A Confissão de um Filho do Século

A Confissão de um Filho do Século Alfred de Musset




Resenhas - A Confissão de um Filho do Século


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Deghety 22/11/2022

Filho de um século
O protagonista  dessa obra, Otávio, faz com que Bentinho tenha orgulho e que Werther fique trêmulo, tamanho a paranoia e melancolia.
Otávio é o que se chamam hoje de tóxico, no entanto, conforme suas reflexões, nota-se que é mais patológico do que uma forma de manipulação.
A forma poética e filosófica como é contada o drama dos personagens consegue tornar bonito algo doentio e corrosivo, ao mesmo tempo que agonizante, porque é moldado para você compreender as razões, mas sem tirar a empatia pela vítima. Então o leitor é jogado num fogo cruzado com alvos pelo corpo.
Otávio é extremamente ciumento e inseguro, mesmo que existam razões para o ser, ele potencializa o cenário devastador da relação.
Quando se associam essas características de personalidade que imputei ao personagem, nos é comum atirar pedras. Por essa razão eu vejo Otávio mais como um retrato social do que um ser humano e seus defeitos.
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Filino 20/09/2020

Amor e ciumes descritos magistralmente por um gênio precoce
Alfred de Musset retrata, com maestria, as incertezas, os medos e os excessos do coração humano. Nessa "confissão de um filho do século", o autor traça, de início, os contornos do niilismo que será típico do século XIX. Desorientado entre um mundo que ruiu e um futuro que ainda não se concretizou, o personagem justificadamente é acometido pelo mal próprio à sua época.

A partir daí é que se insere, propriamente, o elemento pessoal e passional de Otávio, o protagonista da obra. O amor, as desilusões, os ciumes, as atitudes "canalhas" (poderíamos assim chamá-las) e as incertezas diante das mulheres que ama constituem o substrato dessa obra.

Dotada de uma narrativa psicológica  envolvente, não há como não confessar: é uma obra-prima. Imperdível!
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Márcia Regina 30/08/2009


"A confissão de um filho do século", de Alfred de Musset.

Interessante demais. O autor se propõe a contar uma história de ciúme, e ciúme doentio, capaz de destruir gradativamente não apenas o sentimento, mas a própria pessoa do objeto “amado”.

O livro é colocado pelo editor como autobiográfico, tendo em vista ter sido criado logo após o rompimento de Alfred de Musset e George Sand. Mas não se iludam, se temos um personagem sofredor e vítima de sua doença (aliás, cá entre nós, como personagens românticos sofrem e divagam sobre o sofrimento, aff!), duvido que essa intensidade tenha feito parte da vida real do escritor. Dificilmente uma pessoa envolvida a esse ponto teria condições de observar em si essas reações de uma forma tão minimista, tão detalhada.

Quando vivemos, nossa capacidade de observação cai muito, envolvimento e discernimento não costumam andar muito próximos.

Aliás, o escritor dá uma dica neste sentido quando coloca uma observação sobre a capacidade do ser humano de perceber claramente a dimensão na qual está envolvido.
Quando a “mocinha” se declara “para o mocinho”, ele fica embriagado pela sensação. As palavras ditas e ouvidas fogem:
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“(...)fixou em mim seus olhos úmidos; e eu vi a felicidade da minha vida vir a mim num relâmpago. Atravessei a estrada e pus-me de joelhos diante dela. Como ama pouco aquele que pode dizer de que palavras se serviu a amada para confessar que o ama!”
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Maravilhoso dentro do livro é a forma como ele analisa a moldagem da sensação de vazio e de falta de “ideais” da juventude do século XIX. Neste ponto, o capítulo II da primeira parte é imbatível.

Também perfeito é o choque de lucidez e de horror que ocorre no momento em que o personagem percebe - sem qualquer chance de autoengano - ser o “vilão” da história. No início, justifica seus erros, ainda que se declarando culpado (declaração que mais busca simpatia do que representa conscientização). Porém, em um momento mais ao final, enxerga diante de si, sem possibilidade de contestação, a realidade do que foi e representou.

Como sempre, tenho um porém com o final, acho que a saída foi “nobre” demais, um simples ir embora me pareceria mais realista.
Lud 24/03/2016minha estante
Ainda estou na metade dele. De fato, chega a dar vontade de dar um tapa na cara de Otávio pra acordar dessa "sofrência" toda. Algo que tem me incomodado é que esta edição tem muitos erros de digitação. Alô, revisão! Cadê você? Sério, nunca vi um livro com esse problema. Creio que foi um descaso da editora Escala.


Fabio.Murilo 02/04/2017minha estante
Adorei o livro! Acabei de terminar sua leitura. Só fiquei meio confuso com o ultimo capitulo, certamente a falta de habito da leitura, perdida, retomada a pouco, vou reler com mais calma. O sentimento do ciúme esmiuçado, dissecado, apresentado em suas muitas nuances a que tem direito. Nota 10! Super recomendo. Parabéns pela resenha Marcia, um primor!




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