Superdeuses

Superdeuses Grant Morrison




Resenhas - Superdeuses


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Luquinhas 1986 10/06/2021

Grant Morrison escreve uma espécie de ensaio sobre os super-heróis.
Alguns podem achar que o Grant Morrison é prepotente, megalomaníaco ou narcisista. No entanto, é inegável que de maneira autêntica, através deste livro, ele consegue passar toda a visão muito própria que tem das histórias em quadrinhos de super-heróis.

O autor escocês demonstra sua ótica com relação a toda história dessas narrativas desde o nascimento do gênero com a primeira história do Superman de 1938 aos dias de hoje (mais precisamente até 2011, quando o livro foi finalizado).

Morrison enxerga os super-heróis de uma forma singular e otimista, pois entende que esses personagens são figuras arquetípicas que representam a história da humanidade e, além disso, antecipam o possível futuro dos seres humanos. Desta feita, ele alega que, se nós criamos o Superman, temos o potencial de sermos tão "super" quanto o herói, isto é, os valores que foram atribuídos ao Homem do Amanhã também existem em nós e podemos externa-los.
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Heitordealmeida 21/10/2012

A história dos Supers - Ou como disfarçadamente puxar o saco da DC
Quando eu vi o anúncio desse livro eu fiquei realmente curioso e interessado. Grant Morrison, um novo forte da industria de quadrinhos, autor de várias grandes histórias, escreveu um "tratado" sobre a história dos quadrinhos e como eles influenciaram e foram influenciados ao longo da história.

A verdade é que o Grant Morrison é um tratante.

Te digo que o cara é bom. Sério. Se você sabe sobre quadrinhos, mesmo que minimamente como eu, com certeza já ouviu o nome do careca por ai. As partes em que ele fala da vida pessoal e de como ela afetou o trabalho dele são muito interessantes e a parte dos "experimentos" com ocultismo é meio perturbadora.

No seu livro "Superdeuses", Morrison conta de onde surgiram os quadrinhos, porque, para quê e como eles alcançaram a fama. Ele começa lá atrás com o surgimento do Superman (Supinho, para os íntimos), passando pelo Batman e os outros grandes heróis. Ele também debate também sobre toda a polêmica do velhote Wertham e seu "Sedução do Inocente" que, em 54, foi responsável por obrigar as editoras a assumir o "Código dos quadrinhos" que ditava as normas sobre ética, moral, bons costumes e essas coisas. Estranhamente, se não me engano, o selo se manteve presente até recentemente quando finalmente foi abolido.

Morrison não deixa de citar o nascimento e ascensão da maior rival da DC, a casa de idéias Marvel e toda a mudança de dinâmica que Stan Lee apresentou o mundo com seus heróis mais reais na chamada Era de Prata. Ele também não esquece de falar dos grandes clássicos como Watchman, Cavaleiro das Trevas, as HQ's do Neil Addams e outros. Passa pelo nascimento da Vertigo e da Image comics e seguindo para o século seguinte, a polêmica do 11/09 e como o mercado mudou desde então.

Uma coisa que realmente me chateou no livro foi o fato do Morrison claramente puxar sardinha para a DC (a editora na qual trabalha já a alguns anos). Mesmo quando a Marvel foi claramente superior e dominou o mercado, ele sempre encontrava uma maneira de louvar sua editora. As passagens mais relevantes sobre a concorrência, estranhamente, são as das obras que (olha só!) ele mesmo criou.

A maior prova disso é que ele gasta meia folha para falar de todos os filmes de heróis da Marvel e quase DUAS PÁGINAS para falar sobre o PIOR dos filmes do Batman. O resto dos filmes, desde o original até o filme do Coringa-ledger foram esmiuçados praticamente pelo capitulo inteiro.

No geral, é um livro bem interessante, mas poderia ter sido melhor se ele tivesse se mantido imparcial e não pendido para o lado da editora dele.

Mal, Morrison. Escorregou no mais importante.
Heitordealmeida 09/12/2012minha estante
Pois então, cara. A parte biográfica, que eu sabia que tinha, eu achei muito interessante. Toda a parte que ele conta a história da industria dos quadrinhos e etc e tal, também, e é verdade que ele sempre declarou gostar mais da DC. Mas eu esperava que ele fosse um pouco mais imparcial quanto a isso. Dizer que gosta mais da DC? Tudo bem. Agora dizer, mesmo que disfarçadamente, que a DC é melhor que a Marvel, é meio mentira. O foco delas é meio diferente, pra começar

Mas mesmo assim, obrigado por comentar.
Abraço


Lucas Ed. 15/12/2012minha estante
Pô cara, nada a ver. Discordo veementemente de você, quando diz, por exemplo, que ele "puxa a sardinha" para a DC. Muito pelo contrário - ele dedica dois capítulos inteiros à Marvel, às inovações que a Marvel trouxe, e, entre os criadores que ele mais cita como referências, dois são altamente identificados com a "Casa das Ideias": Kirby e Ditko.
Quanto aos filmes, escrito em 2011, estava ainda antes da estréia do filme que de fato marcou a filmografia da Marvel - que foi Vingadores. Que, ainda assim, não passou perto de ter a envergadura das duas "Batmanias", por exemplo (a dos anos 60 e a dos 80). Isso se desconsideramos que ele dedica um tempo a falar dos filmes do Homem Aranha do Sam Raimi e dos X-men do Bryan Singer que, apesar de não serem da Marvel Studios, são os mais relevantes com personagens da editora antes d'Os Vingadores.
Na verdade, acho que nesse quesito (editora Vs editora), Superdeuses é um livro bem justo: nascidas com propostas muito diferentes, Morrison dedica um tempo razoável elogiando e CRITICANDO cada uma das editoras (quantas vezes ele não aponta como, num momento histórico X ou Y, os heróis da DC estavam gagás e caducos? Como a Liga da Justiça estava patética antes da entrada dele e do Howard Potter, etc).

