Carla.Parreira 14/12/2023
As armas da persuasão (Robert B. Cialdini)...
O livro aborda seis argumentos que ele chama de "Armas da Persuasão". Esses princípios são baseados em padrões psicológicos que tendem a influenciar nossas decisões e comportamentos.
1. Reciprocidade: é a tendência humana de sentir a obrigação de retribuir um favor ou presente recebido. Quando alguém nos oferece algo de valor, é natural que nos sintamos compelidos a oferecer algo em troca. Esse princípio é frequentemente usado em estratégias de marketing, como brindes e amostras grátis, para criar um senso de dívida e aumentar as chances de uma pessoa comprar um produto ou serviço.
2. Escassez: refere-se à percepção de que algo é limitado em quantidade ou disponibilidade. As pessoas têm uma tendência a valorizar mais aquilo que é escasso, pois acreditam que podem perder uma oportunidade única. Estratégias de marketing que enfatizam a escassez, como "oferta por tempo limitado" ou "apenas poucas unidades restantes", podem criar um senso de urgência e influenciar a tomada de decisão.
3. Autoridade: as pessoas tendem a seguir as figuras de autoridade e especialistas em um determinado campo. O princípio da autoridade envolve o uso de credenciais, títulos ou símbolos de autoridade para ganhar a confiança e a influência das pessoas. Por exemplo, um médico recomendando um determinado medicamento pode ser mais persuasivo do que uma pessoa comum fazendo a mesma recomendação.
4. Consistência (compromisso e coerência): refere-se à tendência das pessoas de agir de acordo com seus compromissos anteriores e manter uma imagem coerente de si mesmas. Quando fazemos um compromisso público ou assumimos uma posição, temos uma forte motivação para agir de acordo com essa posição. Os vendedores muitas vezes usam esse princípio, por exemplo, pedindo a uma pessoa para fazer um pequeno favor antes de fazer um pedido maior. A pessoa é mais propensa a aceitar o pedido maior para manter a consistência com o que já concordou anteriormente.
5. Consenso (aprovação social): as pessoas têm a tendência de seguir o comportamento dos outros, especialmente em situações de incerteza. O princípio do consenso envolve o uso de evidências sociais para persuadir as pessoas, mostrando que muitas outras pessoas já estão fazendo ou usando determinado produto/serviço. Testemunhos e avaliações positivas são exemplos de estratégias que utilizam o princípio do consenso para influenciar nossas decisões.
6. Simpatia (afeto): as pessoas tendem a ser mais facilmente persuadidas por aqueles que gostam e em quem confiam. O princípio da simpatia envolve a criação de conexões emocionais e o estabelecimento de relacionamentos positivos. Por exemplo, um vendedor simpático e atencioso tem mais chances de influenciar uma pessoa a fazer uma compra.
Para entender como esses argumentos funcionam, é importante conhecer um pouco mais sobre o cérebro humano. O cérebro é dividido em três partes principais: o cérebro primitivo ou reptiliano, o cérebro intermediário ou límbico e o neocórtex.
O cérebro primitivo controla os instintos básicos de sobrevivência e está ligado a sensações como medo, prazer, perigo e raiva. O cérebro intermediário é responsável por emoções mais complexas, memória e aprendizado, sendo ativado por símbolos e sensações sensoriais. Já o neocórtex é responsável pelas decisões racionais e controla o comportamento social e o raciocínio lógico.
Quando somos expostos a gatilhos mentais, eles primeiro ativam o sistema límbico do cérebro, provocando uma reação emocional. Em seguida, buscamos razões para justificar essa reação, racionalizando a informação no neocórtex. Esses gatilhos podem ser promoções, novidades, pressa em garantir uma condição especial, brindes, entre outros. Eles nos parecem irresistíveis e familiares, o que nos leva a decidir sem muita reflexão.
É importante ressaltar que ser persuasivo não significa ser antiético. Persuadir é apresentar argumentos de forma convincente, fazendo com que uma ideia faça sentido para a pessoa. Não se trata de manipulação, mas sim de apresentar informações relevantes e interessantes.