Tauana Mariana 14/02/2014
Será mesmo?
Um soco na cara. Essa foi a sensação que eu tive ao terminar de ler #Vertigemdigital. Mas não era um simples soco na cara, era uma agressão que eu não entendia muito bem o porquê. Quando comprei o livro, achei o título sensacionalista demais, e ao terminar a leitura, achei que o autor é, digamos, exagerado. Bem, ele tem suas justificativas, sua incrível bagagem cultural e profundo conhecimento sobre o tema, mas, ainda assim, achei exagero. Keen é um dos teóricos que se coloca contra a "positividade" da nossa era e suas transformações. Conseguimos perceber claramente essa divisória entre os teóricos quando lemos Keen e Shirky. Os dois observam o mesmo fenômeno, mas cada um com uma visão totalmente oposta. Um acha que estamos nos "dividindo, diminuindo e desorientando", o outro acredita que a sociedade se encontra em seu momento de descoberta de potencial para a utilização do nosso excedente cognitivo. Shirky lembra-nos em seu livro, A Cultura da participação, que Keen, em O Culto do amador, chamou os blogueiros de macacos. Já Keen foi mais duro em suas críticas, chamando Shirky de romancista ingênuo, e argumentando por que o autor estaria deslumbrado e sem enxergar a realidade.
Claro que a obra de Keen é de extrema importância, pois lembra-nos que nem tudo tem apenas um lado positivo. Aquilo que nos une pode estar nos separando. Apesar de nos chamar de insetos digitais, seu alerta auxilia-nos a perceber que a vida não é o que acontece no Facebook, e esta plataforma, assim como muitas outras, não pensa apenas em nosso bem. Nós somos os seus produtos.
A obra é profundamente inspirada em Hitchcock, especialmente em seu filme Um corpo que cai, onde seu título original é Vertigo. Keen relaciona o nosso momento atual com o filme. Deste modo, nomeia o livro por acreditar que vivemos uma vertigem digital, dividindo-o em 8 capítulos, acrescido de introdução e considerações finais. Outras referências como 1984, O processo e O show de Truman também são resgatadas e utilizadas de contraponto durante as argumentações do autor.
Em suma, Keen (2012, p. 25) ressalta-nos que sua obra revela uma mania perturbadora: "a atual tirania de uma rede social cada vez mais transparente que ameaça a liberdade individual, a felicidade e talvez a própria personalidade do homem contemporâneo". Deste modo, seu livro "é uma defesa do mistério e do segredo da existência individual". Afirma ainda: "num universo no qual quase todo ser humano do planeta estará conectado em meados do século XXI, este livro é um discurso contra o compartilhamento e a abertura radicais, a transparência pessoal, o grande exibicionismo e as outras ortodoxias comunitárias devotas de nossa época conectada. No entanto, este livro não é mais que apenas um manifesto antissocial. É também um estudo de por que, como seres humanos, privacidade e solidão nos tornam felizes" (p. 25-26).
Resumo completo
site: http://tauanaecoisasafins.blogspot.com.br/2014/02/vertigemdigital.html