Enfim, concordo com o Ramon abaixo: o livro peca muito mais por ser vendido como um livro sobre os comics, quando na verdade é muito mais uma autobiografia - mas deixo isso para a minha futura resenha.

Por fim, cara, dá uma corrigida aí: não existe uma HQ clássica chamada WatchmAn, nem um autor de quadrinhos chamado Neil Addams (ou é Neal Adams, ou Neil Gaiman).




Heitordealmeida 16/12/2012minha estante
Lucas, desculpe cara. Respeito sua opinião bem como seu direito a não gostar da minha resenha, mas "disconcordo" com ela. Ele dedica capítulos inteiros em parte. Verdade que ele fala bastante da Marvel no período que ela surgiu e em alguns momentos chave. Mas a maior parte das vezes, ele sempre privilegia a DC em detrimento a Marvel. Também não acho justo comparar "Batmanias" de antigamente com os tempos de hoje. Se for analisar friamente, um filme dos Vingadores rendeu mais do que as duas séries juntas, se levarmos em consideração o formato e o tempo de exposição. Comparar duas franquias de 50 e 30 anos com 1 filme que tem, o quê? 1 ano? De fato ele dedica "um tempo" para falar do Aranha e do Xis-mein, agora é bem pouco comparado a quantidade de tempo, e páginas, que ele gastou para falar dos filmes da DC.

Não discordei do Ramon, assim como não discordo de você que o livro foi vendido de forma errada. Quanto aos erros de digitação, foram descuidos meus. Não estava com o livro na mão e tampouco lembrei o nome correto do autor mas, sinceramente, não considero isso "grandes-coisa".

Por fim, tenho que dizer que eu não sou Marveco nem DCnauta, não leio HQ's e, a bem da verdade, nunca tive esse hábito. Sei o que sei a título de curiosidade, e nunca procurei conhecer a fundo.

Agora espero que você não leve esse comentário com um tipo de ofensa, acusação ou algo do tipo mas a para mim, ficou com a impressão de que tanto você como o Ramon são meio DCnautas e fãs do Morrison e que isso pode ter um certo peso na sua avaliação, como também teria na minha se assim o fosse.


Lucas Ed. 16/12/2012minha estante
Mas o problema é justamente este, Heitor: eu sou DCnauta, fã do Morrison e o livro é decepcionante.
Quando discordei do seu comentário, eu ainda não tinha terminado de ler o livro, faltavam os três capítulos finais. Agora que terminei, discordo mais ainda de você, sobretudo no que tange aos filmes.
Poxa, no capítulo 24, ele dedica pelo menos um parágrafo para cada filme da Marvel até então (mesmo para produções desastrosas como QF). Em contra partida, Superman Returns recebeu... Uma linha. Uma linhazinha só.
Perceba que os filmes não citados da Marvel Studios (Thor, Capitão América, HdF2 e Vingadores) são POSTERIORES à publicação original do livro, assim como o último longa-metragem do Batman.
Você está cometendo um anacronismo terrível quando desmerece as "Batmanias". Elas não tem poder cumulativo - não é uma franquia de 50 ou de 30 anos, mas dois produtos distintos que, na época de seu lançamento, causaram estardalhaço na cultura americana (nós bebemos dela também) num alcance nunca antes visto - e até agora, não superado. Estardalhaço no sentido de determinarem a estética a ser seguida por produtos similares dá época, coisa que Vingadores passou longe de alcançar.

Agora, se o assunto são quadrinhos, temos um problema de outra ordem: Eu, você e o Ramon então concordamos que o livro foi vendido errado - na verdade se trata quase que de uma autobiografia, tendo os quadrinhos como pano de fundo.
Se é assim, é inevitável que ele acabe falando mais da DC porque... bem, ele trabalhou quase três vezes mais na Distinta Concorrente do que na Casa das Ideias!
Não dá para ser imparcial num livro tão personalista e autorreferente como esse.


Heitordealmeida 17/12/2012minha estante
Lucas, já faz um certo tempo que eu li o livro e posso estar até enganado no meu comentário, mas... Eu percebi quando li que os filmes citados por você não tinham saído ainda à época em que ele escreveu o livro. Porém, se você reparar, embora ele tenha mesmo gastado pelo menos um parágrafo para falar de cada filme da Marvel, ele gastou uma quantidade muito maior para falar dos filmes da DC (no caso, Batman anos 80-90).

E outra, eu de maneira alguma desmereci as Batmanias. O que eu disse é que, se for analisar os número$$, Vingadores rendeu mais, comparado ao tempo em que foi "destaque na mídia". Te digo que eu não considero justo essa comparação que em primeiro lugar foi você fez por dois motivos:
1° - O formato. Filmes não podem ser comparados com séries. Ainda mais séries que são relativamente longas, enquanto o filme, enquanto o filme mal chega a ter mais do que 2:30h
2° (E principal motivo) - A época. A meu ver, é totalmente incoerente comparar algo que tanto tempo atrás com alguma coisa parecida de agora. Os tempos eram outros, a mentalidade das pessoas era outra e foi a isso que me referi quando falei em franquias de 50 e 30 anos. Não estou tentando desmerecer seu comentário, contudo para mim, nesse quesito, ele não pode ser considerado válido.

Será que os Beatles e aquelas musiquinhas água-com-açúcar (que eu considero sem graça) teriam feito o mesmo sucesso que fizeram nos dias de hoje? Ou nos anos 90 talvez?

Cara, novamente, não me entenda mal, mas o que eu vejo é um fã defendendo algo que ele gosta (no caso a DC), em detrimento aos produtos da concorrência assim como o Morrison fez no livro dele. Claro que é seu direito, e o dele, defender a DC, mas da parte dele, que se dispôs a escrever o livro, eu esperava um pouco menos de puxa-saquismo.

