pudessem fazer o que mais gostavam.

Mais em: http://www.blogovershock.com.br/2012/10/resenha-110-ira-de-nasi.html
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Viviane 21/06/2020

Vivendo e aprendendo
Biografia de Nasi que conta muito sobre a banda Ira! e sobre o início do rock paulistano. O estilo de escrita é suave, a leitura flui fácil. Rico em detalhes sobre a trajetória da banda, sobre o gênio de Nasi... e a relação dele com os outros integrantes da banda. Edgard é retratado de uma maneira não muito legal (porém a obra é sobre Nasi, então...). A espiritualidade de Nasi também ganha destaque, além de sua relação (e superação) com as drogas. Um bom livro para quem gosta de rock e um ótimo livro para quem ama Ira!. Ficou engraçado porque li bem no momento em que Nasi e Edgard retomam os trabalhos.
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pontas 17/11/2012

A Ira de Nasi
Eu ainda não tinha lido nenhuma biografia, então é meio difícil saber como fazer a resenha de uma. Tentarei fazer o melhor possível e passar o máximo do que senti lendo. Dessa vez, diferente das outras resenhas, são vou contar um pouco da história do livro por medo de soltar spoiler, e esse é um método que vou adotar quando resenhar biografia aqui no blog.

O verdadeiro nome de Nasi é Marcos, que nasceu no Bexiga e onde morou com seus pais e seu irmão cinco anos mais novo. Pra caracterizar um pouco sobre sua personalidade, colocarei um trecho do livro.


Nasi: Sempre fui um cara de ir atrás das coisas. De procurar a informação, um lugar para ensaiar no começo da banda, os lugares pra gente tocar... Sempre meti as caras. Até quando não tinha idade para isso.
Capítulo 1; Página 15


Já aproveitando esta deixa, tenho que dizer que uma das coisas que mais gostei, foram os comentários dele durante o livro. Os autores contam uma história, e em seguida Nasi vem com algum comentário sobre aquilo. Não só ele, temos também os companheiros do Ira que também dão seus depoimentos sobre a banda, o começo e tudo o mais.

Temos comentários também de várias outras personalidades que tiveram alguma influência na carreira da banda e do cantor, como por exemplo: Rick Bonadio, Kid Vinil – que inclusive é o responsável pelo prefácio -, Vagner Garcia e muitos outros nomes.

Ler essa biografia, foi um mergulho profundo na vida de uma personalidade que viveu muita coisa ao extremo e que tem muito a contar. Foi Interessante conhecer a banda Ira, sua formação e suas influências musicais. E também poder saber como foi os altos e baixos - sim, porque tiveram baixos -.

Eu não conhecia a banda, e já foi muito interessante poder ler o livro. Para os fãs, isso é uma dádiva, tenho certeza que todos vão gostar muito. A capa é bem interessante, a diagramação é simples e não encontrei erros de revisão. No meio do livro, somos presenteados com fotos, algumas da infância de Nasi, outras da sua carreira.

Vou dar três estrelas para o livro. A Ira de Nasi é um livro bom, que uma narrativa rápida mesmo com toda a história que é contada e que vai agradar muito os fãs, mas que não excedeu as minhas expectativas. Super recomendo para os fãs.


Quote:
Nasi: Sempre fui um cara de ir atrás das coisas. De procurar a informação, um lugar para ensaiar no começo da banda, os lugares pra gente tocar... Sempre meti as caras. Até quando não tinha idade para isso.
Capítulo 1; Página 15
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Literatura 27/09/2012

Caminhando no fio da navalha
Tenho minhas preferências e sofri inúmeras influências musicais, sou Paralamas, depois Legião e tantas outras bandas, um amálgama molda minha natureza neste corpo musical. Por tudo isso, ao me deparar com A ira de Nasi (Belas-Letras, 320 páginas), lembrei-me de tanta coisa e me veio logo à memória: “Eu tentei fugir / não queria me alistar / eu quero lutar / mas não com esta farda”. Fui criado no interior de São Paulo e o “Ira!” para muitos de minha geração é algo inatingível, pela agressividade punk e pelo rock sem medidas. Sei quase todos seus sucessos de cor, ficaria aqui escrevendo as letras, uma a uma, sem errar, pois cantei muitas delas na noite. O engraçado é que é um livro autobiográfico escrito por dois autores de peso – Alexandre Petillo (um especialista na banda) e Mauro Beting (hoje jornalista esportivo, entre outras coisas, torcedor do Palmeiras, assim como eu e fã confesso).

