Luiz Pereira Júnior 28/06/2022
A única certeza de todos nós
De todos os volumes que li da Coleção Novelas Imortais, esse é o mais diferente e até mesmo destoante dos demais.
O tema do livro é a Morte, como chega a ser óbvio. No entanto, o autor busca o íntimo dos personagens, seus pensamentos, seus medos, suas reações à medida que o momento final se aproxima, não se detendo em descrições físicas ou narrações pormenorizadas do que os levou à condenação à morte. Dessa forma, o livro é bastante subjetivo, denso e até mesmo mais adulto, por assim dizer, que os demais livros da coleção.
Não há um julgamento da inocência dos personagens por parte do autor, o que faz com que o foco do leitor seja sempre aquilo que é a única certeza de todos nós, não importando quem somos, de onde viemos, como agimos e até mesmo como seja nosso caráter. O fim será o mesmo para todos. Ponto.
Todos os personagens são assassinos confessos, de diferentes modos, por diferentes meios, sob diferentes aspectos e a nenhum deles é dada a dúvida da inocência. E isso acaba sendo um libelo contra a própria pena de morte, ainda que de maneira paradoxal.
Se conseguimos nos comover com as últimas horas de sete condenados à morte por assassinato (sendo, na verdade, cinco deles condenados à morte por tentativa de assassinato), imagine então o que sentiríamos ao saber que os sete condenados morrerão por nada, sendo absoluta e inequivocamente inocentes (assim como o excelente romance “O faz-tudo”, de Bernard Malamud)...
E essa novela é mais uma vez a prova de que um livro pode ser pequeno, mas a obra pode ser grande...