Por fim, lembro que não sou e nem nunca fui leitor de quadrinhos e pra mim toda essa briga de quem é melhor, Marvel ou DC tem bem pouco significado.


Lucas Ed. 17/12/2012minha estante
Acho engraçado que essa briga de quem é melhor, se Marvel ou DC, foi uma placa que você levantou. Não eu, não o livro.

Relendo sua resenha, percebo o ponto chave: você cita os momentos em que a Marvel claramente dominou o mercado. Daí eu tenho umas considerações:
1) Nos anos 90, a Marvel quase abriu falência e, à época, cogitou-se que ela fosse incorporada pela AOL/Warner, o mesmo conglomerado detentor da DC. Isso o Morrison não diz, apesar de ser uma "página negra" na história da editora.

2) Há dois anos atrás, quando foi comprada pela Disney, o valor pago por toda a carta de personagens e marcas da Marvel era o equivalente ao rendimento APENAS do último filme do Batman (Batman: o Cavaleiro das Trevas). Isso o Morrison também não cita.

3) Perceba: ele (Morrison) não está falando de mercado. Ele está falando de linguagem. A linguagem dos quadrinhos de super-heróis. Por isso é importante comentar Kirby e Ditko, e não tão importante se dedicar a Kane e Shuster. Por isso não interessa lá muito as questões de mercado, exceto quando elas afetam diretamente a linguagem, como no caso da Era Image, nos anos 90.

Quanto ao lance dos filmes, vou inverter a sua pergunta: será que alguma banda de sucesso hoje seria possível sem a Beatlemania e suas musiquinhas água com açucar, como você diz? Num momento você combate o anacronismo ("é incoerente comparar épocas diferentes"), para num momento seguinte cometê-lo (será que os Beatles fariam diferença hoje?).
Observe como a situação dos filmes é interessante: Batman, do Tim Burton, é de 1989. Onze anos antes, o mundo ficou boquiaberto com Richard Donner e Christopher Reeve "mostrando que um homem podia voar", como se dizia na época. Engraçado que, apesar de dedicar boa parte do livro ao mito do Superman (merecido, seja historicamente, seja ideologicamente), Morrison mal cita esse filme. Mas se detém na cinessérie do Batman dos anos 80/90. Por que a diferença de tratamento? Porque, simplesmente, Donner e seu Superman, apesar de acachapantes, não atingiram o mesmo efeito na cultura que a cinessérie do Morcego. Percebe que eu diminui os efeitos da distância temporal (1978/1989), por exemplo, para te pontuar a diferença? O que acontece é que, as Batmanias influenciaram DIRETAMENTE os quadrinhos: os anos sessenta de Adam West e Burt Ward viram o Batman usar roupas multicoloridas conforme o vilão (geralmente absurdo) da vez, apropriando-se do clima kitsch da série de Tv.
Assim como os quadrinhos dos anos 90 escureceram o uniforme do Batman e o tornaram mais sisudo (bem como Gotham mais gótica) após os filmes de Tim Burton.
É importante dedicar-se tanto aos filmes da era Joel Schumacher justamente porque eles estavam totalmente descolados do zeitgeist dos quadrinhos de então, e conectado diretamente ao espírito anos 60 que as HQ's já haviam abandonado.
Percebe a diferença? Percebe a importância de uma coisa e não de outras?

Por fim, fico de cá tentando entender porque, com toda franqueza, você se dedica a manter uma discussão visto que, repetidas vezes, reitera não dominar o assunto sobre o qual está falando...


Heitordealmeida 18/12/2012minha estante
Respondendo primeiro sua pergunta, eu me dedico a manter a discussão pelo mesmo motivo que você se dedica a responder, pelo fato de achar ela valida e por continuar não concordando com sua opinião.

A placa de Marvel ou DC está presente no livro, mesmo que não tenha sido abertamente mostrada.

1- Não acho que a DC tenha ido de vento em polpa a vida toda e nem por isso o livro cita detalhadamente tudo o que ocorreu com a editora, por exemplo.

2 - Eu diria, "sorte da Disney". Ele deve ter tido as razões dele para não citar o fato. Talvez, quando ele escreveu o livro (não, "publicou" que fique claro), a compra ainda não podia ser avaliada como um bom ou mal negócio. Agora vai saber o porquê... Sugiro que pergunte a ele.

3 - Engraçado. Eu me lembro dele comentando algumas vezes sobre o mercado. É certo que ele se concentra na linguagem que você diz, do mesmo modo que a Linguagem das "batmanias" é diferente da linguagem "filmes de Super"

Cara, você compara séries, com filmes, com "batmanias" de épocas diferentes, o que é um anacronismo, enquanto que eu dei um exemplo do porque não concordava com aquilo, utilizando os Beatles, na qual expressei minha opinião pessoal de não gostar da música deles. Tecnicamente foi o que você fez antes e o que o Morrison faz no livro.

Quanto as Batmanias influenciarem os quadrinhos e tudo o mais, isso também ocorreu depous e ainda ocorre e nem por isso foi citado. Do jeito que ficou mostrado, as "grandes revoluções" ficaram, em sua maioria, nas mãos da DC. Ai, você pode dizer algo como, "Anos 90, Marvel falindo, etc, etc, etc" e eu digo "Que bom".

A meu ver, você está levando a coisa toda a sério demais. Não sei o que o livro representa para você, mas para mim é o livro de um careca que fez o nome escrevendo quadrinhos. Minha sugestão para você é simples: Se você não está satisfeito com minha resenha, faça sua própria resenha. Exponha seus pontos. Diga o que VOCÊ acha, com suas palavras, do seu jeito, usando todo seu conhecimento e sua visão sobre o tema e o livro. Pode até parecer que estou dizendo isso de maneira sarcástica, mas não estou.

É simples. Gosto? Ok.
Não gostou? Ok também e faça a sua dizendo o porquê disso. E esse livro realmente precisa de boas resenhas...