Feitas as apresentações vamos ao livro. Quem me conhece sabe o fascínio que possuo por romances históricos e “biografias”, talvez seja aquele negócio de olhar pelo buraco da fechadura que tanto o “anjo pornográfico” Nelson Rodrigues apregoava. Tenho ressalvas a biografias em vida ou autobiografias, porque sempre haverá o outro lado da história que fica acobertada ou com menos ênfase, ainda assim este livro é
nitroglicerina, é um corte nas veias, uma decida ao inferno das lembranças de um cara que sempre admirei e hoje admiro ainda mais, apesar de escolher muito mal o time do coração.

A introdução feita pelo Mauro Beting subverte a tal biografia, não é direta, é lírica, um universo à parte, um prêmio para o Wolverine brasileiro e seus leitores. O trabalho da editora é caprichado e cheio de fotos no miolo, coisa pra fã e pra quem quer conhecer um pouco mais da história deste cara e por tabela do próprio rock:

“O Ira! parecia a banda da garagem do vizinho. Fazia um barulho danado, até em horas impróprias. Mas era o grupo da nossa terra, do nosso bairro, da nossa rua.”

Nasi (Marcos Valadão Rodolfo) era a voz rascante dessa banda:

“Marcos não nasceu para ser santo. Nasceu para ser a voz de um pecado capital.”

Banda eminentemente paulistana, portanto fora da antena do Rio e por isso um tanto quanto underground, vivendo num período em que diversas bandas eram sucesso, tais como Paralamas, Ultraje, Titãs, Barão e por que não Blitz, o Ira! não estava para brincadeira e se armava para a guerra:

“Nasi: A música brasileira era um bolerão só no começo dos anos 80. A abertura política do país precisava dar uma cara para a juventude. Ter uma voz forte. Não eram mais eles. Seríamos nós.”

Veja mais no Literatura:
http://migre.me/aTg2n
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Milla 18/12/2012

Escrito por Mauro Beting, jornalista futebolístico e por Alexandre Petillo, jornalista especializado em música, A ira de Nasi é uma biografia do ex-vocalista da banda Ira!

Fiquei surpresa ao receber uma biografia de Nasi, principalmente porque conheço pouco do cantor e da banda que ele integrava e é complicado ler uma biografia sobre uma personalidade que você não conhece bem ou não tem muito interesse, mas segui adiante.

O Ira! foi uma autêntica banda representante do rock paulista dos anos 80, formada pelo Nasi [voz], Scandurra [violão/guitarra, canhoto, grande nome e ego maior ainda], Jung [bateria, recifense e ex-Titã] e Gaspa [baixo].

Como não podia deixar de ser, o livro conta, além da história da vida do Nasi, a história de vida do Ira! já que não tem como imaginar estes nomes separados. Passando pelo nascimento, infância, a aquisição do apelido Nazi, o início da banda, o envolvimento com as drogas, os amores malfadados, as brigas excessivas até o momento em que o Ira! não tinha mais como continuar, o espiritualismo e redenção do cantor, os autores fazem uma viagem maravilhosa e nostálgica pelo mundo da música brasileira dos anos 80 em diante, mais precisamente do rock.


Demorei um pouco para me acostumar com a forma que o livro foi escrito, em alguns momentos os autores não se ativeram a detalhes e eu senti falta disso! O livro intercala entre seus parágrafos, narrativa e depoimentos de grandes nomes como Rick Bonadio, Ritchie e até mesmo do próprio Nasi. Isso me incomodou um pouco porque eu não sei dizer se são trechos de antigas entrevistas ou se o cantor estava orientando o que devia ser escrito na própria biografia!
Os capítulos são intitulados com trechos de músicas da banda e, como é de praxe, o livro traz algumas fotos do Nasi.

