Milla 18/12/2012Escrito por Mauro Beting, jornalista futebolístico e por Alexandre Petillo, jornalista especializado em música, A ira de Nasi é uma biografia do ex-vocalista da banda Ira!
Fiquei surpresa ao receber uma biografia de Nasi, principalmente porque conheço pouco do cantor e da banda que ele integrava e é complicado ler uma biografia sobre uma personalidade que você não conhece bem ou não tem muito interesse, mas segui adiante.
O Ira! foi uma autêntica banda representante do rock paulista dos anos 80, formada pelo Nasi [voz], Scandurra [violão/guitarra, canhoto, grande nome e ego maior ainda], Jung [bateria, recifense e ex-Titã] e Gaspa [baixo].
Como não podia deixar de ser, o livro conta, além da história da vida do Nasi, a história de vida do Ira! já que não tem como imaginar estes nomes separados. Passando pelo nascimento, infância, a aquisição do apelido Nazi, o início da banda, o envolvimento com as drogas, os amores malfadados, as brigas excessivas até o momento em que o Ira! não tinha mais como continuar, o espiritualismo e redenção do cantor, os autores fazem uma viagem maravilhosa e nostálgica pelo mundo da música brasileira dos anos 80 em diante, mais precisamente do rock.
Demorei um pouco para me acostumar com a forma que o livro foi escrito, em alguns momentos os autores não se ativeram a detalhes e eu senti falta disso! O livro intercala entre seus parágrafos, narrativa e depoimentos de grandes nomes como Rick Bonadio, Ritchie e até mesmo do próprio Nasi. Isso me incomodou um pouco porque eu não sei dizer se são trechos de antigas entrevistas ou se o cantor estava orientando o que devia ser escrito na própria biografia!
Os capítulos são intitulados com trechos de músicas da banda e, como é de praxe, o livro traz algumas fotos do Nasi.
Durante vários momentos, larguei o livro e fui ouvir um pouco de música, tanto do Ira! (que eu conhecia muito pouco), como dos Titãs, Capital, Cazuza, Engenheiros, Legião, e no fim das contas dá uma nostalgia (isso é uma crítica implícita ao sertanejo universitário, sim!).
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Biografias sofrem algum tipo de preconceito, mas fiquei muito mais surpresa ao ver A ira de Nasi entre os livros mais vendidos da Veja e, se você não confia na Veja, o livro também está na lista do Publish News.
Mas, como uma leitora de biografias (dos mestres Fernando Morais e Lira Neto, por exemplo) senti falta de algumas coisas, como a discografia do Nasi, as fontes pesquisadas e um índice onomástico, acho que foi um erro dos autores e também da editora por não ter cobrado. Acredito que uma próxima revisão deveria receber mais atenção neste aspecto.
Eu tinha pensado em colocar uns comentários de Jan sobre a minha leitura, afinal ele é músico e acaba acompanhando tudo que eu leio, mas ele não gostou muito deste livro. Concordo com ele em sua opinião de que o Ira! não deixou um legado e que o Nasi não fez nada exatamente marcante a ponto de merecer ter sua história arquivada em formato de livro. Ao fechar o livro, tive a sensação de que o intento era esclarecer o início e fim da banda; sem, no entanto, documentar a trajetória.