Finalizando, minha opinião de "leigo" sobre o livro é essa e, sinceramente? Me importo bem pouco o quão certa ou errada ela é.




Lucas Ed. 21/01/2013

Superdeuses - porque o único assunto que interessa ao narcisista é o próprio umbigo
--Esta resenha foi originalmente publicada, com algumas alterações, no Melhores do Mundo.net (http://interney.net/blogs/melhoresdomundo/2013/01/21/a-gente-lemos-superdeuses-de-grant-morrison/) --

Não se assuste pessoa se você tiver até visto este livro na livraria e não dado a mínima pra ele. Faz parte. Faz parte inclusive por conta dessa capa horrorosa, a mais feia do Brasil, com esse Jonathan Kent ameríndio. Tudo bem. Não passa de uma cópia mal-feita, desavergonhada e não creditada da edição gringa de capa-dura, que trazia trechos de All-Star Superman do grande Frank Quitelly.

Mas eu volto a falar disso depois.

Em Superdeuses, Grant Morrison, propõe algo que, se não é inédito, ao menos quando feito por um dos “papas” da indústria pode trazer resultados muito interessantes: retomar a história das histórias em quadrinhos de super-heróis, e suas implicações na vidinha cotidiana dos pobres mortais que as liam, ou seja, nóis mermo, bruxão!

É assim que o livro se vende, como uma “exploração instigante e provocadora do nosso grande mito moderno: o super-herói”, o que parece muito interessante, certo? E é! A escrita fluída e sagaz de Morrison te abarca de tal forma ao apresentar os impactos do surgimento de "gente" como o Superman, por exemplo, todas as referências e seu papel como a encarnação de um zeitgeist operário (?) pós-crise de 29. Sim! A consequência direta da criação do personagem, o surgimento de todo um mundo (um “supermundo”) povoado por arquétipos junguianos pós-modernos, atualizados, prontos para os novos tempos, as novas mentalidades.

Tudo isso é interessantíssimo. Pena que acabou sendo escrito por um dos sujeitos que, em paralelo ao gênio da indústria dos quadrinhos que é, também é um dos autores mais orgulhos e egocêntricos do mercado.

Sim, porque o que seria (ou deveria ser) um ensaio sobre o mundo dos quadrinhos de super-heróis enquanto manifestação cultural, rapidamente torna-se uma autobiografia, um “como eu vi e cresci com os quadrinhos de super-heróis e depois entrei neles”, que poderia até ser interessante, se eu tivesse pagado para ler isso. Veja bem, Morrison é foda. Uma de minhas histórias favoritas de super-heróis foi escrita por ele, e há várias outras memoráveis que também contaram com seus roteiros, mas um ensaio crítico sobre um gênero inteiro de produção cultural é beeeeeem diferente de uma autobiografia perpassada por esse gênero. Quando você percebe que o morrisonismo se sobrepõe aos “superdeuses” do título, fica difícil seguir a leitura das mais de quatrocentas e setenta páginas do livro – isso sem falar quando começam as viagens de droga, e Morrison descreve suas brilhantemente bobocas teorias, absurdamente lisérgicas, sobre o mundo dos quadrinhos. Ao mesmo tempo, em determinado momento, chega a ser hilário (mas trágico também) o esforço do careca em diminuir a contribuição de seu conterrâneo Alan Moore à indústria – “Moore e seus repetitivos roteiros de forma fixa”. Hilário porque, uma vez que Morrison introduz, historicamente, a figura de Moore, a todo tempo ele terá de, obrigatoriamente, fazer referência aos trabalhos do Barbudo, mesmo que seja criticando-os. Mesmo assim, essa insistência, essa necessidade de retomar serve, no fim, para reafirmar o vulto do Mago, e a pretensa iconoclastia acaba sendo uma forma mal disfarçada, com despeito, de idolatria.

Com isso não quero dizer que Superdeuses é um livro de todo ruim, porque não é. É um livro mal vendido (não, ele não é um ensaio sobre “o significado de ser humano na Era dos Super-Heróis”, como alardeia a capa) e que fica enfadonho em alguns momentos, como muitos por aí. Também é bastante autorreferente e auto-indulgente para com seu autor, o que certamente incomoda.

O que é de todo ruim na publicação é o vergonhoso trabalho gráfico da editora Seoman/Cultrix. Santa mãe de deus! E pensar que eu achava que ninguém poderia descer mais fundo no poço que a Madras e seu Os super-heróis e a filosofia, que usou uma única imagem (a Liga da Justiça do desenho animado do Bruce Timm) com os mais diversos recortes. Em Superdeuses, não bastasse a capa horripilante (e não creditada), ainda somos brindados com uma imagem horrível, de uma história com o Thor, repetida à exaustão nas separações de capítulo e, o pior, completamente pixelada! Isso sem contar de outras imagens internas, ora pequenas demais, ora escuras demais, ora as duas coisas (como a página de Crise de Identidade à página 436). Dá a impressão de que o editor mandou o pedido da parte gráfica a um designer, o orçamento veio caro demais e ele falou: “Ah, isso aí meu sobrinho de 15 anos faz de graça!” e o resultado taí.

Entretanto, há um ponto a se elogiar, que é a tradução do nosso amigãozão Érico Assis. Ok, tem uma derrapada ou outra (à página 435, por exemplo, Morrison se refere ao Homem Borracha, mas o Assis parece que não sacou e traduziu Plastic Man ao pé da letra), mas faz muita diferença ler uma tradução feita por alguém que entende do riscado, mais uma vez diferente do Super-Heróis e a Filosofia da Madras, que transformou Reino do Amanhã em Reino dos Céus e outras lambanças. Enfim, a tradução não trunca a leitura e praticamente não oferece aqueles sobressaltos de uns materiais mais mequetrefes que tem por aí.