Durante vários momentos, larguei o livro e fui ouvir um pouco de música, tanto do Ira! (que eu conhecia muito pouco), como dos Titãs, Capital, Cazuza, Engenheiros, Legião, e no fim das contas dá uma nostalgia (isso é uma crítica implícita ao sertanejo universitário, sim!).
____________________
Biografias sofrem algum tipo de preconceito, mas fiquei muito mais surpresa ao ver A ira de Nasi entre os livros mais vendidos da Veja e, se você não confia na Veja, o livro também está na lista do Publish News.
Mas, como uma leitora de biografias (dos mestres Fernando Morais e Lira Neto, por exemplo) senti falta de algumas coisas, como a discografia do Nasi, as fontes pesquisadas e um índice onomástico, acho que foi um erro dos autores e também da editora por não ter cobrado. Acredito que uma próxima revisão deveria receber mais atenção neste aspecto.
Eu tinha pensado em colocar uns comentários de Jan sobre a minha leitura, afinal ele é músico e acaba acompanhando tudo que eu leio, mas ele não gostou muito deste livro. Concordo com ele em sua opinião de que o Ira! não deixou um legado e que o Nasi não fez nada exatamente marcante a ponto de merecer ter sua história arquivada em formato de livro. Ao fechar o livro, tive a sensação de que o intento era esclarecer o início e fim da banda; sem, no entanto, documentar a trajetória.
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Eduh 07/08/2023

A Falta de Ira!
Quando se pega uma biografia, o que esperamos são elementos fantásticos sobre a vida e obra de quem estamos nos propondo a conhecer ao por menores detalhes. Infelizmente é o que não acaba acontecendo neste livro. Falta a fantasia do rock, histórias simples, sem detalhes, ate de forma supérflua as vezes, em certos momentos o autor falar como se fizéssemos parte ou conhecêssemos a ambientação, ou pessoas que são citadas. Infelizmente achei que iria conhecer um pouco sobre a parte mitológica do Nasi, mas isto não acontece aqui. Vale a leitura para quem gosta de rock nacional, e quer entender o que se passa um pouco mais na década de 80 em SP, e não vivenciou esta época, como é meu caso.
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Cristiano Abreu 25/05/2014

Das trevas para a luz!
O livro conta a história desse roqueiro que substimou o poder sedutor das drogas e se deu mal, mas muito mal mesmo! Histórias que chegam a parecer roteiro de filme de ficção. O lado bom é que o protagonista conseguiu sobreviver, ao contrário de muitos outros roqueiros que não tiveram a mesma sorte. O mais interessante ainda é que não foi com a ajuda de uma religião e nem de amigos, mas pela sua própria força de vontade (a religião veio depois). Nasi, nos seus 50 e poucos anos de vida, deu a volta por cima, teve atitudes de cristão e se reconciliou com seus parentes, amigos e namorada. Mais recentemente, voltou a pisar os palcos com seu velho parceiro de Ira!, Edgar Scandurra. Um ótima notícia para fãs como eu. “A Ira de Nasi” é uma leitura que indico para quem conhece e gosta da banda. Com certeza vão se deliciar! ;)
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vortexcultural 18/09/2014

A Ira de Nasi - Mauro Betting e Alexandre Petillo
Por Thiago Augusto Corrêa

O leitor pode reconhecer o início desta história: grupo de amigos se reúne para distrair-se do tédio e monta uma banda despretensiosa com o intuito de passar o tempo. Nasce uma afinidade que mantém uma unidade íntegra e, em poucas apresentações, o grupo começa a ter um retorno de seus poucos fãs e reconhece que as canções produzidas são autênticas.

A trajetória de paz e de luta de Marcelo Valadão, o Nasi, é uma destas jornadas movimentadas pela paixão musical. Dentro do rock´n roll brasileiro, muitas bandas desenvolveram-se no mesmo habitat por isso uma falsa ideia de história conhecida surge a princípio e músicos que hoje são aparentemente distantes dividiram, em outros tempos, bebidas, drogas, mulheres e indicações mútuas que em muitas vezes garantiram shows em casas renomadas e recomendações para contratos com grandes gravadoras.

A Ira de Nasi, dos jornalistas Mauro Betting e Alexandre Pettilo, vai além da biografia do cantor da banda Ira!. Parte das experiências do cantor para identificar a cena musical de São Paulo, o surgimento do Ira! e como tanto Marcelo quanto Nasi personagens que serão dissociados na vida do músico atravessariam estas jornadas.