Agora, todo esse descuido editorial, tanto da Seoman quanto da Madras, talvez sejam sintomáticos. Veja bem, Superdeuses não é exatamente um livro barato (60 pila o impresso e 42 o digital), mas é, sem sombra de dúvidas, um material de nicho. Mas que nicho é esse? A falta de cuidado me dá a impressão que é um nicho relaxado, pouco exigente, tão ávido por ler as coisas que deseja que topa lê-las de qualquer jeito, sejam bem editadas ou não, bem acabadas ou não. Um nicho feliz só por ter acesso ao material.
O que é uma vergonha. Oras, estamos em 2013, e pra quem encara o inglês sossegado, vale muito, mas muito mais a pena embolsar a versão gringa em capa dura, que acaba saindo inclusive mais barato – e ainda mostra que esse nicho não é tão mendigo assim.

Superdeuses (Supergods) de Grant Morrison (tradução de Érico Assis). Editora Seoman, 496 páginas, preto e branco. R$ 59,90.

Nota: 5,5
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Rodrigo S 15/02/2013

Super-Grant!
O Escocês Grant Morrison aborda o tema "super-herói" como nenhum outro, com uma texto dinâmico que explica passo a passo o desenvolvimento da indústria norte americana de HQs, desde o surgimento do personagem precursor do gênero criado por Jerry Siegel e Joe Shuster em 1938.

Ele também mescla cada detalhe de seus anos como escritor com momentos de sua vida pessoal que, às vezes, parecem indistinguíveis um do outro por se tratar de um profissional que está 100% comprometido com os quadrinhos e seus famosos personagens.

O livro não deixa nunca desejar. É uma ótima leitura pra todo fã de histórias em quadrinhos e para aqueles que são apenas observadores, dispostos a entender a magia por trás das páginas!

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mrdarthluke 14/07/2020

"Morrison"
Grant Morrison aka Alan Moore careca fazendo análises de vários personagens e obras. Trazendo várias reflexões sobre o ser super-herói.
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Dudu 03/10/2020

Ótimo passeio pela indústria dos super-heróis
Aqui temos Grant Morisson explicando o porque é tão bom na cronologia dos super. Além de viver decidiu fazer parte mais de perto desse mundo cheio de colantes e capas pomposas.

Uma ótima leitura pra quem quer entender um pouco do universo dos super.
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Agrt 18/06/2015

Supergods - A Indústria Dos Quadrinhos Na Visão De Grant Morrison
Supergods é um apanhado da história da indústria dos quadrinhos de super-heróis desde a fundação da DC e Marvel, as duas principais empresas do ramo, e as diversas fases que passaram entre crises econômicas e o atual boom com a produção de filmes de sucesso pela Marvel. Só que diferentemente do que um historiador faria - apenas narrando os acontecimentos e apontando citações - Morrison faz um relato pessoal desde os primeiros quadrinhos que leu até a atualidade, quando já está inserido no mercado como um dos grandes roteiristas de sua geração. Então mais do que uma narrativa descritiva vamos ter um personagem percorrendo suas memórias, seu desenvolvimento como pessoa e paralelamente o desenvolvimento da indústria dos quadrinhos. Morrison divide o livro em quatro partes: A Era de Ouro, A Era de Prata, A Era Sombria e o Renascimento.

A Era de Ouro foi a do nascimento dos super-heróis. Começa quando Jerry Siegel e Joe Shuster criaram o Super-Homem em 1939. Na sua origem ele era uma espécie de super-humano socialista, que lutava contra a podridão da América pós-crise de 29, enfrentando desde senadores corruptos até a máfia. Nessa época a maioria dos seus poderes que conhecemos hoje (como voar, por exemplo, ele só saltava alto graças a super-força) ainda não haviam sido pensados e se podia notar facilmente o tom contrário ao status quo do homem de aço. O sucesso foi imediato, se não na realidade os pobres e prejudicados pelo sistema político-econômico podiam ter um defensor ao menos na ficção barata. Para Morrison o conceito do Super-Homem é o do herói apolíneo nietzscheano, ou seja, aquele que trás ordem ao mundo, serve de modelo de moralidade e boas ações a qualquer custo, não é a toa que no futuro iriam considerar que a fonte dos poderes do Super-Homem sobrevinha da luz do sol. Outro motivo pelo qual o público se identificou com o personagem foi o fato de existir uma segunda personalidade no qual o homem imbatível era apenas um nerd desajeitado, um empregado sem muita importância do jornal de Metropolis buscando o amor da repórter Lois Lane.

Com o sucesso do Super-Homem, marcado pelo traje de super-herói e o esquema de vida dupla, brotaram centenas de cópias tentando fatiar algum pedaço do dinheiro que começava a entrar na indústria recém-inaugurada. Desta maneira surgiram Mulher-Maravilha, Aquaman, Lanterna Verde e Batman na DC, além de outros heróis como Namor e Tocha Humana na empresa que se tornaria a Marvel Comics, na qual Stan Lee ainda começava timidamente sua carreira.



No entanto de todos estes Morrison escolhe Batman para receber mais comentários sobre a Era de Ouro. O motivo é bastante simples, se o Super-Homem é um modelo de herói solar Batman era literalmente o seu oposto em cada ponto, um herói lunar, ou dionisíaco se formos prosseguir com a classificação nietzscheana. Enquanto o alterego do Super-Homem era Clark Kent, um rapaz comum, reles trabalhador na cadeia de funcionamento de um jornal, o alterego de Batman era Bruce Wayne o playboy multibilionário dono de uma rede de empresas que foi servido a vida inteira por um mordomo. Batman não tinha super poderes, tudo que podia fazer era fundamentado em sua engenhosidade, já Super-Homem era praticamente imbatível. A diferença mais marcante, no entanto, era que enquanto o Super-Homem enfrentava questões da realidade, como políticos corruptos e injustiças sociais, Batman participava de aventuras psicodélicas em que enfrentava o Drácula, plantas carnívoras gigantes, entre outras situações sobrenaturais. O Super-Homem tinha uma abordagem de temas mais realistas, mais... solares, enquanto o Batman enfrentava aventuras subconscientes, fantasias... lunares. Baseado no sucesso desses dois heróis se desenvolveu toda uma indústria de produção de histórias em quadrinhos.

Entre o fim da década de 40 e início da década de 50 o psiquiatra Fredric Wertham escreveu o livro “A Sedução do inocente” e fez a maior confusão no congresso americano, a partir daí a simplicidade com que o publico enxergava os super-heróis estaria acabada. Em seu livro Wertham acusa os quadrinhos de ser um material que torna as crianças indisciplinadas às autoridades e que influenciam valores “degenerados” como homossexualismo, uso de drogas e violência. Bruce Wayne e seu mordomo Alfred foram acusados de abusar sexualmente do jovem Robin, não havia mais como olhar para os personagens do mesmo jeito, mesmo que as acusações fossem absurdas. Usando como exemplo vários quadrinhos de terror extremamente violentos e realmente complicados de defender numa sociedade reacionária, Fredric Wertham conseguiu colocar os pais e o sistema educacional contra os quadrinhos. Foi então que as editoras, buscando defender seus interesses financeiros, instituíram o Comics Code Authority, que deveria limitar o conteúdo violento que seria publicado nos quadrinhos. Nessa época se uma HQ não tinha o selo do Comics Code Authority dificilmente conseguiria algum número de vendas relevante. Havia mesmo donos de bancas que não aceitavam quadrinhos sem o Comics Code Authority.



Era o fim da Era de Ouro e o começo da Era de Prata. Dessa vez quem estaria na vanguarda seria a Marvel Comics, não mais a DC. Nessa época o único personagem realmente relevante da Marvel era Capitão América, no entanto com o fim da Segunda Guerra sua capacidade de atrair simpatizantes e manter leitores havia perdido efeito, foi então que Stan Lee e Jack Kirby criaram O Quarteto Fantástico, que iria renovar o modo de se encarar os super-heróis. Ninguém queria mais saber de justiceiros ou o que fosse, até porque a violência quase fez com que a indústria fosse sepultada, de agora em diante um novo Super-Herói surgiria: um herói “científico”. Tudo agora precisava parecer científico, para os quadrinhos parecerem mais educacionais.

Os membros do Quarteto Fantástico ganharam seus poderes ao serem expostos a radiação cósmica durante uma experiência, o Hulk só surgiu em Bruce Banner depois do mesmo ser bombardeado de radiação gama, o Demolidor foi atingido por material radioativo que fez de sua cegueira uma mutação para sentidos hiper aguçados e assim por diante. Na Era de Prata as coisas mais absurdas precisavam de algum tipo de justificação pseudocientífica, desde a teia do Homem-Aranha até os apetrechos do Batman e poderes do Super Homem. Na DC o carro-chefe desse tipo de super-herói foi o Flash, que era um personagem novo em relação ao Flash da era de ouro. O novo Flash era Barry Allen, um investigador forense da polícia que foi atingido por um raio enquanto fazia pesquisas relacionadas a produtos químicos, daí em diante ele teria ultra-velocidade e um gosto inexplicável para explicar cientificamente qualquer coisa que podia fazer.

Durante a Era de Prata os quadrinhos, principalmente os da Marvel, ganharam tons experimentais, afinal, eram os anos 60! Maconha e LSD tava na cabeça de todo mundo. O público se expandiu, agora universitários e adultos também liam os quadrinhos, já que haviam questionamentos existenciais e filosofia, além, claro, de muita porrada. Stan Lee e Jack Kirby juntos criaram nessa época dezenas de personagens que viveram ciclos de sucesso, declínio e futuramente revivais. Personagens estes pelos quais no futuro viveriam brigando pela autoria, sendo Kirby o mais prejudicado, já que Stan Lee basicamente se tornou o rosto da Marvel, com salário vitalício que chegou a 500 mil anual e Kirby demorou décadas pra conseguir reaver ao menos uma parte ínfima dos originais que desenhara.

Foi nesse momento meio drogado dos quadrinhos que Morrison começou a lê-los. Mas na verdade ele curtia mais os heróis tradicionais da DC, porque a Marvel tinha pouca inserção no mercado britânico, então as opções acabavam sendo bastante limitadas. Seus pais eram ativistas antinuclear, meio hippies, enfim, disso a gente imagina porque ele saiu meio perturbado da cabeça. De qualquer maneira ele decidiu que iria ser quadrinista e passou a praticar o desenho, elaborando ideias malucas que ele achava que podiam funcionar e começando a participar de produções de fanzines e convenções de quadrinhos. Numa dessas convenções, mostrando tirinhas amadoras que ele tinha feito, recebeu o convite pra publicar na Near Myths, foi a primeira vez que ganhou dinheiro com isso, foi pouco, mas já era um sonho realizado. Os próximos passos eram continuar ganhando com seu trabalho e tentar ser notado no mercado.




Depois do psicodelismo dos roteiros, do experimentalismo na diagramação e da expansão massiva do universo dos super-heróis, chegou a bad vibe, que muitos chamam de Era Sombria. Tudo começou com a morte de Gwen Stacy, numa das sequencias mais marcantes dos quadrinhos, quando o Homem Aranha em desespero, tentando salvar sua amada que havia sido arremessada pelo Duende Verde de uma ponte, acabou a segurando, mas o impacto fez com que ela quebrasse o pescoço. Havia mesmo uma onomatopeia do pescoço quebrado, um CRACK, que não lembro bem se foi publicado ou foi censurado pelo editorial. Se Wertham havia dado uma porrada nos quadrinhos do passado agora o próprio quadrinho estava se açoitando, talvez fosse o momento do punk invadir o universo dos super-heróis? Afinal, foram dois autores da invasão britânica que renovaram o mercado!