De ascendência italiana, a infância do pequeno Valadão é apresentada brevemente, situando somente o necessário para que se compreenda o ambiente familiar e a sociedade da época. Além das primeiras fagulhas que despertaram o gosto pela música, o enfoque mais interessa ao leitor. Através desta expressão artística surgiria Nasi definitivamente, um apelido vindo da faculdade e transformado em uma espécie de personagem truculento, que nunca levava desaforo para casa, seduzia mulheres sozinhas ou acompanhadas -, e dono de um grande poderio vocal grave. Uma contraposição com o homem Marcelo, mais doce e mais sensível às experiências da vida.

A história deste homem duplo cresce ao lado da cena do rock paulistano. A obra transita entre a biografia íntima de Nasi e a apresentação dos primeiros movimentos do rock paulistano, da cena punk da época e de como o Ira!, após flertar com o estilo, rompe com qualquer denominação e, mesmo reverenciado, começa a se tornar um incômodo para outras bandas que também representavam boa parcela do público que assistia a elas. A música representava um grito de rebeldia contra o sistema e alinhava, além da revolta, outros sentimentos divididos pelas juventude. Na época, a expressão musical ainda era representativa, como um movimento capaz de questionar a sociedade e gerar discussões e polêmicas.

O livro produz uma narrativa mista entre biografia e a trajetória do rock brasileiro com depoimentos diretos em que há um parágrafo específico para as falas do próprio Nasi e de outros escolhidos pontualmente, dando firmamento aos causos apresentados. Enquanto acompanha a trajetória do Ira!, os capítulos são iluminados por histórias por trás de grandes álbuns do rock brasileiro. Discos que ao público soam perfeitos mas que, aos ouvidos da banda e da produção, foram vistos ora de maneira simplista, ora geniais ou carregados de problemas internos que nem sempre transpareceram no exterior das canções e que eclodiram na década de noventa em uma derrocada na vida de Nasi por diversos ângulos.

O rock brasileiro estava em baixa e outros ritmos tornavam-se populares e queridos ao público e gravadoras. Em consequência disso, o Ira! sentia-se menos criativo do que a excelente década de oitenta, mas ainda estava na obrigação contratual de apresentar novos álbuns. O vício em drogas agravava as amizades de Nasi e foi responsável por minar boa parte de sua verba conquistada nos últimos anos. Marcelo tornou-se amigo íntimo de traficantes e foi responsável por festas memoráveis regradas a drogas e bebidas. Diz o músico, porém, que no momento que tal fonte secou, os amigos desapareceram e, sozinho, teve de superar seus problemas.

Os depoimentos do cantor atravessam a própria trajetória e são carregados de sinceridade, como um fiel que expia seus pecados a um padre. Ao recontar sua própria história, Marcelo revive-a com outros olhos. Como um anti-herói, assume que nunca foi santo. Mulherengo, dedicado aos vícios, viveu de maneira intensa, mas reconhecendo os frutos podres que colheu. Entre a violência gerada por si mesmo e contra si próprio, foi capaz de observar-se no fundo do poço e, por escolha, dar passos para sair dele, internando-se em uma clínica de reabilitação. A maturidade possível surgida com a idade potencializa mudanças em um novo momento de Nasi. Reconhecendo a vida dupla que viveu por muito tempo entre Nasi e Marcelo, aos poucos, reconecta-se com sua própria essência. Entrega-se ao candomblé, encontra guias como padrinhos e ressurge em uma versão melhorada e mais consciente de si mesmo.

A biografia encerra a história anos antes do reencontro com o amigo Edgar Scandurra e a volta da banda Ira!. Na ocasião, Nasi lança o disco solo Perigoso, trilhando mais passos de seu caminho pela música. Talvez não esperava que retornaria aos palcos com uma das bandas maiores representantes do rock brasileiro.

A carreira de músicos, principalmente envolvidos no rock n roll, caracteriza-se por deliciosas histórias cíclicas, pontuadas por altos e baixos, como bons acordes agudos de guitarra. Mesmo que a origem de muitas carreiras tenha um ponto de partida em comum, a Ira de Nasi é um registro da trajetória que adensa a figura pública e revela o humano por trás da máscara, merecendo o testemunho do leitor que, compartilhando a história, também vive para contar.


site: http://www.vortexcultural.com.br/literatura/resenha-ira-de-nasi-mauro-betting-e-alexandre-petillo
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