Morrison destaca duas HQs cruciais para a caracterização da Era Sombria. A primeira é O Cavaleiro das Trevas, um dos gibis mais conhecidos até os dias de hoje, foi quando os quadrinhos meio que deram um FODAC pras crianças e começaram a produzir também material adulto de qualidade (depois até se arrependeram disso). O Batman de Frank Miller é brutal, cansado de como as coisas estão mesmo após dez anos de sua aposentadoria e apesar da idade avançada ele quer fazer valer novamente a justiça, mesmo que não seja exatamente seguindo a lei. Aliás, essa temática de que a justiça não é exatamente o que dita a lei é frequente na HQ. Existe uma lei que quer cadastrar todos os super-heróis, Super Homem é o símbolo dessa lei, não só um símbolo, ele está disposto a fazer com que quem a descumpra pague sua dívida com o estado norte-americano. Este seria um dos confrontos mais marcantes entre os dois super-heróis primordiais, deixando evidente o oposto de seus símbolos, o sol e a lua. A HQ de Miller trás a guerra fria aos quadrinhos, trás o mundo real através de manchetes de jornais, programas de TV e declarações do presidente, seria exatamente esse o tom dos quadrinhos deste período: violência e realidade. Super-heróis no mundo real não seriam bonitinhos e bobinhos querendo fazer com que a lei fosse cumprida, seriam pessoas confusas, beirando a psicopatia e que defendem uma ideia pessoal de justiça.

A segunda HQ definidora da Era Sombria foi Watchmen, de Alan Moore, uma série de publicações mensais que durou de 1986 até 1987. Novamente a realidade da guerra fria iria ditar o ritmo da HQ: o mundo está prestes a presenciar um conflito nuclear quando heróis de um grupo desfeito chamado Watchmen começam a morrer misteriosamente. No fim o plot universal e o dos super-heróis acabariam se conectando numa trama magistral, mas o que marcou mesmo o universo dos quadrinhos foi que os antes pacatos super-heróis agora eram mostrados como psicóticos e estupradores. Eles eram como nós, especiais sim, mas também pessoas perdidas no mundo, malucos neuróticos e sem muita capacidade de avaliar os seus atos. Super-heróis podiam ser também monstros, caso fossem reais, é essa uma das premissas da Era Sombria, você confiaria num cara vestido feito um maluco e que ainda por cima tem super poderes?



O Renascimento (a parte mais fraca do livro) seria a saída da Era Sombria no meio dos anos 90. As HQs ficam mais parecidas com a Era de Prata, com um tom de lição cósmica e de sabedoria. Morrison considera a última edição de sua obra Flex Mentallo o representante deste estilo. Aqui entra toda a sua polêmica com Alan Moore, do qual não concorda com o tom cruel/realista que retrata os super-heróis. Morrison acha que as HQs de super-heróis representam a esperança das pessoas, assim como os deuses mitológicos representaram um dia, por isso devem ser altivos e conseguir derrotar o mal no fim das coisas. Às vezes isso parece polêmica barata do careca, já que ele mesmo nem sempre termina suas obras com um final feliz e muito menos usa de narrativas comuns.

De qualquer forma isso que ele chama de “Renascimento” é muito pouco caracterizado, sendo uma parte do livro usada mais pro Morrison falar de sua visão atual dos quadrinhos, do universo e de suas últimas obras.


Supergods é um livro essencial para quem quer entender a indústria dos quadrinhos nos últimos 20 anos ou apenas os pensamentos de Grant Morrison. Muita coisa não dá para confiar se são verdades ou delírios do careca, mas de qualquer forma são bastante interessantes de ler!

site: http://www.diretorioliterario.com/2015/06/resenhasupergodsgrant-morrison.html
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Thiago.Marques 27/12/2020

Uma verdadeira bíblia para fãs de quadrinhos
Grant Morrison, além de ótimo roteirista de quadrinhos, mostrou-se excelente pesquisador e estudioso dessa mídia. "Superdeuses" é um livro mais do que necessário para aqueles que amam quadrinhos, para os que desejam conhecê-los melhor e para os que apenas fazem pesquisa pontuais sobre o tema. Seguindo a cronologia oficial dos comics de super-heróis (Era de Ouro, Era de Prata, Era de Bronze, etc.), "Superdeuses" delineia muito bem cada período, trazendo à baila os melhores roteiristas, desenhistas, editores e personagens, além de trazer ótimas indicações de leitura.
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Alberto 08/05/2017

Superarrogância, ativar!
Deixe-me ver como escrever sobre esse amálgama de vários papéis descartáveis sem perder muito mais o meu tempo...

Quando comprei o livro esperava encontrar uma análise histórico-filosófico do "mito moderno" dos super-heróis. Tudo que acabei encontrando foram quase 500 páginas de alguém sem o mínimo de conhecimento em política querendo falar sobre, e ainda querendo exaltar o socialismo. E, em outras partes ainda menos interessantes e prolixas, fazendo uma autobiografia que acrescenta coisa nenhuma ao suposto objetivo do livro. Mas serve bastante para Morrison tentar se vender como um renascentista, um gênio, porém para isso seria necessário ter talento. Ao menos como escritor de livros, ele não possui nenhum.

O livro portanto é uma fraude. Todos os dados históricos apresentados, e escassos, você pode encontrar com riqueza de detalhes na internet, e muito melhor organizados. Se encontrar algum livro que realmente faça uma análise profunda sobre os super-heróis, por favor, me avise. Mas só se for realmente, hein? E não que apenas se apresente como um. Se não tiver um autor buscando uma autoestima a qualquer custo, melhor ainda.

site: youtube.com/albertonascente
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Luciano Luíz 22/03/2018

GRANT MORRISON é um dos grandes nomes da indústria dos quadrinhos. Lembro que no início da década de 1990 fui na banca e vi uma edição em capa cartão e papel couchê (na época nada desses nomes eu sabia existir) intitulada: BATMAN - ASILO ARKHAM - UMA SÉRIA CASA EM UM SÉRIO MUNDO. Lembro que eu queria comprar algum gibi do HULK ou HOMEM-ARANHA, mas aquela edição do Homem-Morcego era tentadora. Os nomes autorais na capa não me interessavam naqueles distantes dias. Apenas o título e o desenho impressionante do morcego que era uma pintura muito real. E eu tinha de decidir se pegava as revistas em formatinho e papel jornal. Afinal, a grana era contada. Optei pelo volume luxuoso e então quando cheguei em casa tirei o plástico e comecei a ler bem devagar. Era uma história completamente diferente de tudo que eu já havia lido. A atmosfera era de horror, uma leitura que boa parte do público adulto talvez não tivesse coragem em concluir. Ali tinha o Batman com a mente mais profunda, um Coringa ainda mais doente. As falas eram recheadas de palavras fortes e havia os ditos palavrões. A arte ajudava a deixar tudo mais espetacular. Era um passeio do herói das trevas entre aquela entidade construída não somente com tijolos, mas com as emoções (e falta delas) dos inúmeros internos que davam uma riqueza sempre renovada ao universo da editora DC. Ao fim da leitura fiquei folheando a edição mais por prazer de ter todas aquelas obras de arte espalhadas em quadros do que pelo conteúdo do enredo em si. Foi meu primeiro contato com o cronista, escritor de meta-ficção (algo como ficção dentro da ficção), Grant Morrison.
Pois bem, ele escreveu alguns títulos que até hoje considero obras fundamentais e obrigatórias para quem quer ler ótimos quadrinhos e perceber a força dos mesmos. Não apenas na questão de entreter, mas pensar em algo que vai além das páginas. PATRULHA DO DESTINO e HOMEM-ANIMAL foram revitalizados com maestria e elegância. Além de trabalhar com personagens da editora, Morrison contribuiu também criações próprias que se tornaram alicerces sólidos do mercado editorial ao longo dos anos. Um deles foi OS INVISÍVEIS (lembra de MATRIX?! Pois bem, foi desse quadrinho que o filme bebeu - e muito - e não apenas do romance NEUROMANCER de WILLIAN GIBSON).
Bom, deixa essa conversa pra lá, aqui o que importa é esse volume tijolaço. Grant praticamente reconta a história dos quadrinhos nos Estados Unidos e em parte da produção britânica. Como a maioria dos leitores deve imaginar, ele começa a saga em 1939 com aquela capa da ACTION COMICS número um e um sujeito chamado SUPERMAN. A conclusão do livro vem em 2011. Portanto, a quantidade de informações é exageradamente bem-vinda. Ali vemos DC, MARVEL, IMAGE e outras menos conhecidas editoras. Vemos o nascimento e até morte de heróis. O livro em si não é somente narrar a história dos gibis, mas uma análise extremamente profunda de sua importância no mundo real.
Obviamente que não é somente uma obra que detalha a biografia de personagens fictícios, mas também revela fatos da indústria, desde roteiristas, desenhistas, arte-finalistas e claro, os empresários que estão no topo (mas por trás) de todo o engajamento para a continuidade desses universos sem fim.
E como não poderia deixar de ser, é um texto biográfico onde vemos uma grande quantidade (se não for quase toda) da vida de Morrison desde a infância até passar da meia-idade. É interessante como ele mescla sua vida cotidiana (mesmo quando não se trata de quadrinhos) a tudo o mais que faz essa magia 2D acontecer.
Além da arte-sequencial, também há a TV e o cinema que se renderam ao mito do super-herói.
Bom, não quero me estender. O livro é grande, tem aquela escrita que flui com naturalidade. Assim como qualquer outro, também existes partes chatas, mas felizmente estas passam velozmente e são raras dentro de tantas páginas.
Ah, uma coisa que achei curiosa nessa edição brasileira. A capa americana é mais sombria e dá a impressão de ser destinada a um público que talvez goste mais dos pontos sombrios das livrarias. A versão brasileira parece um pouco infantilizada, mas de alguma forma se torna mais atraente que a original. Pois daí compreendemos que infantil às vezes não é o que pensamos ser...
E por fim, o que mais soa estranho na edição tupiniquim: na página dos créditos há um agradecimento à DC pelo uso de algumas imagens e estas estão inclusas em tons de cinza. Beleza. Mas... na abertura dos capítulos e mesmo na primeira página, são usadas ilustrações do THOR da Marvel. E não existe qualquer menção a isso. De duas uma: ou quem editou o livro no Brasil quis zoar. Ou então quem editou aqui nada compreende de quadrinhos e sequer deu uma olhada no conteúdo e pensou: foda-se! Vou colocar esse desenho que achei pelo buscador do Google e agora posso ir pra casa assistir meu futebolzinho com a cerveja geladaça...
Bom, no mais, é uma obra que vale a pena ter na estante. Quem não gosta de quadrinhos não precisa investir, mas quem curte, vai ter um tomo com grandes surpresas. E se alguém está prestes a começar a ler banda desenhada, aqui tem informações que podem auxiliar no caminho para ir atrás de diversas boas histórias. Só que acaba também estragando boas e más surpresas...
Em resumo: é o livro ideal para quem lê a mais de 30 anos pelo menos e que acompanhou as mais importantes aventuras da DC, Marvel e Image (e mais alguma coisa britânica).
Mais que recomendado.

PS - o conteúdo contém um palavreado pesado em alguns pontos, portanto, não é uma leitura indicada para crianças.

L. L. Santos

site: https://www.facebook.com/lucianoluizsantostextos/?pnref=lhc
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Joao Ninguem 20/12/2022

Fundação de uma Nova Crença.
Senhor Morrison, muito obrigado!
Você iniciou o meu processo interno de "mapeamento genético de admirador" desses deuses de papel e luz. Mais uma vez , muito obrigado!!!
20/12/2022
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